sábado, 6 de junho de 2020

BOM DIA! BOA TARDE! BOA NOITE! Oração da noite, Oração da manhã e Oração do entardecer - Deus te abençoe!



Oração da Noite

Boa noite Pai.
Termina o dia e a ti entrego meu cansaço.
Obrigado por tudo e… perdão!!
Obrigado pela esperança que hoje animou meus passos, pela alegria que vi no rosto das crianças;
Obrigado pelo exemplo que recebi daquele meu irmão;
Obrigado também por isso que me fez sofrer…
Obrigado porque naquele momento de desânimo lembrei que tu és meu Pai; Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa, pela comida, pelo meu desejo de superação…
Obrigado, Pai, porque me deste uma Mãe!
Perdão, também, Senhor!
Perdão por meu rosto carrancudo; Perdão porque não me lembrei que não sou filho único, mas irmão de muitos; Perdão, Pai, pela falta de colaboração e serviço e porque não evitei aquela lágrima, aquele desgosto; Perdão por ter guardado para mim tua mensagem de amor;
Perdão por não ter sabido hoje entregar-me e dizer: “sim”, como Maria.
Perdão por aqueles que deviam pedir-te perdão e não se decidem.
Perdoa-me, Pai, e abençoa os meus propósitos para o dia de amanhã, que ao despertar, me invada novo entusiasmo; que o dia de amanhã seja um ininterrupto “sim” vivido conscientemente.
Amém!!!

Oração da manhã

Bom-dia, Senhor Deus e Pai!
A ti, a nossa gratidão pela vida que desperta, pelo calor que
cria vida, pela luz que abre nossos olhos.
Nós te agradecemos por tudo que forma nossa vida, pela terra, pela água, pelo ar, pelas pessoas. Inspira-nos com teu Espírito Santo os pensamentos que vamos alimentar,as palavras que vamos dizer, os gestos que vamos dirigir,a comunicação que vamos realizar.
Abençoa as pessoas que nós encontramos, os alimentos que vamos ingerir.
Abençoa os passos que nós dermos, o trabalho que devemos fazer.
Abençoa, Senhor, as decisões que vamos tomar, a esperança que vamos promover,a paz que vamos semear,a fé que vamos viver, o amor que vamos partilhar.
Ajuda-nos, Senhor, a não fugir diante das dificuldades, mas a abraçar amor as pequenas cruzes deste dia.
Queremos estar contigo, Senhor, no início, durante e no fim deste dia.
Amém.

Oração do entardecer

Ó Deus!
Cai à tarde, a noite se aproxima.
Há neste instante, um chamado à elevação, à paz, à reflexão.
O dia passa e carregam os meus cuidados.
Quem fez, fez.
Também a minha existência material é um dia que se passa,
uma plantação que se faz, um caminho para algo superior.
Como fizeste a manhã, à tarde e a noite, com seus encantos,
fizeste também a mim, com os meus significados, meus resultados.
Aproxima de mim, Pai, a Tua paz para que usufrua desta
hora e tome seguras decisões para amanhã.
Que se ponha o sol no horizonte, mas que nasça
em mim o sol da renovação e da paz para sempre.
Obrigado, Deus, muito obrigado!
Amém!

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 07/06/2020

ANO A



SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Ano A - Branco

“Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito...”

Jo 3,16-18

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos hoje o mistério da Santíssima Trindade. A fé em Deus Trindade nos leva reconhecer a beleza e a profundidade da realidade humana. Deus é UM em três pessoas, mistério de amor e comunhão, perfeita unidade na diversidade. Por isso, a comunidade humana encontrará a sua verdadeira realização à medida que buscar conviver numa relação de igualdade entre todos os seus membros, respeitando as diferenças.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, aqui nos reunimos, no Domingo, dia do Senhor, para professarmos juntos a nossa fé no Deus-Amor. É ao Pai que nos voltamos em reverente adoração e louvação, por seu Filho que por nós morreu e ressuscitou, na força e no poder do Espírito Santo. Já pelo nosso Batismo, Ele nos fez participar do mistério da Trindade Santa, e hoje somos a assembleia de batizados e batizadas que, todos os dias, experimenta e dá testemunho do Amor de Deus. Alegres, bendigamos ao Senhor.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Quando o homem olha para dentro de sí, a fim de analisar sua experiência religiosa, tem a sensação de um abismo sem fundo, uma profundeza infinita. A essa profundeza inatingível de nosso ser refere-se a palavra "Deus". Deus significa isto: a profundeza última de nossa vida, a fonte de nosso ser, a meta de todos os nossos esforços. Esse fundo íntimo do nosso ser manifesta-se na abertura do nosso "eu" para um "tu", e na seriedade dessa inclinação. Vemos assim impressa em nosso ser a realidade profunda e grandiosa do Deus cristão, a Trindade. Isto é, o mistério de um Deus que é comunidade e comunhão de vida. Um Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo.

SOLENIDADE DA SANTISSIMA TRINDADE

Nesse domingo em que celebramos a Santíssima Trindade, desejamos conhecer um pouco mais esse mistério central da fé cristã. Sabemos pela revelação de Jesus que há um só Deus em Três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. É o que lemos na Carta aos Coríntios: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2 Cor 13,13). A Trindade é a primeira e a principal das nossas devoções. O mistério da Trindade é inefável, ou seja, nossas palavras não conseguem expressar a realidade divina. Mas, fazendo uma aproximação, podemos ver as Três Pessoas Divinas como um mistério de doação e de comunhão. Deus é doação: do Pai ao Filho no Amor, que é o Espírito Santo. O Pai gera o Filho e se dá todo no Filho. Entre o Pai e o Filho há um Amor pessoal e Subsistente: o Espírito Santo. A Trindade pode ser vista também como um mistério de comunhão: há uma comunhão perfeita entre as Pessoas Divinas, que participam da mesma natureza divina, têm o mesmo amor e vibram numa sintonia perfeitíssima. Tudo com amor, tudo por amor. Uma felicidade e uma harmonia indescritíveis.
Nós fomos criados à semelhança da Trindade e, portanto, também feitos para a doação e para a comunhão. Se Jesus nos revelou o Mistério da Santíssima Trindade é porque somos chamados a conviver com cada uma das Pessoas Divinas. Deus Pai: é fundamental para nós vivermos como filhos de Deus. Todo cristão pode dizer que Deus é seu Pai. O Pai me trata como se eu fosse o seu único filho. Está atento e pendente de tudo o que acontece comigo. Deus Pai está até mais interessado na minha felicidade do que eu mesmo. E, portanto, podemos dizer com toda a sinceridade, com a gratidão do fundo da alma: “O Senhor, meu Pai Deus, cuida de mim. Ele é o meu apoio, a minha segurança. Tudo o que acontece comigo é permitido por Ele para o meu bem e colabora para o meu crescimento na vida cristã”. Na medida em que vivermos essa filiação divina, saberemos agradecer a Deus por tudo: mesmo por aquilo que não entendemos, que não sai como desejamos e até por aquilo que nos contraria.
“Deus enviou o seu Filho ao mundo para que o mundo seja salvo por Ele” (Cf. Jo 3,17). Jesus Cristo percorreu esta terra, ensinou-nos com sua palavra e exemplo e ofereceu a sua vida na Cruz em reparação pelos nossos pecados. Ressuscitou e subiu ao céu. Está disponível, constantemente entregue por nós, na Eucaristia. O que representa a Pessoa adorável de Cristo na minha vida? Minha oração é com uma pessoa viva? Como eu me preparo para encontrar-me com Ele na Santa Missa e na Comunhão?
Deus Espírito Santo: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). O Espírito Santo é um mestre divino que nos acompanha e habita na nossa alma como num templo. Se quisermos ganhar amizade com Ele, a primeira condição é cultivar uma verdadeira repugnância pelo pecado. Moisés intercede por nós diante de Deus: “embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua" (Ex 34,9).
Nossa Mãe Santa Maria, Filha de Deus Pai, mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo, é também o caminho seguro para adentrar-nos na devoção terna e profunda da Santíssima Trindade.
D. Carlos Lema Garcia
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

Deus se mostra como um Deus próximo de nós.

A festa da Santíssima Trindade é, depois do ciclo Quaresma-Páscoa, a primeira festa na retomada do Tempo Comum. O termo “trindade” não aparece no Novo Testamento; é fruto da abstração típica da teologia que busca compreender o conteúdo próprio da fé cristã. O que Deus é, ele nos deu a conhecer ao longo de toda a história vivida como o lugar da manifestação da salvação de Deus. O conhecimento de Deus só possível através da revelação, só é possível se Deus se mostra. Para a tradição bíblica, o que Deus é só pode ser dito narrativamente, isto é, na longa história de sua revelação ao seu povo até chegar à plenitude dos tempos em que Deus enviou ao mundo o seu Filho único, nascido de uma mulher (Gl 4,4). Em toda a história, Deus se revelou como um Deus próximo, que caminha, orienta e conduz o seu povo. Na plenitude dos tempos, Deus armou a sua tenda no meio de nós (Jo 1,14). Essa peregrinação de Deus na história da humanidade foi revelando pouco a pouco o seu rosto. Mas na plenitude dos tempos, pela encarnação do Verbo eterno de Deus em Jesus de Nazaré, pudemos conhecer Deus sem sombra, sem véu (Mc 15,38), pois Jesus Cristo é a imagem do Deus invisível (Cl 1,15); estando diante dele, estamos diante de Deus mesmo (Jo 14,9-10). O que Deus é desde toda a eternidade, só pôde ser conhecido a partir da ressurreição de Jesus Cristo e com a graça do Espírito Santo. O que era desde toda a eternidade nós só chegamos a compreender depois: o último na ordem da compreensão é o primeiro na ordem do ser. Deus é amor (1Jo 4,8). A criação, a encarnação do Verbo de Deus, a redenção, tudo é fruto do amor de Deus pela humanidade. Um amor que não condena nem exclui quem quer que seja, mas que a todos, indistintamente, oferece a sua salvação. Cada um dos evangelhos, cada qual a seu modo, apresenta a dificuldade dos discípulos de entrarem no mistério de Deus revelado em Jesus Cristo. Essa dificuldade continua a ser nossa contemporânea. O que Deus é não se pode conhecer simplesmente por um esforço racional. A experiência própria da fé é que permite entrar nos umbrais do mistério de Deus. O Espírito Santo, Deus em nós, continua a missão de Jesus e, por isso, é ele nosso apoio e guia no conhecimento de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, louvo-te e agradeço-te por nos teres amado tanto, a ponto de oferecer-nos a salvação, por meio de teu Filho, ao qual somos atraídos pela força do teu Espírito.
Fonte: Paulinas em 15/06/2014

Vivendo a Palavra

Tenhamos sempre presente em nosso coração esse versículo: João 3,16 - «Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna.» Nele está resumida toda a História da Salvação; ele sintetiza a Escritura Sagrada.
Fonte: Arquidiocese BH em 15/06/2014

VIVENDO A PALAVRA

Tenhamos sempre presente em nosso coração esse versículo: João 3,16 – «Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a Vida Eterna.» Nessas poucas palavras está resumida toda a História da Salvação; elas sintetizam a Escritura Sagrada e a nossa fé!

Reflexão

SANTÍSSIMA TRINDADE

I. INTRODUÇÃO GERAL

O tempo pascal pôs-nos diante dos olhos a unidade da obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Cristo veio cumprir a obra do Pai e nos deu seu Espírito, para que ficássemos nele e mantivéssemos o que ele fundou, renovando-o constantemente, nesse mesmo Espírito. Assim, a festa de hoje vem completar o tempo pascal, como uma espécie de síntese. Síntese não intelectual (isso seria como a história, atribuída a santo Agostinho, da criança que queria colocar o mar num pequeno poço na areia), mas “misterial”, isto é, celebrando a nossa participação na obra das pessoas divinas. Se a oração do dia, hoje, implora pela perseverança na verdadeira fé, não visa à fé meramente dogmática, mas à adesão ao mistério que se apresenta no Pai, no Filho e no Espírito Santo. O cristão se caracteriza por não conhecer outro Deus exceto aquele que é o Pai de Jesus Cristo e doador do Espírito que animou Jesus e os seus, presente e atuante nas três “pessoas” que constituem sua realidade divina, o “acontecer de Deus” em nossa vida, na história e no universo. Para compreender bem o espírito desta liturgia, convém aproximar a primeira leitura do evangelho, como faremos a seguir.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Ex 34,4b-6.8-9)

A primeira leitura é uma das páginas mais impressionantes e, literalmente, “reveladoras” da Bíblia. Depois do episódio do bezerro de ouro e da idolatria de Israel, Moisés pediu a Deus que se mostrasse, para que ele, Moisés, pudesse continuar seu caminho contando com sua presença (Gn 33,12-23). Então, ao passar diante de Moisés, Deus revela seu íntimo, apresentando-se como Deus misericordioso e fiel (34,1-7). Deus é compassivo e misericordioso, lento para a cólera, rico em bondade e fidelidade (v. 6). Diante desse Deus, sentimos o peso do pecado, mas também o desejo de ser seus (v. 9). Assim, o “Deus do Antigo Testamento” não é um Deus castigador, como muitas vezes se diz. Sua bondade ultrapassa de longe sua “vingança” (cf. 34,7, infelizmente suprimido no texto litúrgico). O “castigo” de Deus – o próprio mal que se vinga por suas consequências – tem fim, sua misericórdia não. Não há oposição entre o Deus do Antigo Testamento e o do Novo. É verdade que o Antigo Testamento não oferecia uma visão completa sobre Deus; Moisés só pôde ver Deus de costas (Ex 33,23), de modo que João tem razão quando diz que ninguém jamais viu Deus, mas o Filho unigênito o deu a conhecer (Jo 1,18), pois quem vê Jesus, vê Deus mesmo (Jo 14,9). Mas o Deus do Antigo Testamento é o mesmo Deus do Novo. Deus é um só: o Deus de amor (1Jo 4,8.16). Nós é que temos, às vezes, uma visão muito parcial dele. Em Cristo, ele se deu a conhecer como aquele que ama o mundo até entregar por ele seu próprio Filho (cf. o evangelho).

2. Evangelho (Jo 3,16-18)

O evangelho alude ao sacrifício de Isaac. Abraão estava disposto a sacrificar seu “filho unigênito” – sua única chance de ter um herdeiro. Assim, Deus deu ao mundo seu Filho unigênito. A obra de Cristo é o plano do amor do Pai para com o mundo. Quem o aceita na fé está salvo. O Deus que em Jesus Cristo se manifesta (cf. Jo 1,18) é o Deus da “graça e verdade” (cf. Jo 1,14.16-17), o que se pode traduzir também, conforme a índole da língua hebraica, por “amor e fidelidade”, as qualidades de Deus conforme a primeira leitura. Se na primeira leitura se falou da autorrevelação do Deus misericordioso e fiel diante de Moisés, o evangelho evoca que o amor de Deus se revela no dom de seu Filho único. O amor une Pai e Filho na mesma obra salvadora (Jo 3,16). Jesus conhece o interior de Deus (Jo 3,11) e o mostra (Jo 14,9). Deus se dá ao Filho e, diante disso, o mundo pode encontrar a salvação, a superação de suas contradições e a soltura das cadeias em que se encontra – em última análise, as cadeias do egoísmo. Assim, o ser humano é chamado a aproximar-se da luz, mas há quem se agarre às suas próprias obras, que não aguentam a luz do dia (Jo 3,19-21).
O mistério que nos envolve, hoje, é o da unidade do Pai e do Filho, no seu amor para o mundo (compare Jo 3,16 com 1Jo 3,16). Essa unidade no amor para dentro e para fora, Agostinho a identificou com o Espírito Santo, o Espírito de amor e de unidade que, faz oito dias, celebramos em Pentecostes.

3. II leitura (2Cor 13,11-13)

A segunda leitura concentra a atenção sobre aquilo que a Trindade opera nos fiéis: a graça do Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo – tal como se repete numa das fórmulas de saudação no início da celebração eucarística. O mistério de Cristo na Igreja só se entende considerando a atuação das três pessoas divinas: o amor de Deus, que se manifesta na graça (no dom) de Jesus Cristo e opera na comunhão do Espírito, o qual anima a Igreja desde a ressurreição. O resultado é: alegria. Nesse final da segunda carta aos Coríntios, Paulo condensa toda a sua teologia. O mistério da Santíssima Trindade não está longe. Estamos envolvidos nele.
Daí ser bem adequada a saudação final, pela qual Paulo deseja aos fiéis o Deus da paz e pede que se saúdem com o “beijo santo” (o nosso “abraço da paz”) no nome das três pessoas divinas, caracterizadas por ele como segue: o Filho, graça; o Pai, amor; o Espírito, comunhão.

III. DICAS PARA REFLEXÃO: Amor e fidelidade

Uma pista para a atualização desta mensagem: nosso povo simples é muito comunicativo; partilha a tal ponto seus bens, pensamentos e sentimentos, que, às vezes, não faz diferença falar com fulano ou com sicrano – falando com um, fala-se com o outro. Falar com o filho da casa é a mesma coisa que falar com o pai: duas pessoas distintas, mas a “causa” (“o negócio”) é a mesma. Assim acontece também com as três pessoas divinas; que seja o Pai, o Filho ou o Espírito, a “causa” comum delas é sempre o que elas são, seu próprio ser: amor e fidelidade.
Para muitas pessoas, também as cristãs, a Santíssima Trindade não passa de um problema de matemática: como pode haver três pessoas divinas em um só Deus? Parece que esse mistério nada tem a ver com a vida delas. Se a Trindade fosse um problema matemático, deveríamos procurar uma “solução”. Na realidade, não se trata de uma fórmula matemática, mas de um resumo de duas certezas de nossa fé: 1) Deus é um só; 2) o Pai, o Filho e o Espírito Santo são Deus. Isso nos convida à “contemplação” do mistério de Deus. Pois um mistério não é para o colocarmos dentro da cabeça, mas para colocar a cabeça (e a pessoa toda) nele…
Moisés (primeira leitura) invoca o nome de Deus: “SENHOR, Deus misericordioso e clemente, lento para a ira, rico em amor e fidelidade…”. São essas as primeiras qualidades de Deus. Deus é um Deus que ama. Jesus (evangelho) revela em que consiste a manifestação maior do amor de Deus para com o mundo: ele deu o seu Filho único, que quis morrer por amor a nós. O Pai e o Filho estão unidos num mesmo amor por nós. Em sua carta, João retoma o mesmo ensinamento: “Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos a vida por ele” (1Jo 4,9).
Assim, tanto no Antigo Testamento como no Novo, Deus é conhecido como “amor e fidelidade”. Essas são as qualidades que se manifestam com toda a clareza em Cristo (a “graça e verdade” de que fala Jo 1,14). Em Jesus, Deus se manifesta como comunhão de amor: o Pai, Jesus e o Espírito que age no mundo, esses três estão unidos no mesmo amor por nós. Um solitário não ama. Deus não é um ancião solitário. Deus é amor (1Jo 4,8), pois ele é comunidade em si mesmo, amor que transborda até nós.
Se Deus é comunidade de amor, também nós devemos sê-lo, nele. Se tanto ele nos amou, a ponto de enviar seu Filho, que deu sua vida por nós, também nós devemos dar a vida pelos irmãos, amando-os com ações e de verdade (cf. 1Jo 3,16-18). No amor que nos une, realizamos a “imagem e semelhança de Deus”, a vocação de nossa criação (Gn 1,26).
O conceito clássico do ser humano é ser individualista. Mas isso não é cristão… Se Deus é comunidade, e nós também devemos sê-lo, não realizamos nossa vocação vivendo só para nosso sucesso individual, propriedade privada e liberdade particular. A Trindade serve de modelo para o homem novo, que é comunhão. Devemos cultivar os traços pelos quais o povo se assemelha ao Deus Trindade: bondade, fidelidade, comunicação, espírito comunitário etc.
Como pode haver três pessoas em um só Deus? Pelo mistério do amor, que faz de diversas pessoas um só ser. Deus é comunidade, e nós também devemos sê-lo.

Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da “Fonte Q”.
Fonte: Vida Pastoral em 15/06/2014

Reflexão

Santíssima Trindade - COMUNIDADE DE AMOR

Um é nosso Deus, em três pessoas que amam plenamente e formam a comunidade perfeita. É este o mistério que adoramos e celebramos na solenidade da Santíssima Trindade.
São João Damasceno comparou a Santíssima Trindade com uma brincadeira de roda de crianças. Nesta brincadeira ou dança (em grego se diz “pericorese”), uma criança fica no meio, enquanto as outras giram. A certo momento, a criança que está no meio sai e entra outra. Assim com Deus: as três pessoas estão sempre em relação, uma não existe sem a outra, apesar de uma delas estar sempre em evidência. Nesta “brincadeira de roda”, Deus olha para a humanidade e transborda de amor por ela.
Contemplar e adorar a Deus nos leva ao agradecimento e ao compromisso.
Nosso Deus é o Deus que se relaciona e ama. Ama sua criação e, sobretudo, o ser humano que criou à sua imagem e semelhança. Nunca nos abandonou nem nos abandonará. Pelo contrário: por amor, o Pai entregou o próprio Filho, para nos mostrar o caminho e se fazer ele mesmo o caminho verdadeiro para a vida sem fim. Na força animadora de seu Espírito, por graça divina, podemos crer num Deus que se revela amor amando concretamente, perdoando, trazendo de volta à dignidade de filhos. Ele não é o Deus que condena. É o Deus que ama, pois quem ama não condena, mas vai ao encontro para abraçar e acolher.
Nosso Deus, portanto, não é uma ideia vaga. É comunhão de amor que se revela concretamente. Contemplar e adorar esse mistério é algo exigente, pois a experiência pessoal de Deus nos leva necessariamente ao outro, ao compromisso com a construção de comunidades de irmãos e irmãs que se amam como nosso Deus ama. Se não fosse assim, nossa religião seria apenas uma espiritualidade vazia e estéril.
A Trindade nos convida a participar de seu amor. Construindo e vivendo relações fraternas, entramos, de algum modo, na grande “dança do amor” de Deus.
Pe. Paulo Bazaglia, SSP
Fonte: Paulus em 15/06/2014

Reflexão

Solenidade da Santíssima Trindade

Hoje, de um modo especial, celebramos Deus. Mas quem é Deus? Como explicá-lo? Como defini-lo? Como conhecê-lo?
Nenhuma pergunta sobre Deus pode ser respondida por nós humanos. Deus nos supera!
Temos noção de quem Ele é, mas não conseguimos defini-lo. É impossível! Ele é a eterna surpresa. Nosso Deus não é o Deus dos filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo, é o Espírito de Amor.
Para conhecê-lo deveremos abrir a Sagrada Escritura, principalmente o Novo Testamento, e ver o que Jesus, o Verbo Encarnado, nos diz.
O Evangelho de hoje, tirado de São João, nos fala que Deus é o Amigo do Homem, não apenas o seu Criador, mas o seu Redentor, aquele que o protege e que foi capaz de sofrer e morrer para que o Homem tivesse a plena felicidade.
Já São Paulo em sua Carta aos Coríntios nos orienta sobre a resposta a ser dada ao Deus Amigo. O homem deverá deixar-se transfigurar através dos dons, das qualidades divinas, especialmente pelo amor, pelo perdão e pelo serviço.
Falar com Jesus é falar com Deus. Sua bondade foi tanta que Ele se revelou a nós na pessoa de Jesus.
Filipe, quem me vê, vê o Pai. Dirijamo-nos ao Deus de Amor, a esse Deus que, por amor, rasgou seu coração, e sintamos a plenitude de seu querer bem a nós. Se o mandamento se resume em amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo, do mesmo modo como Ele nos amou, saibamos que antes de tudo o Senhor não só nos criou, mas, por amor a nós, se entregou até a morte.
O Espírito é escuta e disponibilidade.
Pe. César Augusto dos Santos SJ – Vaticano
Fonte: LIturgia da Palavra em 15/06/2014

Reflexão

O capítulo 3 do Evangelho de João se inicia com um diálogo entre Jesus e Nicodemos e depois se transforma num monólogo, quando Jesus se revela não apenas a Nicodemos, mas a todos. Nos três versículos do texto de hoje, Jesus revela o motivo de sua vinda ao mundo: o amor de Deus pela humanidade. O Filho de Deus veio para que as pessoas tenham vida plena; a condição exigida é a fé nele, que implica dar-lhe adesão. A acolhida do amor de Deus é um desafio à liberdade humana, que pode escolher acolhê-lo ou rejeitá-lo. Só com pessoas capazes de amar é que se podem construir verdadeiras comunidades seguidoras de Jesus. Deus, no seu Filho, oferece vida plena a toda a humanidade. Esta é convidada a acolher esse dom precioso. Ao celebrarmos a solenidade da Santíssima Trindade, revela-se a nós o amor do Pai por meio de seu Filho e comunicado pelo Espírito Santo. Essa solenidade celebra a “condescendência divina”: Deus Pai, Filho e Espírito descem juntos ao encontro da humanidade.
Oração
Ó Santíssima Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo, acolhei nossa filial adoração; volvei para nós o vosso olhar protetor e compassivo; fortalecei entre nós os vínculos da comunhão fraterna. A nossa vida se transforme em autêntico e permanente louvor a vós. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Recadinho

Você pede que Deus lhe aumente a fé? - Você sabe distinguir o que é essencial e o que é secundário nas coisas da fé? - Dê um exemplo de obra que manifesta muita fé. - Mencione um bem que sua comunidade faz em favor do próximo. - Que lugar ocupa a cruz de Cristo em sua casa?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 15/06/2014

Meditando o evangelho

SOMOS AMADOS POR DEUS

A contemplação da Santíssima Trindade abre o nosso coração para o Deus amoroso, revelado por Jesus Cristo. Consciente de ser Filho, Jesus nos falou do Pai e prometeu o dom do Espírito Santo a quem tivesse fé. Revelou que tinha vindo do Pai e para o Pai voltaria, confiando ao Espírito Santo a missão de dinamizar a caminhada da comunidade de fé. Sempre que falava de Deus, referia-se à Trindade.
O envio do Filho, por parte do Pai, foi uma prova de amor imenso ao ser humano corrompido pelo pecado. Visando libertar da morte a humanidade, Jesus veio, na qualidade de portador de vida eterna. Entretanto, a perfeita salvação – o dom da vida eterna – depende de como se acolhe Jesus, e se adere à sua pessoa. Deste modo, vive-se como verdadeiros filhos e filhas de Deus, regenerados pelo Espírito.
Engana-se quem atribui a Jesus a missão primordial de julgar e condenar o mundo. A condenação depende da incredulidade em relação ao Filho enviado pelo Pai. Rejeitar o Filho significa, por extensão, rejeitar o Pai que o enviou. Por sua vez, recusar a este comporta a rejeição da vida eterna, que só ele pode oferecer. Esta insensatez, em última análise, resulta do fechamento ao dom do Espírito Santo, o único que tem o poder de atrair o ser humano para Deus. Portanto, embora o desígnio primeiro da Trindade seja o de salvar a humanidade, resta sempre a possibilidade de o ser humano servir-se de sua liberdade para fazer-se prisioneiro de seu egoísmo.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, louvo-te e agradeço-te por nos teres amado tanto, a ponto de oferecer-nos a salvação, por meio de teu Filho, ao qual somos atraídos pela força do teu Espírito.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A Família da Trindade
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Nem acreditei quando Dona Ida falou com minha mãe, pedindo para me deixar passar um domingo na chácara da família, pois o Valdir, meu colega de escola, tinha por mim um grande afeto e manifestou aos pais o desejo de que eu lhe fizesse companhia. Naquela noite nem consegui dormir direito de tanta ansiedade e bem cedinho, com orgulho e alegria, lá fui eu, dentro do carro, com toda a família rumo a chácara para passar um dia, que na minha infância modesta foi mesmo inesquecível.
A chácara era belíssima, havia um lago onde andamos de barco e depois fizemos uma pescaria, nos refrescamos na piscina aonde Dona Ida nos serviu um suco delicioso. Daí fomos jogar futebol em um campinho gramado onde as traves tinham até rede. Fiquei tonto com tanta diversão, andamos a cavalo, andamos muito de bicicleta, empinamos pipa e acho que em apenas um dia me diverti por um ano, pois em casa os brinquedos eram bem raros e só em uma ocasião ou outra, saía para algum passeio.
Na hora do almoço, que foi servido na varanda com uma mesa farta, por ser acanhado retirei-me para um canto, pois minha mãe dizia que eu não tinha modos e eu não queria fazer feio.   Mas foi quando Dona Ida chamou-me pelo nome “Venha filho, sente-se e coma à vontade com a gente!”
Desculpei-me dizendo que não estava com fome, mas a bondosa mulher falou carinhosamente “Olha, você é como um irmão para o Valdirzinho que fica muito feliz quando está com você por perto, então se sente aqui, pois vocês faz parte da nossa família, queremos muito bem seu pai e sua mãe e a todos vocês”. E após essas palavras, o Sr. Valter veio até mim, pegou-me pela mão e conduziu-me até a mesa, “Ida prepare um prato bem delicioso, o menino está faminto”! Comi até ficar triste, depois fomos descansar na sombra de um pomar onde nos deliciamos com frutas adocicadas. Á tardinha, quando eles me deixaram em frente a minha casa, nos deram uma sacola cheia de frutas e legumes.
Tive outros dias maravilhosos como aquele, a amizade com o Valdirzinho tornou-se sólida, mas confesso que áquele primeiro dia foi inesquecível, pois na minha cabeça de menino pobre, filho de pai operário, as palavras da Dona Ida “Sente-se e coma a vontade, você faz parte da família”, fez nascer no meu coração uma incontida alegria, mesclada com sentimento de afeto e gratidão. Não era mais um estranho, ficava bem a vontade, o que era do Valdirzinho também era meu, os brinquedos, a casa, o sítio, a piscina, o campo de futebol, os cavalos, o lago e o barco. Era uma gente abençoada, cuja riqueza maior era saber partilhar o que tinha. Eles ajudavam muitas pessoas com obras de caridade, mas eu me sentia especial, porque “fazia parte da família”, segundo a Dona Ida.
O homem desde os seus primórdios sonha e deseja a plenitude, a fartura, o viver bem e ser feliz, muito cedo o ser humano descobriu que essa vida plena de realizações só se encontra em Deus, é esse desejo que encontramos na humilde oração de Moisés, na primeira leitura: “Se tenho o vosso favor, Senhor, dignai-vos caminhar no meio de nós, pois somos um povo de cabeça dura, perdoa nossas iniqüidades e pecados e nos aceita como propriedade vossa”.
Sendo eu um menino pobre, meu pai nunca teria recurso para que pudesse desfrutar de todo aquele conforto, que esta família me proporcionava com freqüência! Assim também, a humanidade, tão pequena, frágil e limitada em suas misérias, jamais teria acesso a graça e salvação do Deus Todo Poderoso e Altíssimo, indigno e sem condições de olhar, Moisés, que representa toda humanidade, se prostra diante dele.
Festa da Santíssima Trindade lembra-me um Deus de rosto bondoso como o de Dona Ida, me dizendo naquele domingo inesquecível “Vem sentar-se conosco à mesa, te amamos muito, você faz parte da nossa família!” Eu gozava de toda esta estima de Dona Ida e do Sr. Valter, que até me consideravam como filho, por causa do Valdirzinho, que se afeiçoara a mim, de modo especial.
Para a humanidade, este amigo e irmão que nos ama de maneira gratuita e incondicional, este elo de ligação que nos permite fazer parte da família divina, e desfrutar de toda graça dispensada, é Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, e assim como a amizade com o meu amigo, me possibilitava ser praticamente um membro da família, desse mesmo modo a nossa fé em Jesus Cristo, todo amoroso e misericordioso nos comunica á salvação, porque nos insere na comunhão da Trindade que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo, fazendo com que a sua graça, lá no mais íntimo de nós, faça brotar no coração essa incontida alegria de ser amado e querido do Pai, que um dia nos acolherá para sempre, na plenitude dos tempos, em sua “casa”, não apenas por um dia, mas por toda eternidade, sendo isso que Deus deseja ardentemente para todo homem.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único - Jo 3,16-18
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Temos muitos problemas na vida. Nossa realidade é, por vezes, tão sofrida que levou um autor sagrado a escrever o Livro de Jó. Há quem diga que Deus não existe, porque, se existisse, ele não permitiria tanto sofrimento. É uma concepção de Deus. Podemos dizer também que, se Deus não existir, não vale a pena viver. E podemos dizer ainda que vale a pena viver tirando para si mesmo o máximo proveito de tudo. Diziam os romanos antigos: “Carpe diem”, isto é, aproveite o máximo que puder, porque amanhã morreremos. A vida não deixa de ser um mistério, desde o início até o fim. Quer maior mistério do que a morte? Se Deus não existisse, como seriam nossas relações? Há quem resolva a questão apelando para a natureza humana, que poderia ser outro nome para Deus.
Os crentes são assim chamados porque acreditam na existência de um Deus. Os cristãos acreditam em um só Deus em Três Pessoas e celebram hoje a festa da Santíssima Trindade. Tendo terminado o Tempo da Páscoa, celebramos a Trindade Santa como uma síntese de toda a revelação que recebemos de Deus, que é Uno e Trino. A doutrina sobre a Santíssima Trindade diz simplesmente que há um só Deus em três pessoas realmente distintas, Pai, Filho e Espírito Santo. Não existe, porém, na Bíblia Sagrada nenhuma doutrina que retrate a realidade interior de Deus. Falar de Uno e Trino é falar de Deus como ele é por dentro. A Sagrada Escritura, porém, apresenta Deus agindo externamente para a salvação do mundo. A Bíblia descreve a experiência da ação salvífica de Deus em favor da humanidade. Não se encontra no Novo Testamento uma doutrina que retrate a realidade interior de Deus como ser diferenciado. A linguagem do Novo Testamento representa Deus em atividade no mundo, em prol da salvação humana. Relata a nossa experiência da ação de um Deus que nos salva.
Em linguagem humana, quando falamos de pessoa, de três pessoas, pensamos em três indivíduos conscientes, livres e independentes, que se relacionam entre si. Não se pode dizer o mesmo de Deus. Já dizia Santo Agostinho que não podemos colocar o grande mistério de Deus em nossa pequena cabeça, e explica com a história da criança que queria, com uma conchinha, colocar toda a água do mar num buraquinho na praia. A Trindade não é ponto de partida. É ponto de chegada. Nosso pensamento se move do mundo para Deus, e não o contrário.
Partimos da experiência do povo de Israel com o Deus dos pais. O Deus dos nossos pais, sem nome e sem imagem, nos acompanha em nossos deslocamentos ao longo da história humana. Ele é aquele que é, nos diz Moisés. Ele é o que existe. Sempre dentro do povo de Israel, encontramos um homem em Nazaré, em tudo semelhante a nós e que conhece Deus por dentro. A partir dele, da revelação que ele nos transmite, podemos saborear alguma coisa do que Deus é, para concluir com Santo Agostinho que “Deus é o amor com que amamos o nosso irmão”. Por isso Jesus diz: “Sede misericordiosos como o Pai celeste é misericordioso”. No Êxodo e no Deuteronômio, introduzindo os Dez Mandamentos, ouvimos da boca de Deus: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim”.
Um dia estaremos mergulhados em Deus, participando ativamente do grande movimento da Trindade, vendo como ela é por dentro. Não haverá paralisia na eternidade. Será um movimento contínuo do Pai que gera o Filho, do Filho que é gerado pelo Pai, do Pai e do Filho que inspiram o Espírito, do Espírito que procede do Pai e do Filho, e nós contemplando a beleza das relações existentes em Deus. Tendo experimentado aqui seu amor e sua bondade, nós o veremos como ele é, sem, no entanto, abrangê-lo totalmente, porque só ele é Deus e nós continuamos sendo criaturas.

HOMILIA

Evangelho do Domingo da Santíssima Trindade

Amados irmãos e irmãs em Cristo!
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco!
Com esta saudação trinitária gostaria de saudar a todos na certeza do abraço amoroso de Deus trindade Santa que nos envolve e nos guia em nossa missão neste mundo na construção do seu reino. De fato, se tivermos um olhar bem atento aos fatos de nossa vida tudo o que começamos tem o traço, a presença e a proteção da Trindade. Isto porque sempre fazemos o sinal da cruz em todos os momentos de nossa vida, inclusive na celebração eucarística e demais sacramentos ou ainda em qualquer ação celebrativa, tudo inicia e termina com o sinal da cruz – Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
O acesso ao mistério da Santíssima Trindade não é algo que o façamos por meio da nossa racionalidade apenas, mas deve ser resultado de uma experiência, de um encontro de uma acolhida amorosa e afetiva. Aliás, muito se distanciou de nós – o mistério trinitário – quando, envolvidos em tentativas de explicação filosófica e até teológica, buscamos somente a meta de explicar nos esquecemos em experimentar.
As leituras propostas nos apresentam qual deverá ser a nossa atitude diante desse mistério da nossa fé. Assim como Moisés queremos mais uma vez renovar a Aliança de amor na presença de Deus e, prostrados com a devida reverência reconhecemos e louvamos o Senhor que na sua misericórdia, clemência, paciência, bondade e fidelidade, nos perdoa os pecados e nos acolhe, mas acima de tudo Ele caminha conosco, em cada momento e nos anima para construirmos o reino como realidade possível.
O reinado de Deus sempre foi o grande objetivo e tarefa do Filho (Jesus) que obediente à vontade do Pai e impulsionado na força do Espírito que o ungiu para a missão entrega para nós esse trabalho. Tal empreitada exigirá de nós um sincero desejo de aperfeiçoamento, encorajando-nos, cultivando entre nós a concórdia, vivendo o amor e a paz como regra de nossas vidas (2 Cor 13,11-13).
Esta vida nova como fruto do que celebramos no domingo passado (Pentecostes) se consolida na certeza de que Deus sempre deseja se comunicar/revelar a nós e de maneira plena e muito especial o fez por meio de Jesus, o Filho Amado, que nos mostrou de fato, em palavras e obras quem é o Pai: “Deus é amor”!
O Pai envia seu único Filho como um gesto de amor por cada um de nós e o faz não para nos condenar, porém para nos salvar (Jo 3,16) e para que todos o que creiam tenham também parte nesta comunhão divina, nesta vida nova e eterna. O acesso, portanto à vida trinitária é a vivência do amor e da comunhão entre os diferentes estabelecida fundamentalmente na comunhão – expressão de amor!
Na Eucaristia e demais dimensões da nossa vida humana e eclesial somos, uma vez feitos à imagem e semelhança da Trindade (a melhor comunidade) também convidados a manifestar esse amor comunhão em tudo o que fazemos e nos mais variados lugares onde atuamos!
Transformados pelo amor da Trindade busquemos, na conversão pessoal e pastoral de nossas comunidades viver esse mistério de amor!
Em Jesus, o Bom Pastor e Maria, nossa Mãe.
Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa
Arquidiocese de Fortaleza
Fonte: Liturgia da Palavra em 15/06/2014

Homilia

Solenidade da Santíssima Trindade, por Pe. Paulo Ricardo


Fonte: Reflexões Fransicanas em 15/06/2014

O amor só é pleno, verdadeiro e autêntico quando é vivido na dimensão comunitária, o amor que se dá, que se recebe e que circula.

“Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (João 3, 16).

Nós hoje celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade. O que nós estamos, na verdade, contemplando hoje é o mistério maravilhoso da presença de Deus em nós.
Que Deus é este? Quem é o Deus em quem nós cremos? Nós talvez encontremos no mundo pessoas que não conheçam, não saibam, na verdade, quem é Deus e, então, nós precisamos dizer quem é o Deus em quem cremos. Só existe um Deus e não há outro e esse mesmo Deus se apresenta a nós em Sua face paterna na pessoa do Pai, Aquele que fez todas as coisas e por amor nos criou. O Pai a quem nós adoramos, reverenciamos e diante do qual nós nos prostramos diante da Sua presença. Deus e o Senhor de todas as coisas!
Esse mesmo Pai, por amor a nós, no princípio de todas as coisas criou o mundo com Seu Filho Jesus. É óbvio que o Seu Filho não se chamava Jesus, desde toda a eternidade Ele foi gerado com o Pai, mas Ele se encarnou e se fez um de nós na pessoa de Jesus.
Jesus é a mão de Deus que nos salva, que nos livra da condenação, que nos conduz para o caminho da vida eterna! A manifestação amorosa de Deus no meio de nós acontece na pessoa do Seu Filho. E o Pai, que não nos deu conhecer a Sua face, nos permitiu conhecer a Sua manifestação amorosa na pessoa de Seu Filho Jesus, que assumiu uma face humana, assumiu o nosso jeito de ser, assumiu a nossa aparência humana. Jesus, o Filho de Deus, é nosso Salvador!
E para que não ficássemos sós, para que fôssemos totalmente refeitos em nossa natureza humana, decaída por causa do pecado, é que o Pai nos deu a Sua face restauradora, que se chama “Espírito Santo”. O Espírito, que é criador, que é salvação, que é santificador e que estava com o Filho e junto com o Pai desde a criação de todas as coisas.
Nós hoje celebramos o Deus de amor, nós hoje celebramos o Deus que é comunidade. Deus não é sozinho! Deus é Pai, é Filho, é Espírito Santo! O amor não se completa só, o amor não se realiza sozinho; ele só é pleno, verdadeiro e autêntico quando é vivido nessa dimensão comunitária, o amor que é dado, recebido e que circula. O amor que vai do Pai, do Pai para o Filho; do Filho para o Pai; do Pai e do Filho para o Espírito Santo. E nesse círculo amoroso, a Trindade se derrama em nossos corações. E assim nós precisamos ser  manifestação do amor de Deus para as pessoas, para quem está ao nosso lado, para quem vive conosco.
Não há realização plena para o homem, para a mulher, para a natureza humana se não for na vivência do amor e ninguém pode viver amando a si mesmo. Precisamos amar uns aos outros para que o amor de Deus seja pleno em nós!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 15/06/2014

Oração Final
Pai Santo, que nos criaste e nos dás a Vida; Cristo, que assumiste nossa humanidade para revelar-nos o Mistério do Amor; Espírito Santo, que estás em nós guiando nossos passos nos caminhos do Reino do Céu que já começa nesta terra – Deus Trino e Uno – nós queremos crer. Aumenta a nossa fé!
Fonte: Arquidiocese BH em 15/06/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai misericordioso, que nos criaste e nos dás a Vida; Cristo, que assumiste nossa humanidade em Jesus de Nazaré para revelar-nos o Mistério do Amor; Espírito Santo, que estás em nós guiando nossos passos nos caminhos do Reino do Céu, que já começa nesta terra – Deus Trino e Uno – nós queremos crer. Aumenta a nossa fé!