ANO A
Mt 11,28-30
Comentário do Evangelho
Jesus é o sábio que atrai todos a si pois sua Lei é o amor.
Este breve trecho do evangelho está inspirado em Eclo 24,19-21. O sábio é aquele que atrai todos a si para instruí-los na Lei do Senhor. Na tradição bíblica, o “jugo”, entre vários significados, sobretudo nos profetas, se refere à Lei (Jr 2,20; 5,5). No capítulo 23 de Mateus, que, em grande parte, é uma crítica aos escribas e fariseus, Jesus diz que pela visão distorcida da Lei eles amarram fardos pesados sobre os ombros dos outros, fardo que, para si, eles não assumem (23,4). Nisso consiste também a hipocrisia deles. A Lei foi dada por Deus ao seu povo para preservar a vida e a liberdade (Dt 30,16). Ela é um caminho para não se cair na escravidão e para se libertar da mentalidade de escravo. Ora, há um modo de interpretar a lei e de exigir que seja posta em prática, representado pelos escribas e fariseus, que tira o ânimo de viver e que, portanto, contraria a finalidade do dom de Deus ao seu povo. Jesus é o sábio que atrai todos a si e cuja Lei é leve e alivia, porque é a Lei do amor; a Lei em que o amor e a misericórdia precedem tudo. O amor, dizemos, é a força da vida; está na origem da vida humana e faz viver. No amor não há “peso”, rancor ou temor.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, dá-me disposição para pôr em prática as exigências do Reino, assumidas como expressão de minha fé sincera em teu Filho Jesus. Que elas sejam para mim um jugo suave!
Fonte: Paulinas em 17/07/2014
Vivendo a Palavra
Jesus nos ensina o jeito de ser Igreja: devemos nos abrir e convidar os irmãos que estiverem cansados, para que venham a nós. E nós os acolheremos sem cobranças, sem julgamentos e sem culpas, com a alegria própria de quem recebeu a Graça do Pai e deseja partilhá-la com todos.
Fonte: Arquidiocese BH em 17/07/2014
Reflexão
Existem pessoas que acreditam que a verdade da religião encontra-se num rigorismo muito grande, principalmente no que diz respeito às exigências morais e rituais. Com isso, a religião acaba por ser um instrumento de opressão. Jesus nos mostra que não deve ser assim. Ele veio ao mundo para trazer a libertação do jugo do pecado e da morte e que a verdadeira religião é aquela que liberta as pessoas de todos os pesos que as oprimem na sua existência. O verdadeiro cristianismo é aquele que não está fundamentado na autoridade e na rigidez, mas na humildade e mansidão de coração, por que o seu fundador, Jesus Cristo, manso e humilde de coração, é o Mestre de todo o nosso agir.
Fonte: CNBB em 17/07/2014
Recadinho
Você procura se lembrar sempre de que quem segue a Jesus recebe muita recompensa já neste mundo? - A vida é dura, sabemos. Mas você procura se conscientizar sempre de que Jesus nos alertou e muito sobre isso? - Considera sempre a dureza da vida oferecida por amor como uma fonte de bênçãos? - Procura se lembrar sempre de que esta vida é apenas uma passagem para o Reino de Deus? - Pede sempre forças a Deus para prosseguir na caminhada?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 17/07/2014
Meditando o evangelho
O JUGO SUAVE
Jesus chamou a si todos os desprezados pelo sistema religioso de sua época. A marginalização decorria da severidade dos líderes que lhes impunham uma quantidade de exigências impossíveis de serem obedecidas. Por isso, acabavam sendo menosprezados.
O legalismo judaico era pesado também para Jesus. Ele, porém, não se submetia a este esquema desumanizante. Para os escribas e fariseus, esta atitude do Mestre revelava-se como rebeldia. Entretanto, decorria de sua fidelidade ao Pai celeste, cujas exigências, mais ricas em profundidade, eram também mais suaves e leves que as leis da religião judaica.
O jugo proposto por Jesus era ele próprio. Os pequeninos são convidados a aderir a ele e fazer-se discípulos dele, trilhando um caminho idêntico ao seu. Não se trata de substituir a Lei mosaica por uma nova Lei, talvez mais inspirada. E sim mostrar aos atribulados que eles são chamados a viver como Jesus, pautando suas vidas pelos mesmos valores. Especialmente inspirador foi Jesus ter-se submetido, diretamente, ao Pai. Ele é a sua Lei! Movido por misericórdia, o Pai jamais assume uma atitude opressiva. Pelo contrário, alegra-se com o menor sinal de progresso na vida do discípulo, em processo de conversão. Este será capaz de reconhecer a leveza do jugo e a suavidade do peso impostos por Jesus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, dá-me disposição para pôr em prática as exigências do Reino, assumidas como expressão de minha fé sincera em teu Filho Jesus. Que elas sejam para mim um jugo suave!
HOMILIA
JESUS NOS FAZ DESCANSAR
Estar cansado é viver numa situação de déficit de energia. Ficamos cansados quando nossa energia para viver está aquém do estoque necessário. Quando gastamos mais energia do que recebemos, ficamos cansados.
Nosso cansaço pode advir da cruz que temos por carregar. Discípulo é aquele que toma cada dia a sua cruz e segue a Jesus. A cruz de Cristo não tem alça, nem almofada. Às vezes, ela pesa muito. Temos que lutar para não fazer o que não queremos fazer, e isto cansa. Temos que lutar para não viver segundo nossos desejos e instintos, e isto cansa. Temos que lutar para nos mantermos fiéis a Deus, e isto cansa. Temos que lutar para nos importar com aqueles que debocham de nossa fé, e isto cansa. Temos que lutar para não desistir, e isto cansa. Temos que lutar para entender a vontade de Deus sobre as nossas vidas, e isto cansa. Temos que lutar para mudar algumas coisas que desagradam a Deus, como hábitos, vícios, manias, e isto cansam. Temos que lutar para não permitir que traumas, antigos ou novos, nos afastem da graça, e isto cansa. Temos que lutar para atender aos muitos desafios da fé, e isto cansa.
Nosso cansaço pode advir de nossas próprias condições de vida. Muitos de nós temos saúdes físicas ou emocionais frágeis, e isto drena nossas energias para o ralo. Muitos travamos longas lutas dentro de casa, com nossos filhos, pais ou cônjuges, e isto desvia as nossas forças para o ralo.
Nosso cansaço pode advir de nossa própria inserção no Reino de Deus, que é feito de homens e mulheres reais, de instituições reais, que nem sempre compreendem a própria natureza do Reino e o papel da igreja nele. Isto cansa. Então, precisamos ter em mente que não há discipulado sem cruz, que não pode ser estilizada; cruz estilizada não é cruz. Não podemos esquecer que o cansaço advém também da falta de compreensão da natureza humana, que, mesmo quando não deve ser aceita, precisa ser compreendida, para que não esperemos do ser humano, dentro e fora da igreja, o que ele não pode dar. Não podemos achar que os discípulos são protegidos de todo o mal; o céu é no céu, não é aqui.
Devemos ter em mente que há uma promessa na cruz, um peso de glória, que experimentamos quando oramos como Jesus orou: nossa vida está sob o cuidado de Deus. E o que Ele fizer será o melhor para nós, não importa o que as pessoas acham, não importa o que os nossos próprios corações sintam. A caminhada da cruz não termina no calvário. A história de Jesus não termina com Ele pendurado na cruz. Sabemos o resto da história. Aleluia. Devemos ter em mente que, mesmo que nossas energias estejam aquém de nossas necessidades, nossas vidas são renovadas. Para tanto, precisamos orar e regar as nossas orações com as ações inspiradas por Deus. O Evangelho não traz a notícia de que não nos cansaremos, mas nos garante descanso. Jesus nos faz descansar.
E como Ele o faz? Ouçamos a promessa outra vez: "Você está cansado? Esgotado? Desanimado na fé? Venha a mim. Venha comigo e eu restaurarei a sua vida. Eu lhe mostrarei como alcançar o verdadeiro descanso. Caminhe comigo e trabalhe comigo e veja como eu faço.
Aprenda o ritmo tranquilo da graça. Eu não porei nada pesado ou desajeitado sobre você. Fique na minha companhia e você aprenderá a viver de modo livre Aprendemos isto na Palavra de Deus. Muito de nosso cansaço advém de nossa falta de confiança; por falta de confiança, nós nos debatemos e esgarçamos nossos músculos; por falta de confiança, não conjugamos só verbo confiar, mas lutar, correr, gritar, fazer, que são verbos necessários, mas em segundo lugar; o primeiro deve ser confiar; confiar em Deus. Onde aprendemos isto? Muito de nosso cansaço advém de escolhas erradas. Precisamos aprender a decidir certo. Precisamos ter a dignidade de arcas com as conseqüências de nossas decisões, sejam elas positivas ou negativas. Preciso aprender a carregar a carga que podemos carregar, nem mais nem menos. Ah! Como é difícil tomar decisões equilibradas! Precisamos aprender. Onde aprendemos a tomar decisões equilibradas? Na Bíblia, onde está o Conselho de Deus. Muito de nosso cansaço advém de atitudes erradas diante das adversidades da vida.
Precisamos ter atitudes certas diante das realidades que nos cercam especialmente aquelas que não desejamos. Muitas vezes somos tomados de pensamentos mágicos. As coisas não caem do céu se nós não as buscarmos trabalhando, como se pudéssemos dormir e acordar com tudo resolvido; como se todos os problemas não tivessem solução ou que todos tivessem só porque o nosso pensamento é positivo; como se bastasse ler um trecho da Bíblia e tudo ficar resolvido.
Problemas concretos se resolvem com atitudes concretas, não com reclamações. Estas são formas de cansaço que cansam mais ainda quem já está cansado. Precisamos de atitudes certas diante das situações concretas da vida. Onde aprendemos a tomar atitudes certas? Na Bíblia, onde estão problemas e soluções que nos inspiramos em nossas decisões. É nela que aprendemos o ritmo da graça. É nela que aprendemos que Jesus não põe nada pesado ou desajeitado demais sobre as nossas vidas. A carga está pesada? Não foi Jesus quem a colocou. O que aprendemos com Ele é viver de modo livre e leve. Afinal, Ele é manso e humilde de coração.
Pai, dá-me disposição para pôr em prática as exigências do Reino, assumidas como expressão de minha fé sincera em teu Filho Jesus. Que elas sejam para mim um jugo suave!
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 17/07/2014
HOMILIA DIÁRIA
A religião de Jesus não é um peso, mas sim libertação
A religião de Jesus não é um peso, mas sim libertação! A religião de Jesus não é opressão, é vida nova, traz paz ao nosso coração!
“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” (Mateus 11, 28).
Jesus vê ao Seu redor discípulos cansados, multidões cansadas e fatigadas; carregavam pesos e fardos muito pesados, a própria lei se tornava um jugo, porque ela exigia demais, cobrava demais, oprimia demais o espírito, a alma. A pessoa era de Deus, mas não sentia alegria, paz e libertação por ser de d’Ele.
Sabem, meus irmãos, nós não podemos seguir uma religião que, para nós, representa peso. A religião de Jesus não é peso, mas sim libertação! A religião de Jesus não é opressão, é vida nova, traz paz ao nosso coração! É verdade que seguir Jesus causa uma revolução dentro de nós e tem suas exigências, mas traz para o nosso coração a libertação de que a nossa alma tanto necessita.
A vida nos cansa devido aos muitos compromissos que um dia assumimos em casa, em nossa família e até na Igreja e se tornam um fardo para a nossa vida; nossa cabeça está cheia de coisas, ficamos logo esgotados com o ritmo frenético da vida.
Deixe-me dizer a você: não é Deus que nos quer demasiadamente ocupados, não é Deus que nos chamou para estarmos cheios de coisas, compromissos ou responsabilidades. “Mas se eu não assumir, padre, quem vai assumir? Dentro da minha casa eu preciso fazer de tudo! Não faça de tudo sozinho(a). Faça tudo com Deus! Peça para a luz de Deus trazer a paz de que o seu coração precisa, para que aquilo que parece, muitas vezes, um peso insuportável se torne até um prazer e retorne a alegria. Quando fazemos as coisas com o coração e, sobretudo, com o coração de Deus em nós, até aquilo que parecia insuportável se torna para nós prazeroso.
Que hoje nos deixemos ser tomados por esse convite de Jesus e coloquemos n’Ele o nosso cansaço, a nossa fadiga e o nosso fardo. Que o nosso coração encontre no Coração de Jesus o descanso e o alento de que a nossa alma e o nosso espírito tanto precisam.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 13/07/2014
Oração Final
Pai Santo, ilumina-nos para que aprendamos a mansidão, a humildade de coração. Que sejamos fontes de descanso e paz para os irmãos fatigados, e de coragem e ânimo para carregar seus fardos. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 17/07/2014