domingo, 13 de julho de 2014

LITURGIA DIÁRIA 14/07/2014


Tema do Dia

«Não pensem que eu vim trazer paz à terra.»

Um texto de Isaías que mercê ser ouvido e meditado. O Senhor diz ao seu povo que os seus sacrifícios não são os que lhe interessam. Ele quer justiça e fraternidade. Será que as nossas ofertas, hoje, são o que o Senhor espera de seus filhos amados?

Oração para antes de ler a Bíblia


Meu Senhor e meu Pai! Envia teu Santo Espírito para que eu compreenda e acolhatua Santa Palavra! Que eu te conheça e te faça conhecer, te ame e te faça amar, te sirva e te faça servir, te louve e te faça louvar por todas as criaturas. Fazei, ó Pai, que pela leitura da Palavra os pecadores se convertam, os justos perseverem na graça e todos consigamos a vida eterna. Amém.

Verde. 2ª-feira da 15ª Semana Tempo Comum


Primeira Leitura (Is 1,10-17)
São Camilo de Lellis – Segunda-feira 14/07/2014

Leitura do Livro do Profeta Isaías.

10Ouvi a palavra do Senhor, magistrados de Sodoma, prestai ouvidos ao ensinamento do nosso Deus, povo de Go­morra. 11Que me importa a abundância de vossos sacrifícios? — diz o Senhor. Estou farto de holocaustos de carneiros e de gordura de animais cevados; do sangue de touros, de cordeiros e de bodes, não me agrado.
12Quando entrais para vos apresentar diante de mim, quem vos pediu para pisardes os meus átrios? 13Não continueis a trazer oferendas vazias! O incenso é para mim uma abominação! Não suporto lua nova, sábado, convocação de assembleia: iniquidade com reunião solene! 14Vossas luas novas e vossas solenidades, eu as detesto! Elas são para mim um peso, estou cansado de suportá-las.
15Quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos. Ainda que multipliqueis a oração, eu não ouço: Vossas mãos estão cheias de sangue! 16Lavai-vos, purificai-vos. Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal! 17Aprendei a fazer o bem! Pro­curai o direito, corrigi o opressor. Julgai a causa do órfão, defendei a viúva.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.


Responsório(Sl 49)
São Camilo de Lellis – Segunda-feira 14/07/2014

— A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
— A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

— Eu não venho censurar teus sacrifícios, pois sempre estão perante mim teus holocaustos; não preciso dos novilhos de tua casa nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
— “Como ousas repetir os meus preceitos e trazer minha Aliança em tua boca? Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos e deste as costas às palavras dos meus lábios!
— Diante disso que fizeste, eu calarei? Acaso pensas que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo e manifesto essas coisas aos teus olhos”.
— Quem me oferece um sacrifício de louvor, este sim é que honra de verdade. A todo homem que procede retamente eu mostrarei a salvação que vem de Deus.


Evangelho(Mt 10,34–11,1)
São Camilo de Lellis – Segunda-feira 14/07/2014


Exclusividade para Deus 

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Ma­teus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 10,34“Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada. 35De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra.
36E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. 37Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.
39Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. 40Quem vos recebe a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. 42Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”. 11,1Quando Jesus acabou de dar essas instruções aos doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


Oração para depois de ler a Bíblia



Dou-Te graças, meu Deus, pelos bons propósitos, afetos e inspirações que me comunicastes nesta meditação; peço-Te ajuda para colocá-los  em prática. Minha Mãe Imaculada, meu protetor São  José e Anjo da minha guarda, intercedeis todos por mim. Amém.

QUE ESTA SEMANA SEJA PARA VOCÊ MARAVILHOSA E ABENÇOADA!

BOM DIA!!! OREMOS: Senhor Deus, nosso Pai, nós cremos em vós. Nós esperamos em Vós. Nós Vos amamos. Nós Vos agradecemos este dia que começa. Nós Vos damos graças, por que estamos com vida e nós Vos oferecemos este dia com todas as nossas alegrias e sofrimentos, com todos os nossos trabalhos e divertimentos. Guardai-nos do pecado e fazei de nós um instrumento de Vossa paz e de Vosso amor. Ajudai-nos a observar Vossos mandamentos. Amém.

UMA MARAVILHOSA SEGUNDA-FEIRA PARA VOCÊ... "A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus." Sl 49

LITURGIA DIÁRIA - O Domingo – Crianças

Dia 13 – Missa do 15º Domingo Comum

Somos semeadores do Reino!


RECADO DO PAPA FRANCISCO:
É importante ter amigos nos quais podemos confiar. Essencial, porém, é ter confiança no Senhor, que nunca nos desilude.

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 13/07/2014

13 de Julho de 2014

ANO A


Mt 13,1-23

Comentário do Evangelho

Por que a Palavra de Deus produz frutos em uns e em outros não?

O capítulo cinquenta e cinco do livro do profeta Isaías é o último capítulo do Dêutero-Isaías (40–55), cujos fatos podem ser situados em meados do século VI a.C. O tema central do texto de hoje é a Palavra de Deus, através da qual Ele revela seu plano de salvação. A Palavra de Deus é comparada à chuva que numa terra árida é uma bênção do céu que fecunda e faz germinar a boa semente. A Palavra de Deus realiza o que diz.
O capítulo treze do evangelho segundo Mateus é um discurso em parábolas. Trata-se de uma sucessão de sete ou oito parábolas, dependendo de como se as considere. Costuma-se caracterizá-las como “parábolas do Reino”. O tema que perpassa todas as parábolas é o mistério da acolhida ou rejeição da palavra de Jesus sobre o Reino de Deus. A parábola não é nem tem a pretensão de ser uma descrição fiel da realidade; o mais importante é a mensagem que ela transmite. A parábola do semeador descreve uma atividade bastante comum em Israel, a saber, a semeadura ou plantio. Essa atividade, dada as condições climáticas, impõe superar muitas dificuldades. Cremos poder imaginar que a parábola visava responder à seguinte questão: por que a Palavra de Deus produz frutos em uns e em outros não? Deus faz distinção de pessoas? Se o semeador semeia é para poder fazer uma boa colheita capaz de sustentar a vida de toda a sua família. A prática do semeador narrada na parábola de lançar a semente sem se importar em que terreno é desconcertante e parece contrariar qualquer prática racional de plantio. No entanto, o mais importante é a intenção: Deus oferece a sua Palavra a todos, indistintamente. A partir daí se pode compreender que, em primeiro lugar, a parábola revela algo de Deus: Deus confia na terra, isto é, na humanidade. Não obstante tantas dificuldades, Deus sabe que a terra produzirá fruto. E se de tudo a terra não produzir fruto, não será pela falta de fé de Deus em nossa humanidade. Essa confiança de Deus em nossa humanidade deve estimular nosso empenho em remover do terreno de nossa vida tudo o que possa impedir a boa semente de produzir o seu fruto. Tenhamos presente, no entanto, que o crescimento da semente necessita de tempo, de cuidados, ele depende de um processo para produzir frutos.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que a tua Palavra, semeada no meu coração, encontre solo propício onde possa produzir frutos de conversão. Não permitas que tua semente venha a se perder!

Vivendo a Palavra

Pelos tempos afora, a semente continua a ser lançada. A Palavra Criadora, o Verbo do Pai – o Cristo, feito homem em Jesus de Nazaré, semente boa do Reino de Amor, continua a nos ensinar os caminhos do Céu. Cada um de nós é um terreno: nós somos beira de estrada, pedreira, espinheiro – ou somos terra boa, fértil, irrigada pelo Espírito?

Recadinho


Meu coração é sempre bom terreno para acolher a semente do bem? - A semente da Fé foi colocada em meu coração no Batismo. Tem crescido sempre? - Procuro ouvir a Palavra de Deus para fazer crescer minha Fé? - A semente da Graça de Deus cai sempre em meu coração? - Crio condições para que a Graça de Deus possa frutificar?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R

Comentário do Evangelho

A EFICÁCIA DA PALAVRA

A parábola evangélica ilustra a benevolência do Pai, no seu desejo de salvar a todos, sem distinção. Ninguém está, de antemão, excluído da salvação. Tudo dependerá da disposição e do empenho com que se acolhe a comunicação do Pai.
A semente caída à beira do caminho ilustra a atitude de quem se relaciona com o Pai, de maneira superficial e leviana. A que caiu em terreno pedregoso é símbolo de um coração impermeável aos apelos divinos. A que caiu entre os espinhos aponta para os corações preocupados com múltiplas tarefas, a ponto de faltar-lhes tempo para um diálogo amoroso com o Pai. Enfim, a semente lançada em terra fértil simboliza quem se abre para acolher a Palavra de Deus e se deixa transformar por ela.
A eficácia da Palavra de Deus no coração humano revela-se no modo de viver de quem a acolhe. Somente o testemunho de uma vida pautada no amor e na justiça é um indicativo seguro de que a Palavra está produzindo frutos. O percentual - cem, sessenta ou trinta - dependerá do maior ou menor enraizamento da Palavra na vida do discípulo do Reino. Isto irá ser diferente, de pessoa para pessoa. O importante é que a semente não se perca e produza os frutos esperados. O espaço para a generosidade fica sempre aberto. A eficácia da Palavra não tem limites.
Oração
Espírito que faz a Palavra frutificar, transforma meu coração em terra fecunda, onde se produzam frutos de amor e de justiça.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES DE HOJE


DIA 13 DE JULHO – DOMINGO
http://liturgiadiariacomentada2.blogspot.com.br/
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO
13 de julho – 15º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Por Pe. Johan Konings, sj

I. INTRODUÇÃO GERAL
A primeira leitura de hoje nos põe diante dos olhos a imagem da semente, significando a palavra de Deus. Isso serve como pano de fundo para o evangelho, no qual a semente é a palavra de Deus em Jesus Cristo e na pregação cristã. A segunda leitura não contempla a mesma temática, mas nos chama a atenção para a participação do inefável mistério de Deus, que é a nossa vocação.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 
1. I leitura (Is 55,10-11)
A primeira leitura, Is 55,10-11, é uma chave de interpretação para tudo o que Deus faz por sua gente. É a conclusão do “Segundo Isaías” e retoma o início dessa parte do livro (Is 40-55), no qual lemos que “a palavra de nosso Deus permanece sempre” (Is 40,8). A palavra de Deus é sua vontade eterna, seu desígnio, que se torna ativamente presente em nossa história humana (mediante os profetas, os líderes e o empenho do povo todo), realizando o que pretende (sua “missão”), como a chuva que cai do céu e faz frutificar a terra (v. 11). Mas o ouvinte da palavra tem de colaborar. Deus não força ninguém, ele se deixa acolher. Se alguém não o acolhe ou acolhe mal, de modo superficial, nada feito: não cria vínculo com Deus. Aí está o mistério da liberdade da alma humana. 
2. Evangelho (Mt 13,1-23)
Como dissemos, o texto da primeira leitura constitui o pano de fundo do evangelho de hoje. O capítulo 13 de Mateus contém sete parábolas do Reino de Deus; hoje ouvimos a parábola inicial, a parábola do semeador (Mt 13,1-23), referindo-se à palavra de Deus. A parábola do semeador aplica-se à pregação de Jesus e à pregação de seus discípulos de todos os tempos. Descreve o que acontece com a semente da Palavra em várias circunstâncias, com diversos tipos de pessoas; e, conforme o caso, o resultado é diferente. Resultado bom mesmo, que corresponda à fecundidade que a palavra de Deus possui em si mesma (cf. 1ª leitura), só se produz quando ela cai em terra boa: naquele que, ao ouvir a palavra, a deixa penetrar, a absorve e integra no próprio pensar e sentir (pois é isso que significa a expressão “entende” em Mt 13,23) e a põe em prática.
A parábola propriamente (os versículos 1-9) pertence ao gênero das parábolas da natureza, mais especificamente da vida agrícola e pastoril, que são frequentes no ensinamento de Jesus e revelam o ambiente em que se deu a sua pregação. Além da parábola do semeador (Mt 13,1-9//Mc 4,1-9//Lc 8,4-8), conhecemos outras parábolas que recorrem à imagem da semente e da colheita (a semente que cresce por si, Mc 4,26-29; o joio e o trigo, Mt 13,24-30; o grão de mostarda, Mt 13,31-32//Mc 4,30-32; a colheita se aproximando, Jo 4,35-36). Jesus deve ter usado muitas vezes tais imagens, em sentidos diversos, variando conforme a circunstância da pregação. São imagens de sentido aberto, de “leitura infinita”.
A explicação da parábola em Mateus (os versículos 18-23) é, em grandes linhas, igual à que se encontra em Marcos (4,13-20) e em Lucas (8,11-15), descrevendo as diversas maneiras de ouvir a Palavra. Contudo, ao explicar o primeiro caso do que acontece à semente, Mateus insiste num ponto específico: “todo aquele que ouve a palavra do Reino (= a pregação de Cristo) e não a compreende” (Mt 13,18). Marcos e Lucas falam apenas do cair fora do campo. Mateus, o “evangelista escriba”, insiste no compreender, que implica o aprender. No domingo anterior, também num texto próprio de Mateus, vimos que Jesus insistiu no seu “jugo”, ou seja, no seu ensinamento, que é melhor que o dos mestres judeus (Mt 11,28-30). Aqui temos novamente essa insistência no compreender, na atitude de discípulo, não apenas de seguidor entusiasmado. A Igreja insiste em que sejamos discípulos-missionários. E no atual contexto de nosso mundo, tão avesso ao aprofundamento, essa insistência no aprender e compreender pode ser muito importante.
Entre a parábola propriamente (v. 1-9) e sua explicação (v. 18-23), Mateus insere uma reflexão (v. 10-17) que revela a preocupação das primeiras gerações cristãs com a incredulidade (cf. também Mc 4,11-12). Os discípulos perguntam por que Jesus fala em parábolas, em vez de dizer as coisas direta e claramente. A resposta é: porque o Reino de Deus não é algo de evidência imediata. Não se mostra ao olhar superficial. Só é compreendido por quem quiser participar; por quem, na fé, se entrega à sua dinâmica. A realidade do Reino, nas parábolas, revela-se a quem crê e esconde-se a quem não crê. Por que alguns entendem, outros não? A uns é dado conhecer os mistérios do Reino, outros não chegam a abrir a casca da parábola (v. 11). É como nos negócios: a quem tem, será dado; a quem não tem, ainda se retira o pouco que têm (v. 12). É como no banco: quem tem bastante depósito, ganha crédito; mas quem não tem, não consegue nada e ainda vê sua conta secar por causa das tarifas… Jesus cita essa “regra bancária” não como um dogma, mas como ilustração, porque seu povo conhecia muito bem essas coisas! Jesus aplica essa imagem à fé. Os judeus farisaicos achavam que possuíam algo: o seu refinado conhecimento das regrinhas da Lei; mas esse “algo” não valia nada em vista da graça de Deus. Já aos que têm a fé, no sentido de abertura de um coração simples e humilde (cf. evangelho de domingo passado), a esses é dado conhecer o mistério do Reino.
Ora, a existência da incredulidade não contraria o plano de Deus: o projeto de Deus dá conta até da incredulidade. O confronto com a incredulidade já fazia parte do programa do profeta Isaías, citado no evangelho de hoje (Mt 13,14-15; os primeiros cristãos citavam com frequência essa passagem de Is 6,9-10; cf. também Jo 12,40; At 28,26-27). O ser humano é livre para ser incrédulo, mas o plano de Deus é tão grande, que consegue até incluir essa incredulidade… Segue, então, mais uma felicitação para os simples e pequenos, que podem enxergar o que muitos profetas quiseram ver e não viram (v. 16-17; cf. evangelho de domingo passado). E os incrédulos, será que não conhecerão a salvação? Paulo, em Rm 9-11, debate-se com esse problema e só sabe responder que ninguém sonda o “abismo” da sabedoria de Deus (cf. Rm 11,33-36). A incredulidade ante a mensagem cristã não tem necessariamente por consequência a rejeição a Deus. Só Deus sabe quem se abre intimamente a ele e quem não. Mas os que, por causa da incredulidade, não conseguem acolher e fazer frutificar a Palavra carecem da felicidade de ser, desde já, povo-testemunha de Deus. Talvez se salvem, mas não podem cantar, já agora, as maravilhas do Senhor e reconhecer seu Reino em Jesus Cristo. 
3. II leitura (Rm 8,18-23)
A segunda leitura, falando da “criação que anseia pela manifestação dos filhos de Deus”, dá sequência ao tema da vivificação pelo Espírito e da vida nova em Cristo, abordado na segunda leitura do domingo passado. Existir, para o ser humano, implica sofrer. No seu sofrimento, o ser humano exprime o gemido da inteira criação, ainda não libertada. Talvez seja por isso que tanto se procura reprimir esse gemido pelo mito da transformação tecnológica! Mas não é sufocando o grito da criação que o ser humano se realiza, e sim intermediando, como sacerdote, seu pleno desabrochamento. No ser humano, a criação deve participar da realidade divina, da “liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8,23.21). No contexto imediatamente anterior, Paulo disse que recebemos o Espírito de Cristo, que clama em nós “Abbá, Pai”; o Espírito que nos transforma em filhos adotivos de Deus, coerdeiros com Cristo, chamados para a glória com ele (cf. Rm 8,14-17). Mas essa glória ainda não se revelou em nós, embora já tenhamos recebido o Espírito como primícia, como sinal do benefício pleno. Por isso, nós e toda a criação estamos ansiando por essa plenitude, como uma mulher em dores de parto (cf. Jo 16,21): o filho está aí, mas, até que se manifeste, a mãe tem de passar pelo trabalho de parto. É essa a situação nossa e de nosso mundo, solidário conosco. 
III. PISTAS PARA REFLEXÃO: o porquê das parábolas
Isaías disse que a palavra de Deus é eficaz “como a chuva no chão” (1ª leitura). Mas Jesus acrescenta: depende da acolhida dada pelo chão! A semente da palavra tem tudo para crescer, mas precisa ser acolhida num chão aberto, generoso, preparado… num coração acessível e profundo ao mesmo tempo (evangelho).
Jesus usa imagens, parábolas. Pode acontecer que uma pessoa simples as entenda, enquanto os de “coração empedernido” ouvem e veem exteriormente, mas não percebem interiormente o que a palavra significa – ao contrário da “terra boa”, que representa quem “ouve a palavra e a compreende”.
Jesus falou em parábolas, para que os mais simples pudessem entender e para que, assim, aparecesse o endurecimento daqueles que ouvem sem entender. Naqueles que ouvem e não compreendem, a palavra não cria raízes. Jesus explica as causas disso: o “maligno” (as forças contrárias a Jesus e ao Reino de Deus), a superficialidade, a desistência na hora da dificuldade, as “preocupações do mundo e a ilusão da riqueza”. Mas, graças a Deus, existem também aqueles que ouvem e compreendem e produzem fruto. A diferença está na disposição do ouvinte.
As causas da incompreensão da Palavra são ainda as mesmas hoje: estratégia das forças contrárias ao evangelho, consumismo, idolatria da riqueza. Em compensação, os “mistérios do Reino”, quando apresentados em imagens compreensíveis ao povo, são tão transparentes, que até os mais simples os entendem e se tornam seus melhores propagandistas.
Importa, pois, prepararmos o chão dos corações, para que possam receber a Palavra. Importa combatermos as causas do “endurecimento”: dominação ideológica, alienação, consumismo, culto da riqueza e do prazer etc. Em nosso “combate” não devemos desprezar os meios humanos, principalmente a educação geral sólida e profunda. Em vez do fascínio dos sempre novos – e tão rapidamente envelhecidos – objetos de desejo, devemos fomentar a formação para a autenticidade e a simplicidade, a educação libertadora com vistas ao evangelho. Então, a Palavra, que desce como a chuva do céu, poderá penetrar no chão e fazer a semente frutificar.
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Lovaina. Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo Testamento (tradução), Evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da “Fonte Q”.
13 de julho: 15º Domingo do Tempo Comum
 A FORÇA DA PALAVRA
A palavra que Deus pronuncia, ao longo de toda a Bíblia, tem poder em si mesma. Deus fala e acontece. Sua fala e seu agir se confundem, pois ao final são a mesma coisa.
A parábola do semeador mostra o poder da palavra de Deus, simbolizada pela semente que tem em si o poder de se transformar, brotar, crescer e frutificar.
Na história contada por Jesus, a questão está nos terrenos que recebem a semente. O semeador semeia em todo tipo de terreno. Nosso Deus é um Deus que se comunica e se revela, sem excluir ninguém. Sua ação e sua Palavra, de fato, dirigem-se a todos.
Se todos temos a missão de semear a Palavra em todos os campos, a parábola de Jesus nos faz refletir sobre nossas atitudes. Estamos realmente acolhendo de coração a Palavra, atentos à voz de Deus que nos vem da Sagrada Escritura e que nos vem também dos acontecimentos, por meio dos quais o Senhor nos fala?
Terreno bom é aquele que faz a semente frutificar. É a pessoa que ouve a Palavra e a compreende. Compreender a Palavra, no entanto, não significa simplesmente entendê-la intelectualmente ou então decorar alguns versículos bíblicos. Palavra viva e eficaz como a de Deus só se pode assimilar com a vivência. Pois, se a ação e a palavra de Deus são uma só coisa, a Palavra que ouvimos só é compreendida à medida que se torna ação em nossa vida.
Para produzir frutos, portanto, a palavra de Deus precisa encontrar o bom terreno de quem está comprometido com o projeto divino de liberdade e vida; o bom terreno de pessoas animadas pela esperança, que não desistem na primeira dificuldade; o bom terreno daqueles que alimentam em si o ideal de fazer frutificar para o mundo frutos de justiça e paz.
Sobretudo para nós, que ouvimos a Palavra, é sempre tempo de arar o campo, a fim de fazer de nossa vida um terreno especial que dê frutos para o mundo. O bom terreno será sempre o coração de quem aprende com o Mestre e traduz sua Palavra de vida em ações concretas de vida.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Dia 13 – 15º Domingo Comum
A SEMENTE DA PALAVRA
Se percorrermos os evangelhos, constataremos que Jesus tinha o costume de usar parábolas na sua pregação. Os ensinamentos contidos nas parábolas podiam ser entendidos por todos, porque eram transmitidos por meio de imagens e elementos presentes na realidade cotidiana do povo. Jesus usa essa forma de narrativa popular para divulgar com facilidade, simplicidade e clareza a sua mensagem, tornando-a alcançável a todos. Em nossa vida cristã, o que ainda nos falta para utilizar a mesma pedagogia de Jesus em nossas palavras e ações?
O tema central da liturgia da Palavra de hoje é o poder e a eficácia da palavra de Deus. São Mateus fala-nos da semente (a palavra de Deus) e do semeador (Deus). O semeador saiu para semear (Mt 13,3). O Senhor não semeia somente nos lugares favoráveis (terra boa) para colher no fim muitos frutos. De fato, ele veio para que todos sem exceção tenham vida, e a tenham em abundância (Jo 10,10).
Portanto, ele não hesita em jogar a semente, seja à beira do caminho, em terreno pedregoso, no meio dos espinhos e em terra boa. O gesto generoso do semeador revela quem é Deus. Ele é aquele que dá vida e oferece a todos a oportunidade de crescer, converter-se e salvar-se.
A semente jogada na terra em lugares diferentes produz frutos segundo a fertilidade de cada lugar. Com a parábola da semente e do semeador, vemos que o fruto da palavra de Deus depende da qualidade da terra ou terreno. O acolhimento do evangelho depende da qualidade da terra, ou seja, da disposição do coração humano.
Desse modo, a palavra de Deus que escutamos todos os dias produzirá frutos à medida que conformarmos o nosso agir e a nossa vida à vontade de Deus; à medida que participarmos da comunidade do reino. Assim nos tornaremos uma boa terra que dá frutos abundantes.
Há diferentes modos de ser terra boa. Terra boa são os pais que se dedicam ao crescimento espiritual, moral, social… da família; que cuidam com amor e carinho dos filhos; que dedicam tempo para educá-los. Terra boa é o cristão que respeita os mandamentos de Deus e se preocupa com os mais necessitados. Terra boa é o cidadão que respeita o bem comum e ama de verdade a sua pátria e sua comunidade, procurando o bem da sua gente. Terra boa é a pessoa idosa que não passa um dia sequer sem dirigir sua oração a Deus por amor à Igreja e por compaixão do mundo… Que tipo de terra somos?
Peçamos a Deus a graça de viver e praticar a sua Palavra, para produzirmos muitos frutos.
Pe. Gilbert, ssp
Reflexão
DIA 13 – DOMINGO - 15º DO TEMPO COMUM

Pistas para a reflexão:
- I leitura: A força que a palavra de Deus tem para libertar e proporcionar vida.
- II leitura: Nós e a criação inteira ansiamos pela libertação de toda escravidão e maldade, para construir o mundo novo.
- Evangelho: A semente da palavra tem tudo para crescer e frutificar, mas precisa encontrar um coração aberto e generoso.

Homilia do 15º Domingo do Tempo Comum, por Pe. Paulo Ricardo





Quatro terrenos e duas cidades

O Evangelho deste Domingo é a famosa parábola do semeador. Em seu caminho, ele encontra quatro tipos de terreno. O primeiro, à beira do caminho, significa “todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende”: “vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração”. Trata-se de pessoas que sequer chegaram a entrar na Igreja; que se detêm diante das ruínas da Civilização cristã, sem saber qual edifício existia antes delas.
Essas pessoas precisam ser conquistadas para Nosso Senhor. Por isso, em outra passagem, Ele diz que tornará os que O seguem “pescadores de homens” [1]. O trabalho de evangelização é como uma pescaria. Para que o peixe fisgue o anzol, é necessária uma isca atraente. Do mesmo modo, para que se traga as pessoas para a Igreja, é preciso que elas se sintam atraídas pela boa nova de Cristo. Não se trata de desfigurar o Evangelho, tornando-o menos exigente e adequando-o aos gostos do mundo moderno, mas de apresentar a Palavra de uma forma que o homem compreenda que “não só de pão vive o ser humano, mas de tudo o que procede da boca do Senhor” [2]; que Nosso Senhor é a única resposta à fome que todo ser humano carrega dentro de si.
O segundo tipo de terreno é “aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas (...) quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, ele desiste logo”. São as pessoas que não compreenderam a analogia do grão de trigo, que só dá frutos se cai na terra e morre [3]; que não entenderam que é impossível seguir Cristo sem abraçar a Cruz e o sofrimento. E isto, não porque gostemos de sofrer, mas porque somos convidados por Deus ao amor e, nesta vida, não é possível amá-Lo sem a experiência da dor e da morte.
Infelizmente, uma ideologia frequente entre pessoas de Igreja tem pregado que a Cruz é algo “medieval” ou “romanista”. Mas o Evangelho não é medieval, tampouco as palavras de Cristo: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me” [4] são romanas. Trata-se, ao contrário, de pagar o preço por ser discípulo de Cristo. Evidentemente, essa não é a primeira coisa a ser apresentada a quem ainda não conhece a Palavra, mas, mesmo no início do seguimento de Jesus, é preciso que a pessoa se disponha a uma renúncia. São Pedro e Santo André, por exemplo, ao serem chamados, conta o Evangelho, “deixaram as redes e o seguiram” [5].
O terceiro terreno do qual fala Nosso Senhor é o dos espinhos: trata-se daquele “que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele não dá fruto”. Embora tenham entrado na Igreja, essas pessoas entregam-se ao amor próprio desordenado, vivendo segundo a lei: “foge da dor, busca o prazer”. Imersas em suas preocupações, elas tentam, a todo o custo, fazer que a sua casa, construída na areia, não caia; que aquilo que é do mundo não passe. Cultivam a ilusão de que o acúmulo de riquezas pode dar-lhes a felicidade. Colocam o coração nos bens deste mundo, ao invés de elevarem o seu coração a Deus, como exorta a Liturgia: “Sursum corda! – Corações ao alto!”
Tragicamente, são muitas as pessoas dentro da Igreja que vivem assim. Enquanto o primeiro terreno de que fala Jesus nunca fez parte da Igreja e o segundo, embora tenha entrado nela, não lhe pertence mais, do terceiro apenas se diz que “não dá fruto”. Trata-se de pessoas sentadas nos bancos de nossas igrejas, mas contaminadas por uma mentalidade mundana, aquela que Santo Agostinho ponta como fundando a cidade dos homens: “Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial” [6].
O quarto terreno, bom e fecundo, é o único sobre o qual se edifica a cidade de Deus. Refere-se a “aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta”. Para que o terreno de nosso coração seja assim, é preciso que procuremos compreender a Palavra de Deus – ao contrário do primeiro terreno –, que estejamos prontos para amar, abraçando de alguma forma a Cruz e o sofrimento – ao contrário do segundo – e, por fim, que renunciemos ao pensamento mundano, que pede que fujamos da dor e busquemos o prazer – ao invés do terceiro terreno. Sigamos esse itinerário e caminhemos juntos para a cidade celeste.

Referências:
Mt 4, 19.
Dt 8, 3.
Jo 12, 24.
Lc 9, 23.
Mt 4, 20.
De Civitate Dei, 2, XIV, XXVIII.
XV Domingo do Tempo Comum - 13 de Julho de 2014


JESUS CRISTO É O SENHOR E A SEMEADURA.

Primeira Leitura: Is 55,10-11;
Salmo 64 (65), 10.11.12-13.14;
Segunda Leitura: Rm 8,12-23; 
Evangelho: Mt 13,1-23.

Situando-nos brevemente
Diletos, é na liturgia que a Escritura se sente verdadeiramente em casa, porque na proclamação litúrgica a Escritura se torna plenamente aquilo que é: Palavra de Deus viva, presente em meio a nós. O Concílio Vaticano II nos ensina que a proclamação da Palavra de Deus na liturgia tem um valor sacramental da presença de Cristo, pois “é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura”.
O concílio ensina que “é enorme a importância da Sagrada Escritura na celebração da Liturgia. Porque é nela que se vão buscar as leituras que se explicam na homilia e os salmos para cantar; com o seu espíritos e da sua inspiração nasceram as preces, as orações e os hinos litúrgicos; dela tiram a sua capacidade de significação as ações e os sinais”. Por causa desse imenso valor dado a Sagrada Escrituras, o mesmo Concílio pediu que fossem “mais abundante, variada e bem adaptada a leitura da agrada Escritura nas celebrações” e exortou que se preparasse para os fiéis, com maior abundância, a mesa da Palavra de Deus e se abrissem mais largamente os tesouros da Bíblia.
Neste XV Domingo do Tempo Comum de maneira especial somos convidados a uma atenção maior a esse dado, à riqueza com que a Palavra de Deus acaba de ser semeada nos nossos corações. “A proclamação litúrgica infunde vida nos ossos ressequidos das antigas palavras escritas, as desperta para fazê-las tornarem-se, no mundo, a presença transformadora e fecundante de cristo ressuscitado”. Eis-nos, pois, neste domingo diante de uma realidade ímpar, uma das mais desconcertantes e ao mesmo tempo, reconfortantes realidades: deus fala. O Deus da Bíblia é um Deus que fala. “Um dos traços mais característicos do Deus vivo – escreveu alguém – é que ele fala aos homens. Revela-se não só na linguagem silenciosa da natureza e dos sinais das criaturas; ‘fala’ por suas intervenções históricas de salvação e de misericórdia”. Ele acabou de falar-nos neste evento histórico, que é esta celebração eucarística e na proclamação solene das leituras das Sagradas Escrituras. E o que nos disse?

Recordando a Palavra
O Evangelho que acabamos de ouvir tirado do capítulo 13 de São Mateus; os biblistas o chamam de capítulo as parábolas, que se insere dentro de uma sessão própria do evangelista Mateus, na qual ele reúne os discursos de Jesus feitos de forma “metafórica”. O capítulo reúne sete parábolas, cujo tema central é o reino de deus, não como uma realidade teórica, mas como uma proclamação que só se entende depois que se responde positivamente ou negativamente. Os que se respondem positivamente encontrarão o reino como um tesouro, uma pérola, os que respondem negativamente são “sufocados pelos espinhos”, “comidos pelos pássaros” e morrerão entre os “pedregulhos” da terra, sufocados pelo calor do sol. As parábolas são: a do semeador, com sua explicação, a que acabamos de ouvir; a do joio; a do grão de mostarda; a do fermento, que ouviremos no próximo domingo; a do tesouro; a da pérola; e a da rede, que ouviremos no domingo seguinte.
Algumas parábolas, como a de hoje, tem uma estrutura litúrgica: uma “proclamação” e uma “homilia”, ou exposição do sentido teológico/moral da palavra anunciada. Jesus Cristo é ao mesmo tempo o proclamador e a homileta. A parábola tem como personagem principal um agricultor que tem um objetivo preciso, isto é, “saiu para semear”. Tal agricultor é aparentemente descuidado, ou desprovido do senso da sua profissão. Ele parece “desperdiçar” a semente. Ele a deixa cair à beira do caminho, em terreno pedregoso, em meio aos espinhos, outras, porém caíram “em terra boa”. Reparem que a parábola não fala de “terra pronta, perfeita”, mas terra boa, isto é, terra propensa a acolher a semente. Na “segunda parte da parábola”, Jesus deixa claro quem são os “personagens” da sua parábola: o semeador é Deus, a semente é a Palavra de Deus (cf. Mc 4,14), a beira do caminho, o terreno pedregoso, o terreno espinhoso e a terra são o caminho do coração do homem. Certo que por coração não se entende o “órgão corporal”, mas a vida do homem, o cotidiano, o existencial, mas não só, indica também o lugar onde o homem centraliza a sua existência, onde ele “esconde” a sua fonte vital. Isto quer dizer que da parte de Deus vem o dom, a gratuidade da Palavra que cria todas as coisas, da parte do homem deve vir à responsabilidade de abrir espaço para a Palavra germinar.
A primeira leitura também é uma parábola e, como o Evangelho, ela também tem como tema central o Reino de Deus. Aqui o profeta usa outra imagem para a Palavra: ela é a chuva e neve. Ela vem do céu, ela vem irrigar e fecundar a terra, ela é eficaz, “assim a palavra que sair de minha boca, não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for da minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”. Claro está que tanto lá no Evangelho como aqui na profecia “semente e chuva”, não são coisas, mas uma pessoa, Jesus Cristo. Assim com a chuva e a semente vêem de cima, Jesus vem do alto; e a semente é Sua imagem porque gera a vida, a chuva é Sua imagem porque alimenta a vida, porque permite à semente germinar.
O salmista usando a linguagem de um agricultor resume toda a História da salvação com imagem emocionante: é Deus quem visita a terra com a sua chuva, Jesus Cristo, e a faz transbordar de fartura, confirmou o povo ao ver ressuscitado a viúva de Naim: “um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo” (Lc 7,16), “conforme prometera aos nossos pais” (Lc 1,55) “o Senhor Deus de Israel, visitou e redimiu seu povo fazendo para nós surgir um poderoso Salvador” (Lc 1,68-69), como os “pastos que brotam no deserto” e “colinas que se enfeitam de alegria e os vales que se revestem de trigais”.

Atualizando a Palavra
Amados irmãos, esta Palavra é mais que atual. O sistema no qual vivemos nos obriga a sermos cada vez mais insensíveis à Palavra. Quantas vezes ela soa estranha aos nossos ouvidos. “A Palavra é fogo (outra metáfora), escreve Pronzato. E nós atiramos sobre ela baldes de água de nosso bom-senso, de nossa falsa prudência, de nossa incrível preguiça. Eis o que significa ‘tornar inócua’ a Palavra, atraiçoar a Palavra, ter o coração empedernido. Portanto, a culta não deve ser procurada [somente] e nossa cultura deficiente [pois o semeador é ‘aparentemente’ descuidado e não de fato [...] A causa profunda deve ser procurada, como podemos [deduzir], em uma atitude fundamental que está errada. O coração empedernido, precisamente. O terreno já está ocupado: por nós mesmos, pelos nossos esquemas, pelos nossos preconceitos, pelo nosso bom-senso. A Palavra em nós deve tornar-se vida. Não pode permanecer no estágio da inteligência e nem também naquele do vago sentimentalismo. É preciso que se torne vida,, caso contrário acaba por se desvirtuar, envilecer, tornar-se incompleta”.
Irmãos, intencionalmente, e não por negligência, o divino semeador semeia a Palavra sobre o caminho, entre os espinhos, e em terreno pedregoso. “Deus parece semear seu Reino em pura perda, entre os homens, mas dessas estéreis tão pouco promissoras surge ‘uma ceifa que supera todas as esperanças’”. Ele semeou no coração de Saulo e este se tornou Paulo, no coração de uma prostituta e ela se tornou Maria Egipcíaca, semeou no coração do mundano Francisco, o Francisco “do mundo” e ele se tornou o Francisco “de Assis”, ele semeia ainda hoje no coração de um estuprador e ele se transforma num pregador, semeia no coração de um drogado e ele se torna um voluntário num hospital infantil do câncer, ele semeia no coração de um assassino e ele se transforma em um missionário na África.
Repreende-se justamente um semeador por fazer assim, por não ser atento à técnica da semeadura, por não fazer uma planilha, um cálculo, por não consultar um engenheiro. A técnica e o bom-senso sabem e nos ensinam que “a pedra não poderia tornar-se terra, os espinhos não podem deixar de espinhos, o caminho não pode deixar de ser caminho. Nas ordens das coisas espirituais não é assim: a pedra pode ser transformada em terra fértil, o caminho pode não ser mais pisado pelos transeuntes e tornar-se um campo fecundo; os espinhos podem ser arrancados e permitir ao grão, uma vez desembaraçado, frutificar-se. Se tudo isso não fosse possível, o [divino] semeador não teria espalhado o seu grão”. Lembremos o Salmista: “É assim que preparais ‘a nossa terra’, os seus sulcos com a chuva amoleceis... Transborda a fartura onde passais, brotam pastos no deserto. As colinas se enfeitam de alegria... Nossos vales se revestem de trigais: tudo canta de alegria”.

Ligando a Palavra com a ação eucarística
Conta-se que um jovem padre assumiu uma paróquia localizada em uma zona rural e na sua primeira semana de pastoral, com seu belo carro, começou a percorrer os sítios. Passou de frente a um belíssimo campo arado, onde o milho e o feijão já estavam bem viçosos, e, para demonstra-se simpático, dirigiu-se ao agricultor que estava sentado sob uma árvore:
- Seu José, que beleza de campo. Veja a obra estupenda que Deus fez.
Ao que o agricultor responde com simplicidade.
- Pois é seu padre, pena que o senhor chegou atrasado. O senhor deveria ter passado aqui para ver quando Ele trabalhava sozinho. Isso aqui era um matagal só.
De fato, a perfeição da obra de Deus não exclui a nossa parte, o nosso esforço em preparar o terreno. O gesto que estamos prestes a realizar, de trazer processionalmente pão e vinho, “fruto do trabalho humano”, é de fundamental importância para que deus opere aquela transformação dos nossos dons no maior de todos os dons, o “Pão da vida eterna e cálice da salvação”. Esse grande mistério acontece pela Palavra, e ao mesmíssimo tempo esse mistério é a Palavra: “Ele é a vossa Palavra viva pela qual tudo criaste”. Não só a Liturgia da Palavra é um semear. Também, e especialmente, na Liturgia Eucarística, pela participação à mesa, a Palavra que foi proclamada no Evangelho, que se tornou carne humana no seio da Virgem Maria, que se transformará em Pão, será “semeada”, “plantada” dentro de nós.
Sim, Jesus cristo é para nós o Semeador, que proclama a Palavra, e a Semeadura, a Palavra proclamada.

Sugestões para a celebração
Limitamo-nos a reproduzir na íntegra o que ensina a Igreja sobre a liturgia da Palavra, “onde Cristo está realmente presente e atuante pelo Espírito Santo”.
Ø  Daí decorrer a exigência para os leitores, ainda maior para quem proclama o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu povo.
Ø  À preparação espiritual se alia a preparação técnica: postura do corpo, tom de voz, semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da Palavra, as vestes.
Ø  A função do Salmista é de suma importância. Sua função ministerial corresponde à função dos leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus posta em nossa boca para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo deve ser proclamado do ambão e, se possível, cantado, (ao menos o refrão).
Ø  A Palavra é valorizada também por momentos de silêncio, por exemplo, após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à Palavra. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade.
Ø  Já que a mesa da Palavra forma, com a mesa da Eucaristia, um só ato de culto., há de se manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção dada à procissão de entrada e outras procissões, bem como homilias prolongadas, introduções às leituras parecendo comentários ou pequenas homilias prejudicam a Liturgia Eucarística que, em conseqüência, passa a ser feita de forma apressada.
Ø  Priorize-se a entrada solene do Evangelho na procissão inicial. Na falta deste, embora não mereçam a mesma solenidade, podem ser trazidos o Lecionário ou a Bíblia. A entrada com a Bíblia se faça só em ocasiões bem especiais.

Fonte: Novo povo construindo o Reino de Deus na justiça! -  Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I - Junho/Agosto 2014 - Ano A – Edições CNBB.
Liturgia de 13.07.2014 - 15º Domingo do Tempo Comum
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Reflexão
XV Domingo do Tempo Comum
A demora na realização das promessas de Deus possibilita aos discípulos e a nós, entrarmos em crise. Percebendo essa situação, Jesus conta para eles e para nós, a parábola das sementes.
A Palavra de Deus é, em si mesma, boa e, se bem apresentada, produzirá muitos frutos; mas isso não depende só da Palavra; depende também das diversas situações em que se encontra o terreno onde ela é depositada, isto é, das diversas respostas.A Palavra é oferecida e exatamente por ser oferecida, conserva em si todo o risco da negligência, do descaso, da não aceitação, da oposição.
De acordo com a parábola, ela poderá ser comida pelos pássaros, poderá cair entre as pedras e não criar raízes e, finalmente, poderá cair entre os espinhos e morrer sufocada.Vamos refletir sobre cada um desses alertas feitos por Jesus. O primeiro se refere à semente que pode ser ciscada pelos pássaros. É o nosso medo do sofrimento, em relação ao caminho da cruz, tantas vezes abordado por Jesus e a busca incessante de realizações, de êxito. É como aquela pessoa que vê na possibilidade de exercer um serviço eclesial, como uma ocasião de prestígio, de ter status.
A semente que caiu entre as pedras e não criou raízes, representa aqueles que só externamente aceitaram a Palavra. Ela não foi aceita com profundidade. Teme-se que a adesão a Cristo seja ocasião de constrangimento, de envergonhar-se.A que caiu entre os espinhos é a semente sufocada, imagem de muitíssimos cristãos. As preocupações da vida presente, a atração exercida pelo ter, pelo poder, pelo possuir, pelo ganhar se impõem, são obstáculos para o acolhimento da Palavra.
A Palavra não é ineficaz, mas falta o acolhimento. A Palavra se adapta às condições do terreno, ou melhor, aceita as respostas que o terreno dá e que com freqüência são negativas. É necessário preparar o terreno, os corações, para que percam o endurecimento causado pelos ídolos das ideologias, do consumismo, do dinheiro, do prazer, das demais riquezas.Se o terreno, se os corações forem trabalhados pela simplicidade, pela autenticidade, pela educação libertadora daqueles ídolos, a Palavra descerá qual chuva fina, penetrando a terra e fazendo a semente frutificar.
Fonte 2014-07-12 Rádio Vaticana


HOMILIA
A PARÁBOLA DO SEMEADOR Mt 13,1-23
Estamos diante de um capítulo marcado pelas parábolas do mestre que representa a forma eficaz da pedagogia de Jesus.
Com esta parábola aprendemos que o serviço do missionário é semelhante ao do semeador que lança a semente ou seja a palavra de Deus. Neste episódio Deus quer que a Sua palavra seja anunciada e exposta e que as pessoas estejam reunidas para ouvi-la. Pois ela descreve o que acontece no dia a dia das pessoas.
Por outro, assim como o semeador deve lançar a boa semente, assim o pregador. Ele precisa semear a pura Palavra de Deus e não as tradições da Igreja ou as doutrinas humanas. O pregador precisa ser diligente. Não pode poupar esforços. Precisa lançar mão de todos os meios possíveis para fazer o seu trabalho prosperar. Deve pregar a palavra oportuno quer não. Ele não pode deixar-se deter por dificuldades e desencorajamentos.
Ele pode espalhar a semente que lhe foi confiada, mas não pode ordenar que ela cresça. Ele pode oferecer a palavra da verdade a um povo, mas não pode fazer as pessoas receberem a palavra e produzir fruto espiritual. Porque Produzir vida é uma prerrogativa soberana de Deus.
O ensinamento do texto é uma advertência de que podemos refletir sobre um sermão com o coração endurecido, em que o sofrimento de JESUS pode ser exposto diante de você e você ouvir com total indiferença, como não se ouvisse nada!
Tão rápido as palavras chegam aos seus ouvidos e na mesma velocidade o diabo arranca de você e você volta para casa como se não tivesse ido a lugar algum.
O texto nos deixa duas verdades claras:
Primeira: Podemos ouvir a palavra de Deus com prazer, enquanto que a impressão produzida em nós é apenas temporária e de pouca duração.
Nosso coração, como o “solo rochoso” da parábola, pode produzir um mundo de sentimentos e boas resoluções. Porém, durante todo o tempo, pode não haver raízes profundas em nossa alma, de maneira que o primeiro vento frio de oposição ou tentação, pode fazer secar a nossa aparente religião.
E infelizmente há muitos ouvintes nessa classe! A mera apreciação a palavra de Deus não é sinal da presença da graça divina. Muitas pessoas são batizadas como os judeus nos dias de Ezequiel: “Você não passa de um divertimento para eles, como um cantor que canta belas canções de amor, ou como um músico que toca bem o seu instrumento. Ouvem o que você fala, mas não põem uma palavra em prática”. (Ez. 33.32).
Segunda verdade do texto: Podemos ouvir a palavra de Deus aprovando cada palavra, e, no entanto, não tirar dela qualquer benefício real.
Nosso coração tal como o solo recoberto de espinhos, pode se deixar afogar pelos cuidados e prazeres mundanos. Podemos realmente apreciar o evangelho e desejar obedece-lo, mas no entanto, insensivelmente, não dar qualquer oportunidade ao evangelho de produzir seu fruto sobre nós.
E infelizmente também existem muitos ouvintes dessa natureza! Eles conhecem bem a verdade. Esperam que um dia serão cristãos decididos. Porém, jamais chegam ao ponto de desistir de tudo por amor a Cristo. - Eles nunca tomam a decisão de “buscar em primeiro lugar o reino de Deus”, e por isso mesmo, acabam morrendo em seus pecados.
Esses são dois pontos que deveríamos pesar cuidadosamente. Nunca deveríamos esquecer que há várias maneiras de se ouvir a Palavra de Deus sem proveito.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA
Que as ilusões materiais não sufoquem a força da Palavra em nosso coração!
O excesso de preocupações, como a ilusão com os bens materiais e com as riquezas deste mundo, sufocam a força da Palavra de Deus em nosso coração.
“Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração” (Mateus 13, 19).


A parábola do semeador é de vital importância para compreendermos o lugar da Palavra de Deus semeada em nosso coração, porque o que Jesus tem feito, o que a Igreja tem feito, é semear a Palavra, a Palavra que faz o Reino de Deus acontecer. O Reino de Deus vem em sementes – talvez você ache a semente uma coisa insignificante, pequena, desprezível, mas é nela que está contida toda a árvore. Assim como o embrião, que está no ventre da mãe, já contém toda a vida, assim também a semente já contém toda a árvore; da mesma forma, a semente da Palavra já contém todo o Reino de Deus.
É preciso cultivar a semente, cuidar para que ela cresça, para que ela não seja sufocada, esmagada e desprezada, porque se ela [semente] é bem cuidada, se ela é bem acolhida, ela vai crescer e se tornar uma árvore esplendorosa e vai produzir muitos frutos.
A primeira coisa para que isso aconteça: atenção ao escutar a Palavra de Deus, não deixe que as distrações da mente e as distrações do lugar onde você está tomem a atenção que a Palavra de Deus quer ter no seu coração – lugar único, nós não podemos colocar a Palavra de Deus junto com nenhuma outra coisa. Ou nós damos a primazia à Palavra de Deus ao escutá-la ou ela não vai produzir frutos em nós.
Do outro lado é preciso criar raízes, é preciso ouvir essa Palavra e deixar que ela entre na profundidade do nosso ser, porque só a Palavra enraizada em nós fecunda, cresce e produz frutos. Muitas vezes passamos anos ouvindo a Palavra de Deus, escutando a Palavra do Senhor e não permitimos que ela crie raízes em nosso coração.
A outra coisa necessária para isso é não sermos vencidos pelas preocupações do mundo e pelas ilusões da riqueza, porque tanto o excesso de preocupações como a ilusão com os bens materiais, com as riquezas deste mundo, sufocam a força da Palavra de Deus em nosso coração.
Por essa razão você precisa realmente dar o primeiro lugar à Palavra de Deus ao buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus; o restante virá em consequência disso. Não sufoque, não coloque de escanteio e não despreze a Palavra de Deus, porque, ao ser bem acolhida e ao entrar na essência e com profundidade em nosso coração, ela produzirá muitos frutos.
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Facebook Twitter
http://homilia.cancaonova.com/homilia/que-as-ilusoes-materiais-nao-sufoquem-a-forca-da-palavra-em-nosso-coracao/
LEITURA ORANTE

Mt 13,1-23 - O semeador saiu para semear



Saúdo a todos que circulam por este ambiente virtual:
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!

Preparo-me para a Leitura, rezando
Jesus Mestre, que dissestes:
"Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles",
ficai conosco, aqui reunidos
(pela grande rede da internet),
para melhor meditar e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade:
iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho: fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida: transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente: Mt 13,1-23
Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso, ele entrou num barco e sentou-se ali... Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas, dizendo: "O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram em terra boa e produziram fruto: uma cem, outra sessenta, outra trinta. Quem tem ouvidos, ouça!" Os discípulos... disseram a Jesus: "Por que lhes falas em parábolas?" Ele respondeu: "Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não... Pois a quem tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas a quem não tem será tirado até o que tem. Por isto eu lhes falo em parábolas: porque olhando não enxergam e ouvindo não escutam, nem entendem. Deste modo se cumpre neles a profecia de Isaías: 'Por mais que escuteis, não entendereis, por mais que olheis, nada vereis... Fecharam os seus olhos, para não verem..., para não ouvirem com os ouvidos, nem entenderem com o coração, nem se converterem para que eu os pudesse curar'. Bem-aventurados são vossos olhos, porque vêem, e vossos ouvidos, porque ouvem! Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram; desejaram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram. "Vós, portanto, ouvi o significado da parábola... A todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração; esse é o grão que foi semeado à beira do caminho. O que foi semeado nas pedras é quem ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo...: quando chega tribulação ou perseguição por causa da palavra, ele desiste logo. O que foi semeado no meio dos espinhos é quem ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele fica sem fruto. O que foi semeado em terra boa é quem ouve a palavra e a entende; este produz fruto: um cem, outro sessenta e outro trinta".
Provérbios, comparações, parábolas são muito usados nas tradições do povo judeu. São comparações que ilustram ou explicam melhor aspectos da vida. Os profetas usaram muito este tipo de linguagem. A parábola apresentada no texto de hoje, descreve o dinamismo da Palavra. Fala de semente, ou seja, de um símbolo de vida. A semente contém a vida que precisa ser desenvolvida e para isto precisa de determinadas condições. A primeira delas é o terreno. Nesta parábola, Jesus fala de quatro diferentes terrenos: à beira do caminho, entre pedras e com pouca terra, no meio de espinhos e em terra boa. Em seguida, ele explica aos discípulos todo o significado destes terrenos.
A  margem do caminho é símbolo da exposição ao  maligno, ou seja, ao que se opõe ao bem. O terreno pedregoso é aquele que não permite raízes, é superficial. Os espinhos simbolizam as preocupações e a busca de riquezas que distraem e não dão espaço para a Palavra de Deus.  A terra boa simboliza as pessoas que têm coração aberto e livre para acolher a Palavra.

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Que tipo de terreno é meu coração?
Em Aparecida, na V Conferência, os bispos disseram: “Damos graças a Deus que nos deu o dom da palavra, com a qual podemos nos comunicar entre nós e com Ele por meio de seu Filho, que é sua Palavra (cf. Jo 1,1). Damos graças a Ele que, por seu grande amor fala a nós como a amigos (cf. Jo 15,14-15).” (DAp 25).E dizem mais: “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Daí o convite de Bento XVI: “Ao iniciar a nova etapa que a Igreja missionária da América Latina e do Caribe se dispõe a empreender, a partir desta V Conferência em Aparecida, é condição indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus, Por isto, é necessário educar o povo na leitura e na meditação da palavra: que ela se converta em seu alimento para que, por experiência própria, vejam que as palavras de Jesus são espírito e vida (cf. Jo 6,63). Do contrário, como vão anunciar uma mensagem cujo conteúdo e espírito não conhecem profundamente? É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda nossa vida na rocha da Palavra de Deus” (DAp 247).

3. Oração (Vida)
Senhor,
ilumina a minha inteligência e fortifica a minha vontade,
de modo que a minha vida seja, aos poucos,
transformada pelo encontro contigo.
Liberta-me de tantas coisas que me oprimem,
ensina-me a evitar a dispersão
em muitos interesses superficiais;
ajuda-me na busca contínua da tua vontade.
Espírito Santo, cria em mim um coração novo,
capaz de amar todas as pessoas.
Que a minha oração seja sustentada
pela intercessão de Maria, Mãe da Igreja
e modelo de disponibilidade à voz de Deus.
Amém.

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus e abrir meu coração para que seja terreno bom e acolhedor da Palavra.

Bênção
 - Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Ir. Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br

Sugestão: LEITURA ORANTE NAS CARTAS DE PAULO
Ouça pela Rádio 9 de julho AM 1600, o programa Nos passos de Paulo e
faça a Leitura Orante das cartas de Paulo Apóstolo, de 2ª a 6ª feira, das 20 às 21h
Acesse pela internet:
http://www.radiosetvs.com/radio9dejulho.html
ou pelo blog: http://www.nospassosdepaulo.com.br/

Oração Final
Pai Santo, dá-nos a consciência de que é preciso preparar o terreno do nosso coração para acolher tua Mensagem e transformá-la em vida. Queremos ser terra boa, adubada com cuidado para fazer florescer as sementes do Reino lançadas pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.