ANO B
Mt 26,14-25
Comentário do Evangelho
A ceia lugar da misericórdia de Deus
Mais uma vez o tema da traição de Judas ocupa o espaço do evangelho. O plano diabólico de alguns judeus, notadamente, do Sinédrio, de matar Jesus, conta com a colaboração de um dos seus discípulos, Judas Iscariotes. O real motivo pelo qual Judas entrega Jesus, os evangelhos não nos dizem explicitamente. O trecho do evangelho de hoje, assim como João (12,1-11), parece nos fazer entender se tratar de dinheiro. A ceia pascal é a ceia de despedida de Jesus (cf. v. 18). A ceia pascal, lugar da memória da misericórdia de Deus que fez seu povo sair da “casa da servidão” (Ex 12,1ss), é palco da revelação dramática da traição de Jesus por um dos Doze. A memória da escravidão e da libertação, parte integrante da ceia pascal, desvela o mal que ainda aprisiona o ser humano. Paradoxalmente à fidelidade de Jesus ao Pai, revela-se a infidelidade de Judas. À pergunta de Judas, a resposta de Jesus é intencionalmente ambígua: “Tu o dizes” (v. 25). A cada um é deixada a possibilidade de julgar-se na sua relação pessoal com Jesus Cristo.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, reforça minha comunhão com teu Filho Jesus, de forma que nenhuma atitude minha possa colocar em risco este relacionamento profundo propiciado por ti.
Vivendo a Palavra
Neste dia de trevas, não pensemos apenas na traição de Judas, mas nas vezes sem conta em que nos esquecemos do Mandamento do Amor. Traímos ao Senhor e nos traímos, traindo aos irmãos com nosso egoísmo e injustiça. É tempo de contrição e do compromisso de seguirmos Jesus pelos caminhos desta vida.
VIVENDO A PALAVRA
Neste dia, que conhecemos como ‘quarta-feira de trevas’, não pensemos apenas na traição de Judas, mas nas vezes sem conta em que nós nos esquecemos do Mandamento do Amor. Traímos ao Senhor e nos traímos, traindo aos irmãos com nosso egoísmo e injustiça. É tempo de contrição e do compromisso de seguir a Jesus pelos caminhos da vida.
vIVENDO A PALAVRa
O texto nos convida a refletir sobre a fragilidade dos compromissos que nós assumimos. Judas se vendeu por trinta dinheiros. Qual é o limite de ofertas a que nós seremos capazes de resistir, perseverando no Caminho de Jesus? Não nos precipitemos para julgar o nosso próximo. Antes, peçamos a Força do Alto para nos preservar do Mal.
Reflexão
O amor que Deus tem por todas as pessoas nunca foi plenamente correspondido, pois sempre o pecado manifestou o desamor que o homem tem por ele. O episódio da traição de Judas nos mostra de um modo muito mais profundo esta verdade. O Filho, verdadeiro Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, por amor a nós, renuncia à sua condição divina e se faz homem, tornando-se um de nós. A resposta que ele encontra dos homens não é o amor, mas a traição e a morte. Mas nem mesmo esta realidade diminui o amor que Deus tem por nós, uma vez que, por amor, Jesus nos dá livremente a sua vida.
Reflexão
Depois de Jesus, centro da narrativa, destaca-se Judas Iscariotes, ainda que por motivo desonroso, a traição. Como se faz com imóveis, terrenos, gado e utensílios de várias espécies, assim Jesus está sendo negociado por uma soma irrelevante de trinta moedas. Vergonha para Judas, que entrega seu mestre; vergonha para os sumos sacerdotes, que pagam pela vítima que vão sacrificar. Enquanto Jesus celebra com seus discípulos a Páscoa, festa da libertação, Judas trama sua captura. Jesus conhece e controla a situação: é ele quem aponta o traidor. Aqui tem um nome, mas pode se referir a qualquer pessoa que, em vez de escolher o projeto de Jesus com suas consequências, escolhe o ídolo das riquezas. O tempo de Jesus está próximo. É a hora da sua Paixão, morte e ressurreição, ápice da redenção.
Oração
Ó Jesus, zeloso Pastor, um dos teus discípulos estraga a beleza da festa. Por não compreender nem acatar teus planos de amor e vida para todos, ele se afasta do grupo, a fim de executar seus planos perversos. Ajuda-nos, Senhor, a defender as pessoas sufocadas por toda espécie de injustiças. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Reflexão
Temos o relato da traição de Jesus, segundo o Evangelho de Mateus. Podemos destacar três momentos: combinação do preço para Judas trair Jesus; preparação da ceia pascal; anúncio durante a ceia de que Judas trairia Jesus. A traição é algo detestável para um cristão, pior ainda quando se trata de amigos. Judas tornou-se homem útil aos planos homicidas das autoridades políticas e religiosas. Tudo acontece num momento íntimo de amizade e festa. Muitas traições são tramadas em grandes e luxuosos banquetes. Judas age livremente. A liberdade é dom precioso que Deus concede ao ser humano, mas seu uso correto é uma conquista de cada um. Trinta moedas, valor de um escravo, são sufi cientes para o traidor entregar o Mestre. Quando colocamos o dinheiro acima de tudo, somos capazes das piores traições.
Oração
Ó Jesus, zeloso Pastor, um dos teus discípulos estraga a beleza da festa. Por não compreender nem acatar teus planos de amor e vida para todos, ele se afasta do grupo, a fim de executar seus planos perversos. Ajuda-nos, Senhor, a defender as pessoas sufocadas por toda espécie de injustiça. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Recadinho
Você sabe reconhecer seus erros? - Ou não conhece a palavra humildade? - Busca compreender os erros dos outros ou é daqueles que só pensam em condenar o próximo? - É fácil apontar o dedo contra os outros, não é mesmo? - Tem consciência de que Deus é infinitamente misericordioso para com seus erros?
Comentário do Evangelho
A COMUNHÃO ROMPIDA
O contexto do anúncio da traição de Judas aponta para a ruptura da comunhão que a traição comportaria. Esta seria consumada por alguém que partilhava a intimidade de Jesus, na condição de companheiro de caminhada e missão. Sentar-se à mesma mesa simbolizava comunhão de vida. A traição revelaria a hipocrisia de Judas no seu relacionamento com Jesus. Não era quem dava a impressão de ser, e sim um traidor travestido de amigo.
Judas, no entanto, não detinha o poder sobre a vida de Jesus. O evangelho sublinha que o gesto dele estava inserido num contexto maior do desígnio divino a respeito do Messias. Nem por isso sua responsabilidade foi menor. As palavras terríveis que recaíram sobre ele não deixam dúvida a este respeito: "Seria melhor que nunca tivesse nascido!".
Toda a cena é comandada por Jesus. É ele quem dá instruções precisas a respeito do lugar onde deve ser preparada a ceia pascal, da pessoa que haveria de ceder-lhes o local, da mensagem que lhe seria transmitida e dos detalhes da preparação. Os discípulos obedecem prontamente, fazendo tudo conforme o Mestre determinara.
Só Judas age na contramão da vontade do Mestre, mesmo que sua decisão, em última análise, já estivesse no contexto da vontade de Deus. Nenhum discípulo deveria seguir um tal exemplo.
Oração
Pai, reforça minha comunhão com teu Filho Jesus, de forma que nenhuma atitude minha possa colocar em risco este relacionamento profundo propiciado por ti.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus, que fizestes vosso Filho padecer o suplício da cruz para arrancar-nos à escravidão do pecado, concedei aos vossos servos e servas a graça da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Meditando o evangelho
O MESTRE VENDIDO
Jesus celebrou sua última Páscoa em meio a uma grande contradição. A ceia da fraternidade foi corrompida pela presença do traidor que o havia vendido pelo irrisório preço de um escravo. A ceia da libertação tornou-se prelúdio da injustiça e da opressão que se abateria sobre ele. A recordação dos feitos poderosos de Deus foi obscurecida pelo confronto com os feitos humanos cheios de perversidade.
Os laços que uniam discípulos e Mestre eram frágeis. Tudo não passava de aparência. O anúncio da próxima traição e a maldição prevista para quem perpetrasse esta maldade contra Jesus foram chocantes. Uma terrível suspeita pairou sobre todos. Quando Jesus desvendou o mistério e denunciou Judas, um clima de revolta deve ter tomado conta dos comensais. A convivência com um "amigo" traidor era insuportável.
Em meio a tudo isto, Jesus sabia estar dando passos firmes rumo à Páscoa definitiva. A grande obra libertadora do Pai em favor da humanidade estava para ser consumada. Não era possível queimar etapas e eliminar os aspectos dolorosos do processo de libertação.
No entanto, a ceia da fraternidade acabou por tornar-se um tormento para Jesus. Estava para ser selado o pacto de traição por parte de um amigo. Apesar dos pesares, era preciso manter a cabeça erguida para enfrentar a paixão iminente.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, torna cada vez mais verdadeira minha amizade por ti!
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. Que me dareis se eu vos entregar Jesus? - Mt 26,14-25
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
A traição de Judas se consuma. Jesus é vendido por trinta moedas. “Mestre, serei eu?” Como Judas pôde fazer tal pergunta? O que revela um profundo cinismo de sua parte. Jesus tem uma palavra dura sobre a traição de Judas. Ele sabia o que estava fazendo, e fez! Ele se enforcou, arrependido ou desesperado? Um por um, todos perguntaram, e nós com eles: “Acaso sou eu, Senhor?”. Enganamos os outros e nos enganamos com muita facilidade. Tenho consciência daquilo que fiz e com tranquilidade me pergunto se fui eu ou se foi outro.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Um de Vós vai me trair...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
É o mesmo relato de ontem, mas agora do jeito de MATEUS. No evangelho de ontem, quando Jesus vai anunciar que será traído, o texto fala que ele está angustiado e perturbado em seu espirito, lembram-se? Podem conferir o texto de João... Pois no evangelho de hoje, essa angústia e aflição muda de lado, são os discípulos que ficam angustiados e aflitos, e começam a indagar "Senhor, por acaso serei eu?". E Pedro, logo ele, dá uma cutucada a João, que estava perto do Mestre, quer saber quem é o desavergonhado, quem sabe, para tomar uma providência...
O Jesus de Mateus, que escreve para a comunidade Cristão Judaica, é firme e não demonstra nenhuma perturbação quando anuncia a traição. É que Mateus apresenta um Jesus fiel à missão, e que cumpre toda a Vontade do Pai, com firmeza e determinação. Entretanto, há algo que o leitor fica se perguntando, "Se ele cumpre a vontade do Pai, porque demonstrou sua indignação ao dizer: Ai daquele que irá trair o Filho do Homem, melhor seria que não tivesse nascido...". Ora, se era vontade do Pai, então Judas estava fazendo o seu papel, e estava, por assim dizer, "Colaborando" para que tudo acontecesse, conforme o previsto... Jesus até poderia trata-lo bem, era preciso que alguém o traísse para que ele fosse condenado à morte, e Judas aceitou o papel de traidor...
Esta seria uma leitura ingênua desse evangelho, pois facilmente podemos cair no fatalismo, "Deus quis assim... Foi feita sua vontade". Coitado do nosso Deus, quantas desgraças e tragédias jogamos em suas costas… Aliás, tem gente que se safa de situações apertadas jogando a culpa em Deus ou no Diabo.
Com toda certeza, muitas vezes Jesus conversou com Judas, expôs sua missão, exortou-o a não entrar pelo caminho errado, disse-lhe do perigo que corria, ao confundir o seu Messianismo com alguma ideologia política e ali à mesa, deu-lhe a última dica...
Uma oportunidade para Judas pensar no assunto, rever a sua atitude, quem sabe, usar o seu livre arbítrio e mudar de vida, por fidelidade a Jesus, mesmo que não compreendesse bem o seu messianismo, pois Pedro também não entendia, mas o aceitou como ele era.
Portanto, não se trata do anuncio de uma fatalidade, mas um jogo de palavras, mostrando que a questão estava em aberto e Judas ainda poderia dar outro rumo á sua vida. Assim que Judas saiu de cena, rompendo, portanto, com a comunidade, Pedro, querendo amenizar o mal entendido, e melhorar o clima do jantar, já no Horto das Oliveiras, quando Jesus anuncia que ele será motivo de queda para todos eles, vai apresentar-se como diferente, o melhor e o mais fiel de todos, "Para mim jamais serás motivo de queda, Senhor". Com essas palavras Pedro estava dizendo que Jesus podia contar com ele sempre... Pobre Pedro, que ducha de água fria levou na cabeça, quando Jesus diz que ele irá negá-lo por três vezes, antes que o galo cantasse...
Nossas mãos não tocam no mesmo prato, o pão com Jesus, mas tocam em Jesus que é o Pão da Eucaristia, somos tão íntimos dele como Judas o era, e todos os discípulos. Seria um erro pensarmos que o nosso pecado é bem menor que o de Judas e de Pedro, na própria comunidade caímos em contradição, quem dirá quando estamos fora dela.
E por que agirmos dessa maneira, ao estilo de Pedro ou de Judas? Por que diferente de Jesus de Mateus, buscamos a nossa vontade, que coincide com a vontade de Pedro e de Judas: vencer pelo caminho mais fácil, chegar á glória da ressurreição, sem ter de passar pelo triste trajeto do calvário, que nos assusta e amedronta...
"Nós vos adoramos Senhor Jesus, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo"
2. O meu tempo está próximo, vou celebrar a ceia pascal em tua casa, junto com meus discípulos - Mt 26,14-25
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Judas continua o seu caminho, apesar de estar com Cristo. Em Deus nada é mágico nem forçado. Somos livres e capazes de tomar decisões. Estar à mesa com Cristo pode não significar amor ou adesão. A liberdade permite a pergunta “Serei eu?”, desde que seja uma pergunta e não a afirmação do que já sei. Os fatos se tornam complexos, só os entendemos à luz da misericórdia de Deus. Será Judas o instrumento de um projeto de salvação que revela ao ser humano sua própria crueldade? Mas o Filho do Homem tem que ir, também ele tem que continuar o seu caminho.
HOMILIA
O DESTINO DE JESUS
Estamos hoje diante da agonia de Jesus no Monte das Oliveiras quando, diante do sofrimento que passaria nas próximas horas, Jesus, numa tristeza mortal, num gesto humano suplica ao Pai: “Meu Pai, se possível, que este cálice passe de mim” (Mt 26, 39). Mas imediatamente, como cordeiro que vai para o matadouro, diz: “Contudo, não seja feito como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26, 39). É a Vítima perfeita que se entrega, é o Cordeiro Pascal, é aquele que tira o pecado do mundo por amor! O Bom Pastor, aquele que dá a vida por suas ovelhas!
São Mateus nos revela hoje o modo como Jesus foi traído por um dos seus homens de confiança. O evangelho destaca que o gesto estava inserido num contexto maior do desígnio divino sobre o destino do Messias. Nem por isso sua responsabilidade foi menor. As palavras terríveis que recaíram sobre ele não deixam dúvida a este respeito: “Seria melhor que nunca tivesse nascido!” Só Judas age na contramão da vontade do Mestre, mesmo que sua decisão, já estivesse no contexto da vontade de Deus.
Estamos no final do tempo de Quaresma. O Senhor nos convida à compartilhar a sua vida. E isto exige de nós abraçarmos a vida de penitência e a conversão de nosso coração. Não deixe de experimentar este momento na Santa Missa, no sacramento da Reconciliação, na leitura orante da Palavra de Deus. Faça jejum, dê esmola, ore muito. Marque a sua vida querendo ser inteiramente de Deus. Não desista do amor que o Senhor tem por você. Eu entendo e julgo que também você já entendeu que Quaresma é tempo de preparação para a Páscoa. Portanto, duas são as atitudes fundamentais deste tempo para todo o cristão: a conversão para Deus e a solidariedade para com os necessitados. Assim como Cristo partilhou a Sua vida conosco assim você dever partilhar a sua com os seus irmãos e irmãs. A oração é o melhor meio para orientar a vida neste caminho.
A atitude cristã, que devemos ter, é a de corresponder com a graça divina, e não desprezá-la, traindo o amor de Cristo, como fez Judas. Peçamos ao Senhor que nos conceda uma fé firme e permanente a ponto de fazermos à diferença neste mundo cheio de ganância e uma busca constante de privilégios e, sobretudo, onde parecendo que não ainda o grito de Maquiavel “o fim justifica os meios” continua ditando normas. Tira-se a vida em troca de Poder, Prazer e Posse.
Jesus faz do dom de sua vida entregue, doada livremente por nós, a Nova e eterna Aliança com o Pai celeste. Afim de que livres do pecado vivamos agora na liberdade de filhos e filhas de Deus.
Pai, reforça minha comunhão com teu Filho Jesus, de forma que nenhuma atitude minha possa colocar em risco este relacionamento profundo propiciado por ti.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
Não permita que a traição faça parte de sua vida!
O que nós mais podemos fazer, para evitarmos esse mal, é fortalecer o nosso caráter e as nossas convicções para que a palavra ”traição” não assuma corpo em nossa vida.
”’Que me dareis se vos entregar Jesus?’ Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus” (Mateus 26, 14-16).
A Liturgia de hoje nos permite meditarmos sobre a traição de Judas Iscariotes, chamado e escolhido para ser apóstolo do Senhor. E mesmo estando no convívio do Senhor, conhecendo o amor e a misericórdia do Senhor, por conta própria fez uma escolha: escolheu a si mesmo, escolheu as suas ambições, escolheu aquilo que era a avareza do seu coração. Por trinta moedas de prata ele vendeu Jesus, ele entregou o Mestre, o Senhor da vida.
Sabem, meus irmãos, a palavra ”traição” é uma palavra muito dura e significa tanta coisa negativa que nós precisamos cada vez mais refletir sobre ela em nosso coração, em nossa vida, para que a realidade do traidor não assuma aspectos em nossa vida.
Quem já passou por alguma traição na vida sabe o quanto ela dói, o quanto ela machuca, o quanto é dolorosa. Traição de um amigo, traição de um irmão, traição de um pai, traição de um marido, de uma esposa, de uma mulher. Trair significa perder a confiança, trair significa: ”Eu não posso confiar em você!”. Trair significa abandonar a coisa mais digna que um ser humano tem.
E, algumas vezes, nós relativizamos isso ao acharmos que trair a Deus não significa nada: ”Ah! Porque Deus vai me perdoar!”. É verdade que Deus nos perdoa, mas também é verdade que, em cada traição, o nosso caráter fica mais frágil! A melhor maneira, o que nós mais podemos fazer, para evitarmos esse mal, é fortalecer o nosso caráter e as nossas convicções para que a palavra ”traição” não assuma corpo em nossa vida.
Trair um amigo, trair um compromisso, trair o amor que alguém colocou em nós, a confiança que alguém depositou em nós, é algo muito duro. Jesus confiou a Judas a parte financeira, Jesus confiou a Judas ser o tesoureiro do grupo.
Nós precisamos aprender a ser honestos naquilo que fazemos e a não sermos levados por outros sentimentos. A cobiça, a sensualidade, a raiva, a ambição, qualquer um desses pecados, podem entrar em nós e tomar corpo em nossa vida e nos levar a trairmos nossos ideais, nossas famílias, nossa casa, nossa Igreja, nossa fé e Nosso Senhor Jesus Cristo.
O importante é que sejamos firmes para expulsar estes espíritos malignos, para que eles não tomem corpo em nós e, assim, a traição faça parte da nossa vida.
Que a misericórdia de Deus nos alcance!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Usemos o dinheiro para construir um mundo melhor
“‘Que me dareis se vos entregar Jesus?’ Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus” (Mateus 26,15-16).
A pergunta que Judas faz é uma das perguntas mais cruéis, porém, é a pergunta que está no coração de cada um de nós, dependendo das circunstâncias da vida: “O que me dareis se vos entregar Jesus?”.
Tudo na vida tem preço! E o preço, o retorno, o pagamento é com o deus desse mundo, o “deus dinheiro”. Por tudo se cobra, e, por tudo, facilmente se vende. Há quem venda a própria vida, a dignidade, há quem se venda para os bens desse mundo, a quem se venda para o consumismo desse mundo, a quem se venda e há quem se compre.
Há quem viva de comprar os outros com o que tem, porque o dinheiro é sedutor, enganador, ele ilude, perverte, seduz, prende, amarra, agarra e nos mantêm cativos a ele. Às vezes, você está até na casa de Deus rezando e os cifrões estão correndo na cabeça. Você está fazendo as suas coisas e ali está as contas, os bens, o que vai entrar, o que vai ganhar. A pergunta que sempre fazem um ao outro: “O que vou ganhar com isso?”.
Queremos sempre ganhar mais, ter mais, essa é a situação perversa que entrou no coração de Judas. A tentação do ter ele já tinha porque cuidava do dinheiro do grupo.
O dinheiro é para tornar o mundo melhor e nos fazer pessoas melhores
Quem tem nunca se contenta com o que tem porque é possuído pelo que tem. Precisamos, na verdade, administrar o que é colocado em nossas mãos, mas se nos deixarmos mover pela cobiça e pela avareza que são desejos perversos que invadem a alma para sempre pensar em possuir mais, ganhar mais, ter mais e os cifrões tomarem conta da cabeça e do coração, seremos reféns como Judas também foi.
Trabalhemos, ganhemos honestamente o nosso salário, que tenhamos sempre êxito na vida, inclusive, êxito financeiro, mas jamais nos tornemos escravos do deus desse mundo, que se chama dinheiro.
O dinheiro não é para comprar nem para vender pessoas, o dinheiro é para construir vidas mais dignas, mais humanas; o dinheiro é para tornar o mundo melhor e nos fazer pessoas melhores.
Quantas pessoas perderam a dignidade, o caráter, a simplicidade, os valores fundamentais que aprenderam no seio da sua casa porque se deixaram levar pelo dinheiro, pela vaidade que acompanha o possuir dinheiro. Outros, mesmo não o possuindo, vivem doenças que provêm do desejo de tê-lo. A doença da cobiça, do desejo desenfreado, a doença de só pensar em ter, a doença do consumismo. Os sentimentos se tornam desordenados e a vida se torna ansiosa.
O dinheiro é o tentador desse mundo. Que não sejamos seduzidos por ele como Judas foi, mas o usemos como dom para construir um mundo melhor.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, que o teu Espírito nos inspire para reconhecermos que podemos e desejamos ser pessoas melhores, discípulos evangelizadores da tua Igreja, seguidores mais comprometidos com o Caminho, a Verdade e a Vida do Cristo Jesus, teu Filho que se fez humano como nós e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que o Espírito nos inspire a reconhecer que devemos e podemos ser pessoas envolvidas em processo de conversão, discípulos evangelizadores da tua Igreja, seguidores comprometidos com o Caminho, a Verdade e a Vida de Jesus de Nazaré, o Cristo teu Filho que se fez humano e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
oRAÇÃO FINAl
Pai que tanto desejamos adorar, faze-nos conscientes de que a nossa força está em Ti, na tua Presença misericordiosa em nós. Livra-nos da pretensão de sermos melhores do que nossos irmãos e de nos colocarmos na posição de seus julgadores. E sobretudo, Pai muito amado, que sejamos agradecidos, profundamente agradecidos! Pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.