sábado, 26 de outubro de 2019

BOM DIA! BOA TARDE! BOA NOITE! Oração da noite, Oração da manhã e Oração do entardecer - Deus te abençoe!



Oração da Noite

Boa noite Pai.
Termina o dia e a ti entrego meu cansaço.
Obrigado por tudo e… perdão!!
Obrigado pela esperança que hoje animou meus passos, pela alegria que vi no rosto das crianças;
Obrigado pelo exemplo que recebi daquele meu irmão;
Obrigado também por isso que me fez sofrer…
Obrigado porque naquele momento de desânimo lembrei que tu és meu Pai; Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa, pela comida, pelo meu desejo de superação…
Obrigado, Pai, porque me deste uma Mãe!
Perdão, também, Senhor!
Perdão por meu rosto carrancudo; Perdão porque não me lembrei que não sou filho único, mas irmão de muitos; Perdão, Pai, pela falta de colaboração e serviço e porque não evitei aquela lágrima, aquele desgosto; Perdão por ter guardado para mim tua mensagem de amor;
Perdão por não ter sabido hoje entregar-me e dizer: “sim”, como Maria.
Perdão por aqueles que deviam pedir-te perdão e não se decidem.
Perdoa-me, Pai, e abençoa os meus propósitos para o dia de amanhã, que ao despertar, me invada novo entusiasmo; que o dia de amanhã seja um ininterrupto “sim” vivido conscientemente.
Amém!!!

Oração da manhã

Bom-dia, Senhor Deus e Pai!
A ti, a nossa gratidão pela vida que desperta, pelo calor que
cria vida, pela luz que abre nossos olhos.
Nós te agradecemos por tudo que forma nossa vida, pela terra, pela água, pelo ar, pelas pessoas. Inspira-nos com teu Espírito Santo os pensamentos que vamos alimentar,as palavras que vamos dizer, os gestos que vamos dirigir,a comunicação que vamos realizar.
Abençoa as pessoas que nós encontramos, os alimentos que vamos ingerir.
Abençoa os passos que nós dermos, o trabalho que devemos fazer.
Abençoa, Senhor, as decisões que vamos tomar, a esperança que vamos promover,a paz que vamos semear,a fé que vamos viver, o amor que vamos partilhar.
Ajuda-nos, Senhor, a não fugir diante das dificuldades, mas a abraçar amor as pequenas cruzes deste dia.
Queremos estar contigo, Senhor, no início, durante e no fim deste dia.
Amém.

Oração do entardecer

Ó Deus!
Cai à tarde, a noite se aproxima.
Há neste instante, um chamado à elevação, à paz, à reflexão.
O dia passa e carregam os meus cuidados.
Quem fez, fez.
Também a minha existência material é um dia que se passa,
uma plantação que se faz, um caminho para algo superior.
Como fizeste a manhã, à tarde e a noite, com seus encantos,
fizeste também a mim, com os meus significados, meus resultados.
Aproxima de mim, Pai, a Tua paz para que usufrua desta
hora e tome seguras decisões para amanhã.
Que se ponha o sol no horizonte, mas que nasça
em mim o sol da renovação e da paz para sempre.
Obrigado, Deus, muito obrigado!
Amém!

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 27/10/2019

ANO C


30º Domingo do Tempo Comum

Ano C - Verde

“Quem se humilha será elevado!”

Lc 18,9-14

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Farisaísmo é a atitude religiosa que não nos permite ver-nos tal como somos, deturpando nossa relação com Deus e com os irmãos. Todos possuímos parcelas desta grande falha, às vezes até reconhecendo que somos pecadores, mas sem acreditar nisso. Celebremos, suplicando ao Senhor a graça de superar a falsa humildade, para que possamos nos comprometer com o anúncio missionário.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, reunidos para celebrar o Dia do Senhor, memorial de sua morte e ressurreição, elevamos nossos corações ao o alto para oferecer a Deus Pai este sacrifício de louvor por nós e por toda humanidade. Concluindo o mês missionário extraordinário nos associamos a todos aqueles que, levando a sério o mandato do Senhor de anunciar o Evangelho a toda criatura, tornaram- se testemunhas vivas de uma Igreja missionária, em saída, ao encontro de quem precisa encontrar- se com o Senhor e receber d'Ele a salvação.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Todos os homens participam da mesma impotência e são solidários no mesmo estado de ruptura com Deus; não podem salvar-se por sí mesmos, isto é, não podem entrar sozinhos na amizade de Deus. O primeiro ato de verdade que o homem deve fazer é reconhecer-se pecador, impotente para se salvar, e abri-se pois, à ação de Deus.

A VIRTUDE DA HUMILDADE

Jesus conta essa parábola para mostrar como nossas orações são recebidas por Deus. Há dois personagens: o fariseu e o publicano. Os fariseus eram homens respeitados, entre os mais observantes da lei de Moisés. Os publicanos, ao contrário, tinham fama de pecadores porque trabalhavam a serviço dos romanos, cobrando impostos e taxas dos seus irmãos judeus.
Jesus diz que o publicano orava consigo mesmo. Ou seja, apesar de dizer: “Ó Deus eu te dou graças”, não falava com Deus, mas se gabava de suas boas obras. Sentia-se melhor que os outros, elogiando-se: “não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos”. Realmente, ele orava para si mesmo e, por isso, Deus não ouvia a sua oração: o fariseu estava “fechado” em si mesmo. Fechado para Deus, achava que tudo o que tinha de bom se devia a seu mérito pessoal e estava cego para o que fazia de mal. Ele não percebia que estava muito mal, pelo próprio desprezo que sentia pelos outros, especialmente pelo publicano.
A oração do publicano, no entanto, é atendida por Deus, que aceita o reconhecimento humilde de suas falhas. A sua oração é sincera e, por isso, obtém de Deus o perdão e retorna para a sua casa com a consciência limpa, feliz da vida.
São Jose Maria Escrivá define a humildade como a verdade mais profunda sobre si mesmo: a humildade “é a virtude, que nos ajuda a conhecer, simultaneamente, nossa miséria e nossa grandeza” (Amigos de Deus n.94). A humildade consiste em primeiro lugar reconhecer a grandeza de sermos filhos de Deus: amados com um amor de predileção e escolhidos por Deus por uma vocação divina.
O orgulho, por outro lado, consiste na mentira de atribuir somente a nós o que temos de bom, esquecendo- nos que os nossos dons e talentos são recebidos gratuitamente de Deus. São Paulo, com grande realismo, nos pergunta: “Que tens que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houvesses recebido?” (I Cor 4,7). Percebemos que a única coisa que o publicano pedia era a compaixão e o perdão de Deus. “Eu vos digo: este desceu para casa justificado, ao contrário do outro. Porque quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado.”
Dessa parábola, podemos ressaltar a falta de conhecimento que o fariseu tinha sobre si mesmo. Ele pensava que sabia quem era: “eu sou um fariseu, um homem de bons princípios”. A impressão que fica é que só o publicano sabia realmente quem ele era: “eu tenho muitos erros”.
Vamos aproveitar a lição da parábola para crescer no conhecimento próprio: fazer diariamente o exame de consciência e confessar- nos com frequência, o que nos ajudará a conhecer nossos pecados e corrigir-nos e, assim, sermos gratos aos olhos de Deus.
Dom Carlos Lema Garcia
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

A salvação é dom de Deus.

Os destinatários da parábola deste domingo são “aqueles que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros” (v. 9). A “própria justiça”, aqui, diz respeito à prática da Lei. A teologia da retribuição reitera que o homem que cumpre de modo irrepreensível todos os mandamentos é salvo (ver Dt 28,1ss). Ora, a salvação é dom de Deus. O empenho de pôr em prática os mandamentos é reflexo da consciência de ter sido salvo. O reconhecimento do dom recebido, em Jesus, tem implicações para a vida prática de quem quer que seja. No tempo do Messias, nós não estamos mais sob o regime da Lei, mas da graça: “Ninguém é justificado diante dele pelas obras da lei […]. Agora, independente da Lei, a justiça de Deus foi manifestada; a Lei e os Profetas lhe dão testemunho. É a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que creem” (Rm 3,20-22).
Os personagens da parábola são um fariseu e um publicano. O publicano é considerado um pecador público (cf. Lc 19,7); estava a serviço dos romanos, e sua função era odiosa: cobrar os impostos. Eram considerados ladrões e exploradores. Zaqueu, que era chefe dos cobradores de impostos, dirá a Jesus: “Senhor, se defraudei alguém…”; trata-se de um condicional de realidade, isto é, ele efetivamente havia defraudado as pessoas. Apresenta-se diante de Deus na sua verdade: “Meu Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador!” (v. 13). Na sua imensa bondade e misericórdia, é Deus quem o salva, pois “A oração do humilde penetra as nuvens e não se consolará enquanto não se aproximar de Deus” (Eclo 35,21). Reconhecer-se na sua miséria diante de Deus, eis a verdadeira oração!
O fariseu, ao contrário, é considerado um homem justo que cumpre de maneira irrepreensível todos os mandamentos da Lei. Na sua oração, recita a própria justiça: “Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de toda a minha renda” (vv. 11-12). O fariseu certamente não mente; pratica a lista de prescrições que recita diante de Deus. A referência de sua oração é ele mesmo; ele se basta, não pede nada, não necessita de coisa alguma. A sua oração é uma volta sobre si mesmo e sobre a sua própria obra. A salvação para ele não é dom, é merecimento. A última frase do texto é muito ampla e convida a Igreja a tirar as consequências: “... quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (v. 14). Isto significa que diante de Deus ninguém pode se orgulhar do quer que seja, pois tudo é dom (cf. 1Cor 1,29-30).
Carlos Alberto Contieri,sj
Oração
Pai, faze-me consciente de minha condição de pecador, livrando-me da soberba que me dá a falsa ilusão de ser superior a meu próximo e mais digno de me dirigir a ti.
Fonte: Paulinas em 27/10/2013

Vivendo a Palavra

A Justiça Evangélica não é, como a nossa contabilidade, a busca de saldos nos lançamentos de débitos e créditos, de virtudes e vícios – mas um tratado de Amor. O Pai nos ama sem medidas e, do mesmo modo, ama a todas as suas criaturas. Portanto, não nos preocupemos com comparações, com os balanços das contas dos irmãos ou das nossas próprias contas.
Fonte: Arquidiocese BH em 27/10/2013

VIVENDO A PALAVRA

A Justiça Evangélica não é, como a nossa contabilidade, a busca de saldos a partir dos lançamentos de débitos e créditos, de virtudes e vícios, – mas um tratado de Amor. O Pai nos ama sem medidas e, do mesmo modo, ama a todas criaturas. Portanto, não nos preocupemos com comparações, com os balanços das contas dos irmãos ou das nossas próprias contas.

Reflexão

DEUS JUSTIFICA OS HUMILDES E OS PECADORES

I. INTRODUÇÃO GERAL

Neste domingo destacam-se, nas leituras, dois temas principais: a oração e a “justificação” do humilde e do pecador (1ª leitura e evangelho) e a entrega da vida de Paulo no fim de seu percurso (2ª leitura). Esse último texto é, antes de mais, um testemunho que contemplamos com admiração e gratidão. O primeiro tema tem um peso pastoral muito grande e merece reter nossa atenção especial.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Eclo 35,15b-17.20-22a)

A 1ª leitura (que poderia ser estendida um pouco mais, para que melhor apareça seu sentido) fala que Deus não conhece acepção de pessoas e faz justiça aos pequenos (pobres, órfãos, viúvas, aflitos, necessitados). Deus toma partido pelos pobres e oprimidos, porque é o Deus da justiça: não conhece acepção de pessoas, escolhe o lado dos oprimidos. Em matéria de ofertas, não é a grandeza ou riqueza do dom que importa, mas a atitude de quem o oferece e a disposição em ajudar os necessitados (35,1-5).
Isso é dito em oposição à maneira dos poderosos, que querem agradar a Deus por meio de sacrifícios perversos (Eclo 35,14-15a[11]). Oferecer a Deus o fruto da exploração é tentativa de suborno (35,14)! Deus não se deixa comprar pelas coisas que lhe oferecemos, pois não necessita de tudo isso. Deus é reto, ele atende os oprimidos e necessitados. Ele nos considera justos, amigos dele, quando lhe oferecemos um coração contrito e humilde (Sl 51[50],18-19). Nesse sentido, o salmo responsorial acentua: Deus atende ao justo e ao oprimido (Sl 34[33],2-3.17-18.19+23).

2. Evangelho (Lc 18,9-14)

Deus nos considera justos, ou seja, amigos dele, quando lhe oferecemos um coração contrito e humilde. Por isso, engana-se completamente o fariseu de quem Jesus fala no evangelho: acha que pode impressionar Deus com suas qualidades aparentes, seus sacrifícios e boas obras puramente formais, sem extirpar de seu coração o orgulho e o desprezo pelos outros.
No tempo de Jesus, os fariseus, e hoje, os “bons cristãos” usurpam a religião para se convencer a si mesmos e aos outros de sua justiça; desprezam os outros e querem negociar com Deus na base de suas “boas obras”. Porém, é a atitude contrária que encontra aceitação junto a Deus: a humilde confissão de ser pecador (cf. Sl 51[50],3). Quem já se declarou justo a si mesmo, como o fariseu, não mais pode ser justificado por Deus. O publicano, porém, que reza de coração contrito, se reconhece pecador e se confia à misericórdia de Deus, este é considerado justo e volta para casa “justificado”.
Lucas acrescenta uma lição moral: “Quem se enaltece, será humilhado; quem se humilha, será enaltecido” (Lc 18,14). Mais profunda ainda é a lição propriamente teológica, refrão da teologia de S. Paulo: quem se declara justo a si mesmo com base em suas obras rituais – como faziam os fariseus, convencidos de que a observância da Lei lhes dava “direitos” perante Deus – não é declarado justo por Deus, pois Deus é “inegociável” e declara alguém justo (reconciliado) com base na sua misericórdia e amor gratuitos. A justificação é de graça, para quem entra na órbita do amor de Deus, pondo-lhe em mãos a vida inteira, com pecados e fraquezas. Diante de Deus, todos ficamos devendo (cf. Sl 51[50],7). Os que se justificam a si mesmos, além de serem orgulhosos, são pouco lúcidos! Portanto, melhor é fazer como o publicano: apresentarmo-nos a Deus conscientes de lhe estar devendo, e pedir que nos perdoe e nos dê novas chances de viver diante de sua face, pois sabemos que Deus não quer a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva (Ez 18,23).
Esse pensamento deve extirpar a mania de se achar o tal e de condenar os outros: a autossuficiência. Mas, para afastar a autossuficiência é preciso, antes, outra coisa: a consciência de sermos pecadores. Ora, isso se torna cada vez mais difícil na atual civilização da sem-vergonhice. O ambiente em que vivemos trata de esconder a culpabilidade e, inclusive, condena-a como desvio psicológico. Que a culpabilidade neurótica passe do confessionário para o divã do psicanalista é coisa boa, mas não convém encobrir o pecado real. Tal encobrimento do pecado acontece tanto no nível do indivíduo quanto no da sociedade: oficialização de práticas opressoras e exploradoras nas próprias estruturas da sociedade, leis feitas em função de uns poucos etc.
Para sermos lúcidos quanto a isso, cabe observar que a auto justificação, entre nós, já não acontece ao modo do fariseu, que se gabava das obras da Lei de Moisés. Agora acontece ao modo do executivo eficiente, que tem justificativa para tudo: para as trapaças financeiras, a necessidade da indústria e do desenvolvimento nacional; e para as trapaças na vida pessoal, o estresse e a necessidade de variação… Hoje, já não são os fariseus que se auto justificam, mas os novos publicanos, que dizem: “Graças a Deus eu sou autêntico, eu não escondo o que faço, não sou um fariseu hipócrita como aquele catolicão ali na frente do altar”!
Seja como for, saber-se pecador é o início da salvação. Isso vale para todos, ricos e pobres, mas para os pobres é mais fácil, porque estão em dívida com tantas coisas que se dão mais facilmente conta de serem devedores. Ora, pecador não é apenas aquele que transgride expressamente a Lei, mas todo aquele que não realiza o bem que Deus lhe confia. Pensando nisso, reconheceremos mais facilmente que temos “dívidas”, como se rezava na versão antiga (e mais literal) do Pai-Nosso. Por isso, a liturgia começa com o ato penitencial. Antigamente, primeiro recitava-o o padre, depois os fiéis – não se sabe por que a nova liturgia suprimiu esse costume…
Em consonância com o evangelho, aconselha-se o prefácio IV dos domingos do tempo comum: Cristo nos justificou por sua morte.

3. II leitura (2Tm 4,6-8.16-18)

Neste domingo, termina a lectio continua da Segunda Carta a Timóteo, que é o emocionante testamento espiritual de Paulo. No fim de seu percurso, Paulo abre seu coração: “Estou para ser oferecido em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate, guardei a fé” (4,6). O exemplo vale mais que as palavras. Paulo não só pregou; trabalhou com suas próprias mãos. No fim de sua vida, ele tem as mãos amarradas, e outros escrevem por ele. Mas ele não fica amargurado. Suas palavras revelam gratidão e esperança. Ele ficou fiel a seu Senhor e aguarda agora o encontro com ele (4,5).
Paulo sabia-se pecador, pecador salvo pela graça de Deus (1Tm 1,13; cf. Gl 1,11-16a; 1Cor 15,8-10). Na base dessa experiência, anela pelo momento de se encontrar com Aquele que, por mera graça, o tornou justo, o “Justo Juiz”, que o justificará para sempre, enquanto diante do tribunal dos homens ninguém tomou sua defesa (2Tm 4,16). O mistério desta vida de apóstolo era a caridade, mistério de toda vida fecunda. Ela não tem fim (1Cor 13,8) e completa-se no oferecimento da própria vida (cf. Rm 1,9; 12,1).

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

A oração do pecador: será preciso ser santo ou beato para rezar a Deus? Será que os simples pecadores precisam “delegar” as monjas ou algum padre muito santo para rezar por suas intenções?
O Antigo Testamento ensinava que “a prece do humilde atravessa as nuvens” (1ª leitura). Jesus, no evangelho, faz desse humilde um pecador. Enquanto, na frente de todos, um fariseu se gloria de suas boas obras, um publicano – coletor de taxas a serviço do imperialismo estrangeiro – reza, a distância, com humildade e compunção. Jesus conclui: este foi, por Deus, declarado justo e absolvido, mas o fariseu, não.
O mais importante na avaliação geral de nossa vida não é o número e o tamanho de nossos pecados, mas nossa amizade com Deus. Como no caso do fariseu e da pecadora (Lc 7,36-50), alguém pode ter pouco pecado e pouquíssimo amor, e outra pessoa pode ter grandes pecados e imenso amor. Quem nada faz não peca por infração. Só por desamor… e para essa falta não existe remédio. Quem só pensa em si mesmo – como o fariseu –, como Deus pode ser amigo dele?
É muito importante os pecadores manterem o costume de conversar com Deus, na oração. E que saibam que Deus os escuta. Isso faz parte integrante da Boa-nova de Cristo e da Igreja. A rejeição moralista dos pecadores é anticristã e contradiz o espírito da Igreja, que oferece o sacramento da penitência para marcar com sua garantia o pedido de reconciliação do pecador penitente. O sacramento da penitência é, jocosamente falando, um sinal de que se pode pecar… pois senão, nem deveria existir!
Importa anunciar isso a quantos estão “afastados” por diversas razões (situação matrimonial irregular, vida sexual não conforme as normas, pertença à maçonaria, rejeição de alguns dogmas ou posicionamentos da Igreja etc.). Em alguns casos, essas pessoas poderiam, mediante devida informação e diálogo, ser plenamente reintegradas (declaração de nulidade de um casamento que na realidade não existiu etc.). Em outros casos, a plena vida sacramental continuará impossível, mas, mesmo assim, essas pessoas devem saber que Deus é maior que os sacramentos e presta ouvido à oração de quem entrega sua vida quebrantada nas mãos dele.
Importa anunciar isso, sobretudo, ao povo simples, marcado por séculos de desprezo e discriminação, falta de instrução, missas ouvidas na porta do templo… Suas preces “a distância”, como a do publicano, serão certamente atendidas! Hoje, muitos deles já podem avançar até perto do altar; oxalá não se tornem fariseus!
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.br.
Fonte: Vida Passtoral em 27/10/2013

Reflexão

FARISEUS E PUBLICANOS

É muito provável que todos tenhamos, em alguma medida, as características tanto do fariseu quanto do publicano do evangelho de hoje. Esses dois personagens sobem ao templo para suas práticas religiosas. Eles representam duas atitudes contrapostas. Cada um tem seu jeito de rezar e carrega no coração a imagem particular que faz de Deus e do modo de relacionar-se com ele.
O fariseu não se sente “como os outros”; julga-se muito melhor, pois é fiel cumpridor de seus deveres religiosos, obedece em tudo ao que a lei determina. Com isso, pensa ter crédito diante de Deus. Nada, porém, diz de suas obras de caridade e de compaixão pelo próximo.
O publicano (cobrador de impostos; por isso, odiado pelos judeus) “bate no peito” e reconhece a necessidade do amor e da misericórdia divina. Não é autossuficiente e sabe que não tem méritos diante de Deus. Tem consciência de ser pecador e malvisto por todos, em que pese o fato de garantir o próprio sustento com sua profissão.
O perigo está em nos considerarmos melhores que os outros. Quando isso acontece, acabamos desprezando as pessoas e as destruímos com nossas críticas; tornamo-nos insensíveis aos apelos e necessidades dos irmãos. Nossas belas práticas de piedade podem não ser o bastante: precisamos ir além do simples cumprimento dos deveres religiosos.
Sermos cristãos e praticantes assíduos da religião nada nos garante. No mundo atual, frequentemente deparamos com novos publicanos – mendigos, dependentes químicos, prostitutas, sem-teto, sem-terra… –, e ai de nós se nos consideramos melhores do que eles! Diante de Deus, ninguém é mais nem melhor do que ninguém. Se em nós se misturam o fariseu e o publicano, qual o fundamento de nos julgarmos mais que os outros por este ou aquele motivo?
Infelizmente ainda estão vivos o farisaísmo e a arrogância que nos impedem de ver-nos como somos e falsificam nossa relação com Deus e com os irmãos e irmãs. Reconhecer isso é o primeiro passo para a mudança!
Pe. Nilo Luza, ssp
Fonte: Paulus em 27/10/2013

Reflexão

A oração é essencial para a vida cristã. Nossa participação no reino de Deus, como povo santo em marcha para a plenitude do mundo que há de vir, pode ser avaliada à luz da nossa atitude orante; à luz, sobretudo, do próprio conteúdo da nossa oração. Rezar é, antes de qualquer coisa, responder ao apelo de comunhão e intimidade que o Pai, por seu Filho, Jesus, no Espírito Santo, quer estabelecer conosco. A oração aperfeiçoa nossa sintonia com Deus e nos impulsiona à união com os seres humanos, nossos irmãos. Dessa comunhão com Deus é que irradia nossa comunhão com nós mesmos e com o próximo.
Expressão das vivências humanas, a oração revela a “fisionomia interior”das relações da pessoa com o próximo e com Deus. Quando rezamos, manifestamos com quem e com que nos comunicamos e estamos comprometidos. Assim, rezar é mais do que a fórmula, a palavra, o tempo, o gesto. Cristo, fala-nos Lucas, teve clara intenção com esta parábola: advertir alguns que se vangloriavam por ser justos e desprezavam os outros. O farisaísmo é uma atitude de espírito: segregacionista, separatista, isolacionista. Tal atitude inspira-se na soberba, que profana a verdade e corrompe a caridade. É isso que cega o homem aparentemente repleto de honestidade. Ao deformar a vida de seu próximo por se julgar auto-suficiente e legalisticamente correto, o tipo farisaico rompe o diálogo com o reino de Deus, porque dele também não demonstra necessitar.
Não é por não ter realizado boas obras que o fariseu se torna reprovável na oração e na atitude. É que ele se gloria diante de Deus como se emanasse de sua própria virtude o bem que costumava fazer. Quando o ser humano tem a ousadia de desprezar a Deus, não encontra nenhuma dificuldade em esmagar, excluir e aprisionar o próximo com desdém e cinismo. É que não se pode amar a Deus sendo contra o próximo. Odeia-se o próximo também quando se julga os outros com desprezo: “Não sou como os demais, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos que aí está”.
A verdadeira pessoa de oração da parábola mostra-se consciente de suas faltas, assume um estado de humildade, de arrependimento e de confiança no amor misericordioso de Deus, Pai de todos nós.
Qual é o julgamento de Jesus? Por que fala ele em justificação? Será que a oração não é um chamado à conversão? A certeza é que nunca estaremos suficientemente convertidos para Deus, porque a ação de pormos toda a nossa vida a serviço dele exige esforço constante nos caminhos da humildade e do amor. Por isso, não há por que dizer que os outros são incrédulos, infiéis e indignos de ser acolhidos pelo Pai. Não se trata de sermos melhores que os outros ou de os outros serem melhores do que nós, mas sim de sabermos acolher a nós próprios e aos outros como realmente cada um é.
Jorge Alves Luiz, ssp
Fonte: Paulus em 27/10/2013

Reflexão

O evangelho de hoje continua o tema da oração e nos ensina o modo de fazê-la. A parábola apresenta dois modos de dialogar com Deus: o do fariseu e do publicano. O primeiro é presunçoso: elenca suas qualidades e despreza os outros; o segundo é humilde: reconhece suas fraquezas e misérias. Pela descrição, o fariseu era homem correto, honesto, observante dos mandamentos e evitava os pecados. Portanto, pensava ter méritos diante de Deus. O problema dele era sua arrogância e o julgamento negativo e o desprezo dos outros. O publicano era cobrador de impostos. Portanto, colaborador da opressão romana e odiado pelos judeus, mas reconhece sua pequenez e a grandeza e misericórdia de Deus. Ninguém pode se considerar justo a ponto de ter méritos diante de Deus e desprezar os outros, considerando-os inferiores. Diante de Deus, necessitamos estar desarmados de toda presunção e preconceito: presunção de nos considerarmos perfeitos e melhores que os outros; preconceito contra os outros, rotulando-os. É importante lembrar sempre a pequenez e a limitação humanas. Isso muda nossa relação com Deus, tornando-nos mais abertos à ação dele e criando espaços de fraternidade e partilha com os outros.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditação

Como é minha oração? - Procuro colocar tudo nas mãos de Deus? - Sou grato a Deus por tantos dons recebidos? - Como retribuo tanta bondade para comigo? - O fariseu julga pelas aparências. Deus vai ao íntimo de nosso coração! E, de um coração partido, se levado a ele, Ele consertará os pedaços! Coragem!
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 27/10/2013

Meditando o evangelho

A PIEDADE CORRETA

A parábola do fariseu e do publicano aponta para dois diferentes tipos de piedade, representando posições extremas. O discípulo do Reino deve decidir-se pela maneira correta de agradar a Deus, evitando os caminhos enganosos.
A piedade farisaica, baseada na prática cotidiana da Lei, em seus mínimos detalhes, tinha seus defeitos: era cheia de orgulho, uma vez que levava a pessoa a olhar com desprezo para os considerados pecadores e incapazes de perfeição; pregava a segregação das outras pessoas, por temor de contaminação. Os fariseus julgavam-se com direito de exigir de Deus a salvação, em vista dos méritos adquiridos com sua vida piedosa.
A piedade do povo simples e desprezado, como o cobrador de impostos, tem outros fundamentos: a humildade e a consciência das próprias limitações e da necessidade de Deus para salvá-lo, a certeza de que a salvação resulta da misericórdia divina, sem méritos humanos, o espírito solidário com os demais pecadores que esperam a manifestação da bondade de Deus.
A oração do fariseu prepotente e egoísta dificilmente será atendida. É uma oração formal, da boca para fora. Já a oração do publicano é totalmente humilde, porque ele reconhece que sua salvação vem de Deus. Só a oração sem estardalhaço é ouvida!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de humildade na oração, ensina-me a rezar, pondo minha confiança totalmente em Deus, pois só sua misericórdia pode salvar-me.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Fariseu Sangue Bom...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

A palavra Fariseu quer dizer separado e eu sempre afirmo que, se ele pudesse avançar pela linha do tempo e visitar nossas comunidades, todos iriam gostar pois o Fariseu é um Sangue Bom”, um tipo de cristão que anda ali, no caminho do Justo e é muito difícil pegá-lo em alguma contradição. Trazendo para os nossos tempos poderíamos dizer, é Católico de carteirinha, se puder, vai na missa todos os dias e comunga. Faz longas orações no Santíssimo, reza o terço ou o rosário com frequência, é pessoa íntegra, de reputação e moral inabalável, extremamente simpático com todos e na Pastoral ou Movimento é um Trator para trabalhar. Frequenta Sacramentos com frequência, é batizado, crismado, confessa-se toda semana e enfim...é o tal que, prá ir para o céu, só falta mesmo morrer....Tê-lo em nossa comunidade seria uma honra e ficaríamos envaidecidos pois ele seria uma referência muito positiva de Cristão!
Mas qual é o problema do nosso “amigo”, será que o evangelista São Lucas tinha problema com algum Fariseu e ao escrever o seu evangelho aproveita para lhe dar umas “cutucadas”? Claro que não! Reparem bem na oração que ele faz e já vamos descobrir qual é o problema. Quero prevenir o leitor que o tal de Publicano não passaria no teste de “Bom Cristão”, era um tipão assim de Católico de “Meia Tijela” desses que ás vezes gostamos de dar umas indiretas nos cursos de Noivos ou na Pastoral de Batismo. Pode ser que seja até um desses recasados que não podem receber a Eucaristia e na Missa, não falta quem o olhe de lado...com uma certa desconfiança. Na minha comunidade proibiram um coitado de Segunda União, até de ofertar o Dízimo, porque não era casado na Igreja. Bom, para não esticar muito a prosa, ninguém iria querer um Publicano na comunidade...Pois esse tal tinha todos esses defeitos que comprometiam sua moral e sua relação com a Santa Igreja, mas o danado sabia fazer uma oração coisa mais linda, daquelas que derretem  o coração de Deus lá no céu, porque é extremamente sincera.
O Fariseu, em pé, para não perder a “pose”, arrotava suas vantagens e virtudes diante de Deus, principalmente porque não era como os  “outros”, ladrões, injustos e adúlteros. E ao olhar com o canto dos olhos, viu o Publicano lá no último banco, ajoelhado, cabeça baixa, e não resistiu “Olha Senhor, principalmente esse tipo que está aí atrás e não se enxerga, tendo a ousadia de vir nas celebrações...”.
O Publicano talvez até tivesse o Fariseu como modelo e referência, talvez quisesse ser como ele, Justo e Temente a Deus, fiel á Lei Divina, prestigiado na comunidade pelo seu ótimo exemplo, mas sabia que não conseguiria mudar sua vida, via-se como um Caso perdido, como diziam a seu respeito. Restava-lhe o último banco onde se ajoelhou, tinha vergonha de levantar a cabeça ou rezar alto, atrapalhando a prece piedosa do Fariseu, lá dentro do seu coração cochichava “Tem piedade de mim Senhor, que sou pecador!”. Reparem bem, que nesta curta oração, ele não disse que queria se converter, só clamou por piedade, sentindo-se impotente diante dos seus pecados. Pronto!  É Essa a mais linda oração que Deus escuta na mesma hora pois o seu amor e a sua misericórdia iria alcançar aquele homem e sua Graça Santificante e operante, iria mudar a sua vida, porque ele havia afirmado em sua oração que somente a Graça Divina para ter piedade dele e quem sabe...mudá-lo.
Quanto a oração do Fariseu, o Email voltou... pois de oração pautada pela soberba e arrogância, a Caixa de Correspondência do Céu está abarrotada e volta tudo. Sair justificado do templo, significa que, o Publicano voltou para casa com a certeza de que Deus o ouviu. Já o Fariseu...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Quem voltou para casa justificado? - Lc 18,9-14
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Ainda na quinta etapa da subida para Jerusalém, Jesus conta a parábola de dois homens que foram rezar no Templo. É a parábola do fariseu e do publicano. Trata-se de uma crítica a Israel, mas toda crítica a Israel acaba sendo também crítica aos cristãos. O fariseu bendizia a Deus enquanto exaltava a si mesmo e a própria justiça, demonstrando profundo desprezo para com o publicano que rezava no fundo do Templo. O mal do fariseu consistia em gloriar-se de ser um bom observante da Lei. Ele se colocava diante de Deus para se exaltar, porque acreditava ser um bom religioso. O publicano, cobrador de impostos, reconhecia que era um pecador e se humilhava diante de Deus. Podemos e devemos praticar corretamente a Lei do Senhor nosso Deus, mas para glorificá-lo e para o bem do nosso próximo.
Já aprendemos que, depois de fazer o que temos que fazer, devemos nos considerar servos inúteis. Pode acontecer também que quem é muito observante ache que Deus lhe deve algum favor. Na verdade, Deus não faz discriminação de pessoas. Ele aceita a oração de todos, mas dá atenção especial aos humildes. “A prece do humilde atravessa as nuvens.” Sendo perseverante, Deus atenderá a sua prece. O que é preciso é servir a Deus como ele quer. Isto vale tanto para o fariseu quanto para o publicano. Quem se humilha será exaltado, quem se exalta será humilhado. Todos podem ser humildes e bendizer a Deus que conforta quem tem o espírito abatido. Ninguém é justo diante de Deus, mas Deus pode nos justificar. Está justificado quem lhe é agradável, aquele de quem Deus gosta, aquele que serve a Deus como ele quer.
São Paulo não aceitava que para a salvação fosse necessário praticar a Lei de Moisés, mas nunca foi contra a prática das boas obras. O que ele mais temia é que a prática de preceitos se convertesse em exaltação pessoal, deslocando Deus de seu devido lugar. Acabo pensando que Deus é meu empregado e meu devedor, que ele tem obrigações para comigo porque, afinal, “não sou como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como aquele publicano pecador”.
Paulo não tem medo de dizer “combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”. É o que de fato aconteceu em sua vida. Não é uma exaltação pessoal, e sim o reconhecimento de uma vida coerente, de lutas e esforços, que agora espera pela coroa de justiça que lhe será dada pelo justo juiz. Foi o Senhor quem libertou Paulo o tempo todo da boca do leão. Ele sabe que sua força vem do Senhor. Não basta rezar, como também não basta fazer coisas boas. É preciso rezar como Deus quer e fazer o que Deus quer, aquilo que a seus olhos é bom, agradável e perfeito. Afinal, repetimos tantas vezes: “Seja feita a vossa vontade”.
A natureza humana é complexa e astuta. As aparências enganam, como enganam até mesmo as longas orações e muitas ações boas. Tudo o que fazemos precisa ser testado e comprovado. Nossa autenticidade se mede pela relação que estabelecemos com aquele publicano pecador que está no fundo do Templo. Há muita coisa exótica nas religiões, até mesmo na Igreja Católica. Tudo, porém, deve ser medido pela caridade prática e efetiva.

Liturgia comentada

Mantendo-se à distância... (Lc 18,9-14)
Pode parecer estranho, nestes nossos tempos de tantas intimidades e de sem-cerimônias de nosso cristianismo moderno, que Jesus venha elogiar um homem que “se mantinha à distância”. A moda reinante é bem outra: fala-se muito em viver na intimidade divina, em tratar a Deus como um amigo, trocando definitivamente o “vós” pelo “tu”...
Pode ser muito bonito, mas não deixa de encerrar um perigo oculto. Afinal, entre a criatura pecadora e o Deus Três vezes Santo, há um notável abismo! E não é preciso muita teologia para saber que esse abismo é nosso pecado. A Igreja sabe disso e – claro - inicia todas as suas celebrações por um Ato Penitencial! Não precisam dizer-nos com Quem estamos falando... Nós sabemos quem somos nós, que estamos falando: meros pecadores! E isto devia bastar...
Neste Evangelho sempre incômodo, o fariseu empina o nariz e faz questão de ignorar sua própria condição: em sua empáfia, prefere apresentar a Deus os próprios méritos, fazendo uma comparação otimista com “aquele cara lá atrás”. Só faltou o insolente apresentar ao Senhor Yahweh uma fatura por serviços prestados!!!
Ao contrário, o publicano – um marginal sócio-político-religioso na Palestina romana – olha para o chão, bate no peito e resume sua oração a um tímido recurso à misericórdia de seu Deus: “Tem compaixão do pecador que eu sou!” A ênfase não recai absolutamente nos méritos do fiel, mas na infinita misericórdia de Deus. E, natural, a miséria fará cócegas na misericórdia...
Nas palavras do teólogo Urs von Balthasar, o publicano só encontra em si mesmo o pecado, um vazio de Deus que, em sua prece, se muda em um vazio para Deus. “Todo aquele que toma como objetivo último sua própria perfeição, jamais encontrará a Deus; mas quem tem a humildade de deixar a perfeição de Deus tornar-se ativa em seu próprio vazio – não passivamente, mas trabalhando com o talento que recebeu -, este será aos olhos de Deus um ‘justificado’.”
Se nós chegamos à presença de Deus com o papo inflado por nossos projetos inspirados, nossas realizações e supostas virtudes, já não teremos espaço algum para a habitação divina.
Deus anda à procura de corações vazios. Ali é que Ele encontra e” (Sl 84,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.spaço e faz a sua tenda.
Orai sem cessar: “Meu coração e minha carne gritam ao Deus vivo!
santini@novaalianca.com.br
Fonte:  NS Rainha em 27/10/2013

Homilia

A prece do humilde atravessa as nuvens

No domingo passado, Jesus falava-nos da necessidade de rezar sempre sem desanimar. Hoje, revela-nos o segredo de uma oração verdadeira e também eficaz. Ele conta-nos uma parábola sobre a oração de dois homens que pertencem a duas categorias completamente opostas. Na verdade, o Evangelho quer provocar em nós a pergunta: com qual dos dois me identifico? Com o fariseu ou com o publicano?
Prestemos bem atenção como cada um dos homens reza e assim iremos descobrir. Podemos encontrar-nos no lugar do publicano (pecador), que foi justificado; mas também com muita probabilidade, podemos nos encontrar no lugar do fariseu, que por sinal, não foi justificado; este último é aquele que regularmente vai ao templo, ou seja, pode ser que sejamos nós, que regularmente vamos à igreja.
Enfim, a parábola em questão é direcionada para todos aqueles que julgam ser bons e desprezam os outros, diz o evangelista Lucas. O fariseu é aquele que se acha justo, certinho, pelo facto de conseguir frequentemente cumprir os preceitos da lei: “eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda”. A atitude dele é aquela de uma pessoa egoísta, cheia de si mesmo. Usa sempre o pronome “eu”. E o que agrava a sua presunção é o facto de desprezar os outros. Não se pode rezar e, ao mesmo tempo, desprezar; dialogar com Deus e ser duros com as pessoas; no fundo, nos deleitamos com os defeitos dos outros para agradar a nossa presunção. Uma vida assim é cheia de suspeitas e de medos, uma vida triste num mundo corrompido. A oração do fariseu, no final das contas, é um julgamento.
De fato, esta parábola é muito inquietante! Mostra como na oração podemos nos separar de Deus e dos outros quando falsificamos a nossa consciência, enganando-nos quanto a Deus e ao nosso próximo.
Quando estamos falando coisas negativas sobre os outros como aquele fariseu (“não sou como os ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos”); na verdade, estamos envenenando as nossas vidas. Deus está interessado no nosso interior e não naquilo que aparentamos ser. Precisamos nos conscientizar que não é impressionando uns aos outros que interessa a Deus, mas é nossa vida interior que interessa a ele.
O orgulho é uma cegueira que nos impede de ver nossos próprios erros. É difícil ser humilde. Se nos consideramos humildes, isso já pode ser uma presunção. Ser humilde significa nunca pensar que somos melhores que as outras pessoas, mas que somos humanos, e por isso, limitados tanto quanto os outros. Esta consciência é o que nos estimula a sempre buscar o amadurecimento espiritual.
Às vezes, a única maneira pela qual aprendemos a tratar bem as pessoas, é quando somos maltratados, para que possamos ver como isso machuca e aprender a não fazer o mesmo com os outros. A pessoa orgulhosa nunca acha que é orgulhosa, porque o orgulho facilmente se esconde. O orgulho é uma máscara que encobre realmente quem somos. O orgulho é um julgamento: julgamos porque somos orgulhosos; julgar, na realidade, é tentar achar um caminho para nos sentirmos melhores em relação a nós mesmos, apontando os erros dos outros. E Deus é um juiz que não faz discriminação de pessoas (I leitura). Deus não discrimina ninguém; como isto deve doer ao ouvido orgulhoso do presunçoso!
Outra coisa também muito frequente é um entendimento errado da humildade: quando ficamos passivos diante de tudo ou quando sempre estamos dizendo que não somos capazes para isto ou para aquilo. Esta é a falsa humildade. A humildade é uma das virtudes mais difíceis de se obter, mas também é uma das mais necessárias. O publicano é realmente um pecador; ele não arranja uma desculpa para o que fez. Uma transgressão típica dos publicanos era roubar os outros e ser conivente com as falsidades do império romano. A oração simples do publicano é reconhecer-se pecador. Não julga ninguém, nem mesmo o fariseu, por quem já foi julgado, insultado e excluído.
Deus “jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas mágoas”. Mas, temos que nos entregar totalmente a ele. O publicano foi perdoado não porque fosse melhor que o fariseu, pensar isso seria cair na mesma atitude do fariseu, mas porque com sinceridade mostrou e admitiu sua fraqueza e abriu seu coração a um Deus que é imensamente maior que o seu pecado, a um Deus que nos acolhe, que nos abraça com a sua misericórdia infinita. “Quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. Que nossa oração humilde atravesse as nuvens e chegue ao Altíssimo.
Pe. ulrish pais
Sacerdote de Lisboa
Meu grande amigo e Diretor Espiritual Virtual
Fonte: Google+ em 27/10/2013

REFLEXÕES DE HOJE

27 DE OUTUBRO - 30º DOMINGO DO T.C.


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HOMILIA DIÁRIA

Saber ser humilde quando se é corrigido

Um ponto marcante que nos prova a nossa ignorância é o fato de não sabermos ser humildes quando somos corrigidos.

“Ai de vós, mestres da Lei, porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes, e ainda impedistes os que queriam entrar” (Lc 11,52).

Nós continuamos, hoje, a meditar o debate de Jesus com os fariseus e com os mestres da Lei. Mais uma vez, Jesus mostra a Sua dureza para com esse grupo, também chamados de “fariseus” e, hoje, especificamente olhando para os doutores da Lei.
Porque, como a Palavra diz, os fariseus e mestres da Lei são aqueles que sabem tudo da Lei; julgavam, condenavam e olhavam os outros a partir da sua própria interpretação. Por isso Jesus afirma que eles tinham a chave da ciência.
“Ciência” é o que se entende como o conhecimento do bem e do mal, o conhecimento do que é correto e do que é errado. Uma vez que eu tenho essa ciência, este conhecimento, cabe a mim julgar, cabe a mim saber quem está correto e quem não o está.
É um verdadeiro erro acharmos que somos sabedores de alguma coisa e nos acharmos melhores do que os outros ou acima deles; porque temos conhecimento disso ou daquilo ou porque temos esta ou aquela formação. Ou porque somos próximos de Deus, porque participamos da Santa Missa, da Eucaristia, porque Ele está conosco.
Dessa forma, nos achamos detentores da verdade, os donos da verdade, até das coisas de Deus. Quando, na verdade, o Senhor não se deixa aprisionar por ninguém, nem por nenhuma religião, nem por nenhum mestre ou doutor, tampouco por nenhuma ciência.
Deus é livre e soberano e age do modo que quiser; ninguém pode determinar a ação d’Ele. Nós podemos invocá-Lo, pedir-Lhe algo, podemos esperar n’Ele e também podemos correr atrás da manifestação d’Ele, mas ninguém tem a chave do Seu coração, ninguém tem a chave da Sua ciência. É por esse motivo que Jesus corrige os mestres da Lei e quem age como eles.
Outra coisa que nos chama a atenção na Palavra de Deus, hoje, é justamente que os doutores da Lei, uma vez que foram corrigidos, não aceitaram a correção, depois se revelaram, repreenderam, maltrataram, provocaram Jesus e armaram ciladas contra Ele. Outro ponto marcante que nos prova a nossa ignorância é o fato de não sabermos ser humildes quando somos corrigidos.
A verdadeira ciência, aquela que vem do Coração de Deus, se humilha; as outras são sinônimo de orgulho. Que Deus nos dê a sabedoria, a ciência do Céu, pela santa humildade.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 27/10/2013

Oração Final
Pai Santo, que o nosso único desejo seja amar! Amar a ti, Pai Misericordioso, sobre todas as coisas – amor traduzido na compaixão com os companheiros de viagem, no carinho com a natureza e na gratidão pela vida e por nossa fé. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 27/10/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que o nosso único desejo seja amar! Amar a Ti, Pai Misericordioso, sobre todas as coisas – amor que se mostra na compaixão aos companheiros de viagem, no carinho com a natureza, na gratidão pela vida que nos ofereces e por nossa fé. Pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.