ANO C
Mt 9,18-26
Comentário do
Evangelho
Jesus, o Senhor da vida
Entre a súplica de um chefe por sua filha já
morta e a chegada na casa deste notário, há o episódio da mulher que sofria de
um fluxo de sangue. Nos dois episódios, Jesus irrompe como o Senhor da
vida.
No horizonte simbólico antigo, perder sangue
significa perder a vida. A hemorragia torna a própria pessoa e quem a toca
impura. A fé da mulher está em que ela rompe a barreira da Lei de pureza para
tocar na franja da veste de Jesus.
A “franja” era para ajudar a lembrar e a cumprir
os mandamentos do Senhor (cf. Nm 15,37-41). Mas a razão dos mandamentos é fazer
viver, preservar o dom da vida, não permitir cair na escravidão (cf. Nm 15,41).
Tocando Jesus, ao invés de torná-lo impuro, ela é purificada e, pela fé, é
salva e recebe o dom da vida.
Jesus chega, então, à casa do chefe. Para os
cristãos, os ritos de lamentação fúnebre perderam sentido (ver: 1Ts 4,13-14),
já que a morte era comparada ao sono, algo transitório, na espera do despertar
da Ressurreição. Aqui é Jesus quem tem a iniciativa de tocar a menina, pegando-a
pela mão, como que para despertá-la do sono. É o Senhor da vida que desperta
para a feliz ressurreição.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que minha resposta imediata aos apelos de
meus semelhantes manifeste a veracidade do que proclamo por meio de
palavras.
Vivendo a Palavra
O tema central do texto é a fé. Fé daquele Chefe
que procurou Jesus e fé da mulher que tanto sofria. Fé é entrega corajosa e
incondicional nas mãos do Senhor – dom que recebemos como semente e que, por
isto, precisa ser cultivada carinhosamente e desenvolvida com ânimo.
VIVENDO A PALAVRA
O tema central das leituras de hoje é a fé. Fé
daquele chefe que procurou Jesus, e fé da mulher que tanto sofria. Fé é a nossa
entrega corajosa e incondicional nas mãos do Senhor. É um dom que recebemos
como uma sementinha – a aparente fragilidade esconde sua potência – que precisa
ser cultivada carinhosamente e desenvolvida com esperança.
Reflexão
O Evangelho de hoje nos mostra que não existe
problema que não tenha solução verdadeira quando nos aproximamos de Jesus.
Tanto o chefe que se aproxima de Jesus reconhecendo a morte da sua filha, mas
acreditando que a imposição das mãos de Jesus lhe devolverá a vida quanto a
mulher que, depois de 12 anos de enfermidade, reconhece que basta tocar a barra
do manto de Jesus que ficará curada foram atendidos. A palavra que Jesus disse
à mulher vale para todos nós: devemos ter coragem, pois a nossa fé nos salva. Devemos
acreditar em Deus e enfrentar, com confiança nele, todos os nossos
problemas, pois ele está ao lado de quem crê.
Reflexão
O
relato de um milagre se encaixa no relato de outro. O primeiro, a cura de uma
doença grave; o outro, a restituição da vida a uma menina morta. Em ambos os
casos, duas atitudes são decisivas: a fé que pede e espera, e o toque físico de
Jesus. Como em outras ocasiões, Jesus não se move com base em preconceitos:
deixa-se tocar pela mulher considerada impura porque sofria de hemorragia.
Depois toma a pequena defunta pela mão e a faz levantar-se. Tocar em defunto
também era ação proibida pelas tradições antigas. Aquele que é a Vida e devolve
a vida não pode contaminar-se tocando um cadáver. Onde Jesus está presente,
podem-se dispensar os “flautistas e a multidão em alvoroço”, que celebram a
morte: “Eu sou a ressurreição. Quem acredita em mim, ainda que morra,
viverá” (Jo 11,25).
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
O homem se aproximou de Jesus com confiança. O
que significa a confiança para mim? - Sei buscar ajuda em Deus? - Qual é minha
atitude se Ele não atende a meus pedidos? - Procuro me dirigir a Deus com humildade,
fé e confiança? - Busco por Deus, de coração sincero?
Padre Geraldo Rodrigues,
C.Ss.R
Meditando o evangelho
A FÉ SALVADORA
Tanto a cura da mulher, vítima de uma persistente hemorragia, quanto a
ressurreição da filha de uma pessoa importante acontecem no âmbito da fé.
Observando os fatos com um olhar superficial, parece que a mulher e o chefe
judeu tinham uma visão mágica do poder taumatúrgico do Mestre. Tem-se a
impressão de que o chefe pensava que a ressurreição de sua filha pudesse
depender da imposição das mãos de Jesus, ou seja, que a menina retornaria à
vida mediante um gesto mágico, e que, por sua vez, a mulher acreditasse poder
ser curada por meio de um simples toque no manto dele.
Sabemos que no coração da mulher havia algo mais que uma esperança mágica.
Havia muita fé! E isto o deduzimos da declaração de Jesus: "Tua fé te
salvou". O que vale também para o homem, cuja filha tinha morrido. Apenas
uma visão mágica do poder taumatúrgico do Mestre seria insuficiente para
movê-lo a beneficiar alguém.
A fé consiste em abandonar-se totalmente nas mãos de Jesus, pondo nele
toda a confiança. Portanto, acontece num contexto de relações interpessoais, e
não apenas entre uma pessoa e um objeto, como se passa no mundo da magia. E
mais, a fé interpela a pessoa a fazer espaço, em sua vida, para acolher Jesus,
deixando-se transformar por ele. Por conseguinte, para ser salvífica, a fé deve
ser existencial e abrir o fiel para o amor.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da
FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de abandono nas mãos do Senhor, leva-me a colocar nele toda a
minha confiança, de forma a abrir meu coração para uma fé portadora de
salvação.
COMENTÁRIO
DO EVANGELHO
1. PALAVRA
E AÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir
Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e
disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O ministério de Jesus foi todo tecido de palavra
e ação. A interrupção de seu ensinamento, por parte de alguma pessoa
necessitada de ajuda, parecia-lhe algo normal. Com tranqüilidade, interrompia
sua atividade de Mestre, passando à de taumaturgo. Desta forma, sua missão
evangelizadora não se limitava à transmissão de uma doutrina, por mais sublime
que fosse. O conteúdo doutrinal era sempre respaldado pelo serviço
misericordioso a todas as pessoas, sem distinção.
No episódio evangélico, a pregação de Jesus foi
interrompida por uma pessoa importante, um chefe da sinagoga, que lhe implorava
a cura da filhinha. Estando a caminho para atender à solicitação, aconteceu uma
nova interrupção. Desta vez, foi uma mulher, vítima de hemorragia persistente.
No primeiro caso, a pregação foisuspensa imediatamente porque Jesus e seus
discípulos se encaminharam logo para a casa do chefe. No segundo caso, embora a
mulher quisesse manter-se oculta, Jesus deu-lhe atenção, livrando-o da doença
incomoda.
O testemunho do Mestre era um ensinamento vivo
para os seus discípulos. Também eles, no futuro, deveriam ser capazes anunciar
a Boa-Nova do Reino com palavras e ações. Os constantes apelos das multidões
haveriam de desafiá-los a ser pacientes e misericordiosos. E estas atitudes
revelariam ser verdadeira a doutrina que ensinavam.
Oração
Pai, que minha resposta imediata aos apelos de
meus semelhantes manifeste a veracidade do que proclamo por meio de palavras.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Cura
e Ressurreição: sinais do Reino
(O
comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A cura de todo tipo de enfermidades e a ressurreição de mortos, eram por
excelência sinais de que o Reino Messiânico havia chegado e estava no meio dos
homens. Quando restringimos o nosso foco á cura física e a ressuscitação de
cadáveres, estamos esvaziando a nossa Fé Cristã que é tão rica e eficiente.
Jesus não ressuscitou todos os que morreram, no seu tempo, e nem curou
todos os enfermos do seu tempo, mas os relatos principais dessas curas e
prodígios, são uma resposta a Fé das pessoas por ele curadas ou ressuscitadas.
Milagres são necessários e acontecem ainda hoje mas como um meio e não como o
fim, e aqui não falamos dos milagres televisivos das igrejas da Mídia, mas sim
das nossas comunidades cristãs, onde o poder de Jesus continua a ser
manifestado.
Mas que milagres são esses? Quase não ouvimos falar neles? Parece que os
Neopentecostais fazem muito mais sucesso do que a nossa Igreja Católica. Se
pensarmos nos milagres apenas fisicamente, vamos ser obrigados a admitir que
nossa atuação é muito fraca nesse campo. Prestem atenção no que o evangelista
diz desse Chefe que se aproximou de Jesus: aproximou-se, inclinou-se
profundamente diante dele e disse: “Minha Filha acaba de morrer: Mas vem, impõe
suas mãos sobre ela e ela viverá...” Aproximar-se e inclinar-se significa que
ele encontrou em Jesus o Deus da sua vida, depois professa sua Fé de que Jesus
é também o Deus da Vida, que consegue com a imposição de mãos, reanimar a Vida
de quem estava morto.
Há tantos sinais de morte em nossos tempos, não só da morte física, mas
a relação é muito grande: morte dos casais que se separam, de pais e filhos que
não mais se entendem, de jovens vítimas das drogas e da dependência química, da
morte das injustiças sociais, desigualdades, preconceitos, da morte das
divisões, da violência e dos desentendimentos, da morte da honestidade e da
integridade humana. Tudo isso é um processo de morte que está aí no quotidiano.
No Poder de Jesus, o que nós cristãos estamos fazendo? Se como este Chefe não
acreditarmos em Jesus como o Deus Supremo da Vida, não veremos o milagre
acontecer.
Mas a nossa Fé tem de ser de qualidade, segura e consistente como o
dessa mulher, que nem exigiu de Jesus um ritual de cura, e para ela foi
suficiente tocá-lo em meio a multidão e Jesus faz questão de identifica-la,
pois agora ela não é mais uma anônima em meio a multidão, mas um exemplo de Fé.
E fica então a segunda pergunta desta reflexão: nossas ações cristãs movidas
pela Fé nos identificam perante o mundo como Homens e Mulheres que creem, ou
continuamos a ser Cristãos anônimos, sem nenhum compromisso em fazer o Reino
acontecer?
2.
Coragem, Filha!
São Mateus escreve que a filha de um chefe tinha falecido. Certamente
este chefe era uma pessoa com autoridade no meio dos judeus. Ele se ajoelhou
diante de Jesus e pediu-lhe o que é impossível, ao menos aos seres humanos. Sua
filha tinha morrido e ele pede que Jesus vá a sua casa impor as mãos sobre a
menina para que ela viva. Este homem realmente tinha muita fé. Acreditava em
Jesus e via nele um advogado de causas impossíveis. De fato, a menina tinha
morrido, a julgar pelo alvoroço da multidão na casa e pela reação de todos
quando Jesus disse que ela estava dormindo. Quem dorme, desperta. Adormecemos
aqui e despertamos lá. Jesus a fez despertar aqui. Pegou a menina pela mão e a
levantou. Fé semelhante ou igual mostrou a mulher com o fluxo de sangue. “Basta
tocar em sua veste para eu ficar curada”, pensava ela. E assim aconteceu. Que o
chefe e a mulher passem para nós um pouco da sua fé!
HOMILIA DIÁRIA
A mão de Jesus é poderosa
A mão de Jesus é poderosa.
Quando ela toca em nossos corações, em nosso ser, nós voltamos à vida.
“Enquanto Jesus estava falando, um
chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele, e disse: ‘Minha
filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá’” (Mt 9,18).
Você veja o desespero de um pai que tem a sua
filha praticamente morta. Ele sabe que só Jesus pode fazer algo por ela. E é
por isso que no seu desespero, na sua dor, ele se aproxima de Jesus e diz: “Senhor, impõe
tua mão sobre ela e ela voltará a viver”.
A mão de Jesus é poderosa. Quando ela toca em
nossos corações, em nosso ser, nós voltamos à vida. Nós estamos muitas vezes
sem alento, desanimados, tristes, sem gosto e sem sabor pela vida. Nós nos
encontramos, muitas vezes, praticamente mortos, sem ânimo e sem saber qual direção
tomar.
Precisamos deixar que Jesus toque em nós. Mas
também precisamos levar o toque da mão poderosa de Jesus para outras pessoas.
Precisamos deixar que Jesus realmente, com a Sua mão, toque em nossa
enfermidade e aflição. Que Ele toque a tristeza que há dentro do nosso coração.
E porque aquele pai confiou, a mão de Jesus tocou
em sua filha e ela voltou à vida. Quantos, hoje, podem voltar à vida! Uma
mulher também, que sofria há tanto tempo, toca no manto de Jesus e fica curada.
Que hoje possamos ir ao encontro do Senhor para
tocarmos na Sua graça, no Seu amor, e para que Ele também nos toque com a Sua
misericórdia e nos levantemos de qualquer coisa que nos deixa prostrados.
Que Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo –
Comunidade Canção Nova
Oração Final
Pai Santo, eu te dou graças pela fé que lançaste
em meu coração. Dá-me agora, Pai amado, sabedoria, coragem e perseverança para
viver minha fé, entregando-me ao teu Espírito que, em mim e por mim, a levará
aos irmãos da caminhada. Por Jesus Cristo, teu Filho e meu iIrmão, na unidade
do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, eu Te dou graças pela fé que
lançaste em meu coração. Dá-me agora, amado Pai, sabedoria, coragem e
perseverança para viver essa minha fé, entregando-me ao teu Espírito que, em
mim e por mim, a levará aos irmãos da caminhada. Por Jesus Cristo, teu Filho e
meu irmão, na unidade do Espírito Santo.