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domingo, 26 de março de 2023
HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 26/03/2023
ANO A
5º DOMINGO DA QUARESMA
Ano A - Roxo
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá.” Jo 11,25
Jo 11,1-45
Opcional
Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45 (Forma breve)
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Irmãos e irmãs, neste quinto domingo da
quaresma a liturgia coloca-nos diante do Cristo, senhor da vida, que cumula de bênçãos os
que ama. A ressurreição de Lázaro prefigura
a glória do Senhor e, ao mesmo tempo, sinaliza o objetivo de nossa caminhada quaresmal.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O Senhor, Vencedor
da morte, nos reuniu neste dia a
Ele dedicado para darmos graças ao Pai por seu amor e por ter
manifestado seu poder ressuscitando seu Filho Jesus e nos oferecendo a mesma graça de sermos
pelo Batismo, com Ele, ressuscitados. Hoje, próximos do início da
Semana Santa, a nossa participação nesta Eucaristia nos fará experimentar antecipadamente dos
bens que aguardamos receber na
festa da Páscoa que se aproxima.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Irmãos e irmãs, neste quinto domingo da quaresma a liturgia coloca-nos diante do Cristo, senhor da vida, que cumula de bênçãos os que ama. A ressurreição de Lázaro prefigura a glória do Senhor e, ao mesmo tempo, sinaliza o objetivo de nossa caminhada quaresmal: deixarmo-nos reviver pelo Cristo, de modo a abandonar estruturas que matam e destroem.
http://diocesedeapucarana.com.br/portal/userfiles/pulsandinho/29-de-marco-de-2020---5-quaresma-(1).pdf (29/03/2020)
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: O Senhor, Vencedor da morte, nos reuniu neste dia a Ele dedicado para darmos graças ao Pai por seu amor e por ter manifestado seu poder ressuscitando seu Filho Jesus e nos oferecendo a mesma graça de sermos pelo Batismo, com Ele, ressuscitados. Hoje, próximos do inicio da Semana Santa, a nossa participação nesta Eucaristia nos fará experimentar antecipadamente dos bens que nós aguardamos receber na festa da Páscoa que se aproxima.
http://www.arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano_44-a_-_16_-_5o_domingo_de_quaresma_-_a.pdf (29/03/2020)
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Partindo da experiência da precariedade da própria vida, o homem religioso da Bíblia descobre o Deus vivo como fonte, plenitude e defesa de toda a vida, especialmente da dos seus. A benção "crescei e multiplicai-vos" concerne precisamente à transmissão da vida: aquela que outra página apresenta como comunicação do próprio "sopro" vital de Deus. A narrativa da árvore da vida evoca a exigência indestrutível de uma vida que se prolonga além dos limites da experiência, de um bem destinado a durar para sempre. Assim a linguagem simbólica e poética atinge as profundezas do homem.
DEUS É VIDA E DÁ VIDA
O Evangelho deste Quinto Domingo
da Quaresma é o da Ressurreição
de Lázaro (cf. Jo 11,1-45). Lázaro era
irmão de Marta e de Maria; eram
muito amigos de Jesus. Quando Ele
chegou a Betânia, Lázaro já estava
morto há quatro dias; Marta correu
ao encontro do Mestre e disse-lhe:
“Se Tu estivesses aqui, meu irmão
não teria morrido!” (v. 21). Jesus
respondeu-lhe: “Teu irmão há de
ressuscitar” (v. 23); e acrescenta:
“Eu sou a Ressurreição e a Vida;
aquele que crê em Mim, ainda que
esteja morto, viverá” (v. 25). Jesus
mostra-se como o Senhor da vida,
Aquele que é capaz de dar vida até
mesmo aos mortos. Depois chega Maria e outras pessoas, todas
em lágrimas, e então Jesus - diz o
Evangelho - “comoveu-Se profundamente [...] e chorou” (vv. 33-35).
Com esta perturbação no coração,
foi ao túmulo, agradece ao Pai que
sempre o escuta, manda abrir o túmulo bradou em voz alta: “Lázaro,
sai para fora” (v. 43). E Lázaro saiu
tendo “os pés e as mãos ligados
com faixas e o rosto envolto num
sudário” (v. 44).
Aqui constatamos diretamente que
Deus é vida e dá vida, mas Ele assume o drama da morte. Jesus poderia ter evitado a morte do seu
amigo Lázaro, mas ele quis fazer
sua a nossa dor pela morte de entes
queridos, e acima de tudo ele quis
mostrar o domínio de Deus sobre a
morte. Neste trecho do Evangelho,
vemos que a fé do homem e a omnipotência de Deus, do amor de Deus
procuram-se e, por fim, encontram-
-se. É como um caminho duplo: a fé
do homem e a onipotência do amor
de Deus que se procuram, no final
encontram-se. Vemo-lo no grito de
Marta e de Maria e de todos nós
com elas: “Se Tu estivesses aqui!...”.
E a resposta de Deus não é um discurso, não, a resposta de Deus ao
problema da morte é Jesus: “Eu sou
a Ressurreição e a Vida... Tende fé!
No meio do choro continuai a ter fé,
mesmo que a morte pareça ter vencido. Tirai a pedra do vosso coração!
Que a Palavra de Deus restitua a
vida onde há a morte”.
Ainda hoje Jesus nos repete: “Tirai
a pedra”. Deus não nos criou para
o túmulo, Ele criou-nos para a vida,
bela, boa, alegre. Mas “a morte entrou no mundo por inveja do diabo”
(Sb 2,24), diz o Livro da Sabedoria,
e Jesus Cristo veio para nos libertar
dos seus laços.
Por isso, somos chamados a remover as pedras de tudo o que cheira
a morte: por exemplo, a hipocrisia
com que se vive a fé é morte; a crítica destrutiva dos outros é morte; a
ofensa, a calúnia, é morte; a marginalização dos pobres é morte. O Senhor pede-nos para remover estas
pedras do coração, e a vida então
florescerá novamente ao nosso redor. Cristo vive, e aquele que o acolhe e adere a ele entra em contato
com a vida. Sem Cristo, ou fora de
Cristo, não só a vida não está presente, mas cai-se de novo na morte.
A ressurreição de Lázaro é também
um sinal da regeneração que se dá
no crente através do Batismo, com
plena inserção no Mistério Pascal
de Cristo. Pela ação e poder do Espírito Santo, o cristão é uma pessoa
que caminha na vida como uma
nova criatura: uma criatura para a
vida e que vai em direção à vida.
Que a Virgem Maria nos ajude a ser
tão compassivos quanto o seu Filho
Jesus, que fez sua a nossa dor. Que
cada um de nós esteja próximo daqueles que estão na prova, tornando-se para eles um reflexo do amor
e ternura de Deus, que liberta da
morte e faz vencer a vida.
Papa Francisco
Angelus, 2020
ESTAMOS NA QUARESMA...
O tempo da Quaresma vai da quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo para preparar a celebração da Páscoa. “Tanto na Liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança e pela preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC, n. 109).
Anotações:
1. Durante este tempo, é proibido ornar o altar com flores; o toque de instrumentos musicais só é permitido para sustentar o canto. Excetuam-se o Domingo Laetare (4º Domingo da Quaresma), bem como as solenidades e festas.
2. A cor do Tempo é roxa. No Domingo Laetare, pode-se usar o róseo (IGMR, n.308f).
3. Em todas as missas e ofícios (onde se encontrar), omite-se o Aleluia.
4. Nas solenidades e festas somente, como ainda em celebrações especiais, diz-se o Te Deum e o Glória.
5. As memórias obrigatórias que ocorrem neste tempo podem ser celebradas como memórias facultativas (cf. Anotações Gerais 2.4). Não são permitidas missas votivas.
6. Na celebração do matrimônio, seja dentro ou fora da missa, deve-se sempre dar a benção nupcial; mas admoestem-se os esposos que se abstenham de demasiada pompa.
EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA
Chegamos ao quinto domingo do tempo quaresmal percorrendo o itinerário catecumenal. Nele, a samaritana reconheceu Jesus a água viva que jorra para a vida eterna; o cego curado da cegueira após ser ungido com barro e banhado na piscina de Siloé professou a fé em Jesus como único Senhor de sua vida. Agora é a vez de Lázaro, aquele que Jesus chamou para fora do túmulo.
Uma família da aldeia de Betânia está profundamente abalada com a grave enfermidade que atingiu um irmão querido: é Lázaro, o amigo de Jesus. No entanto, quando Jesus chega na aldeia seu amigo já está morto. Marta dialoga com Jesus e faz uma profunda profissão de fé: “Eu acredito que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo”. Diante do túmulo tudo parece ter acabado: gente chorando e desesperada e uma grande pedra fechava o túmulo. Nesse cenário Jesus também chora, mas não deixa o amigo ser arrebatado pela morte. Pede que tirem a pedra. Marta reage dizendo que há um mau cheiro pois está morto há quatro dias. Mas Jesus já havia dito: “Eu sou a ressurreição. Quem acredita em mim viverá para sempre”. A pedra é tirada e Jesus grita com voz forte: “Lázaro, vem para fora”. Então, o que estava morto sai com pés e mãos envolvidos em faixas e o rosto coberto por um sudário. Por fim, a comunidade é convidada a arrancar as amarras e venda de Lázaro para que ele possa andar.
Diante dos desafios da vida este texto nos questiona: “ficar olhando melancolicamente para os sepulcros de ontem e de hoje, ou deixar que Jesus se aproxime dos nossos sepulcros. Sim, porque cada um de nós já tem um pequeno sepulcro, alguma parte um pouco morta dentro do coração: uma ferida, uma injustiça suportada ou cometida, um rancor que não dá trégua, um remorso que vai e volta, um pecado que não consegue suportar” (Papa Francisco). Não fiquemos lambendo nossas feridas, mas tiremos a pedra que impede a entrada de Jesus. É este o tempo favorável, oportunidade que temos de remover nossos pecados.
A Aldeia de Betânia se transformou com a presença de Jesus. A comunidade foi envolvida e ajudou um irmão a sair do túmulo retirando a pedra, desamarrando pés e mãos e libertando do sudário que o impedia de ver. A comunidade participou da ressurreição de um amigo muito amado. Não tem mais a pedra que isolava o irmão e nem mais o mau cheiro que incomodava a comunidade. A nossa Arquidiocese em São Paulo, em processo sinodal, quer respirar novos ares e para isso tem mobilizado muita gente ao retirar pedras e propor caminhos novos de “comunhão, conversão e renovação missionária”. Libertos de tantas amarras e vendas que limitam a vida e sabendo que Jesus nos chama da escuridão do sepulcro para a claridade da vida plena, gastemos a vida servindo aos irmãos, pois é preciso “ver, sentir compaixão e cuidar”.
Dom Jose Benedito Cardoso
Bispo auxiliar de São Paulo
Comentário do Evangelho
Catequese sobre a ressurreição.
Estamos praticamente às portas da Semana Santa; no próximo domingo, o domingo de Ramos e da paixão do Senhor, entraremos na Semana Santa. O Evangelho desse quinto domingo da Quaresma é uma catequese sobre a ressurreição. Situado no livro dos sinais, nosso relato é o sétimo e último sinal que Jesus realiza. Não nos esqueçamos de que a finalidade dos sinais é conduzir os discípulos, o leitor do evangelho, nós todos à fé em Jesus Cristo. Dizer que se trata do sétimo sinal significa que ele é o maior de todos os sinais, a plenitude dos sinais. Com esse relato, o autor do evangelho prepara o leitor para entrar com esperança nos relatos da paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Estar longe de Jerusalém, lugar da habitação de Deus, era como estar morto, como perder o sopro de Deus. Por essa razão, Ezequiel utiliza a metáfora da abertura das sepulturas. A distância de Deus fazia o povo experimentar a falta da vida. Por isso, o texto termina com a promessa do sopro de Deus que faz viver.
O sopro de Deus faz viver para além da morte. No centro do texto do evangelho de hoje está a afirmação de Jesus a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida […]”. É pela fé que se participa dessa vida nova, transfigurada. A pergunta que provoca e desafia a fé de Marta e a nossa fé é a seguinte: “Crês nisto?” Marta responde afirmativamente, pois ela é no relato símbolo do discípulo perfeito que põe a sua confiança no Senhor. Diante da morte há duas atitudes possíveis, representadas por Marta e sua irmã Maria: ficar prisioneiro do círculo da morte e do luto (Maria) ou romper com esse círculo pela adesão ao Senhor da vida. Quando Marta ouviu dizer que Jesus estava próximo, saiu correndo ao seu encontro; Maria, no entanto, permaneceu em casa, sentada, mergulhada no luto e na tristeza. A presença do Senhor faz surgir a esperança. Marta que crê na ressurreição de Cristo, na vida que ele dá, será para sua irmã Maria mensageira de um chamado do Senhor que a faz sair do mundo da morte para estar diante daquele que é o Senhor da vida. Para a nossa reflexão, a pergunta que se nos impõe a partir do relato é a seguinte: com qual das duas irmãs você, neste momento, se identifica? Você é portador de que mensagem? Você se identifica com Marta, que rompe o círculo da morte e deposita sua confiança no Senhor, que dele recebe a luz, a vida verdadeira, ou você se identifica com Maria, prisioneira do luto, da morte e da falta de fé?
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, dá-me a graça de compreender a ressurreição de Jesus como vitória da vida e como sinal de que a morte não tem a última palavra sobre o destino daqueles que crêem.
Vivendo a Palavra
Não escondamos o nosso espanto e nosso encantamento diante do Mistério de Jesus Cristo, o Verbo Encarnado: tão humano, que chora a perda do amigo; tão divino que o ressuscita. O caminho da fé não passa pelo entendimento, mas pelo coração – e um coração que deve estar sempre agradecido.
VIVENDO A PALAVRA
É fácil compreender o receio de Marta: “Senhor, já está cheirando mal…” A ressurreição de Lázaro divide a história de Jesus. Um homem morto há quatro dias volta à convivência dos seus parentes. Jesus, que nos sinais realizados até aqui se mostrara Senhor da Vida, agora revelava seu poder sobre a Morte. No domingo de Páscoa, ao final da quaresma, esse Poder será confirmado pelo Pai.
Reflexão
I. INTRODUÇÃO GERAL
Deus se revela por meio da palavra profética. Na primeira leitura, Ezequiel anuncia vida nova para os que se encontram sem esperança, no túmulo do exílio da Babilônia. Deus ama prioritariamente o povo em situação de sofrimento. Está junto aos exilados e promete-lhes a volta à terra de Israel, devolvendo-lhes a liberdade. O dom do Espírito de Deus revigora o coração do povo e lhe suscita vida (I leitura). A revelação plena de Deus se dá na pessoa de seu Filho, Jesus. Ele é o caminho da vida por excelência. Pelo relato da ressurreição de Lázaro, a comunidade cristã afirma que Jesus é a ressurreição. Quem vive e crê nele jamais morrerá (evangelho). Deus se revela também por meio do testemunho dos seguidores de Jesus, como o de Paulo. Escrevendo aos romanos, orienta-os para uma vida nova proveniente da fé em Jesus Cristo. É a vida no Espírito. Ele habita em cada pessoa e suscita vida aos corpos mortais (II leitura). Os três textos enfatizam a vitória da vida sobre a morte como dom de Deus. O seu Espírito nos faz novas criaturas: transforma, reanima, fortalece, ressuscita…
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Ez 37,12-14): Porei o meu Espírito em vós
Na tradição judaico-cristã, profecia é tempo de graça: tempo que se faz pleno porque Deus se comunica e interpela seu povo, recordando a sua aliança e demonstrando o seu amor. Ezequiel profetizou junto aos exilados na Babilônia ao redor do ano 580 a.C. O povo encontra-se mergulhado em profunda crise. Está longe da terra que Deus lhes concedeu conforme a promessa feita a Abraão. Sente-se abandonado por Deus e sem esperanças de futuro. A situação realmente parece desesperadora. Nesse pequeno texto, aparece três vezes a palavra “túmulos”. Deus, porém, não se conforma com a morte de ninguém. Por isso, suscita o profeta Ezequiel para anunciar novo tempo: vai infundir nos exilados o seu Espírito, que lhes dará força e coragem para se reerguerem das cinzas.
Em nome de Deus, Ezequiel anuncia um novo êxodo. No primeiro êxodo, Deus libertou o seu povo da escravidão do Egito e lhe deu a terra prometida. Deus também vai livrá-los do domínio da Babilônia e serão reintroduzidos na terra de Israel. O jugo estrangeiro será quebrado, e o povo disperso (parecendo ossos secos espalhados num vale) poderá voltar a se reunir em sua própria terra, onde habitará com segurança. Isso acontecerá pela intervenção gratuita de Deus. Ele desperta para a vida os que se encontram em situação de morte. Faz sair os esqueletos dos seus túmulos. Reanima os “cadáveres ambulantes”. O seu Espírito penetra nos corpos sem vida. O povo disperso e abandonado toma consciência de que é amado por Deus e, por isso, descobre-se como capaz de mobilizar-se para a reconquista da terra de liberdade.
2. Evangelho (Jo 11,1-45): Jesus é a ressurreição e a vida
A narrativa da ressurreição de Lázaro corresponde ao último dos sete sinais de libertação realizados por Jesus no Evangelho de João. Os relatos dos sete sinais procuram levar os cristãos a refletir sobre o sentido profundo dos fatos da vida humana: a falta de vinho numa festa de casamento (2,1-12), a doença do filho de um funcionário real (4,46-54), o paralítico à beira da piscina de Betesda (5,1-18), a fome do povo (6,1-15), o barco dos discípulos ameaçado pelas águas do mar (6,16-21), o cego de nascença (9,1-41) e, finalmente, a morte de Lázaro. Todos eles visam apresentar Jesus como o Messias que veio para resgatar a vida plena para os seres humanos. Em cada sinal, percebe-se um propósito pedagógico: a representação de um caminho novo apontado por Jesus para derrubar todas as barreiras que impedem a pessoa de realizar-se plenamente.
Jesus é o “Bom Pastor” que dá a vida por suas ovelhas (cf. 10,11). Ele é o verdadeiro caminho para a vida com dignidade e liberdade, vencendo as causas de todos os males. Vence a própria morte: é a vida definitiva. Somente os que creem em Jesus, com convicção, compreendem e acolhem essa verdade. Portanto, a finalidade principal dos sinais é levar os discípulos à fé autêntica. Ao informar que Lázaro havia morrido e, por isso, iria ao seu encontro, Jesus diz aos discípulos: “É para que vocês creiam” (11,15). Também lemos no final do evangelho: “Jesus fez ainda muitos outros sinais, que não se acham escritos neste livro. Esses, porém, foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome” (20,30-31).
As personagens que aparecem no relato – Marta, Maria e os judeus – refletem diferentes concepções a respeito de Jesus. Primeiramente, podemos observar o comportamento de Marta. Sabendo que Jesus chegara a Betânia, “saiu ao seu encontro” e a ele se dirigiu, chamando-o pelos títulos cristológicos de “Senhor” e “Filho de Deus”. Diante da promessa da ressurreição, declara-lhe convictamente sua fé: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo”. E vai anunciar à sua irmã Maria, que, por sua vez, imediatamente segue ao encontro de Jesus, mas não consegue declarar a fé nele como fez Marta. Está ainda angustiada e paralisada diante da realidade da morte. Já os judeus apenas seguem Maria, sem ter consciência de ir ao encontro de Jesus nem muito menos fazer-lhe alguma confissão de fé.
São três modos de comportar-se diante de Jesus. O comportamento de Marta é o retrato das pessoas que têm fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, Salvador da humanidade. Para os que acreditam nele, a ressurreição é uma realidade não apenas para o futuro, mas para o presente. Toda atitude em favor da vida é sinal de ressurreição e gesto de glorificação a Deus, criador e libertador.
Os autores do evangelho fazem questão de mostrar o rosto humano de Jesus. Ele participa da dor das pessoas que sofrem, comove-se e chora. Sua comoção, porém, pode ser traduzida como impaciência com a falta de fé tanto de Maria como dos judeus. E, para além das lamentações, Jesus reza ao Pai para que, diante desse sinal definitivo da ressurreição, “eles acreditem” nele como enviado de Deus.
Lázaro (cujo nome significa “Deus ajuda”) está enterrado há quatro dias. O “quarto dia” refere-se ao tempo depois da morte de Jesus; é o tempo das comunidades que creem em Jesus morto e ressuscitado. Portanto, é o tempo da graça por excelência, que deve ser vivido de forma totalmente nova. Lázaro e as comunidades cristãs são chamados a sair dos túmulos do medo, da acomodação, do egoísmo e da tristeza; são chamados a “desatar-se” das amarras dos sistemas que oprimem e matam. As pessoas de fé autêntica, seguidoras de Jesus, são verdadeiramente livres. O “quarto dia” é o tempo da ressurreição, dom de Deus.
3. II leitura (Rm 8,8-11): Vida nova no Espírito Santo
Viver no Espírito de Cristo é o que propõe são Paulo aos romanos. Somente no capítulo 8, aparece mais de 20 vezes a palavra “espírito”. A vida no Espírito Santo contrapõe-se à vida segundo a carne, ou seja, aos instintos egoístas. Toda pessoa carrega dentro de si essas duas tendências, que lutam entre si permanentemente. Aquelas que foram regeneradas em Jesus Cristo estão mergulhadas em seu Espírito. Por isso, possuem a luz e a força do próprio Jesus, que realizou a vontade de Deus e redimiu a humanidade. Ele nos justificou pela graça e nos tornou novas criaturas, participantes de sua natureza divina.
Estar com o Espírito de Cristo, porém, não significa anulação da tendência para o pecado. A tensão à santidade deve ser permanente. É uma questão de opção fundamental pelo mesmo modo de pensar e de agir de Jesus. Ele mesmo advertiu que “ninguém pode servir a dois senhores”. Paulo lembra que os cristãos não podem viver segundo a carne e segundo o Espírito ao mesmo tempo. Não se pode viver na liberdade e na escravidão ao mesmo tempo.
Na carta aos Gálatas, Paulo escreve: “Foi para sermos livres que Cristo nos libertou” (5,1). Ele nos libertou da escravidão do pecado por pura graça. Portanto, somente na graça de Jesus Cristo vivemos a autêntica liberdade. Somente no Espírito de Jesus nos libertamos da escravidão das obras dos instintos egoístas. E, para não haver dúvidas sobre os dois caminhos que se opõem entre si, Paulo fala a respeito das obras que caracterizam cada um deles. “As obras da carne são manifestas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas… Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio” (Gl 5,19-23).
Uma vez que aderimos, pela fé, a Jesus Cristo, a ele pertencemos e seu Espírito habita em nós. Esse Espírito é o agente das obras que agradam a Deus. Podemos, então, contar com a plenitude de sua graça. Assim, morremos para as obras do egoísmo e permanecemos na vida. Pois o mesmo “Espírito daquele que ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos dá a vida aos nossos corpos mortais”. Temos a graça de viver desde agora a vida eterna, pois em Cristo fomos divinizados.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
– O Espírito de Deus move a história. Como foi revelado ao profeta Ezequiel, não há situação que não interesse a Deus. Ele intervém na história humana para transformá-la em história da salvação. Concede seu Espírito para libertar o ser humano de toda espécie de escravidão e conduzi-lo à liberdade. O Espírito de Deus nos faz sair dos “túmulos” da desesperança, do medo, da acomodação… Deus não se conforma com o abandono e a morte de ninguém. Ele é o Deus da vida em plenitude. As crises e dificuldades de nosso tempo são desafios que podem ser enfrentados como fez o povo exilado na Babilônia: na confiança em Deus e na esperança ativa.
– Jesus é a fonte da verdadeira vida. Como “Bom Pastor”, ele se interessa pelas necessidades de todos nós. Oferece sua amizade e sua companhia permanente. Conta conosco para continuar sua obra. Os sinais que ele realizou são indicativos para a missão das comunidades cristãs. A ressurreição de Lázaro aponta para o novo modo de ser Igreja, organizada de forma participativa e corresponsável. Uma Igreja composta de pessoas redimidas pela graça, ressuscitadas em Cristo. Cada um de nós é chamado a declarar sua fé de modo prático, na certeza de que o bem pode vencer o mal e de que a morte não tem a última palavra. Nesse sentido, é importante que prestemos atenção nos apelos da Campanha da Fraternidade deste ano.
– O Espírito de Cristo mora em nós. Cabe a cada pessoa viver de tal modo que esteja permanentemente na comunhão com Jesus Cristo. Se nos deixarmos conduzir pelo Espírito de Jesus que habita em nós, realizamos as obras que agradam a Deus. Morremos para o egoísmo e ressuscitamos no amor. Nosso corpo mortal recebe a graça da imortalidade. Se, porventura, quebramos essa unidade, Deus nos concede a graça da reconciliação. Eis a Quaresma, tempo de conversão, tempo de salvação.
Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
Reflexão
AS LÁGRIMAS DE CRISTO
Cristo não vem a nós feito filósofo, a proclamar que a vida é a doença e a morte é o remédio. Nunca prestigiou a morte e jamais desprestigiou a vida. Pelo contrário, entrou no mundo para ajudar a vida a derrotar a morte: a ressurreição de Lázaro é prova disso. E suas lágrimas querem ser protesto contra o poder abusivo da morte e hino de amor à preciosidade e beleza da vida.
Aquelas lágrimas derramadas pela morte de um amigo revelam-nos o lado humano de Cristo, sua qualidade humana, sua dimensão humana. E sua solidariedade com todo ser humano que chora a morte de seus entes queridos.
Elas revelam também a inconformidade de Cristo com os insultos que a morte continuamente desfere contra a vida, bem como a determinação dele em declarar guerra à morte e em pôr-se a serviço da vida.
Hoje as lágrimas de Cristo têm para nós sabor de provocação. Provocam-nos a sair a descoberto contra a morte e em defesa da vida; a abandonar o caminho da violência que favorece a morte, a intentar caminhos de paz por onde a vida possa transitar sem sofrer atentados; a recusar o ódio e o egoísmo, aliados da morte, e a abraçar o amor, aliado da vida.
Se olharmos em redor com atenção, perceberemos que a morte tem seu trabalho muito mais facilitado do que a vida. Os salários insuficientes para comprar alimentos e remédios, a falta de moradias, de saúde e segurança, o tráfico criminoso de drogas e de humanos, a prática inconsciente do aborto são outros tantos faróis vermelhos a segurar a marcha da vida.
Enquanto isso, tantos Lázaros debaixo da pedra sepulcral, mas ainda com vida, ficam aguardando a hora da libertação.
Pe. Virgílio, ssp
Fonte: Paulus em 06/04/2014
Reflexão
JESUS, FONTE DA VIDA
A celebração litúrgica deste domingo ressalta o tema da ressurreição e identifica na pessoa de Jesus a fonte da vida, capaz de vivificar até os mortos.
A ressurreição de Lázaro, operada por Cristo, é sinal da vida a nós concedida pela força do Espírito Santo (“Em vós porei meu espírito e vivereis”, Ez 37,14) recebido no batismo, como antecipação e garantia da nossa ressurreição final com Jesus.
De todas as ressurreições realizadas por Jesus, a de Lázaro ganha importância maior, seja por ser o ressuscitado um morto de quatro dias, já sepultado, seja porque é acompanhada de fatos e diálogos que a transformam em “sinal” particular do poder messiânico do Salvador.
Esse sinal já se vislumbra na resposta de Jesus a quem lhe comunica a doença de Lázaro (“Esta enfermidade não é para a morte, mas para a glória de Deus”, Jo 11,14) – atitude que dificilmente seríamos capazes de testemunhar ao ver nossos entes queridos enfermos –, em sua demora em ir a Betânia e, enfim, na surpreendente declaração: “Lázaro está morto…”.
Os fatos acima se mostram destinados a glorificar Jesus como ressurreição e vida para toda a humanidade e, ao mesmo tempo, a aperfeiçoar a fé dos que acreditavam nele e suscitá-la em quem ainda nele não acreditava.
Sobre esses dois pontos insiste Jesus em seu diálogo com Marta. Ela crê. Está convicta de que, se o Mestre estivesse ali, junto deles, seu irmão não teria morrido. Mas Jesus quer dar vida eterna aos que nele creem, por isso declara: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”.
Essas palavras de Jesus ainda hoje nos são válidas. O tempo pode ter passado, nossa fé pode sofrer abalos, o medo pode rondar nossa existência, mas tais palavras estão aí, vivas, convidando-nos a sair em busca de nossa liberdade. De fato, Deus Pai não nos quer como “ossos ressequidos”, abandonados nos túmulos do medo e da falta de fé; ao contrário, pela força de sua Palavra proclamada neste domingo, promete-nos, em Jesus, a vida, alicerçada na graça e livre de toda espécie de escravidão.
Com sua atitude diante da morte do amigo, Jesus mostra que ama toda a humanidade e se solidariza com ela na pessoa dos Lázaros, Martas e Marias de todos os tempos. E nós, como anda nossa capacidade de solidarizar-nos com os Lázaros, Martas e Marias da vida?
Jorge Alves Luiz
Reflexão
O sétimo e último sinal apresentado pelo evangelista João é a ressurreição de Lázaro, ponto alto da prática de Jesus em defesa da vida. Jesus gostava de se hospedar na pequena comunidade de Betânia (“casa do pobre”), onde Marta, provavelmente, desempenhava papel importante, talvez de coordenadora da comunidade. Nessa comunidade, é ela que faz a profissão de fé em Jesus: “Senhor, Messias e Filho de Deus” (em Mateus, é Pedro que professa a fé). Depois de ter sido avisado da doença do amigo, o Mestre ainda demorou alguns dias para se dirigir para lá, e, quando chegou, Lázaro já estava morto. Sua morte é para revelar a glória de Deus e a glorificação do Filho. No diálogo com as irmãs do morto, Jesus se revela como “ressurreição e vida” de todos os que acreditam nele. A palavra de Jesus é palavra de vida (“Lázaro, vem para fora”) e convida a desatar quem está amarrado. A morte nos ronda a todo momento; o apelo do Mestre é para nos desatarmos de todo mal que a provoca.
Oração
Ó Jesus, nossa vida e ressurreição, choraste a morte do teu amigo Lázaro. Vem fazer companhia aos que acabam de perder um ente querido. Suaviza-lhes a dor da ausência e conforta-os com a certeza de que a morte não é o fim; é simplesmente passagem para a eternidade. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Reflexão
Três dias, sepulcro, panos: a ressurreição de Lázaro prefigura a de Jesus. Simboliza também a vida sobrenatural que Jesus comunica. A finalidade principal dos sinais que Jesus realiza é levar os discípulos a acreditarem nele, o Messias que veio resgatar a vida plena para todos. Marta e Maria dizem que seu irmão está morto; Jesus diz que ele dorme! Para alguns, a morte é vista como barreira intransponível; Jesus, ao invés, considera a morte como simples sono, do qual será fácil despertar. Marta acredita na ressurreição do último dia. Mas Jesus é vida não só depois da morte; é vida em abundância também para aqui e agora. Diante do túmulo, após agradecer ao Pai comunicador de vida, Jesus chama Lázaro para fora. Qual ovelha fiel e dócil, Lázaro ouve a voz do Pastor e, totalmente livre, volta a viver.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)
Reflexão
«Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá»
Dr. Johannes VILAR
(Köln, Alemanha)
Hoje, a Igreja apresenta-nos um grande milagre: Jesus ressuscita um defunto, morto há vários dias.
A ressurreição de Lázaro é “tipo” a de Cristo, que iremos comemorar proximamente. Jesus diz a Maria que Ele é a «ressurreição» e a vida (cf. Jo 11,25). A todos nos pergunta: «Acreditas nisto?» (Jo 1,26). Acreditamos que no batismo Deus nos ofereceu uma nova vida? Diz S. Paulo que nós somos uma nova criatura (cf 2Cor 5,17). Esta ressurreição é o fundamento da nossa esperança, que se baseia não numa utopia futura, incerta e falsa, mas num fato: «É verdade! O Senhor ressuscitou» (Lc 24,34).
Jesus manda «Desamarrai-o e deixai-o ir» (Jo 11, 34). A redenção libertou-nos das cadeias do pecado, que todos padecíamos. Dizia o Papa Leão Magno: «Os erros foram vencidos, as potestades subjugadas e o mundo ganhou um novo começo. Porque se padecemos com Ele, também reinaremos com Ele (cf Rom 8,17). Este lucro não só está preparado para os que em nome do Senhor são triturados pelos sem-deus. Pois todos os servem a Deus e vivem Nele estão crucificados em Cristo, e em Cristo conseguirão a coroa».
Os cristãos estamos chamados, já nesta terra, a viver esta nova vida sobrenatural que nos torna capazes de dar crédito da nossa sorte: sempre dispostos a der resposta a todos os que nos peçam a razão da nossa esperança! (cf 1Pe 3,13). É lógico que nestes dias procuremos seguir de perto Jesus o Mestre. Tradições como a Via Crucis, a meditação dos Mistérios do Rosário, os textos dos Evangelhos, tudo… podem e deve ser-nos uma ajuda.
A nossa esperança está também posta em Maria, Mãe de Jesus Cristo e nossa Mãe, que é por sua vez um ícone da esperança: ao pé da Cruz esperou contra toda a esperança e foi associada à obra do seu Filho.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
- «Para se confessar, Deus dá uma grande voz, Ele te chama com uma graça extraordinária. E assim como o morto saiu ainda amarrado, igualmente aquele que vai se confessar continua preso. Para que ele seja libertado dos seus pecados, o Senhor disse aos ministros: ‘Desamarre-o e deixe-o andar. O que significa desamarrai-o e deixái-o andar? O que você desatar na terra também será desatado no céu» (Santo Agostinho)
- «Cristo não se resigna aos túmulos que construímos para nós mesmos com as nossas escolhas do mal e da morte, com os nossos erros, com os nossos pecados. Ele nos convida a sair do sepulcro: 'Sai'. É um belo convite à verdadeira liberdade» (Francisco)
- «As palavras ligar e desligar significam: aquele que vós excluirdes da vossa comunhão, ficará também excluído da comunhão com Deus; aquele que de novo receberdes na vossa comunhão, também Deus o acolherá na sua. A reconciliação com a Igreja é inseparável da reconciliação com Deus» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1445)
Reflexão
Primeira Leituras: Ez 37,12-14;
Salmo: 129 (130)
Segunda Leitura: Rm 8,8-11;
Evangelho: Jo 11-1-45
Situando-nos brevemente
”Há cristãos que parecem ter escolhido viver um a Quaresma sem Páscoa’’, constata o Papa Francisco, olhando para situação de desânimo que, na Igreja, está invadindo a alma de certas pessoas (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 24 de novembro de 2013; n. 6).
Em verdade, deveria acontecer o contrário, pois ‘’a alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria’’ (ibidem n. 1).
O Papa Francisco nos convida a abrirmos nossos corações e nossos olhos para a liberdade e a alegria que vêm de Cristo e nos enchem de nova energia para enfrentarmos, com confiança, os desafios de nosso tempo.
A aventura de nossa vida de crentes, de fato, continua se desdobrando entre a possibilidade de viver com energia vital da ressurreição de Jesus que nos habita, pelo dom do Espírito Santo, e a tentação de recuar para uma ‘’Quaresma sem Páscoa’’, para uma vida sem esperança, prisioneiros dos erros, das fatigas, das decepções.
O encontro ou o reencontro com Jesus, favorecidos pela Quaresma, tem, porém, a potencialidade de uma nova renovação radical, de uma nova Páscoa: ‘’Com Jesus Cristo, nasce sem cessar a alegria’’(ibidem, 1).
Esta é a experiência pessoal de Lázaro e de suas irmãs, Marta e Maria, testemunhas surpreendidas e agradecidas do que è humanamente impossível: viver em primeira pessoa e testemunhar a ressurreição da morte. Para cada homem e mulher, marcado pela fragilidade humana, Jesus vai repetir seu potente grito: ‘’Lázaro, vem para fora!’’(Jo 11, 43). Ele está pronto a estender sua mão de amigo para nos libertar do túmulo do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento.
Na regra para os monges, São Bento resume esta constante tensão interior da vida cristã numa formulação muito eficaz: ‘’durante a Quaresma (...) ofereça cada um a Deus, de espontânea vontade, com alegria do desejo animado pelo mesmo Espírito, espera a santa Páscoa’’ (Regra Beneditina 49, 6-7).
O encontro com Cristo abre a nascente da água viva que fica escondida no poço do coração, sob os escombros de nossas contradições e insucessos (encontro com a samaritana – 3º domingo); ilumina com luz interior do Espírito o horizonte indecifrável da vida (cura do cego de nascença -4º domingo). Jesus vem ao nosso encontro, penetrando até as trevas mais obscuras da existência, quando estamos sepultados no túmulo das amarguras e do isolamento. Ele reativa as energias de uma vida nova e da esperança (ressurreição de Lázaro – 5º domingo).
Tendo experimentado primeiro a graça e a força da ressurreição, e aprendendo a pensar e atuar desde já como ‘’partícipes da ressurreição de Cristo’’ (cf. Cl 3, 1-3), sentimos a urgência interior, e não somente o convide, a nos tornarmos testemunhas da Boa Nova do amor fiel de Deus, semeadores de novas Páscoa.
Que o mundo atual, que procura, ora na angústia ora na esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios não de evangelizadores tristes e descoroçoados, impaciente ou ansioso, mas de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram os que receberam primeiro em si a alegria de Cristo (cf. Evangelii Gaudium, n.11).
O ano 2014 está marcado pela convocação do Sínodo Extraordinário dedicado à família e as suas problemáticas sociais e pastorais, que será celebrado no mês de outubro.
Com tal iniciativa, a Igreja quer mergulhar nas feridas das famílias, com o intuito de tocar, ao vivo, a dor e as esperanças que acompanham seu caminho e também deixar-se tocar; partilhar as duras quaresmas das pessoas para oferecer a esperança da ressurreição, anunciando o evangelho da Páscoa de Jesus, com a atitude de sua misericórdia e de sua compaixão.
Chama nossa atenção também o método, novo e especial, com que está sendo preparada a assembleia dos bispos. O Papa quis fazer apelo a todas as comunidades e pessoas do povo de Deus, para que, com os próprios testemunhos, sugestões, orações, elas contribuam com este caminho de Quaresma- Páscoa, que perpassa a vida cotidiana das pessoas. Que o sepulcro das relações feridas e aparentemente mortas possam abrir-se de novo para uma nova vida. Que lágrimas sejam enxugadas, cantos de esperanças possam ressoar novamente pela graça do Senhor, experimentada no cuidado misericordioso da Igreja, como ressoaram na casa de Lázaro, Maria.
Recordando a Palavra
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá (...). Crês nisto? Ela respondeu: ‘’Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Cristo, o filho de Deus, aquele que deve vir ao mundo’’(Jo 11,27).
A narração da morte e ressurreição de Lázaro converge como, a seu cume, para esta suprema auto-revelação de Jesus e a sublime confissão de fé de Marta. Jesus revela a si mesmo como fonte de vida nova e plena, e promete que a experimentarão em si mesmos, os que acreditarem nele, mediante o dom do Espírito. Marta, passando através do longo caminho da amizade com Jesus, pela dor, provocada pela morte do irmão, e pelo aparente descuido de Jesus, que não acorre logo ao pedido das irmãs, chega a reconhecer e confessar Jesus como o enviado de Deus.
Os tempos e as modalidades em que Deus atua na vida, assim como nos acontecimentos, nas pessoas, nas famílias, nas comunidades eclesiais, na história, permanecem para nós envoltos no mistério. Então como que subtraídos aos nossos cálculos humanos. Deus, porém, está ali, cuidando de cada um, como pai solícito e fiel.
Jesus nos desvenda o sentido secreto do projeto de Deus. Desconcertando os presentes, declara abertamente que Lázaro está morto. A morte do amigo, no entanto, é uma oportunidade para manifestar a potência de Deus, glorificar o Filho e despertar a fé dos discípulos. ‘’Esta doença não leva a morte, mas é para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela’’(11,4). ‘’ Lázaro morreu! E por causa de vós, eu me alegro por não ter estado lá, pois assim podereis crer’’(11,15).
O profeta Ezequiel, na primeira leitura, deixa vislumbrar que o processo da ressurreição, atuando no presente, por impulso do Espírito de Deus, não somente toca os indivíduos, mas atinge todo o povo e sua triste história, destinada a uma luminosa renovação. O povo de Israel esta sepultado como morto na experiência do exílio, desarraigado de sua terra, despojado de sua cultura e de sua liberdade civil e religiosa, oprimido pela convicção de estar sofrendo punição do Senhor, motivada por ter abandonado a aliança. O profeta anuncia que, além de toda expectativa razoável, o Senhor vai tirá-lo da trágica situação histórica, dando-lhe uma nova, inesperada oportunidade de vida.
A volta para a terra dos pais, a recuperação da liberdade política e a restauração do culto no templo reconstruído são acompanhados por uma ressurreição ainda mais radical: a renovação interior, realizada pela efusão do Espírito na consciência deles. ‘’Ó meu povo, vou abrir vossas sepulturas! (...) e vos conduzirei para a terra de Israel (...). Quando incutir em vós o meu espírito, para que revivais (...) sabereis que eu, o Senhor, digo e faço’’(Ex 37,12-14).
Esta fé e esta experiência nos fazem cantar com o salmista: ‘’Do abismo profundo clamo a ti, Senhor, escuta minha voz! Que teus ouvidos estejam bem atentos à voz da minha súplica (...). Espero no Senhor, minha alma espera na sua palavra. A minha alma aguarda o Senhor mais que as sentinelas a aurora’’(salmo responsorial- Sl 129).
O Espírito é o novo impulso vital que impele os discípulos de Jesus a viverem, de fato, como já partícipes da energia divina da sua ressurreição. Homens e mulheres, embora atravessados ainda pelas dores do parto da nova criação, são animados pela esperança de seu cumprimento e, na totalidade de sua experiência humana, aqui indicada com o termo ‘’corpo’’, guardam já o fermento da ressurreição futura e definitiva.
Quem fica atuando assim vive segundo o Espírito do Senhor ressuscitado. O Espírito habita nele e lhe faz experimentar uma profunda relação pessoal com Cristo, superando o ‘’impulso instintivo’’ a afirmar a si mesmo, o qual o apóstolo chama de ‘’carne’’(cf.2ª leitura, Rm 8,9).
Atualizando a Palavra
Na atitude de Jesus para com Marta e Maria, e na pedagogia que ele usa com os discípulos e com o povo, somos convidados a reconhecer a constante pedagogia com a qual Deus acompanha o caminho pessoal de cada um, e o orienta para crescer na fé e na liberdade do amor. ‘’Senhor, se tivesses estado aqui... ’’ Quantas de nossas leituras apresadas dos acontecimentos se refletem nestas palavras de Marta e de Maria! (cf. 11,32). Quantas de nossas queixas apaixonadas e doloridas elas interpretam!
O “silêncio” de Deus, frente às injustiças, aos mal-entendidos, aos perigos extremos, continua fazendo parte do drama e das esperanças do homem e da mulher de todos os tempos. Razão de escândalo e de possível ressurreição, de rebelião e de passagem do nível humano ao da misericordiosa sabedoria de Deus.
E preciso lembrar que a narração da morte e da ressurreição de Lázaro introduz, diretamente, na narração da paixão, morte e ressurreição de Jesus. O próprio Jesus vive o grande silêncio de Deus no horto das oliveiras e na cruz. Ele encontrará resposta somente na misteriosa remoção na pedra do sepulcro, no terceiro dia. Nas ultimas palavras de entrega confiante ao Pai, pronunciadas na cruz, ele abraça todos nós, e nos entrega a espera da ressurreição junto com ele: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito’’ (Lc 23,46).
No dia do Sábado Santo, a Igreja celebra somente a Liturgia das Horas, jejuando, rezando e meditando em silêncio. É o dia consagrado a meditação silenciosa do mistério de Jesus “descido a mansão dos mortos’’, extremo limite da experiência humana da morte. Somente na solene vigília da noite, chegaremos a cantar, com renovada fé e alegria, que Jesus venceu a morte e renovou a vida: junto com ele, também em nós a sua vida vence nossa morte! Agora vence a morte do coração, depois até a morte do nosso corpo!
Ao ver chorar a amiga Maria, Jesus estremece interiormente, fica profundamente comovido e chora (11,33-34.38). Que estupor e que consolo suscita este Jesus! Ele é o Verbo de Deus que habita na luz inacessível do Pai e, ao mesmo tempo, se torna tão próximo a todas as nossas paixões, sofrimentos e alegrias!
O Papa Francisco nos estimula, sem cessar, a nos deixarmos envolver por essas atitudes de misericórdia, compaixão e solidariedade de Jesus para com os mais pobres e necessitados, e a assumi-las como estilo de vida pessoal, sobretudo por parte dos ministros do evangelho.
Jesus deixa transformar sua compaixão e seu pranto, e o das amigas Marta e Maria, num grito de amor que chama os mortos para reviverem. ‘’Lázaro, vem para fora!’’(Jo 11,43). Ele fica repetindo seu grito animador para cada pessoa. Nosso nome está em seu coração e vibra em seu grito silencioso.
O encontro com Jesus faz da ‘’ressurreição’’ uma experiência que anima já o presente dos que acreditam nele. Experiência que ressoa, na voz da Igreja, como canto cheio de esperança: ‘’Nele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição... Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada’’ (Prefácio I da missa dos defuntos).
“Desamarrai-os e deixai-o ir’’ (11,44). Esta é a missão fundamental que Jesus entrega a seus discípulos de todos os tempos. Partilhar com Jesus a missão de desamarrar as pessoas dos empecilhos que as impedem de viver e caminhar com as próprias pernas, na dignidade e na liberdade autêntica dos filhos e filhas de Deus. Libertar das correntes do pecado e das injustiças, mesmo quando elas estão escondidas sob o manto das observâncias religiosas. Libertar dos pesadelos impostos pelos homens, que escravizaram ao invés de transmitir a energia libertadora da Palavra do Senhor. Jesus foi terrivelmente crítico com os falsos religiosos de todos os tempos (cf. Mt 11, 29-30).
O Papa Francisco não se cansa de repetir que a Igreja tem necessidade de voltar ao essencial do evangelho, em sua vida e em seu serviço de animação espiritual do povo. Não serve transmitir um acervo de doutrinas desligadas entre si, que não tocam o coração. É preciso anunciar e fazer a alegria da ressurreição: A ressurreição de Jesus não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual (...). Cada dia, no mundo, renasce a beleza, que ressuscita transformada através dos dramas da história. Esta é a força da ressurreição, e cada evangelizador é um instrumento deste dinamismo. ’’ (Evangelii Gaudium, n. 276).
Ligando a Palavra com a ação eucarística
Com bela e significativa expressão, os Padres da Igreja chamavam a Eucaristia de “ remédio que produz a imortalidade’’, pois ela nos faz participar da experiência atualizada da morte e da ressurreição de Jesus, como proclamamos na grande oração eucarística: ’’Anunciamos Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor, Jesus!’’
Conscientes de que, se não nos alimentarmos do pão da vida, não conseguiremos sustentar o caminho da fé, com imensa gratidão, acolhemos o convite de Jesus a participar da mesa da Palavra e da Eucaristia.
Sendo peregrinos rumo à casa do Pai, a Igreja tem um especial cuidado maternal pelos filhos que mais se aproximam da meta do caminho, e oferece a eles o corpo vivo de Cristo como ‘’ pão de viagem’’ para a vida eterna. Por isso, a Eucaristia dada aos que estão gravemente doentes se chama ‘’viático’’. O exercício de caridade e um grande anúncio da páscoa do Senhor para os enfermos e familiares.
Na Eucaristia, celebramos também, a cada vez, a memória dos irmãos e das irmãs que nos precederam na casa do Pai: os santos e os defuntos. Nesta memória sagrada, proclamamos que a páscoa de Jesus é a única fonte de vida para todos os membros do único povo de Deus, tanto os que ainda estão peregrinando na fé, como os que já vivem na glória do Pai. A consciência da força da ressurreição nos impele a abrir as portas da vida às surpresas de Deus e ao ‘’futuro e ao amanhã’’ de Deus. Muitas vezes, ao invés, submetidos mais à mentalidade mundana que aos critérios do evangelho, fracos na fé e na esperança, ficamos prisioneiros do que achamos importante no ‘’hoje, no aqui, e no agora’’.
A Igreja é chamada de ser sempre a casa aberta do Pai (...). Mas há outras portas que também não se devem fechar: todos podem participar de alguma forma na vida celestial, todos podem fazer parte da comunidade, e nem sequer as portas dos sacramentos se deveriam fechar por uma razão qualquer (...). A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos. Estas convicções têm também conseqüências pastorais, que somos chamados a considerar com prudência e audácia. ’’ (Evangelii Gaudium, n.47). Como nos interpelam estas palavras ardentes de caridade do Papa Francisco?
Sugestões para a celebração
Ø Seria conveniente celebrar de maneira comunitária, durante a semana, no horário mais conveniente, a Unção dos Enfermos, convidando as pessoas que, por motivos de saúde ou de idade, se encontram em situação de particular fragilidade, como sugere o Rito da Unção dos Enfermos. Colocada no contexto deste domingo, marcado pela ressurreição de Lázaro e pelo consolo suscitado em Maria e Marta pelo gesto potente de Jesus, e situada na perspectiva da Páscoa já próxima, tal celebração pode assumir o caráter de uma grande profissão de fé na ressurreição, enquanto suscita o consolo da esperança cristã, diante da dor e da morte.
Ø Onde houver o costume, e se for oportuno, o presbítero, nesta semana, poderia celebrar a missa na casa de um ou de outro doente mais grave ou impedido, por longo tempo, de participar da Eucaristia da comunidade. A celebração da missa pode ser precedida pela confissão sacramental e pela unção dos Enfermos ao paciente.
Ø Uma conveniente catequese deveria ajudar a iluminar os fiéis sobre o dogma da “ressurreição da carne”, que professamos a cada domingo no ‘Creio’. Não somente como algo que nos atingirá ao fim dos tempos, mas também como participação de Jesus mediante a morte ao pecado e a tudo o que nos impede de viver como filhos e filhas de deus, e na abertura ao amor e à verdadeira liberdade interior. Aprender a reconhecer as experiências de ressurreição, vivenciadas ao superar situações particularmente difíceis, e a agradecer ao Senhor.
Ø A mentalidade secularizada, presente em todo ambiente, tende a esconder de qualquer maneira a morte. Promove modelos de vida na beleza do corpo, na juventude sem fim, nas aparências, afastando da própria vista pessoa com deficiências físicas e idosas, mesmo quando membros da própria família. Até o tornar-se doente faz envergonhar-se. Na luz da profunda compaixão de Jesus com toda a forma de deficiência física e espiritual e olhando para sua comovida participação na perda do amigo Lázaro, ajuda a resgatar a enfermidade, a dor e a morte, na luz da morte e da ressurreição do próprio Jesus.
Ø Cuidar que a celebração dos funerais, quer durante o velório, quer na missa presente o defunto, ou na do 7º dia, não seja reduzida a um evento de conveniência social, mas oportunidade de experiência de encontro dos participantes com o Senhor ressuscitado,. Com tal finalidade, é muito importante que a comunidade expresse aos familiares e aos presentes a própria proximidade, como sinal de consolo e de esperança.
Ø Os cantos para as celebrações quaresmais podem ser encontrados no CD da Campanha da fraternidade de 2014: Hino da CF 2014 e Cantos para a Quaresma Ano A.
Fonte: Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
Fonte: Emanarp em 06/04/2014
Recadinho
Você está sempre preocupado com suas amizades? - Em que circunstâncias reconhecemos os verdadeiros amigos? - Você reza pedindo sempre que Deus o fortaleça na fé? - Você é generoso a ponto de interceder pelo próximo? - Dê algum testemunho de solidariedade.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
O ÚLTIMO SINAL
A ressurreição de Lázaro conclui a série dos sinais realizados por Jesus, ao longo do seu ministério, e, de certo modo, prepara o caminho para o sinal definitivo: sua ressurreição. O último sinal contém elementos importantes para a correta compreensão do que estava para acontecer.
Jesus é apresentado como vencedor da morte e doador da vida. Não importava que o amigo estivesse doente, morresse e depois passasse quatro dias sepultado. O Messias Jesus era suficientemente poderoso para chamá-lo de volta à vida.
Quem estivera morto levanta-se do sepulcro e volta para a vida, obedecendo à ordem dada por Jesus. Este se apresenta como o princípio e a causa da ressurreição da Lázaro. A ressurreição de Jesus acontecerá por que traz dentro de si uma força divina, que faz jorrar a vida onde reina a morte.
A ressurreição de Lázaro possibilitará aos discípulos solidificarem sua própria fé. Jesus se alegra por eles não terem encontrado Lázaro com vida. Assim, teriam a chance de testemunhar uma manifestação inquestionável do poder do Mestre, e, por conseguinte, crerem nele.
Por sua vez, o diálogo com Marta e Maria, em torno da fé na ressurreição dos mortos, põe as bases para a compreensão da gloriosa ressurreição do Senhor.
Desta forma, os discípulos foram preparados para enfrentar o impacto da morte iminente do Mestre.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, dá-me a graça de compreender a ressurreição de Jesus como vitória da vida e como sinal de que a morte não tem a última palavra sobre o destino daqueles que crêem.
Oração
Senhor nosso Deus, dai-nos, por vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 06/04/2014
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Marta, Maria, Lázaro e Nós...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
De todos os milagres de Jesus, relatados no evangelho de São João, a Ressurreição de Lázaro é sem dúvida o mais espetacular, visto que ocorreu três dias após o sepultamento, quando o corpo do seu amigo já estava em estado de decomposição, pois cheirava mal. Jesus tinha outros amigos além de Lázaro, pessoas do seu relacionamento, com certeza por ele muito queridas como por exemplo, o pai adotivo José, pessoas estas que morreram e ele nada fez...Por que cargas d’água não os ressuscitou também? Será que Lázaro era o mais amado de todos? Basta uma pergunta assim e já vamos percebendo que o evangelista João quer revelar algo muito maior do que a simples ressuscitação de um cadáver..João é especialista em montar verdadeiros dramas, como a história do cego de nascença, a Mulher Samaritana e agora, no último domingo da quaresma, a grande apoteose; Jesus também faz voltar á vida quem morreu, estamos no último capítulo da aula de catequese Joanina e por isso alguns detalhes são muito importantes. Jesus estava longe quando o estado de saúde do amigo agravou-se e mesmo sendo avisado, continuou a viagem e quando decidiu voltar já era tarde, Lázaro tinha morrido. Com seu poder, ele bem que poderia ter evitado que Lázaro morresse, mesmo á distância. E quando chegou na casa do falecido, o enterro já tinha ido. Imagine no cemitério, depois que já se fechou o caixão, chega um parente de longe que insiste em ver o finado. Nesse caso foi pior, Jesus mandou desenterrar Lázaro, mas que ousadia! Deve ter pensado muitos Judeus. Quem essa cara pensa que é?
É difícil de ler esse evangelho sem pensar nessas coisas, e se não fizer essas perguntas, o leitor corre o risco de se empolgar com a “embalagem” e menosprezar o “produto” Quem era Lázaro? Um amigo querido, que junto com as irmãs Marta e Maria sempre hospedava Jesus no final de um dia de pregações e ensinamentos. Uma comunidade que apesar de muito hospitaleira, era igual as nossas comunidades cristãs...
Tinha gente como Marta, lembram-se dela ? Aquela que era um “Pé de Boi” para trabalhar, e que se dava o direito de criticar a irmã, que não a ajudou nas tarefas em uma das ocasiões em que hospedaram Jesus. Aqui ela parece novamente estressada quando se levanta e vai ao encontro de Jesus para dar a bronca “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido...” Em outras palavras, “o Senhor é mui amigo heim! Não veio ver meu irmão e só me chega agora, quando ele já foi enterrado! O evangelho em nada muda o comportamento das duas irmãs diante de Jesus, Maria ficou em casa sentada, parece que Marta era a mais agitada. Ela vê algo especial em Jesus, talvez um Profeta Poderoso, pois para abrandar as palavra concluiu “Eu sei que o que pedires a Deus lhe será concedido”. Marta fala o que pensava um Judeu, tudo o que Deus poderia dar a uma pessoa Justa, era nessa vida, o conceito de Ressurreição era ainda bem rudimentar e não se tinha uma esperança escatológica.
Então Jesus fala da ressurreição em uma perspectiva totalmente nova “Teu irmão vai ressuscitar...”. Marta se detém ao conceito antigo, segundo o qual a ressurreição acontecerá no último dia, quando bons e maus serão julgados diante de Deus.
Vamos levando esta vida e fazendo nossas ações boas ou más, no final haverá o acerto de contas com Deus, ações boas serão premiadas, e as más receberão a justa punição. Marta é alguém que na comunidade faz e acontece, está sempre á frente tomando iniciativas, Jesus não veio para iniciar o evento da Salvação, mostrando o caminho que nos leva a ela, ele é a própria Salvação, ele não veio para nos ajudar a percorrer bem este caminho e assim ressuscitar entre os justos e alcançar o céu, Ele é o Céu, a comunhão plena com Deus, Ele é a Ressurreição! Mas não era assim que a Marta o via...As vezes na comunidade temos excessiva preocupação em FAZER, como se isso é que nos desse a identidade de Cristãos.
Maria, a contrário, vê em Jesus a possibilidade de Vida, mas diferente de Marta, sua Fé vislumbra algo novo que Jesus não vai fazer, mas que já é. A frase é a mesma de Marta, mas quanta diferença... .Longe de lamentar a ausência de Jesus, ela se prostra diante dele, reconhecendo interiormente que só ele é a Verdadeira Vida.
Podemos ver nesse evangelho um forte apelo para que, fazendo a experiência profunda de Jesus, como a Samaritana, passando a enxergar o mundo, as pessoas e os acontecimentos, como aquele cego, á luz de Cristo e de seu evangelho, somos enfim chamados a viver já nesta vida terrena, as alegrias da Vida Eterna que só Jesus oferece. Comunidade que não ouvir este chamado e não percorrer esse caminho, acaba perecendo e perdendo toda esperança. Marta e os judeus que murmuram, pela atitude tardia de Jesus, que não impediu a morte de Lázaro, são as pessoas que na vida de Fé ainda não conseguem vislumbrar em Jesus algo novo, que transcende o simples existir. Certamente não foram eles que removeram a pedra do túmulo, porque pó m orto estava ali há quatro dias e cheirava mal.
Fazemos parte de uma sociedade que gosta de enterrar mortos-vivos, mesmo á nossa volta, há muitas pessoas com as quais cortamos relacionamento, colocando a pesada pedra do preconceito e da indiferença, imitamos o sistema, que decide quem permanece vivo e quem deve morrer.
Comunidade verdadeiramente cristã é aquela que remove toda e qualquer pedra, mais ainda, é aquela onde os mortos vivos encontram um novo sentido para a vida, e livres das amarras podem agora caminhar. Se não for assim, continuaremos a enterrar nossos mortos vivos, por trás da bela fachada do Cristianismo.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Senhor, aquele que amas está doente... - Jo 11,1-45
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Jesus sente dor e tristeza pela morte de seu amigo Lázaro, mas não se deixa abalar por esses sentimentos, porque ele é a ressurreição e a vida, agora, não no futuro. Um dia você estará dormindo o sono da morte, e Jesus dirá: “Vou acordá-lo. Quem vive e crê em mim, não morrerá jamais”. Já morremos nas águas do Batismo e saímos ressuscitados. Resta-nos fazer a passagem. Não como Lázaro, que voltou a este mundo para morrer mais uma vez. Será como Jesus, que ressuscitou para nunca mais morrer.
Fonte: NPD em 29/03/2020
Homilia do Pe. Paulo Ricardo
Vem para fora!
A chave de leitura deste belíssimo Evangelho, que expressa de modo dramático o afeto, a humanidade e o amor de Jesus, são a Sua paixão, morte e ressurreição. A pedido de Marta e Maria, Jesus sai da região da Galileia e vai a Betânia, que ficava a “uns três quilômetros” (v. 18) de Jerusalém, consciente de que sobe para dar a vida, seja para Lázaro, seja para todos os homens, na morte da Cruz. Os próprios discípulos, ao ouvirem a proposta de Jesus de voltar à Judeia, respondem: “Mestre, agora há pouco os judeus queriam te apedrejar, e vais de novo para lá?” (v. 8).
Então, para compreender em profundidade a narrativa de São João, é preciso recorrer a outro trecho desse mesmo Evangelho, em que Jesus diz que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” [1]. Em Betânia, Jesus dá a vida a Lázaro e, em troca, Ele mesmo ganha a morte.
Esse amor de amizade de Cristo manifesta-se de modo enigmático no capítulo 11 do Evangelho de São João. É verdade que Jesus se comove, como se lê nos versículos 33 e 38. No entanto, o verbo grego usado para expressar a Sua reação faz referência a uma comoção por raiva, por ira, como que a indicar o zelo de Deus pelo homem.
Ao mesmo tempo em que se comove, na síntese do versículo 35, é dito que “Jesus chorou”. Eis uma verdadeira epifania, uma revelação do coração de Deus que se comove diante da morte do ser humano. A palavra usada para expressar o choro de Jesus é o grego ἐδάκρυσεν (lê-se: edákrisen), que, diferentemente do verbo usado para expressar o choro de Maria e dos judeus (κλαίω; lê-se: klaío), faz referência a um choro comedido e sereno; a gotas de lágrima (δάκρυ; lê-se: dákri), literalmente.
Isso leva-nos a penetrar no segredo do sofrimento de Deus. Se Ele chora diante da morte física de seu amigo, sofre muito mais com a morte das almas que se afastam d’Ele pelo pecado, tornando-se de fato inimigas de Deus [2]. O Seu choro secreto é algo que nos deve fazer tomar a firme decisão de consolar o Seu coração, ferido por nossas culpas.
Com isso, não se está a dizer que Lázaro não ressuscitou. Esse milagre realmente aconteceu, mas aponta para algo mais profundo: Jesus quer dar-nos a vida eterna, como diz a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (v. 25).
No versículo 43, Jesus dirige um chamado a Lázaro a todos nós: “Lázaro, vem para fora!”. Ao contrário de seu choro comedido diante da morte, quando Deus nos chama à vida, Ele brada, com uma forte voz (φωνῇ μεγάλῃ; lê-se: foní megáli). Essa voz quer vencer a nossa surdez mortífera e chamar-nos a uma conversão mais profunda, na qual nós abandonamos o pecado não só por causa do inferno, mas porque ele ofende a Deus e fá-Lo chorar.
Vamos rezar, neste domingo, pedindo a Deus o dom da contrição perfeita. Muitas vezes, arrependemo-nos de nossos pecados por conta das penas do inferno ou pela recompensa do Céu. Neste Evangelho, Jesus convida-nos a vir para fora, sair do pecado para corresponder ao Seu amor e consolar o Seu coração, parar de ofendê-Lo por causa da lágrima secreta que Ele derrama a cada pecado que cometemos. Quantas vezes Jesus não chorou sobre o túmulo de nossa alma morta pelo pecado!
No capítulo seguinte do Evangelho de São João, Jesus senta-se à mesa com Marta, Maria e Lázaro: é a festa dos amigos que se sentam à mesa para agradá-Lo. Que beleza é ser amigo de Cristo, como o foram Marta, Maria e Lázaro! Que alegria é transformar a nossa alma em Betânia, onde Deus pode sentar-se conosco como com comensais e onde podemos, à imitação de Maria, ungir os Seus pés com um “bálsamo de nardo puro, de grande preço” [3]! Determinemo-nos, peçamos a Deus a graça da contrição perfeita e aproximemo-nos da Eucaristia, como comensais que querem consolar o coração divino.
Referências:
Jo 15, 13.
Cf. Rm 1, 30.
Jo 12, 3.
HOMILIA
LÁZARO SÁI PARA FORA!
Ressurreição e Luz são dois temas intimamente ligados, porque são sinônimos da salvação: “Se alguém caminha de dia, não tropeça; mas tropeçará, se andar de noite”(Cf. Jo 11,10).
O tema central do Evangelho de hoje é a vida. Vida que foi restituída a Lázaro e que está ligada à amizade, ao amor fraterno, a compaixão, atitudes cristãos que estão presentes na glorificação de Deus, que é o destino dos homens e mulheres que crêem verdadeiramente. A vida verdadeira, que o Cristo trouxe, tem face humana e face divina, que se misturam.
A ressurreição de Lázaro é um dos maiores sinais de Jesus. Jesus, assim, vai manifestando a sua filiação divina, seu poder messiânico, sua missão salvadora, e provoca, cada vez mais, a admiração, a fé, o testemunho daqueles que são beneficiados pela sua ação evangelizadora. O próprio Evangelista João anuncia que Jesus fez muitos outros sinais, e que Estes sinais foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, em crendo, tenhais a vida” (Jo 20,30-31).
Assim, poderíamos afirmar que a vida do homem é a razão de ser da encarnação de Jesus. Os milagres e sinais de Jesus foram efetuados para destacar a VIDA PLENA, a VIDA QUE SÓ ELE PODE NOS DAR.
Jesus afirmou: EU SOU A VIDA; EU SOU O PÃO DA VIDA, EU SOU A LUZ DA VIDA. Jesus veio ao mundo para despertar a criatura humana do sono.
E esta vida nova só será possível àqueles que viverem, com dignidade, a grandeza do seu Batismo. Aderindo a Cristo o batizado deve viver uma vida realmente nova, animada pelo espírito de Cristo. Mas sem a fé, traduzida em obras, o batismo ficará morto. A vida da fé batismal se verifica, se atualiza, por exemplo, quando ela transforma a sociedade de morte numa comunidade viva de vida, de fraternidade e de comunhão.
Como Lázaro, acolhamos a ordem de Jesus: “SAI PARA FORA”. Peçamos ao Senhor que nos desperte e ressuscite do sono da morte e nos revista da Sua imortalidade com a Celebração da Festa da Páscoa que se aproxima.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA
Espiritualidade Bíblico-Missionária
Estamos caminhando para o final do Tempo Litúrgico da Quaresma. Este domingo a Palavra faz ressaltar aos nossos olhos a VIDA como dom gratuito de Deus. É isso que nos mostra o episódio de Lázaro, que Jesus fez voltar a viver.
A morte é uma realidade que está diante de nossos olhos todos os dias, e ao mesmo tempo uma realidade inaceitável e que nos causa sempre estranheza. Certamente vamos sempre perguntar: Por quê?
Jesus nos dá uma resposta, pois sentiu a morte de Lázaro, seu amigo, chorou como nós também choramos, sentiu de perto a tragédia da dor junto de Marta e Maria, irmãs de Lázaro. Ali Jesus mostrou para que veio ao mundo: Para resgatar a vida em sua plenitude. Ele nos dá a vida que nos vem de junto de Deus. E isso é muito belo!
No Prefácio próprio da missa deste domingo, diz assim: “Verdadeiro homem como nós, Jesus chorou o amigo Lázaro; Deus, Senhor da vida, chamou-o do sepulcro. Hoje estende a toda a humanidade sua misericórdia, e com seus sacramentos nos faz passar da morte para a vida”. Jesus é o Senhor que veio resgatar nossa vida. Cristo, ao fazer-se Homem e morrer, depois ressuscitar dos mortos, confirma nossa certeza de que a vida vem somente dele.
Como cristãos precisamos prestar muita atenção no diálogo de Jesus com Marta e Maria. Elas manifestam a confiança no Cristo e confirmam que a ressurreição é a plenitude da vida: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.
Todo sofrimento, dor, insegurança, e até mesmo a morte, não são mais sinais de abandono de Deus, muito pelo contrário, Ele sofre conosco, como Jesus sofreu com Marta e Maria. Nossa morte será inevitável, porém, se morremos esperando nele, então tudo será muito diferente. Como cristãos seríamos os mais miseráveis, se esperássemos o Cristo só para esta vida. Marta manifestou plenamente sua confiança no Cristo aqui e depois.
Eis o ensinamento de Cristo: Nossa fé nele nos ressuscita da morte. Ele ressuscitou para o primeiro, o primogênito dos ressuscitados, dos que nele esperam. Ninguém melhor que o apóstolo Paulo para sintetizar nosso pensamento em Cristo, Senhor ressuscitado: “Se o espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós”. Só no Senhor encontramos a plenitude da vida.
Redação “Deus Conosco”
REFLEXÕES DE HOJE
DOMINGO
Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 06/04/2014
REFLEXÕES DE HOJE
DOMINGO
Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 29/03/2020
HOMILIA DIÁRIA
E o grande sinal é este: mostra que Jesus é a vida, Ele traz Lázaro novamente à vida para nos demonstrar que Ele tem poder sobre a vida, que Ele é o Senhor da vida.
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais” (João 11, 25-26)
A maravilha da Palavra de Deus, hoje, é Jesus que vai à casa dos seus amigos: Marta, Maria e Lázaro. Ele vai especialmente para se encontrar com Lázaro, porque já recebera a notícia de que ele havia morrido fazia alguns dias. A tristeza toma conta daquele lugar e daquela casa, e as irmãs deste, Marta e Maria, vão ao encontro de Jesus e dizem: ”Mestre, se o Senhor estivesse aqui o nosso irmão não teria morrido”. E Jesus diz: ”Não, o seu irmão ressuscitará”. E Marta responde: “Sim, Senhor. Eu sei que ele há de ressuscitar na ressurreição do último dia”.
E Jesus, categoricamente, apresenta a verdadeira ressurreição, quando nos diz que: ”todo aquele que n’Ele crê, ainda que esteja morto, viverá”, porque Jesus é a ressurreição e Jesus é a vida. E quem se aproxima do Senhor, quem adere à Pessoa de Jesus, quem se coloca do lado d’Ele, se abre para Ele, não conhecerá jamais a morte.
A morte não domina aquele que é do Senhor! Algumas vezes, nós ficamos tristes, e é mais do que natural A tristeza e a dor da saudade quando alguém muito querido parte para outra vida. Até mesmo Jesus ficou comovido com a morte do amigo, Lázaro, por isso, foi ao encontro dele, para nos dar um sinal. E o grande sinal é este: mostrar que Ele é a vida, Ele traz Lázaro novamente à vida para nos demonstrar que Ele tem poder sobre a vida, que Ele é o Senhor da vida.
Mas a vida que Jesus quer nos dar é a vida plena e a vida eterna; primeiramente para nós que andamos mortos, por causa dos nossos pecados, Ele nos ressuscita e nos tira da escuridão e da zona da morte e nos traz novamente à vida. E depois, aquela morte incômoda, que tira a vida, aquele que crê em Jesus não a experimenta, é apenas uma passagem, pois o Senhor nos transforma de modo que tenhamos, já aqui na Terra, as primícias da eternidade.
A morte é para o justo, para aquele que é de Deus, a porta de entrada para a glória celeste. Hoje é dia de refletirmos sobre o valor da vida, mas não simplesmente o ”viver”; mas sim sobre a vida plena, a vida ressuscitada, a vida que o Senhor veio nos trazer com Sua morte. E todos aqueles que morrem em Cristo, no batismo, morrem para o pecado e têm com Ele o selo da vida.
Que o selo do Cristo Ressuscitado esteja em nós para que a vida nova, que Ele nos trouxe, esteja também conduzindo a nossa vida!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Herdamos a vida eterna que Jesus conquistou com Seu sangue
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais” (João 11,25-26).
Hoje, podemos proclamar este domingo como o domingo da vida, aliás, a cada domingo a vida plena do Senhor está em nós. Mas, sendo o quinto domingo da Quaresma, estamos contemplando a ressurreição de Lázaro, que vem antes da Ressurreição de Jesus para nos mostrar que: Aquele que é o Ressuscitado é quem nos ressuscita, para nos dizer que Aquele que vai experimentar a morte, vai recuperar a vida para nos dar a vida.
Lázaro, o grande amigo de Jesus, morreu; e o Senhor foi à casa dele, sentiu as dores das suas irmãs porque era também a dor d’Ele. Lázaro era seu amigo, mas Ele vem, acima de tudo, para dizer a todos aqueles que sofrem e choram com a dor da morte que Ele é a vida e a ressurreição, e todo aquele que n’Ele crê, jamais verá a morte.
A morte não existe para quem crê em Deus, a morte é o preço da vida sem Deus, porque n’Ele só há vida, não espaço para a morte porque a morte não tem poder sobre aqueles que estão sobre o julgo d’Ele.
Deus trouxe Lázaro para essa vida, Ele reavivou Lázaro para que voltasse a esse mundo, mas, depois, ele novamente morreu e agora vive na eternidade junto a Deus, como todos os que morreram n’Ele. Todos os santos, todos os homens e mulheres de todas as épocas vivem a vida plena em Deus porque creram na vida e receberam a luz eterna da ressurreição de Jesus.
Somos herdeiros da vida eterna que Ele conquistou com o preço do Seu próprio sangue
Celebremos e acolhamos a vida, permitamos que a vida plena de Deus esteja em nós. Celebremos o Cristo vivo e ressuscitado que, daqui a pouco, vamos celebrar a Sua Páscoa. A Páscoa d’Ele brilha enquanto caminhamos na nossa Via-Sacra humana.
Enquanto estamos caminhando, carregando a nossa cruz de cada dia, jamais percamos a perspectiva da eternidade, jamais acreditemos que a morte tem a palavra final, jamais coloquemos no desespero e na descrença o sentido da nossa vida.
Coloquemos em Jesus a razão do nosso viver e o pleno sentido do nosso existir. Algumas pessoas sofrem demais quando pensam na morte, parece que caem num abismo existencial: “O que vai ser depois?”. Não vai ter depois, a vida é agora, e a vida eterna chegou para nós agora.
Quando a vida de Jesus entra em nós não morremos, somos plenificados com a morte. É, por isso, que cremos n’Ele, a vida d’Ele está em nós e somos herdeiros da vida eterna que Ele conquistou com o preço do Seu próprio sangue, da Sua própria vida doada para que tivéssemos vida em abundância.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, ajuda-nos a crer, superando a vaidade de tentar compreender Mistérios que não cabem nos limites do nosso entendimento. Dá-nos força para nos jogarmos confiantes nos teus braços paternos, certos de que em Ti encontraremos a sonhada Paz. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos um coração puro para aceitar com simplicidade e alegria a promessa da Ressurreição. Aumenta a nossa Esperança! Preserva-nos da dúvida, do orgulho, da autossuficiência e da tentação de racionalizar nossa Fé. Que diante do grande Mistério, nós nos mantenhamos humildes e em oração silenciosa, como crianças no Teu Reino. Pelo Cristo Jesus, Teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Oração
SENHOR NOSSO DEUS, dai-nos por vossa graça caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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