sábado, 7 de março de 2020

BOM DIA! BOA TARDE! BOA NOITE! Oração da noite, Oração da manhã e Oração do entardecer - Deus te abençoe!



Oração da Noite

Boa noite Pai.
Termina o dia e a ti entrego meu cansaço.
Obrigado por tudo e… perdão!!
Obrigado pela esperança que hoje animou meus passos, pela alegria que vi no rosto das crianças;
Obrigado pelo exemplo que recebi daquele meu irmão;
Obrigado também por isso que me fez sofrer…
Obrigado porque naquele momento de desânimo lembrei que tu és meu Pai; Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa, pela comida, pelo meu desejo de superação…
Obrigado, Pai, porque me deste uma Mãe!
Perdão, também, Senhor!
Perdão por meu rosto carrancudo; Perdão porque não me lembrei que não sou filho único, mas irmão de muitos; Perdão, Pai, pela falta de colaboração e serviço e porque não evitei aquela lágrima, aquele desgosto; Perdão por ter guardado para mim tua mensagem de amor;
Perdão por não ter sabido hoje entregar-me e dizer: “sim”, como Maria.
Perdão por aqueles que deviam pedir-te perdão e não se decidem.
Perdoa-me, Pai, e abençoa os meus propósitos para o dia de amanhã, que ao despertar, me invada novo entusiasmo; que o dia de amanhã seja um ininterrupto “sim” vivido conscientemente.
Amém!!!

Oração da manhã

Bom-dia, Senhor Deus e Pai!
A ti, a nossa gratidão pela vida que desperta, pelo calor que
cria vida, pela luz que abre nossos olhos.
Nós te agradecemos por tudo que forma nossa vida, pela terra, pela água, pelo ar, pelas pessoas. Inspira-nos com teu Espírito Santo os pensamentos que vamos alimentar,as palavras que vamos dizer, os gestos que vamos dirigir,a comunicação que vamos realizar.
Abençoa as pessoas que nós encontramos, os alimentos que vamos ingerir.
Abençoa os passos que nós dermos, o trabalho que devemos fazer.
Abençoa, Senhor, as decisões que vamos tomar, a esperança que vamos promover,a paz que vamos semear,a fé que vamos viver, o amor que vamos partilhar.
Ajuda-nos, Senhor, a não fugir diante das dificuldades, mas a abraçar amor as pequenas cruzes deste dia.
Queremos estar contigo, Senhor, no início, durante e no fim deste dia.
Amém.

Oração do entardecer

Ó Deus!
Cai à tarde, a noite se aproxima.
Há neste instante, um chamado à elevação, à paz, à reflexão.
O dia passa e carregam os meus cuidados.
Quem fez, fez.
Também a minha existência material é um dia que se passa,
uma plantação que se faz, um caminho para algo superior.
Como fizeste a manhã, à tarde e a noite, com seus encantos,
fizeste também a mim, com os meus significados, meus resultados.
Aproxima de mim, Pai, a Tua paz para que usufrua desta
hora e tome seguras decisões para amanhã.
Que se ponha o sol no horizonte, mas que nasça
em mim o sol da renovação e da paz para sempre.
Obrigado, Deus, muito obrigado!
Amém!

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 08/03/2020

ANO A


2º DOMINGO DA QUARESMA

Ano A - Roxo

“E da nuvem uma voz dizia: Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!” Mt 17,5

Mt 17,1-9

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Irmãos e irmãs, neste dia do Senhor e no tempo da Quaresma, a Liturgia transforma este lugar em que estamos no monte Tabor. Com os apóstolos, chegamos até aqui para experimentar a manifestação gloriosa do Senhor. Tendo vencido as tentações, o Senhor, transfigurado revela sua identidade de Filho de Deus. É essa também a nossa identidade concedida pela graça do Batismo. Rendamos graças ao Pai, por Jesus, na força do Espírito Santo.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, neste dia do Senhor e no tempo da Quaresma, a Liturgia transforma este lugar em que estamos no monte Tabor. Com os apóstolos, chegamos até aqui para experimentar a manifestação gloriosa do Senhor. Tendo vencido as tentações, o Senhor, transfigurado revela sua identidade de Filho de Deus. É essa também a nossa identidade concedida pela graça do Batismo. Rendamos graças ao Pai, por Jesus, na força do Espírito Santo.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Revelar-nos ao outro é um ato de confiança, porque lhe dá poder para intervir sobre nós, e partilhar a mesma vida como acontece na amizade e no matrimonio é deixar que seja envolvida toda nossa existência. Cada ano, o segundo domingo quaresmal nos traz o evangelho da Transfiguração, no início da subida de Jesus a Jerusalém, onde levará a termo a vontade do Pai. Acompanhamos Jesus no seu caminho. Para que não desfaleçamos em nossa fé, faz-se necessário que tenhamos diante dos olhos a glória daquele que será aniquilado, o Filho e Servo de Deus. Por isso, a Aliança com Deus nos compromete, levando-nos a denunciar todo e qualquer tipo de exploração contra a vida, como nos chama a atenção a Campanha da Fraternidade deste ano. Somos convidados a dar ouvidos ao Filho de Deus, e a receber de Cristo nossa vocação, para caminhar atrás dele até a glória, passando pela cruz.

A FACE GLORIOSA DO SENHOR E A CF 2020

Neste domingo, a liturgia da palavra oferece à contemplação das comunidades, o rosto transfigurado do Senhor Jesus, ânimo para a caminhada rumo à celebração do seu mistério pascal.
Na primeira leitura, Deus vai em busca de Abrão para gerar um povo que, fundado em sua palavra, cooperasse com seu projeto salvífico. Mas era necessário ele deixar sua terra e sua parentela, ou seja, romper com o que lhe conferia segurança e recomeçar tudo novamente. Abrão precisava morrer (romper) para renascer segundo Deus. E ele aceitou o chamado, pois “Abrão saiu, como o Senhor lhe havia dito” (Gn 12,4).
O chamado de Deus em prol de uma vida nova é descrito por Paulo, na segunda leitura, como uma vocação santa, pura graça. O caminho a ser seguido, diante das injustiças instaladas, é sempre novo, e implica desafios e sofrimentos. Nesse sentido, Paulo, já na prisão, exorta Timóteo “sofre comigo pelo evangelho”.
O Evangelho narra a bela cena na qual Pedro, Tiago e João contemplaram o rosto glorioso do Senhor, mistério que afugenta temores de quem o testemunha. Após a visão que recuperou a confiança naqueles discípulos, Deus lhes deu esta palavra “Este é o meu Filho amado, no qual está o meu agrado. Escutai-o!”.
Jesus Cristo é a resposta do Pai aos acontecimentos desalentadores da história. Ele é o caminho a ser seguido após a descida do monte. Suas palavras têm o poder de transfigurar a realidade. A face divina do Senhor confere um sentido profundo à vida e dá novo alento para o enfrentamento das situações que atentam contra a vida.
A Igreja no Brasil enriquece a caminhada quaresmal com a Campanha da Fraternidade. O objetivo da CF 2020 é: “Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso”. O cuidado para com este dom precioso é a resposta à indiferença pelo sofrer do outro. Que a experiência do Tabor suscite empenhos em prol da vida, dom de Deus.
Dom Luiz Carlos Dias
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

O que sustenta nossa fé, é a graça da ressurreição do Senhor.

A liturgia da palavra deste segundo domingo da Quaresma tem como intenção esclarecer a fé e fundar a esperança do povo de Deus. O livro do Gênesis, como o próprio nome o sugere, é o livro das origens; origem do universo com tudo o que contém e origem do povo de Deus; é o livro da origem do mal, mas também da fé no Deus único e verdadeiro. O texto de hoje do livro do Gênesis visa nos fazer compreender o dinamismo que está na origem de nossa fé. Em primeiro lugar, está a palavra que Deus dirige ao ser humano (Gn 12,1-3). No início da fé está um convite de Deus, um convite a sair, um convite à felicidade e à realização do ser humano. Felicidade e realização que estão contidas no verbo “abençoar”. Como a graça de Deus não é exclusiva, essa promessa e bênção dizem respeito a toda a humanidade (v. 3). No início de nossa fé está a palavra de Deus que convida o ser humano, guiado pela palavra do Senhor, a fazer uma migração para poder ser feliz. Para poder encontrar a felicidade e vivê-la como dom é preciso “sair” de si mesmo, de suas seguranças pessoais e se deixar conduzir por Deus.
O relato da transfiguração do Senhor é a sequência do primeiro anúncio da paixão, morte e ressurreição do Senhor e a apresentação das exigências para seguir Jesus (Mt 16,21-23.24-28). Os discípulos têm dificuldade de aceitar o messianismo apresentado por Jesus, que passa pelo sofrimento e pela morte. O caminho do discípulo, no entanto, é o mesmo do Mestre. A transfiguração é uma prolepse do mistério pascal de Jesus Cristo. Rosto brilhante como o sol, vestes brancas como a luz são expressões do modo bíblico de dizer que se trata de uma revelação de Deus. O que sustenta nossa vocação cristã, o que sustenta nossa fé, é a graça da ressurreição do Senhor. O sofrimento e a morte não são a última palavra. O Senhor, ressuscitando dos mortos, venceu o mal e a morte; glorioso, nos faz participantes de sua vitória. Esse é o conteúdo da esperança cristã. É preciso manter os ouvidos abertos e o olhar fixo no Senhor, que passou pelo sofrimento e pela morte, e ressuscitou. A experiência dos efeitos de sua ressurreição conduzem os discípulos, todos nós, a vivermos a adesão à pessoa de Jesus Cristo no cotidiano de nossa vida.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que eu seja capaz de contemplar a cena patética de Jesus pendente da cruz, sem me deixar abater pela estupefação, para poder contemplá-lo glorioso na ressurreição.
Fonte: Paulinas em 16/03/2014

Vivendo a Palavra

Moisés e Elias querem significar a ‘Lei e os Profetas’ – expressão judaica para o nosso Antigo Testamento. Jesus de Nazaré é a Palavra do Senhor que se fez carne habitou entre nós, realizando a Promessa de Javé. O encontro dos três demonstra o carinho que o Pai nos dedica. Demos graças a Ele, na certeza de que somos filhos muito amados.
Fonte: Arquidiocese BH em 16/03/2014

VIVENDO A PALAVRA

Moisés e Elias querem significar a ‘Lei e os Profetas’ – expressão judaica para designar o que é para nós o Primeiro Testamento. Jesus de Nazaré é a Palavra do Senhor que se fez carne habitou entre nós, realizando a Promessa do Deus Misericordioso. O encontro dos três mostra o carinho que o Pai nos dedica. Demos graças a Ele, na certeza de que somos filhos muito amados.

Recadinho

Você se apresenta diante dos irmãos como um transfigurado pela graça de Deus? - Sua presença é alegria? - Seus olhos espelham o brilho de Deus que habita em seu coração? - Em seus sofrimentos e lutas do dia a dia Deus está sempre presente? - Cite uma tarefa que sua comunidade faz para ajudar a transfigurar o mundo.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 16/03/2014

Reflexão

I. INTRODUÇÃO GERAL

Seguir a Deus é assumir atitude de permanente êxodo. Abraão, nosso pai na fé, foi chamado por Deus a pôr-se a caminho para a terra prometida. Foi provocado a deixar as seguranças para entrar na dinâmica do plano de amor de Deus, visando a uma “terra sem males”, uma sociedade de justiça e paz. Obedecendo ao chamado divino, Abraão e sua família tornaram-se portadores da bênção divina para todo o povo (I leitura). O cristão, continuamente, corre o risco de se equivocar a respeito de Jesus e de sua proposta. Como Pedro no episódio da transfiguração, tende a construir o “ninho” de proteção e de bem-estar, negligenciando as implicâncias do seguimento de Jesus no caminho da cruz e da morte (evangelho). É bom prestar atenção nos conselhos de Paulo a Timóteo: são expressões de amor e de solidariedade a quem passa por situações conflituosas. Timóteo é encorajado a persistir no testemunho de Jesus Cristo, participando de seus sofrimentos pela causa do evangelho (II leitura). Neste tempo propício de penitência e conversão, somos convidados a ouvir o chamado que Deus nos faz para ser santos; é tempo propício para aprofundar a vocação que dele recebemos e discernir o que é essencial do que é ilusório.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Gn 12,1-4a): A fé que se transforma em caminho

 A Bíblia nos apresenta a figura de Abraão como o pai do povo de Israel. Sua fé e confiança em Deus tornam-se a principal herança para as futuras gerações. Abraão é representativo de grupos seminômades, que, por natureza, não se submetem à dominação do poder político, como o exercido naquela época (em torno de 1500 a.C.) pelas cidades-estado. São caminhantes, sempre em busca de terra fértil que proporcione pastagens para a sobrevivência dos seus rebanhos e, consequentemente, de suas famílias e clãs.
A experiência que Abraão possui de Deus está intimamente ligada ao estilo de vida dos pastores. A garantia da terra e o senso de liberdade são fundamentais. A presença de Deus se dá onde se encontram as famílias. Ele caminha com os pastores, conduz os seus passos e lhes dá a terra de que necessitam. A terra é promessa e dom de Deus, porém é necessário que Abraão esteja disposto a romper com as seguranças que impedem a caminhada na direção que Deus lhe aponta.
Confiar no Deus da promessa é ter a certeza de um mundo sem exploração e sem fome. Essa promessa é motivadora para os movimentos populares, especialmente em época de opressão, como aquela exercida pelo Egito e, posteriormente, pela monarquia israelita. Abraão torna-se a “memória perigosa” que desacomoda os oprimidos, proporcionando-lhes inspiração para a resistência e a mobilização em vista de uma nova sociedade.

2. II leitura (2Tm 1,8b-10): A santa vocação

A segunda carta a Timóteo faz parte das tradicionalmente conhecidas “cartas pastorais” (junto com 1Tm e Tt). São dirigidas aos animadores de Igrejas cristãs, num tom pessoal. Os autores atribuem essas cartas a Paulo. Foram escritas algum tempo depois de sua morte, no intuito de iluminar e fortalecer a missão desses “pastores” junto às comunidades.
Timóteo havia sido um companheiro de Paulo. Participou da segunda e terceira viagens missionárias. Era uma pessoa de confiança e dedicado à evangelização. Paulo podia contar com ele para enviá-lo às comunidades a fim de levar instruções e animar a fé dos cristãos. Após a morte de Paulo, continuou a missão de ministro da Palavra, revelando-se importante liderança. A tradição o venera como bispo de Éfeso. Etimologicamente, Timóteo significa “aquele que honra a Deus”.
O texto da leitura de hoje indica uma situação difícil pela qual está passando Timóteo. O intuito é confortá-lo e animá-lo à perseverança. Timóteo é convidado a participar solidariamente dos sofrimentos pelos quais Paulo também passou por causa do evangelho. Quem assumiu a missão de servir à Palavra não pode sucumbir às dificuldades nem manifestar-se timidamente. A tribulação é inerente ao anúncio do evangelho quando feito com autenticidade. Como aconteceu com Jesus, também acontece com os seus discípulos. Nessa mesma carta, encontramos o alerta: “Todos os que quiserem viver com piedade em Cristo Jesus serão perseguidos” (3,12).
A confiança plena na graça de Deus deve ser característica da pessoa que evangeliza. Deus nos salvou gratuitamente em Jesus Cristo. Ele nos chama com uma santa vocação para servi-lo e amá-lo. A santidade nos faz andar cotidianamente na intimidade divina, como o fez Jesus. A pessoa santa é portadora da graça e irradiadora da boa notícia de Jesus, o Salvador, que venceu a morte e fez brilhar a vida. A missão de Timóteo e de toda pessoa seguidora de Jesus é anunciar, de modo permanente e corajoso, esse projeto salvador de Deus, concebido desde toda a eternidade e revelado plenamente em Jesus Cristo.

3. Evangelho (Mt 17,1-9): A transfiguração de Jesus

A narrativa da transfiguração de Jesus está permeada de elementos simbólicos teologicamente muito significativos. Vemos Jesus subindo à montanha com Pedro, Tiago e João. Todos participam de uma experiência mística inédita. Moisés e Elias também se fazem presentes e dialogam com Jesus.
Lembremos, especialmente, que a comunidade de Mateus é formada de judeus que vivem a fé cristã. Portanto, é importante que a tradição judaica seja respeitada e aprofundada agora em novo contexto. Assim, a montanha tem um significado especial de manifestação de Deus. Basta lembrar o dom da Lei de Deus a Moisés no monte Sinai. Assim também a expressão “seis dias depois”, bem como a presença da nuvem. Lemos em Ex 24,16: “Quando Moisés subiu ao monte, a nuvem cobriu o monte. A glória do Senhor pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu durante seis dias”. Como vemos, há íntima relação entre a transfiguração de Jesus e a experiência religiosa de Moisés. É um momento extraordinário de manifestação divina. Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas, caminho que aponta para o Messias. Jesus é o cumprimento da promessa do Pai revelada na Sagrada Escritura.
Podemos considerar como centro dessa narrativa a declaração de Deus: “Este é meu Filho amado, nele está meu pleno agrado: escutai-o!” Essa voz que vem do céu declarando a filiação divina de Jesus também se fez ouvir no seu batismo (Mt 3,17). É, sem dúvida, a confissão de fé da comunidade cristã, representada nesse momento por Pedro, Tiago e João. De fato, os discípulos, no barco, reconhecem Jesus caminhando sobre as águas e salvando Pedro de sua fraqueza de fé: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus” (14,33). Na ocasião em que Jesus pergunta o que dizem dele, Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (16,16). É no momento da morte de Jesus que o centurião e os guardas declaram: “De fato, esse era Filho de Deus” (27,54). O anúncio da verdade sobre Jesus não foi feito aos que detinham o poder político ou religioso. Também não foi feito em algum centro ou instituição importante. Dirigiu-se, sim, a um grupo de gente simples, num lugar social periférico.
O imperativo “escutai-o” enfatiza a perfeita relação entre a profissão de fé em Jesus como “Filho de Deus” e a atenção cuidadosa ao seu ensinamento. O elemento fundamental do ensino de Jesus é que ele terá de passar pelo sofrimento e pela morte, na perspectiva do “Servo sofredor” anunciado pelo profeta Isaías (cf. 42,1-9). Não é por acaso que Mateus insere o relato da transfiguração logo após o primeiro anúncio de sua paixão e morte e o convite ao discipulado: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (16,24). Portanto, os discípulos deverão compreender que o caminho para o seguimento de Jesus, Servo de Deus, implica “descer da montanha” e assumir as consequências, conforme o testemunho do Mestre. Porém esse não é um caminho derrotista. A vida triunfa sobre a morte. A glória de Deus se manifestará plenamente na ressurreição. A transfiguração é um sinal antecipado da realidade da Páscoa.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

Pôr-se à disposição de Deus. As leituras deste domingo nos apontam a dinâmica do projeto libertador de Deus: deixar as seguranças que nos engessam para nos pormos a caminho da terra que Deus deseja para a humanidade. A exemplo de Abraão e sua família, nós também podemos assumir a fé e a total confiança em Deus, que sustenta e guia os nossos passos na verdade, na justiça e no amor. Essa é a melhor herança que podemos deixar às futuras gerações.
Assumir a missão de evangelizar. Timóteo, “aquele que honra a Deus”, assumiu a missão de anunciar o evangelho de forma corajosa e perseverante mesmo nas situações difíceis; também nós podemos ser anunciadores da boa notícia de Jesus em nossas famílias, na comunidade e na sociedade. Isso acontece pela coerência entre fé e vida, pelo testemunho de doação alegre, também pela constância no testemunho de diálogo e de fraternidade. Assim, estaremos respondendo à “santa vocação” a que fomos chamados pela bondade de Deus.
A vida é um permanente caminhar. Jesus foi a grande manifestação de Deus para a humanidade. Pedro, Tiago e João foram agraciados com uma experiência maravilhosa, participando da transfiguração de Jesus. Também em nossa vida, Deus nos concede momentos de muita luz, consolo e força. Tendemos, porém, a buscar e a nos acomodar ao que nos garante bem-estar, prazeres, sensações agradáveis… Não podemos esquecer que seguir Jesus implica “descer da montanha” do egoísmo e da acomodação. Seguir Jesus é entregar-se pela causa da vida digna sem exclusão, alicerçada na justiça e na igualdade. Para isso, conforme nos convoca a Campanha da Fraternidade, faz-se necessário o cuidado com a dignidade de todos os seres humanos, o cuidado de evitar a exploração e o tráfico humano.

Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
Fonte: Vida Pastoral em 16/03/2014

Reflexão

TRANSFIGURAR-NOS PARA TRANSFORMAR

O segundo domingo da Quaresma, nos três ciclos litúrgicos (A, B, C), celebra a Transfiguração do Senhor. Jesus, o novo Moisés, sobe à montanha – lugar da manifestação de Deus e do encontro com ele – na companhia de três dos seus discípulos mais próximos e, diante deles, se transforma e revela sua glória, an­tecipação da ressurreição.
Em face dessa cena, os discípulos ficam deslumbrados e Pedro exclama: É bom ficarmos aqui. A “glória da ressurreição” encanta; antes disso, porém, Jesus passa pela cruz, a qual assusta e não encanta nem um pouco, a ponto de sempre querermos afastá-la de nossa mente e de nossa realidade. Passando pela cruz, Jesus se transformará num corpo glorioso.
Logo os discípulos ouvem uma voz: “Este é meu Filho amado… Escutai-o”. Ao ouvir isso, assustam-se, pois ainda não entendem que o Cristo glorioso é também, e antes de tudo, o servo sofredor que passará pela morte antes da glória definitiva. Mateus revela Jesus como o “Filho de Deus” em três momentos: no início (3,17), no meio (17,5) e no fim (27,54) do seu evangelho. Ouvir o que Jesus diz é necessário. O Mestre sempre tem algo de novo a ensinar. Ele, mestre itinerante, convida seus discípulos a acompanhá-lo na trajetória que desembocará no vislumbre da glória permanente e definitiva.
A transfiguração nos põe diante do destino glorioso ao qual somos chamados. Nesse caminho não podemos nos amedrontar nem fugir da missão a nós confiada; cabe-nos, sim, seguir sempre atentos o Mestre, cujos apelos nos chegam no cotidiano da existência. Com sua palavra iluminamos e fortalecemos nossa vida, identificando-nos sempre mais com ele.
A humanidade e o mundo necessitam de transformação, para que voltem a ser o que eram desde o princípio, quando Deus viu que “tudo era bom”. Crendo na transfiguração de Jesus, cremos também na possibilidade de sermos transformados em nossa mente e em nossa ação. Se tudo no mundo está em constante mudança, podemos também nos transfigurar para transformar a realidade que nos cerca.
Pe. Nilo Luza, ssp
Fonte: Paulus em 16/03/2014

Reflexão

ESTE É O MEU FILHO AMADO... ESCUTAI-O!

1ª Leitura: Gn 12,1-4ª;
2ª Leitura: 2Tm 1,8b-10,
Evangelho: Mt 17,1-9

Situando-nos brevemente

Talvez jamais as pessoas tenham apreciado tanto a imagem, a beleza, a aparência, em relação a si mesma e aos outros, como no nosso tempo. Às vezes se dá maior atenção à aparência do que à realidade de uma pessoa ou de uma atividade. Na própria comunicação prevalece mais a imagem que a escritura ou a fala. Se alguém não aparece na internet, no facebook ou na rede social não existe.
Simultaneamente, se continua a “desfigurar” o rosto das pessoas, das cidades, da natureza. Crianças abandonadas ou sujeitas à violência, homens e mulheres vítimas do “tráfico das pessoas”, como lembra a Campanha da Fraternidade, pessoas expulsas do trabalho em nome de proveito econômico, etc. Mesmo na Igreja, em comunidades, se encontram pessoas deixadas de lado, nas periferias da vida, por falta de atenção e de cuidado, talvez por motivo de histórias pessoais sofridas.
As pessoas, nestas situações, são o próprio Cristo, o “servo sofredor de Deus” (cf. Is 53) a ser “desfigurado”, enquanto vem ao nosso encontro pedindo nossa proximidade, carinho e cura. Em cada uma delas, como afirma com forte ênfase o Papa Francisco, “é a carne de Cristo sofrido que encontramos e tocamos!” (cf. homilia na Missa do dia 1º de Junho de 2013 e homilia na festa de São Tomé, 3 de Julho de 2013.
Cada gesto que faz brilhar nos olhos delas uma luz de esperança e de consolo é o rosto de Cristo que se “transfigura”, que deixa irradiar sua luz na pessoa atendida e naquela que atendeu!
Cada um de nós pode narrar experiências pessoais: quando alguém teve cuidado de nós, bem como quando nós tivemos cuidado de alguém. Nos dois casos, nos foi concedido partilhar a transfiguração de Jesus. Nossa casa, nosso escritório, a cama do hospital ou a sala de aula se tornaram para nós o monte Tabor.
As três leituras deste domingo nos oferecem uma mensagem convergente, que abre para os olhos da nossa fé o sentido profundo do caminho quaresmal e da grande celebração da Páscoa, que já se deixa vislumbrar de longe. A Páscoa é o evento central da história de amor em que Deus transfigura e renova a história e toda a pessoa. Jesus, passando através da paixão, morte e ressurreição, primeiro cumpre em si esta “transfiguração radical”.
Ele é o primeiro a percorrer o caminho que todos os discípulos são chamados a percorrer. A narração da transfiguração de Jesus deixa vislumbrar a meta para a qual nos está conduzindo o caminho da Quaresma, com a graça de purificação e a esperança que o habitam.
A cada ano e a cada dia, o cristão é chamado a interiorizar sempre o caminho de transfiguração de si mesmo junto com Jesus, até deixar-nos conformar plenamente a ele.

Recordando a Palavra

As três leituras deste domingo destacam que a iniciativa no processo de transfiguração e de renovação da livre e gratuita escolha e do chamado de Deus, não dos nossos esforços. Somos filhos e filhas da graça do Pai!
Deus, por livre escolha de amor, chama Abraão e lhe pede para abandonar sua família e sua terra, com a promessa de que o tornará abençoado e fecundo, sinal de esperança para todos os povos. Abraão acolhe o chamado de Deus e inicia aquela caminhada na fé que o faz “pai de todos os que acreditam no Senhor e se entregam a Ele” (cf. Rm 4,11).
Abraão passando do abandono das suas raízes vitais para a fecundidade que vem de Deus, vive primeiro a “páscoa” de morte a si mesmo e de adesão a Deus, que cada um de nós, na Quaresma, é chamado a viver para aderir a cristo (Gn 12,1-4).
O salmo responsorial (Sl 32) destaca a confiança que, com Abraão, somos chamados a pôr na fidelidade de Deus. Nele está nossa força e nossa paz. “Nossa alma espera pelo Senhor, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. Senhor esteja sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos”
No evangelho (Mt 17,1-9), Jesus, por livre escolha de amor, chama Pedro, Tiago e João e os leva consigo sobre uma alta montanha, para que se tornem testemunhas de sua sorte de messias sofredor e glorioso, que há de transformar o mundo através do amor crucificado. Jesus, diante dos discípulos, antecipa sua própria páscoa. Eles são introduzidos no mistério de Jesus e apreendem que o caminho deles não será diferente da sorte do mestre.
Paulo lembra a Timóteo (2 Tm 1,8b-10) que Deus nos chamou à salvação e à santidade não por nossos méritos, mas por sua livre e gratuita escolha, manifestada em Cristo.
É Deus que, na sua liberdade e condescendência, escolhe e chama as pessoas para fazê-las seus parceiros na aventura da vida. É ele que inicia, permanecendo como protagonista, o caminho de renovação pascal em que o cristão entrou, por graça, através do Batismo.
Ao narrar à estadia de Jesus no deserto, depois do batismo, e seu combate vitorioso contra o demônio (1º domingo da Quaresma), Mateus destaca que Jesus estava atuando como o “novo Moisés”. Moisés guiou o povo de Israel rumo à terra prometida e mediou a aliança entre deus e o povo. Jesus guia o novo povo de Deus, peregrino na história, para uma relação em Deus mais autêntica na fidelidade e na liberdade, estabelecendo, no sacrifício de si mesmo, a aliança nova e definitiva.
A presença, ao lado de Jesus, de Moisés, o legislador, e de Elias, o primeiro dos profetas de Israel, indica que o Antigo Testamento agora encontra seu cumprimento em Jesus morto e ressuscitado.
A voz do Pai proclama Jesus “o Filho amado no qual eu pus todo o meu agrado”. A ele é preciso “escutar” (Mt 17,5) e seguir. A voz do Pai confirma a proclamação da condição divina de Jesus, feita  no batismo no Jordão (cf. Mt 3,17), e antecipa a glorificação de Jesus através da cruz na ressurreição e sua vinda gloriosa no fim dos tempos.

Atualizando a Palavra

O evento da transfiguração se encontra no centro da vicissitude humana e messiânica de Jesus, quase síntese do dinamismo de seu mistério pascal. Define sua identidade de filho amado do Pai e de Messias sofredor, solidário com a condição humana, que derrama a vida nova na ressurreição. Desta maneira, indica e abre também para nós o caminho a seguir. Ao discípulo não é dado um caminho diferente daquele do mestre, seja no desafio da fé, seja na partilha da glória.
A Igreja, diante de Jesus transfigurado, se põe em atitude de adoração e de temor, como os três discípulos. Ela nos convida a permanecer nesta mesma atitude, desde o início do caminho quaresmal que nos conduzirá a entrar mais profundamente, junto com o próprio Jesus, na graça da nossa transfiguração pascal. Este processo de transfiguração nos acompanha até a morte, alimentados pela dupla mesa da Palavra e da Eucaristia, pela oração confiante, pela purificação de nosso coração, pela esperança suscitada pelo Espírito Santo.
São Leão Magno observa que a principal finalidade da transfiguração era afastar dos discípulos o escândalo da cruz: “segundo um desígnio não menos previdente, dava-se um fundamento sólido à esperança da santa Igreja, de modo que todo o corpo de Cristo pudesse conhecer a transfiguração com que ele também seria enriquecido, e os seus membros pudessem contar com a promessa da participação naquela glória que primeiro resplendecera a cabeça” (Sermão 51, 3; LH, 2º Domingo da Quaresma).
O convite de Jesus aos discípulos para se levantarem, tomarem novamente o caminho da vida sem medo - embora não consigam ainda entender – e guardarem, em silêncio, no próprio coração, a excepcional experiência sublinha a fragilidade humana escolhida por Deus como hábito cotidiano para si e pelos seus.
A exigência do silêncio adorante diante do mistério de Deus penetra nossas vidas e nos dá uma capacitação de ver, de julgar e de escolher diferente da mentalidade comum. O que nos é doado por graça é inexprimível, fruto de sabedoria divina e loucura para o mundo. “O reino de Deus”, proclama Jesus, “não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: “Está aqui “ ou Está ali”, pois o reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17,20-21).
Pelo contrário, ao viver na mentalidade da imagem e da aparência, temos, muitas vezes, urgência para que o que apenas iniciamos a descobrir ou a operar pela graça de Deus alcance logo seu cumprimento. Temos pressa de fazer que “todo mundo veja” o que estamos fazendo. Essa inquietação é verdadeiro desejo de crescer no Senhor e autêntico zelo apostólico? Deixemos que a palavra de Jesus e esta pergunta desçam em nossa consciência!
Os tempos de Deus não são tempos dos homens. A inquietação dos homens para esclarecer o que acontece, dominar, possuir acaba por empurrá-lo a queimar etapas, a acelerar os tempos. As irrupções de Deus na vida de Abraão, de Moisés, de Elias, de Jesus, de Maria... surpreendem, porém, com suas novidades, abrem gestações que amadurecem segundo tempos e passagens escolhidos pelo próprio Deus, até chegar à plena entrega na liberdade do amor.

Ligando a Palavra com a ação eucarística

Esta perspectiva exaltante é graça e vocação. É objeto do desejo mais profundo e constante da Igreja, esposa de Cristo, seu esposo e corpo vivo dele, sua cabeça.
A antífona de entrada da missa exprime esta tensão que marca o coração de cada pessoa, consciente ou inconscientemente à procura do sentido profundo da vida, através da fé ou através de outras formas de busca espiritual.
“Meu coração se lembra de ti: ‘Buscai minha face!’ Tua face, Senhor, eu busco. Não me escondas teu rosto” (Sl 27,8-9).
Na sociedade secularizada, às vezes, esta procura existencial fica escondida atrás de percursos desviados e destruidores: drogas, poder, dinheiro, sexo, etc. Está escondida, mas fica ali. É graça de Deus. “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti” (S. Agostinho, Confissões, 1,1).
Esta antífona dá o tom profundo da celebração do domingo e de toda a Quaresma. O canto de entrada hoje deve valorizar esta tensão interior que caracteriza a liturgia e o caminho espiritual cristão.
Igual anseio constitui a alma central da invocação da Igreja, na oração do dia: “Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória”.
A atitude de escuta é constitutiva da vida do cristão, como “discípulo de Jesus”, Palavra vivente que o Pai nos convida a escutar e seguir: “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o! O cuidado de aplicar-se com abertura de coração e perseverança deveria ser elemento ainda mais fundamental no tempo da Quaresma.
Este anseio assinala a proximidade de Deus a seu povo peregrino na fé, antecipa, profeticamente, sua sorte final de plena participação na glória eterna do Senhor.
Até que não tenhamos passado através da morte do “homem velho”, autocentrado, graças à “transfiguração” operada pela Páscoa e pela ação do espírito, não conseguimos nos afinar com o coração de Deus. O “homem novo”, capaz de entender as coisas de Deus e de agir com os critérios do espírito, nasce nas dores do parto da nova criação, que envolve a pessoa e a criação, na mesma dor e na mesma esperança (cf. Rm 8,22-25).
Estamos assistindo, a cada dia, a processos arrasadores de “desfiguração” da dignidade das pessoas, visíveis nos rostos delas, assim como nas relações interpessoais, e mesmo na exploração da natureza, sob a violência dos homens e das instituições. É a transfiguração da realidade em sentido contrário.
Graças a Deus, também assistimos, contudo, ao testemunho de transformação interior de pessoas, visível na vida e na face de homens e mulheres de Deus. Eles irradiam serenidade, força, paz e luz, quase um doce sorriso permanente que cura e alivia. Quem pode esquecer o sorriso luminoso de Madre Teresa de Calcutá, brotando das profundas rugas de seu pequeno rosto, familiarizado com as dores de tantas crianças e marginalizados e irradiantes esperança e cura?
Quem não guarda em si, com admiração e alegria, a imagem simples e irradiante de paz das Bem-aventuradas Nhá- Chica e Ir. Dulce, ou de algum vizinho ou vizinha de nossa casa?
Estas pessoas são o Senhor, encarnado de maneira sempre nova e transfigurado, no meio de nós. Elas nos indicam o caminho a seguir. Elas se tornam reintegradas na unidade do espírito e do corpo, nos sentidos e nas relações. São a celebração vivente da transfiguração e da Páscoa, tendo percorrido com humildade e perseverança, o caminho purificador da Quaresma existencial.
Com o apóstolo, cantemos nossa esperança: “Todos nós, porém, com o rosto descoberto, refletimos a glória do Senhor e, segundo esta imagem, somos transfigurados, de glória em glória, pelo Espírito do Senhor” (2 Cor 3,18).

Sugestões para a celebração

Ø A procissão de entrada pode ser aberta com a cruz enfeitada com flores, como sinal da vida  e da glória, que estão escondidas na humanidade de Jesus e em seu sofrimento, e da vida nova oferecida para nós ao seguir Jesus em seu ministério pascal.
Ø Em sintonia com o convite do Pai a escutar e seguir Jesus, encorajar os fiéis a se dedicarem, com empenho e fidelidade, à leitura meditada e rezada da Palavra de Deus. Motivar esta sugestão com a precisa indicação de seu sentido, destacada por Bento XVI: “ a Palavra de Deus é viva e se dirige a cada um de nós no momento presente da nossa vida”; “os textos bíblicos exprimem todo seu sentido espiritual, quando são lidos sob o influxo do Espírito Santo, no contexto do mistério pascal de Cristo e da vida nova que dele resulta” (Bento XVI, Verbum Domini, n. 37).
Ø Jesus vive, na montanha, uma profunda experiência de oração e de intimidade com o Pai. Dela faz partícipes os três discípulos. Durante esta experiência, ele se transfigura, deixando irradiar sua identidade com o Pai e renovando seu compromisso de atuar em sua missão de dar a própria vida no amor. A Quaresma é tempo privilegiado para se deter na intimidade com Jesus e com o Pai, cultivando a oração pessoal e na família, além de, aos domingos, participar da celebração da Eucaristia.
Ø A Quaresma é o tempo oportuno para descobrir, também através de adequada catequese e de algumas experiências concretas, “a oração da Igreja” expressa na Liturgia das Horas. Por exemplo, durante a semana, a celebração da Eucaristia de manhã pode ser precedida pela celebração das Laudes; a da tarde pode ser precedida pela celebração das Vésperas. Nas comunidades onde se celebra a Eucaristia, a comunidade pode ser convocada para celebrar as Laudes ou as Vésperas, proclamando-se, no lugar da leitura breve, o evangelho do dia, seguido por uma breve homilia antes das preces.
Ø Reconhecendo no irmão em necessidade, material ou espiritual, o Cristo sofredor e desfigurado, assumir o compromisso interior e gestos concretos para fazer que o cuidado carinhoso com ele faça brilhar, em seus olhos, a luz do consolo e da esperança, própria do Cristo transfigurado.
Ø Os cantos para as celebrações quaresmais do Ano A se encontram no CD da Campanha da Fraternidade 2014: Hino da CF 2014 e Cantos para a Quaresma Ano A.

Fonte: Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
Fonte: Emanarp em 16/03/2014

Reflexão

Oração, amizade com Deus

Neste 2º Domingo da Quaresma, a Igreja propõe para a nossa meditação a passagem da Transfiguração de Jesus. Os discípulos de Jesus são levados "a um lugar à parte, sobre uma alta montanha", a fim de se encontrarem com Deus, por meio da oração.

Santa Teresa de Jesus diz:
"Que não é outra coisa a oração mental senão tratar de amizade, estando muitas vezes tratando a sós com quem sabemos que nos ama" [1].
Então, a oração trata-se de amizade com Deus. E essa amizade brota do relacionamento intratrinitário, da amizade que o Pai tem pelo Filho, expressa nas palavras: "Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado". Para que também nós entremos nessa amizade e nos transfiguremos, por assim dizer, junto com Jesus, devemos atender ao apelo do Pai, que diz: "Escutai-o!". Da oração brota, então, um ato efetivo de amor a Deus: determinamo-nos a transformar a nossa vontade na vontade de Deus, como o próprio Jesus indica em outra passagem: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando" [2].
Mas Jesus também quer que o nosso amor a Deus se desdobre no amor ao próximo: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos" [3]. Jesus leva-nos para o monte, mas não para que fiquemos aí, isolados em tendas, como sugeriu São Pedro; mas, ao contrário, para que, descendo o monte, entreguemos nossa vida por Ele e pelos outros. Então, a oração, que é amizade com Deus, desabrocha, concretamente, na prática quaresmal da caridade.

Ainda sobre a oração, Santa Teresa dá-nos algumas indicações preciosas:
"[O iniciante] pode fazer muito para se determinar a servir bastante a Deus e despertar o amor. A pessoa pode imaginar que está diante de Cristo e acostumar-se a enamorar-se da Sua sagrada Humanidade, tendo-O sempre consigo, falando com Ele, pedindo-lhe auxílio em suas necessidades, queixando-se dos seus sofrimentos, alegrando-se com Ele em seus contentamentos e nunca esquecendo-se Dele por nenhum motivo, e sem procurar orações prontas, preferindo palavras que exprimam seus desejos e necessidades.
É excelente maneira de progredir, e com rapidez. E adianto que quem trabalhar para ter consigo essa preciosa companhia, aproveitando muito dela e adquirindo um verdadeiro amor por esse Senhor a quem tanto devemos, terá grande benefício.
Para isso, não façamos caso de não ter devoção sensível— como eu disse —, mas agradeçamos ao Senhor, que nos permite estar desejosos de contentá-Lo, embora as nossas obras sejam fracas. Esse modo de trazer Cristo conosco é útil em todos os estados, sendo um meio seguríssimo para tirar proveito do primeiro e breve chegar ao segundo grau de oração, bem como, nos últimos graus, para ficarmos livres dos perigos que o demônio pode pôr.
Quem quiser passar daqui e levantar o espírito a sentir gostos, que não lhe são dados, perde, a meu ver, tudo." [4]
A oração não consiste em "sentir gostos", mas em determinar-se no amor. Que, nesta Quaresma, lembremo-nos de cultivar a verdadeira oração, "que não é outra coisa (...) senão tratar de amizade (...) com Quem sabemos que nos ama".

Referências:
Livro da Vida, cap. 8, 5.
Jo 15, 14.
Jo 15, 13.
Livro da Vida, cap. 12, 2-3.
Fonte: Reflexões Fransciscanas em 16/03/2014

Reflexão

No segundo domingo da Quaresma, a Igreja recorda sempre o evangelho da Transfiguração de Jesus. Ele sobe a uma alta montanha e se transfigura diante de alguns discípulos. Lá é proclamado “Filho de Deus”, e da nuvem sai uma voz que exorta a escutá-lo. No seu brilho, Jesus completa a “história da salvação” (Moisés e Elias) e torna-se a verdadeira e autêntica morada de Deus. É bom ficar nas alturas contemplando o brilho do Mestre – Pedro pede para fazer umas tendas, a fim de perenizar a permanência no alto –, mas a missão ainda não terminou, por isso é necessário descer à planície, onde estão os desafios. Todos somos convidados a fazer a experiência de “Cristo glorioso” (a transfiguração é como que uma antecipação da glória de Jesus), lembrando, porém, que ele ainda deve passar pela cruz, quando conclui sua missão terrena. A tentação de nos acomodarmos no monte é grande, esquecendo assim os desafios e os problemas da humanidade e a necessidade de subir o calvário.
Oração
Filho amado do Pai, és o ponto central da história humana. Pela tua transfiguração, revelaste aos apóstolos que em ti se cumpririam todas as promessas das Escrituras Sagradas. És o nosso único Mestre. Dá-nos a graça de ouvirmos a ti somente, e praticarmos fielmente os teus ensinamentos. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Meditando o evangelho

UMA EXPERIÊNCIA FASCINANTE

A contemplação de Jesus transfigurado foi uma experiência fascinante na vida dos três discípulos escolhidos pelo Mestre para subirem com ele ao alto monte. Neste lugar carregado de simbolismo (a montanha era tida como o lugar privilegiado de encontro com Deus) puderam contemplar Jesus transfigurado, revestido de glória e majestade, e "vê-lo" no fulgor de sua santidade.
A transfiguração foi, de certo modo, uma antecipação da ressurreição. Depois de ressuscitado, o esplendor de sua glória já não fulguraria, por pouco tempo, para um grupo seleto de discípulos. Pelo contrário, não só poderia ser contemplada por todos os discípulos, como também deveria ser proclamada a todos os povos da Terra. A ordem de guardar segredo ("não dizer a ninguém a respeito da visão") perderia sua razão de ser.
Contudo, a contemplação do Ressuscitado haveria de ser precedida por uma experiência aterradora: a de ver o Messias Jesus pendente na cruz. O fascínio daria lugar ao pavor e à estupefação, porque a morte de cruz não encontraria explicação, uma vez que o Mestre sempre dera mostras de ser um homem justo e, em sua pregação, falara de Deus como um Pai amoroso e fiel.
Só quem fosse capaz de superar o impacto da cruz e reconhecer no Crucificado o Filho de Deus, chegaria a reconhecê-lo fascinantemente ressuscitado.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, que eu seja capaz de contemplar a cena patética de Jesus pendente da cruz, sem me deixar abater pela estupefação, para poder contemplá-lo glorioso na ressurreição.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. O AMOR QUE TRANSFIGURA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Para quem não conhece, o Monte Tabor onde teria ocorrido a transfiguração de Jesus, é uma alta colina localizada no Leste do Vale de Jizreel, 17 km a oeste do Mar da Galiléia e o seu topo está a 575 metros acima do nível do mar. Entretanto, não se pode afirmar com absoluta certeza, que essa referência geográfica no episódio da Transfiguração do Senhor, é verdadeira, principalmente quando se sabe, que o evangelista São Mateus escreveu para os Judeus e sempre há em seus relatos, uma forte relação entre Jesus Cristo e Moisés. De qualquer forma o texto nos revela que os discípulos Pedro, Tiago e João, fizeram essa profunda experiência, onde Jesus lhe revelou a sua Divindade. Não é por acaso que na narrativa de Mateus, aparecem ao lado de Jesus o Libertador Moisés e Elias, uma das maiores referências como profeta do Antigo Testamento, é uma catequese que tem como pano de fundo o Judaísmo, comprovando que Jesus é de fato io Messias, aquele que havia sido prometido na Escritura Antiga, e até prefigurado em alguns personagens da História de Israel. A partir de agora, a humanidade não irá mais precisar da Lei e dos Profetas, Jesus não trouxe uma nova Lei ou Aliança, Ele próprio é a Nova Aliança, aquele que de modo único e excelente nos revela o Pai.
Mas o que esse fato refletido no evangelho pelas comunidades de Mateus, tem a ver com a realidade das nossas comunidades cristãs? Sabemos que Jesus é Nosso Deus e Senhor, mas quais as consequências que esta Fé traz em nossa vida? A cada domingo, Dia do Senhor, Jesus convida todos os cristãos a “subirem a montanha”, isso é, a fazerem essa “ascese” nas nossas celebrações. Embora humana, com uma Liturgia que comporta elementos culturais, cada celebração é envolvida pelo Mistério de Deus, como a nuvem que desceu sobre a montanha.
No ambiente celebrativo de nossas igrejas cristãs, de muitos modos Jesus manifesta a glória da sua Divindade, mas de modo excelente na Eucaristia e na Palavra, onde mediante a Fé, podemos sim contemplar a sua glória, sentir a sua presença a conduzir, animar e alimentar os seus, em comunhão com Ele em torno de uma mesa que é a Mesa da Palavra ou da Eucaristia. Moisés e Elias são uma referência importante para todos nós, não como meros personagens históricos, mas como homens que fizeram a experiência de Deus, enquanto anunciadores de uma Libertação que em Jesus atinge a sua plenitude e transcende o meramente histórico, libertando-nos do mal do pecado. O profetismo de Elias anuncia a Palavra Libertadora, o homem nasceu para ser livre, mas a sua liberdade está em Deus, que não permanece impassível diante do sistema opressor que não considera o dom da Liberdade, por isso, a Palavra libertadora se faz ação em Moisés deus vê, ouve, desce e liberta o seu povo. Jesus eleva essa liberdade á sua plenitude, concretizando as promessas de Deus nesse sentido.
O entusiasmo de pertencer a uma comunidade cristã, o privilégio de poder fazer essa experiência com os irmãos e irmãs nas celebrações dominicais, pode nos levar a cometer o mesmo erro de Pedro: o de querermos permanecer apenas na dimensão celebrativa- contemplativa, acomodar-se na Mística e fazer da experiência com Cristo algo muito particular, é esse o significado de querer fazer tendas, e de fato muitos fazem, isolando-se na comunidade ou no seu grupo ou pastoral, achando que a vivência cristã se resume apenas nessa experiência religiosa.
Quando contemplamos a Divindade de Jesus e ficamos só nisso, sentimos medo, porque é impossível compreender um Deus revestido de glória, encarnado em nossa miséria humana. O Sagrado sempre e Sagrado sempre exerceu essa ambiguidade sobre o homem, o encanta, o atrai e fascina, mas também causa medo, quando se está diante do Mistério. Mas Jesus, que tocou nos discípulos, toca também em cada membro da comunidade: “Levantai-vos, não tenhais medo”. E ao descer da montanha, só vêem Jesus caminhando com eles pela encosta da montanha. Eis aqui o grande desafio, vermos Jesus no irmão ou irmã da comunidade, que caminha com a gente, perceber esse Deus extremamente humano, percorrendo nossos mesmos caminhos,, sem nunca deixar de ser o “Outro”, o Transcedente.
E assim, pela sua encarnação recebemos a Graça Divina, e podemos nos abrir para que o Espírito Santo nos renove, nos transforme e nos transfigure no dinâmico processo da conversão, e diferente dos apóstolos Pedro, Tiago e João, ao término da celebração, quando descemos da “montanha”, somos enviados para proclamar bem alto as maravilhas de Deus, a darmos testemunho do evangelho, mostrando que somente na Ressurreição do Senhor encontramos o sentido para a nossa vida terrena.
Derrubemos, portanto, as tendas do nosso comodismo, de uma Fé desvinculada da Vida, nesse segundo domingo da quaresma, e como o Patriarca Abraão, coloquemo-nos á caminho dessa Terra das Promessas, onde cada homem e cada mulher, vivendo em Deus, atingirá a felicidade em seu sentido mais pleno, irradiando em si, a mesma luz fulgurante do Cristo, Homem Deus e Deus Homem, o novo Moisés que nos conduz com segurança a esta terra, cuja estrada passa exatamente na experiência humana, estrada que nosso Deus feito homem também percorreu, e que nos conduz á glória de uma Vida em comunhão definitiva com Ele, que em Cristo nos aceitou também como “Filhos e Filhas, em quem Ele põe todo o seu agrado”. ( 2º Domingo da quaresma MT 17, 1-9)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Senhor, é bom ficarmos aqui... - Mt 17,1-9
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Na Transfiguração, contada por São Mateus, o rosto de Jesus é luminoso como o sol, suas vestes são brancas como a luz. A nuvem também é luminosa. Os discípulos caem por terra, assustados. Jesus toca neles e diz para se levantarem e não terem medo. Os discípulos levantam os olhos. Eles têm uma visão. Veem uma figura gloriosa que pertence ao mundo futuro. Aparecem Moisés e Elias e ouve-se uma voz do céu apresentando Jesus como Filho muito amado de Deus. É preciso escutá-lo. Este Jesus, conhecido como filho de José de Nazaré, mostra-se envolto pela glória divina. Nele se realiza tudo o que Moisés e Elias representam. Ele é a Palavra de Deus, última e definitiva, para toda a humanidade. Nele se encerra toda a revelação feita por Moisés e pelos profetas. Jesus vai sofrer, vai passar pela paixão, vai morrer na cruz. Ele é o servo sofredor e também o Filho glorioso de Deus Pai.
Os discípulos não compreenderam tudo o que estava acontecendo naquele momento. Jesus lhes disse para só contarem o que viram depois da sua ressurreição. Eles também não entendiam bem o que significava a ressurreição de Jesus. No entanto, o que lemos foi escrito por eles depois da ressurreição. Agora eles estavam capacitados a perceber quem era de fato Jesus de Nazaré. A morte de cruz não foi o fracasso de um projeto. Os discípulos de todos os tempos deviam ver no Crucificado a glória futura [...].

HOMILIA

ESTE É O MEU FILHO AMADO; OUVI-O

Em Mt 17, 1-9, Jesus nos mostra sua Majestade e seus sofrimentos para nos ensinar que não há triunfo se não houver batalha.
Pouco depois de explodir o coração de S. Pedro em cesárea, quando proclamou Jesus Cristo como Filho de Deus, a Transfiguração vem confirmar e vem dar aos três melhores discípulos um antegozo da glória definitiva antes das amarguras passageiras da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.
Este Mistério é-nos contado por S. Marcos, S. Mateus e S. Lucas. O Divino Salvador, que recapitulava em Si todas as grandezas do povo eleito, conversa com Moiséis e Elias, os dois arautos que tinham parcialmente preferido a Sua Missão. Tem havido santos que numa hora decisiva da existência, ouviram uma voz divina. Assim Paulo então Saulo, perto de Damasco, ou tiveram aparições do céu.
Na Transfiguração temos isso e mais. A cena gloriosa do Tabor destina-se a colocar na sua verdadeira luz a bem-aventurada Paixão do Calvário. E a nossa vida quotidiana pode ser uma térmica de sofrimentos: oferecido a Deus, torna-se já um vestuário de glória.
Com esta visão sobrenatural Jesus dava uma confirmação à confissão de Pedro: Tu és o Cristo, Filho de Deus Vivo. Aquele instante de glória sobre-humana era o penhor da glória da ressurreição. O Filho do Homem vivia na glória do Seu Pai. O próprio tema do colóquio com Messias.
A Transfiguração que faz parte do mistério da Salvação, é bastante merecedora de uma celebração litúrgica, que a igreja, tanto do Ocidente como do Oriente celebrou de vários modos e em diferentes datas, até o papa Calisto II a estender à igreja universal.
Quando Deus veio à terra, na pessoa de Jesus, adotou uma forma humana. Fisicamente, Jesus se parecia como qualquer outro homem. Ele teve fome, sede, cansaço, etc. Sua divindade foi vista apenas indiretamente, em suas ações e suas palavras. Mas, numa ocasião, a glória divina interior de Jesus resplandeceu e se tornou visível. A história é contada em Mateus 17:1-8:
Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. Então disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias. Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais! Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus.
O mandato novo é de obediência ao representante de Deus na terra. Quem me ouve, ouve o Pai. Mais: quem a vós ouve é a mim que ouve(Lc 10, 16). Não somos divinos nem únicos para determinar nossas circunstâncias. Por isso todo aquele que quiser ter uma vida própria e independente não pode ser discípulo de Jesus: a da obediência. A regra da vida plena não é fazer o que convém mas a obediência manifestada nas palavras da nuvem. A vontade divina manifestada na Palavra que desceu do céu, demonstra a vontade divina que é a norma das vidas que dEle depende.
Pai, que a transfiguração me leve a confessar Jesus como teu Filho amado, e a reconhecer que sou chamado a expressar o esplendor divino que trago dentro de mim.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 16/03/2014

REFLEXÕES DE HOJE

08 DE MARÇO-DOMINGO


HOMILIA DIÁRIA

O Filho de Deus Pai tem a direção para a nossa vida!

Como nós precisamos escutar Jesus, escutar a Sua Palavra, Seu Evangelho, escutar a direção que Ele tem para a nossa vida!

”E da nuvem uma voz dizia: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”’ (Mateus 17,5).

Neste segundo domingo da Quaresma nós somos convidados a subir com Jesus ao Monte Tabor, no monte da transfiguração. Vejam que maravilha, nós estamos a caminho de Jerusalém, e Jesus está a caminho da Sua Páscoa, da Sua morte, do Seu sofrimento, da Sua paixão. Mas Ele concede aos Seus discípulos, sobretudo a esses três mais próximos a Ele: Pedro, Tiago e João, a graça de verem e viverem, de forma antecipada, o Seu momento glorioso, a Sua glória através da transfiguração, quando,  ali, no alto do monte, o Seu rosto muda e as Suas vestes ficam resplandecentes. E, ao lado de Jesus, aparecem duas figuras mais significativas do Antigo Testamento: Moisés, que representa a Lei de Deus, os Mandamentos d’Ele e a Aliança de Deus com Seu povo; e, do outro lado, Elias, o maior dos profetas.
Se para os judeus a Palavra se resume à Lei e aos profetas, ali está Jesus, que é maior do que a Lei e do que os profetas. Os discípulos ficaram extasiados com aquela experiência, com aquilo que os olhos deles estavam contemplando e vendo, quando, de repente, veio uma voz do céu, a voz do Pai dizendo: ”‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”’ (Mateus 17,5).
Sabem, meus irmãos e minhas irmãs, para viver profundamente essa comunhão com Deus, nós precisamos pedir, hoje, primeiro, que a graça de Deus transfigure os nossos olhos e não permita que os nossos olhos fiquem parados contemplando os sofrimentos, as tristezas, as angústias e as dificuldades da vida; como se a nossa vida parasse nisso, como se qualquer sofrimento fosse o último da nossa vida. Não, o fim último da nossa vida, o sentido dela, é a vida plena que o Senhor nos trouxe!
Todo o sofrimento, toda a dificuldade, toda a situação de aperto por que possamos nesta vida são coisas passageiras, é tudo muito passageiro, tudo passa e o amor de Deus tudo transfigura! Do que precisamos é de paciência, de fé e de esperança que nos ajudem a contemplar, de forma antecipada, tudo aquilo que Deus prepara para nós de modo definitivo.
Não tenhamos medo, não percamos a confiança, olhemos para Jesus e contemplemos n’Ele, em meio aos nossos sofrimentos, a Sua face transfigurada, que nos dá a esperança e a convicção de que dias melhores sempre virão.
De outro lado também somos chamados a escutá-Lo. Como nós precisamos escutar Jesus, escutar a Sua Palavra, Seu Evangelho, escutar a direção que Ele tem para a nossa vida! Existem muitas vozes clamando dentro de nós, existem muitas vozes querendo nos desanimar e nos fazer esmorecer ou perder a direção, por isso escutemos a voz do Mestre, Ele é o Filho amado do Pai, é Ele que tem a direção para a nossa vida!
Que Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 16/03/2014

Oração Final
Pai Santo, faze brilhar em nós a alegria porque a morte foi vencida e a Vida junto a Ti é, desde agora, o nosso destino. Dá-nos sabedoria para comunicar aos companheiros de caminhada a nossa certeza, baseada nas promessas do Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 16/03/2014

ORAÇÃO FINal
Pai Santo, faze brilhar em nós a alegria, porque a morte foi vencida e a Vida junto a Ti é, desde agora, o nosso destino. Dá-nos sabedoria para comunicar aos companheiros de caminhada essa nossa certeza, baseada nas promessas do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.