Ano A
Jo 16,16-20
Comentário do Evangelho
Deus revelado em Jesus.
“Não mais me vereis e […] me vereis” – é de sua morte e ressurreição que Jesus está falando. A pergunta dos discípulos revela sua incompreensão e a dificuldade de entrar na lógica do mistério de Deus revelado em Jesus (cf. v. 12). Jesus mesmo abre aos discípulos a possibilidade de esclarecer suas dúvidas e toma a iniciativa para tal (v. 19). À Páscoa de Jesus corresponde a Páscoa dos discípulos: da tristeza e lamentação causadas pela morte do Senhor, à alegria da ressurreição. O que para o mundo parecerá sua vitória em razão da cruz de Cristo, será revelado, na ressurreição do Filho único de Deus, como pecado e derrota; e aquele que parecia derrotado aparecerá como vitorioso sobre o mal e a morte. Os discípulos, os fiéis de modo geral, devem tirar as consequências do mistério pascal para a sua própria vida e no exercício de sua missão: o sofrimento e a morte não são a última palavra da existência humana; eles passam. O definitivo é a herança da ressurreição que, em razão dos méritos de Cristo, Deus concede a todos os fiéis que aceitam permanecer no Senhor.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que o meu testemunho de vida cristã seja tal, que as pessoas possam “ver” Jesus nas minhas palavras e nos meus gestos de amor ao próximo.
Fonte: Paulinas em 29/05/2014
Vivendo a Palavra
As palavras de Jesus começavam a se tornar incompreensíveis para os Apóstolos. Eles queriam fazer perguntas e se angustiavam. O que significaria ‘deixar de ver’ e ‘tornar a ver’? Quem transforma nossas angústias em alegria é o Espírito Santo. Preparemo-nos para recebê-lo e festejá-lo cheios de gratidão em nossos corações.
Reflexão
Um pouco de tempo e os discípulos não verão mais Jesus, porque o mistério da cruz está próximo, e com ele, a morte e a separação. E mais um pouco e me vereis de novo, ou seja, todos os que acreditam farão a experiência do Ressuscitado, viverão sempre na sua presença, de modo que a tristeza da separação dará aos que têm fé lugar a uma alegria que jamais poderá ser tirada. Porém, por causa dos que não acreditam e por causa também dos nossos pecados, deveremos passar por diversas tribulações, mas, por piores que sejam, elas não podem vencer quem crê verdadeiramente.
Fonte: CNBB em 29/05/2014
Recadinho
Você é otimista? - Como encara o sofrimento? - Você transmite paz, alegria? - Você se lembra de rezar nos momentos difíceis? - Você se lembra de Deus nas horas alegres?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 29/05/2014
Meditando o evangelho
VOU PARA O PAI
A presença física de Jesus foi criando laços entre ele e os discípulos. Esta forma de contato não podia durar para sempre. E Jesus anteviu, para breve, sua volta ao Pai. Dentro de pouco tempo os discípulos não mais o veriam. Eles, entretanto, não se davam conta de que o Mestre estava aludindo à sua morte e a sucessiva ida para junto do Pai.
A palavras de Jesus funcionavam como chave de leitura para sua morte. Esta não seria o fim trágico de sua carreira, mas sim sua transição da história humana para a comunhão com o Pai. Outra chave de leitura estava contida no contraste entre o choro dos discípulos e a alegria do mundo. Os adversários de Jesus ficariam contentes ao vê-lo suspenso num madeiro, certos de terem reduzido a nada todo o seu ideal. Os discípulos lastimariam a perda do amigo querido, a quem tinham dedicado suas vidas. Todavia, esta realidade seria revertida. A Ressurreição do Senhor e sua conseqüente ida para junto do Pai seriam motivo de júbilo para os discípulos, ao passo que a arrogância de seus inimigos ficaria anulada. A pretensa vitória destes sobre Jesus redundaria em derrota, pela manifestação de Deus na vida de seu Filho.
A ida para o Pai seria o destino último de Jesus. Por isso, os discípulos deveriam se alegrar. A ausência temporária se transformaria em presença perpétua. A tristeza dos discípulos não impediu Jesus de seguir seu caminho.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que me meu coração se alegre por saber-te junto do Pai, donde te fazes presença constante na minha caminhada.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Tristezas e alegrias, Luzes e sombras...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A vida de todo discípulo de Jesus não é diferente das demais pessoas, ela é cheia de altos e baixos, "Um dia chove... Outro dia faz sol", como cantou o poeta Chico Buarque de Holanda, um dia resplandece como uma manhã belíssima, mas logo mais a tarde vêm as nuvens negras com raios e relâmpagos. Na Vida de Fé esse dualismo também está presente, e Jesus está dizendo aos discípulos que será sempre assim: um pouco de tempo e me vereis, mais um pouco e não me vereis, e outro pouco e tornareis a me ver... Jesus não fica brincando de se esconder, com a Comunidade. Ficou algumas horas oculto no túmulo, depois ressuscitou, voltou ao Pai e permaneceu com os seus para estes também pudessem sentir o Amor do Pai Nele presente.
A gente queria só luz, alegria, entusiasmo, sucesso, em nossa vida de Fé, na vida em comunidade, mas não é assim... Desde o começo Jesus deixou bem claro. Os discípulos não entenderam e nós também não. Então Jesus, que conhece o homem profundamente, todos os seus pensamentos e sentimentos, vai dizer que ao final toda a angústia e tristeza dos discípulos vai se transformar em alegria eterna.
Há no mundo uma falsa alegria, que hoje poderíamos dizer, é provocada pelo consumismo, pelo sucesso, prestígio e poder, na verdade as alegrias terrenas são legítimas mas não podem substituir na vida dos discípulos aquela que é a Verdadeira alegria e que um dia se tornará plena. A suposta "ausência" de Jesus, a partir da sua Ascensão, é preenchida totalmente pelo Espírito que acompanha a Igreja neste tempo do Kairós até a Parusia.
Em suma, Ver ou não ver Jesus, sentir sua presença em nossa vida ou não, é uma contingência humana por conta das nossas limitações, Deus está sempre presente na ação Trinitária em cuja vida de comunhão somos envolvidos, mas que não nos arrebata desse Vale de Lágrimas, onde é preciso caminhar e Crer, alimentando em nós essa esperança, de que o Senhor caminha conosco falando e agindo, como fez um dia junto com seus discípulos.
Mas essa ação de Jesus continua de maneira concreta nos Sacramentos que são Eficazes e nos transmitem essa Graça. Os discípulos tiveram a presença física do Jesus Histórico, nós temos a presença real de Jesus nos Sacramentos que não são uma lembrança ou um mero símbolo de alguém do passado, mas uma verdadeira ação Divina, que pela Graça atua direto em nossa vida, perpassando Razão e Coração, nosso Pensar e nosso Sentir.
Claro que a nossa Fé nessa Ação Divina, neste novo jeito de Jesus estar entre nós, é um elemento fundamental e importante, mas não é a Fé que garante a sua presença, ao contrário, é a sua presença que nos garante a Fé. Por um pouco de tempo, isso é, em nossa vida terrena o sentiremos e o experimentaremos dessa forma, porém, na plenitude estaremos frente a frente com o Senhor o mesmo que nunca saiu do nosso lado e do meio de nossas comunidades.
Quem tem uma Fé encarnada na história não é um alienado, nem um religioso fanático, mas é alguém que se deixa modelar pela Graça e no que fala, pensa e faz, irradia Cristo Jesus testemunhando que ele é nosso Deus e Senhor, e principalmente que Ele é o Amor encarnado de Deus na vida da humanidade, pois todas as nossas atitudes devem falar desse Amor sendo essa a essência do nosso Testemunho e do nosso Ser Cristão.
2. A vossa tristeza se transformará em alegria...
Os discípulos não entendem e perguntam o que significa “um pouco de tempo e não me vereis, e mais um pouco, e me vereis de novo”. A resposta de Jesus parece desviar o assunto. No entanto, um pouco de tempo e ele será preso, condenado, morrerá na cruz e será sepultado. Os discípulos já não o verão. Depois, ele ressuscitará, e então o verão de novo. Outro significado relaciona-se ao que se chama de “parusia”, isto é, a manifestação final de Jesus.
Naqueles dias, o pouco de tempo podia se referir ao retorno iminente de Jesus, como foi esperado e não aconteceu. A própria comunidade percebeu depois que não havia data para a vinda definitiva de Jesus e que não seria imediata. Enquanto esperam o seu retorno, há tristeza pela separação e pelas perseguições, mas a tristeza se transformará um dia em alegria. O mundo se alegra porque pensa ter eliminado aquele que o incomodava. Na realidade ele não está sendo visto por um pouco de tempo. Mais outro pouco de tempo e ele virá em sua glória. Sua presença, na verdade, se prolonga em seus seguidores. São eles os que agora incomodam o mundo.
Fonte: NPD Brasil
HOMILIA DIÁRIA
Que o Espírito Santo transforme o nosso pranto em alegria!
Que Deus hoje cure a nossa tristeza, que a presença gloriosa de Jesus no meio de nós e a força do Seu Espírito transformem o nosso pranto em alegria e em vida nova!
“Em verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria” (João 16, 20).
Jesus faz um discurso de despedida para os Seus apóstolos, para Seus discípulos, porque está chegando a hora em que Ele partirá deste mundo para a presença do Pai. Esse discurso é feito antes da Sua morte, por isso, Ele também mostra para os Seus discípulos o que a Sua morte, no primeiro momento, pode significar: alegria para o mundo, para o príncipe deste mundo.
Para aqueles que a presença de Jesus significa uma coisa indesejável, para aqueles que não O aceitam, não O acolhem, não O amam, no primeiro momento, a morte de Jesus significa uma alegria. Sabem quando queremos nos livrar de alguém e vemos essa pessoa indo embora, respiramos fundo e dizemos: “Estou livre!”. Assim se sentiu aquele grupo de judeus que quis se livrar do Mestre.
Mas isso foi por pouco tempo, porque, como o próprio Senhor nos diz hoje, a nossa tristeza se transformará em alegria, porque aquilo que, para nós, no primeiro momento, significou uma tristeza profunda, a tristeza da perda, da dor, da partida do Senhor e da solidão; a ressurreição do Senhor faz brotar uma nova vida, uma nova alegria, uma nova esperança!
Jesus está voltando definitivamente para a casa do Pai com Sua ascensão, mas a Sua despedida agora não significa uma partida, nem que Ele irá nos deixar, muito pelo contrário, Ele vai, mas permanece para sempre conosco! Ele está à direita do Pai cuidando, abençoando e conduzindo os Seus, basta que vivamos em Seu nome, levemos a vida em Seu nome, permitamos que a vida d’Ele esteja em nós; e Ele, sim, transforme, então, a nossa tristeza em alegria!
Permitamos no dia de hoje que Deus pegue tudo aquilo que entristece o nosso coração, que entristece a nossa alma. Permitamos que Deus acolha em Suas mãos tudo aquilo que para nós é mágoa, é decepção, tudo aquilo que vai puxando o fio de desapontamento e tristeza dentro de nós. Permitamos que a alegria de Deus possa entrar em nosso coração!
No fundo da nossa alma, nós, muitas vezes, guardamos tristezas profundas. A tristeza é um câncer, é um mal, é terrível, machuca, dói, oprime e à medida que ela cresce também mata! Que Deus hoje cure a nossa tristeza, que a presença gloriosa de Jesus no meio de nós e a força do Seu Espírito transformem o nosso pranto em alegria, em vida nova!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 29/05/2014
Oração Final
Pai Santo, nós te agradecemos pelo Espírito que nos envias. Ele é a luz que nos guia na busca do Caminho, da Verdade e da Vida – o teu Verbo que se fez humano como nós. Mantém-nos abertos e receptivos aos seus ensinamentos, nós te pedimos, Pai amado, pelo Cristo Jesus, que contigo reina na unidade do mesmo Espírito Santo.