Deus não tem por nós uma simples amizade, e nem foi por pura amizade que o Senhor deu a sua vida por todos nós, mas por amor, não um amor que é manifestado por Ele quando nós correspondemos e somos bons, não um amor que tem sua razão de ser por causa de nossas "virtudes" e boas ações, aliás, Deus não teria nenhum motivo para nos amar. Mas trata-=se de um amor que simplesmente nos ama. Deus é AMOR e fez de cada homem e cada mulher o objeto desse amor. Deus nos criou porque nos ama, e nos ama porque nos criou.
Só assim podemos compreender um pouco melhor o ensinamento de Jesus nesse evangelho, que desmonta a antiga forma de amor, que é manifestado sob condição e que exige uma correspondência "Amai os vossos inimigos! Fazei o bem aos que vos odeiam e perseguem!” Somente assim somos a imagem e semelhança de Deus, somente assim nos tornamos seus Filhos e Filhas.
Os cristãos que vivem em comunidade são assim chamados a superar qualquer lei e obrigatoriedade sobre a ação de amar. Mais do que isso, são vocacionados a viver um amor sem medidas, o mesmo amor que levou Jesus á cruz do calvário, é o amor da esperança, o amor que teima em acreditar no Ser humano, porque ele é imagem e semelhança daquele que é o AMOR verdadeiro.
2. Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! - Mt 5,43-48
“Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.” Em relação a nós, a perfeição do Pai consiste em amar sem limites. Por isso ouvimos de Jesus: “Amai os vossos inimigos, orai por aqueles que vos perseguem”. Se não é tão fácil amar sempre os amigos, o que pensar dos inimigos? Se aqueles com os quais nos damos bem, por vezes nos aborrecem, o que dizer de quem abertamente nos persegue? “Restauração” é hoje uma palavra que pretende ocupar o lugar da retaliação e da vingança. “Olho por olho” nos mantém na situação de sempre. Faço o que o outro fez repetindo o que já é conhecido e envelheceu. Algo novo precisa surgir no relacionamento humano, e pode ser a restauração. Refazer o que se rompeu mantendo vivos os extremos. Encurtar distâncias é uma tarefa cristã. Lanças pontes que aproximam até mesmo por cima de muros que separam. Tudo no sacrifício de si mesmo. Há algo sacrificante no amor aos inimigos. Sacrificante porque se torna sacro. Assim fez o Cristo que não matou o inimigo, mas matou em si mesmo a inimizade, derrubando o muro de separação e aproximando os povos. Redesenhe inimigo. Deseje o melhor ao adversário, inclusive a conversão. A oração por eles aliviará o seu coração.
HOMILIA
O AMOR PERFEITO
É assim que prefiro chamar o amor de Deus. Aquele que passa por cima do ódio que deveríamos sentir pelos nossos inimigos: Vocês ouviram o que foi dito: "Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos." Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu. Nestas palavras de Jesus está a perfeição do amor.
Jesus hoje nos exorta longamente a que respondamos ao ódio com amor. Este texto, aparecendo nessa situação, ajuda-nos a compreender que Mateus vê no amor aos adversários a característica específica dos discípulos de Cristo.
As palavras de Jesus indicam duas maneiras de viver.
A primeira é a dos que se comportam sem referência a Deus e à sua Palavra. Esses agem em relação aos outros em função da maneira como eles os tratam, a sua reação é de fato uma reação. Dividem o mundo em dois grupos, os amigos e os que não são, e fazem prova de bondade só em relação aos que são bons para eles.
A segunda forma de viver não põe em primeiro lugar um grupo de homens, mas sim o próprio Deus. Deus, por seu lado, não reage de acordo com a maneira como o tratam; pelo contrário, «Ele é bom até para os ingratos e os maus» (Lucas 6,35).
Jesus chama assim a atenção para a característica essencial do nosso Deus. Fonte transbordante de bondade, Deus não se deixa condicionar pela maldade de quem está à sua frente. Mesmo esquecido, mesmo injuriado, Deus continua fiel a si próprio, só pode amar. Isto é verdadeiro desde a primeira hora. Diferentemente dos homens, Deus está sempre pronto a perdoar: «Os meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos» (Isaías 55,7-8). O profeta Oseias, por seu lado, ouve o Senhor dizer-lhe: «Não desafogarei o furor da minha cólera… porque sou Deus e não um homem» (Oseias 11,9). Numa palavra, o nosso Deus é misericordioso (Êxodo 34,6; Salmo 86,15; 116,5 etc.), «não nos trata de acordo com os nossos pecados, nem nos castiga segundo as nossas culpas» (Salmo 103,10).
A grande novidade do Evangelho não é tanto o fato de que Deus é Fonte de bondade, mas que os homens podem e devem agir à imagem do seu Criador: «Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso!» (Lucas 6,36). Através da vinda do seu Filho até nós, esta Fonte de bondade está agora acessível. Tornamo-nos, por nosso lado, «filhos do Altíssimo» (Lucas 6,35), seres capazes de responder ao mal com o bem, ao ódio com amor. Vivendo uma compaixão universal, perdoando aos que nos fazem mal, damos testemunho de que o Deus de misericórdia está no coração de um mundo marcado pela recusa do outro, pelo desprezo em relação àquele que é diferente.
Impossível para os humanos entregues às suas próprias forças, o amor pelos inimigos testemunha a atividade do próprio Deus no meio de nós. Nenhuma ordem exterior o torna possível. Só a presença, nos nossos corações, do amor divino em pessoa, o Espírito Santo, permite amar assim. Este amor é uma conseqüência direta do Pentecostes. Não é em vão que Estêvão, «cheio do Espírito Santo» termine com estas palavras: «Senhor, não lhes atribuas este pecado.» (Actos 7,60)
Como Jesus, o verdadeiro discípulo faz com que a luz do amor divino brilhe no país sombrio da violência como é o nosso Brasil.
Este amor, longe de ser um simples sentimento, reconcilia as oposições e cria uma comunidade fraterna a partir dos mais diversos homens e mulheres, da vida desta comunidade sai uma força de atração que pode agitar os corações. É este o amor que eu chamo de perfeito, o amor que perdoa até aqueles que nos pode tirar a vida.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
REFLEXÕES DE HOJE
SÁBADO
HOMILIA DIÁRIA
Que Deus nos ajude a amar o nosso próximo!
Não ame somente aqueles que o amam, não ame somente aquele que ama você, o amor é universal! O desafio do amor cristão é amar os inimigos e querer bem a quem não nos quer bem!
”Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mateus 5, 44)
Na proposta de sermos seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo existe talvez uma das condições mais difíceis para se viver o amor a Deus, porque o amor a Deus, com o qual nós O amamos e damos o nosso coração para Ele, quer de nós também uma exigência: que amemos o nosso próximo. E talvez queiramos entender que amar ao próximo é amar as pessoas de quem nós gostamos ou as pessoas que gostam de nós; fazer o bem a quem nos faz o bem, saudar a quem nos saúda, viver apenas com aquele grupo de amigos, rodeados com as pessoas que comungam dos nossos ideais. Mas isso não é nada de extraordinário, os que não conhecem a Deus, os que são pagãos fazem a mesma coisa e, algumas vezes, com uma intensidade maior.
O desafio do amor cristão é amar os inimigos e querer bem a quem não nos quer bem! Daí duas coisas importantes que o Senhor então nos ensina: não ame somente aqueles que o amam, não ame somente aquele que ama você, pois o amor é universal. Eu até costumo dizer: Nós não precisamos gostar de todo o mundo, existem pessoas com as quais nós não nos damos bem e não comungamos da mesma forma de falar, de pensar e até vivem junto conosco, mas dá muito choque
Não há problema nisso [em não gostarmos de todos], mas precisamos conviver com pessoas incompatíveis a nós e saber superar os rancores, os ressentimentos, a própria dificuldade de comportamento que temos com este ou com aquele. Não significa que nós gostemos de todos, mas o amor deve existir sim! Amar quer dizer querer bem, respeitar o outro; não é estar ali com aquela amizade o tempo inteiro com a pessoa. Não, mas é não querer o mal dela, mas fazer o bem quando for necessário a ela, e isso sim já é um amor cristão! Porque, algumas vezes, o nosso bem é reservado somente para as pessoas do nosso convívio e, convívio não quer dizer morar na mesma casa, convívio quer dizer que “con+viver”, que habita dentro do nosso coração. Aquelas pessoas a quem nós amamos muito é muito fácil amá-las, algumas vezes, não temos nem dificuldade para isso. No entanto, o amor cristão é um desafio!
Precisamos saudar a quem nos machucou, por vezes uma pessoa que até já conviveu conosco, que já compartilhou da nossa vida. Volto a dizer: Eu não preciso ser o grande amigo dela, mas eu posso querer muito bem a ela, evangelicamente falando. A melhor resposta que você pode dar a quem não o quer bem é a sua oração profunda e sincera. Ore por aqueles que não o querem bem, o seu coração será o primeiro beneficiado!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
O amor vivido gera uma nova humanidade
“Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’. Eu, porém, vos digo: ‘Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!'.” (Mateus 5,43-44)
Quando se fala de amor, logo pensamos no amor às pessoas queridas, amadas. Fica até redundante: amor a quem é amado, e esse amor nós temos de cuidar. Mas, agora, precisamos cuidar do amor que não é amado; que está ferido, machucado; do amor que não está reconciliado e, muitas vezes, está esfacelado. Esse amor que, um dia, foi uma amizade; foi próximo e, depois, tornou-se distante. Precisamos cuidar do amor que se feriu e, aos poucos, está acabando.
O amor aos inimigos é, acima de tudo, a cura das profundezas da nossa alma e do nosso coração. Nós percebemos na nossa história, na nossa existência que nós nos decepcionamos com pessoas e elas também se decepcionam conosco. Pessoas que estavam ao nosso lado e, muitas vezes, já não falam conosco; que eram próximas a nós mas estão distantes; pessoas que queríamos bem, mas não queremos nem proximidade; pessoas que achávamos ser a melhor pessoa do mundo, agora, rotulamos como falsas.
Nem vou entrar nos pormenores das situações particulares que cada um viveu, pois, o que precisamos é amar porque só o amor cura; só o amor salva; só o amor transforma; só o amor vivido na sua intensidade é que, de fato, gera uma nova humanidade.
Só o amor cura, só o amor salva, só o amor transforma
A nova humanidade é o homem novo, é a mulher nova. Como uma pessoa é uma pessoa nova se ela está cheia de feridas e alma dela está marcada por situações mal resolvidas?
Então, ame quem não é seu amigo. “Eu não tenho inimigos”… Ora, há pessoas que não nos querem bem, nós vamos ignorar isso? Faz-se até uma lista das pessoas que não nos querem bem, mas reconheçamos também aquelas que nós não queremos bem. Isso nós não podemos ignorar, pois, não fazemos mal ao outro, mas há dentro do nosso coração pessoas que estão “travadas”, esquecidas no porão da nossa alma. Façamos essa lista para orarmos por elas.
Há pessoas que não nos perseguem diretamente, mas perseguem a nossa alma, a nossa paz interior; perseguem as profundezas da nossa alma que nó isolamos, mas precisamos abrir para sermos livres. E, para tal, só há um jeito: amando e orando.
Ninguém precisa voltar a viverem juntinhos, abraçadinhos, dizer: “É o meu melhor amigo”. Não, não se trata disso! Trata-se de, dentro de nós, não permitirmos que ninguém mais faça o mal ao nosso interior e nós também não o façamos ao outro porque não o queremos bem (…). Tratemos com seriedade a conversão da alma e do coração; e a seriedade que podemos dar agora é amar; amar os inimigos com o amor que podemos dar. O primeiro passo é orarmos por eles com todo o nosso coração, para que as sendas do nosso coração possam-se abrir, então, livres do ressentimento, da mágoa e do rancor, a nossa alma será destravada.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Vivamos a dimensão do amor em nossas atitudes
“Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mateus 5,44)
A máxima do Evangelho é o amor, e não existe nada mais sublime e importante, para sermos seguidores de Jesus, do que amar. Podemos seguir Jesus, pregar Jesus, falar de Jesus, anunciar Jesus e até brigar por causa de Jesus, mas se não vivermos a máxima do amor não estaremos com Nosso Senhor.
Se quisermos amar Jesus, nós devemos amar, inclusive, os nossos inimigos. Porque há aqueles que não são nossos amigos, e não só não são nossos amigos, mas se comportam como aqueles que estão contra nós: agem, difamam, falam mal, semeiam o mal a respeito de nós. Sem julgá-los nem os condenar, levemos a eles o amor de Deus que está em nós, o amor de Deus que impera em nós.
Muitas vezes, esse amor de Deus não é imperativo em nossa vida; o que, muitas vezes, impera em nós é o nosso egoísmo, o nosso orgulho ferido, as nossas vaidades, é a vontade de prevalecer, de ser dono da verdade e da razão. Não! Aquele que é verdadeiramente tomado pela graça divina, o seu coração é preenchido pelo amor de Deus.
Aqueles que se parecem com Deus vivem intensamente o amor d’Ele
Esses dias alguém me dizia: “Padre, eu não consigo perdoar”. Eu digo que há situações que também não consigo, pelo menos o perdão humano. O perdão em que mergulho é o perdão divino, aquele que primeiro eu recebi de Deus. Aquele perdão que me lavou, purificou-me e renovou-me é o mesmo perdão que dou até para quem não consigo humanamente perdoar. Por isso, a minha mentalidade cristã não pode ser a mentalidade mundana, na qual eu escolho quem consigo amar, e os outros simplesmente descarto.
O amor é para todos, inclusive para os inimigos. E se há aqueles que nos perseguem por palavras, atos e atitudes, o nosso amor por eles vai ser por via da oração. Oração que deseja o bem, oração para que todas as intenções sejam alcançadas e, sobretudo, que o amor de Deus esteja neles.
Como oramos por aqueles que nos perseguem e não nos querem ver bem? Se quisermos a santidade, precisaremos alcançar a perfeição evangélica. Para pessoas imperfeitas como nós – como dizemos, “só Deus é perfeito” –, Ele veio nos trazer a feição que precisamos ter: sermos parecidos com Ele, porque o pecado nos fez perder essa dimensão bela da criação. Sermos parecidos com Deus não é na dimensão física, como alguns querem imaginar. Sermos parecidos com Deus é sermos aquilo que Ele tem de mais divino que é o amor. Se Deus é amor, como precisamos ser amor em tudo aquilo que vivemos!
Quanto mais amamos, mais perdoamos; quanto mais vivemos a dimensão do amor, inclusive para quem não nos quer bem, mais somos parecidos com Deus. Muitas vezes, estamos muito feios, horrorosos, não por causa do físico, mas porque o coração acumula muita mágoa, muito, rancor, ressentimento, muito ódio e práticas que não são do amor. Aqueles que se parecem com Deus vivem intensamente o amor d’Ele que está em nós.
Deus abençoe você
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.