ANO C
Mt 9,14-17
Comentário do
Evangelho
O sentido do jejum
O texto do evangelho é composto de duas partes: uma
controvérsia sobre o jejum (vv. 14-15), seguida de duas pequenas parábolas (vv.
16-17). A questão sobre a prática do jejum põe a pergunta
acerca de que jejum se está falando: do recomendado pela Lei em vista do perdão
dos pecados (Lv 16,29-31; 23,27-32) ou o das práticas de devoção, sobretudo dos
fariseus, que visavam impor como obrigação para todos? Parece-nos que se trata
mais da prática devocional, mas o texto não nos oferece nenhuma especificação a
respeito. A resposta de Jesus situa o jejum num outro patamar. No novo tempo
inaugurado pelo advento do Messias, a questão fundamental é o sentido do jejum.
A imagem da festa de casamento (v. 15) para simbolizar os tempos messiânicos é
atestada no Antigo Testamento (ver: Is 61,10; 62,5), ainda que a metáfora do
Messias como o esposa não se encontra na tradição vetero-testamentária. Seja
como for, a ideia é importante: as práticas penitenciais devocionais para
apressar a vinda do Messias são inadequadas, pois ele já se encontra presente.
É em relação à pessoa de Jesus que o jejum é ou não praticado. O jejum recebe
um sentido cristológico. As duas parábolas (vv. 16-17) são um convite a se
abrir para a novidade dos tempos messiânicos; é preciso uma verdadeira
conversão.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, dá-me suficiente bom senso para reconhecer o
que corresponde ao projeto de Jesus, sem querer misturá-lo com esquemas
incompatíveis com a novidade do Reino.
Vivendo a Palavra
O jejum ensinado pelo Mestre não é um rito para
consumo externo, que possa ser conferido pelas autoridades, mas uma atitude
interior de luta contra os nossos instintos maus, contra nosso egoísmo e nossas
paixões. Temos que nos tornar pessoas novas para viver o seguimento do Caminho
Novo de Jesus.
VIVENDO A PALAVRA
O jejum ensinado pelo Mestre não é um rito para
consumo externo, que possa ser conferido pelas autoridades. É uma atitude
interior de luta contra os nossos instintos maus, contra nosso egoísmo e nossas
paixões. Temos que nos tornar pessoas novas para viver seguindo o Caminho Novo
de Jesus.
Reflexão
Muitas vezes somos totalmente incapazes de
compreender o momento que estamos vivendo e a graça que Deus está nos
proporcionando. Assim aconteceu com os judeus no tempo de Jesus e acontece
hoje. Enquanto Jesus estava mostrando a presença do Reino e a atuação de Deus
na vida do povo, os judeus estavam mais preocupados com práticas religiosas
tradicionais como o jejum. É claro que a história e a tradição, assim como as
práticas religiosas em geral possuem seus valores, mas é importante que não nos
fixemos na tradição pela tradição ou na prática religiosa pela prática em si ou
por ser costume, mas é necessário que saibamos descobrir os valores do Reino
presentes, pois caso contrário podemos reduzir até mesmo a eucaristia a uma
prática religiosa como as demais, sendo apenas remendo novo em pano velho.
Reflexão
Os
discípulos de João Batista vão até Jesus para pôr na
balança dois comportamentos. Eles e os fariseus jejuam, ao passo que os
discípulos de Jesus não jejuam. Por que não? Aos ouvidos dos fariseus soavam
ainda as palavras de Oseias, retomadas por Jesus: “Vão e aprendam o que significa:
‘Quero misericórdia e não sacrifício’” (Os 6,6). Agora vão aprender uma lição
sobre a prática do jejum. Jejuar em vista de quê? Só para aumentar e exibir a
coleção de boas obras como trunfo para ganhar a aprovação de Deus e conquistar
o céu? Mas Deus aprova antes de tudo os que ouvem o “Noivo” da nova comunidade
(Jesus) e põem em prática suas palavras. É o esforço que fazem “os amigos do
noivo”. É o tempo da libertação para uma vida nova. Mas, na cabeça dos
fariseus, essa novidade transformadora não entra.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Tenho tido oportunidades de jejuar de vez em
quando? - Em que consiste meu jejum? - Que motivos me levam a jejuar? - Comente
a afirmação de que “a vida com Deus é uma festa contínua!” - Peço sempre a Deus
que renove meu espírito e meu coração?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
NÃO É HORA DE TRISTEZA
O tempo da existência terrena de Jesus foi entendido como antecipação da
alegria que seria experimentada quando o Reino de Deus se manifestasse em
plenitude. Quando não mais houvesse lugar para lágrima ou tristeza e tudo fosse
felicidade. Sendo assim, não tinha sentido seus discípulos se entregarem à
penitência e ao jejum, como faziam certos grupos, enquanto tinham consigo
Jesus. Não era hora de tristeza! Não fica bem alguém recusar-se a comer em
plena festa de casamento, quando o noivo ainda está presente.
Todavia, o jejum se justificaria quando os discípulos fossem privados da
presença física de Jesus. O jejum, então, teria um sentido diferente do
rigorismo ascético da piedade judaica. E deveria ser pensado a partir do
projeto de Reino proclamado por Jesus. A prática penitencial não visaria tanto
a busca da própria perfeição, num sentido individualista, nem seria uma forma
velada de masoquismo. O jejum teria duplo significado. Ele seria uma forma de
proclamar o absoluto de Deus e seu Reino na vida do discípulo, através da
vitória sobre os instintos e as paixões desordenadas. Por outro lado, indicaria
estar o discípulo em contínua preparação para o festim definitivo do Reino.
Ninguém se alimenta fartamente antes de ir a uma festa. Pelo contrário,
priva-se de alimentos na perspectiva do que encontrará. O jejum cristão prepara
o discípulo para a festa que o Pai lhe preparou.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da
FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Senhor Jesus, faz-me compreender a prática do jejum como preparação para
o encontro definitivo contigo no teu Reino.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quando
o Jejum não têm sentido.
(O
comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Aviso aos navegantes: este evangelho não é uma crítica a quem tem o
costume de jejuar, Jesus não é contra o jejum, ele mesmo jejuou no deserto por
40 dias quando se preparava para iniciar o seu ministério publicamente. O
problema aqui é outro, por que jejuar? Os discípulos de João e os Fariseus
jejuavam, mas os discípulos de Jesus não. O que isso significa?
Naquele tempo o jejum também era uma forma de suplicar a Deus para que
mandasse o prometido Messias, pois Jejum ( que significa estar privado de
alimentação que é essencial) queria significar exatamente isso, que sem o
Messias Enviado de Deus, o homem estava privado da Verdadeira Vida. Jejum era
dizer a Deus, que mais importante do que o alimento material que sustenta o
corpo, era o alimento da Salvação, que alimentava a alma.
Pronto! Agora ficou fácil entender a censura que Jesus faz nesse evangelho.
Exatamente porque os seus discípulos já estavam saboreando a bênção e a graça
do seu messianismo, enquanto que os discípulos de João e os Fariseus, mais
preocupados em seguir a Lei e a tradição, ainda estavam à espera do tal
Messias, sem se dar conta de que ele já estava no meio deles.
Tudo o que os outros suplicavam e esperavam, para que suas vidas fossem
mudadas, os discípulos de Jesus já estavam experimentando essa mudança
interior. O Jejum de hoje tem quase esse mesmo sentido, nosso único e verdadeiro
alimento é Deus, pois dele em Jesus Cristo nos vêm a Vida Nova, é, portanto,
apenas Dele que temos necessidade.
Jejuar na quaresma, nos dois dias determinados pela Igreja: Quarta Feira
de Cinzas e Sexta Feira Santa, é reafirmamos a nossa Fé e esperança em Cristo
Jesus, pois a sua morte na cruz tornou possível essa Vida Nova em nós,
cuja necessidade supera até a nossa fome material. Claro que o jejum vem
acompanhado pela oração e práticas de caridade, sem isso, ele nãop têm sentido
nenhum e de nada nos valerá.
2. Aproximaram-se
de Jesus
Os discípulos de João Batista jejuavam, os discípulos dos fariseus
também. Os de Jesus, não. Por quê? Essa pergunta foi feita a Jesus pelos
discípulos de São João Batista. A resposta de Jesus aos discípulos de João
aponta para uma comunidade livre de espaços e observâncias. Jesus disse à
samaritana, no Evangelho de João, que o Pai quer adoradores em espírito e
verdade, não presos a normas e lugares, seja de Jerusalém, seja da Samaria. Os
discípulos de Jesus jejuarão quando tiverem que jejuar. Impulsionados e
iluminados pelo Espírito de Sabedoria, saberão o que fazer em cada tempo e
lugar. Farão o que o discernimento da vontade de Deus lhes disser. Sempre houve
pessoas que se juntaram em torno de religiosos de destaque. Entre nós se fala
atualmente em Comunidades de Aliança. Tais grupos costumam ter práticas que os
caracterizam, de pequenos gestos rituais a grandes obras sociais de
solidariedade humana. João formou com seus discípulos uma Comunidade de
Aliança, que existiu até o início dos tempos apostólicos. Jesus também tinha em
torno de si uma comunidade. É a esta comunidade que damos o nome de Igreja.
HOMILIA DIÁRIA
Uma nova mentalidade e um novo coração
Se nós queremos escolher a novidade do Reino que chega até nós, precisamos
ter uma nova mentalidade e um novo coração.
“Dias virão em que o noivo será
tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão” (Mt 9,15).
Os fariseus questionam por que eles jejuam duas
vezes por semana, mas os discípulos de Jesus não estão jejuando.
O Senhor, então, lhes disse: “Por acaso, os amigos
do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles?”. Por isso a
Igreja jejua toda sexta-feira, em memória daquele dia em que o noivo Jesus foi
tirado da Sua Igreja.
Não basta ter essa atitude de querer jejuar, não
basta a atitude de querer fazer muitos sacrifícios, rezar muitos terços, muitas
orações… Tudo isso é justo, louvável, pois precisamos fazer obras de penitência
para nossa conversão e mudança de vida; no entanto, as obras de penitência
precisam estar ligadas a uma conversão do nosso coração, a uma profunda
misericórdia. Nós precisamos, acima de tudo, ter uma atitude nova, um coração
novo, uma nova visão diante das pessoas e dos fatos. Sabemos que um coração
está sendo purificado por Deus quando ele para de julgar os outros, condená-los
ou ainda se sentir melhor que eles.
Quando um coração se aproxima de Deus para ser
renovado, ele reconhece primeiro, e com muita insistência, os seus próprios
pecados para com os pecadores, para com aqueles que tem este ou aquele defeito,
um olhar e uma atitude de misericórdia.
Nós precisamos aprender com o nosso Mestre Jesus.
Se nós queremos escolher a novidade do Reino que chega até nós, precisamos ter
uma nova mentalidade e um novo coração.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo – Comunidade Canção Nova
Oração Final
Pai Santo, dá-nos força para vencer o nosso inimigo
interno – o pecado – e nos dá, também, humildade e discrição para não cairmos
na tentação de reivindicar que o nosso próximo reconheça os méritos de nossa
luta. Nós Te pedimos, Pai amoroso, pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão,
que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos força para vencer o nosso
inimigo interno – o pecado – e nos dá, também, humildade e discrição para não
cairmos na tentação de reivindicar que o nosso próximo reconheça méritos em
nossa luta. Nós Te pedimos, amado Pai, pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso
Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.