segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

AO ENTRAR QUE VENHA COM DEUS... AO SAIR QUE DEUS TE ACOMPANHE…

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 26/02/2023

ANO A


1º DOMINGO DA QUARESMA

Ano A - Roxo

Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a ele prestarás culto” Mt 4,10

Mt 4,1-11

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos neste primeiro domingo a vitória de Cristo sobre as tentações do deserto, mostrando que o jejum, a oração e a caridade são meios eficazes para vencermos as ciladas do inimigo. Crendo nas promessas do Senhor, coloquemo-nos diante de sua glória.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, bem vindos! Estamos num tempo de graça! Preparando-nos para a Páscoa, recordamos nosso caminho de fé batismal. Conduzidos pelo Espírito, vamos com Jesus ao deserto. Com Jesus, aprendemos a resistir às tentações do Maligno que deseja nos desviar de nossa consagração batismal e arrancar de nós o entusiasmo pelo Reino de Deus. Diante das tentações, renovemos nossa fidelidade ao Deus vivo e verdadeiro, sustenta- dos por sua Palavra.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos neste domingo a vitória de Cristo sobre as tentações do deserto, onde Jesus mostra que o jejum, a oração e a caridade são meios eficazes para vencermos as ciladas do inimigo. Somente com o coração purificado, podemos restabelecer relações fraternas para com Deus e os irmãos. Crendo nas promessas do Senhor, coloquemo- nos diante de sua glória.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, bem vindos! Estamos num tempo de graça! Preparando-nos para a Páscoa, recordamos nosso caminho de fé batismal. Conduzidos pelo Espírito, vamos com Jesus ao deserto. Com Jesus, aprendemos a resistir às tentações do Maligno que deseja nos desviar de nossa consagração batismal e arrancar de nós o entusiasmo pelo Reino de Deus. Diante das tentações, renovemos nossa fidelidade ao Deus vivo e verdadeiro, sustentados por sua Palavra.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste primeiro domingo é proposta uma reflexão fundamental sobre o destino do homem. É uma meditação religiosa, uma vez que põe em causa o justo relacionamento com Deus, libertando-o de suas concepções errôneas. - O homem é escravo de forças naturais ou históricas; sua presença no mundo é o fruto de um acaso que lhe pregou uma peça breve e cruel, dando-lhe ilusão de felicidade e abandonando-o ao poder da morte. - O home é árbitro absoluto de seu destino, senhor do bem e do mal, dominador das forças cósmicas, único protagonista da história.
Fonte: NPD Brasil em 01/03/2020

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Iniciamos, estimados irmãos e irmãs, nossa caminhada quaresmal. Se a quaresma caracteriza-se como sendo um tempo de conversão, deve haver de que se converter: o pecado. Contudo, para muitos, hoje, não existe pecado; sobretudo para os que se iludem com seu aparente sucesso e não sentem na pele quanto seu pecado faz sofrer os outros. A história humana se move entre o projeto de Deus e o poder do mal. O mal tenta seduzir o homem para que o adore no lugar de Deus. Partindo desta perspectiva, a liturgia deste primeiro domingo da quaresma, nos mostrará, como Satanás disfarça sua tentação por trás de bens aparentes: conhecimento que nos faz capaz de brincar de deus, satisfação material, poder, sucesso... desde que adoremos o diabo no lugar de Deus.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, bem vindos! Estamos num tempo de graça! Preparando-nos para a Páscoa, recordaremos nosso caminho de fé batismal. Conduzidos pelo Espírito, vamos com Jesus ao deserto. Com Jesus, aprenderemos a resistir às tentações do Maligno que quer nos desviar de nossa consagração batismal e arrancar de nós o entusiasmo pelo Reino de Deus. Diante das tentações, renovemos nossa fidelidade ao Deus vivo e verdadeiro, sustentados por sua Palavra.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste primeiro domingo é proposta uma reflexão fundamental sobre o destino do homem. É uma meditação religiosa, uma vez que põe em causa o justo relacionamento com Deus, libertando-o de suas concepções errôneas. - O homem é escravo de forças naturais ou históricas; sua presença no mundo é o fruto de um acaso que lhe pregou uma peça breve e cruel, dando-lhe ilusão de felicidade e abandonando-o ao poder da morte. - O home é árbitro absoluto de seu destino, senhor do bem e do mal, dominador das forças cósmicas, único protagonista da história.
Fonte: NPD Brasil em 05/03/2017

A SUPERAÇÃO DAS TENTAÇÕES

Nossas tentações têm o tamanho de nossas fraquezas! Podem ter também o tamanho de nossas distrações e até das nossas necessidades. Mas nada disso significa que elas devem prevalecer sobre nossas escolhas. A superação de nossas tentações será sempre possível, porque se trata de apelos que nos convidam ou seduzem, mas não se trata de uma natureza que deter- mina o nosso agir. Por trás de tudo está sempre um ser humano livre e capaz de se determinar segundo suas verdadeiras escolhas.
Por isso, a superação de nossas tentações terá sempre o tamanho das nossas convicções. Será muito difícil esperar que alguém seja capaz de se impor sobre suas fraquezas, distrações ou necessidades se esse alguém não tiver nada maior para pensar e para querer. Nenhum de nós se nega a fazer um sacrifício ou renúncia quando o efeito deles é uma coisa que realmente nos interessa. Nossas opções são maiores que nossos desejos, sonhos e paixões. À medida em que queremos uma coisa de verdade somos capazes de pagar o preço que ela custa. Por isso, nossa reflexão maior deve ser sobre que tipo de fé e esperança nós cultivamos quando falamos de Deus e das virtudes que Ele nos propõe como estilo de vida mais sadio para nossa existência.
Saber que nossa necessidade não é o nosso bem maior, como o pão que podia provir do milagre de transformar as pedras; compreender que Deus não está a nosso ser- viço, como a tentação de se atirar do Templo para provocar a sua Pro- vidência; determinar que o mundo não pode ocupar o lugar do Céu dentro de nós, como a proposta de adorar o demônio para receber as maravilhas do mundo. A Escritura nos diz o que temos que saber. Mas é preciso saber entendê-la, do contrário, também ela poderá se tornar uma tentação. Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Não tentarás o Senhor teu Deus. Adora- rás ao Senhor teu Deus e somente a ele prestarás culto. São essas as palavras da Escritura citadas por Jesus. Por causa dessas convicções Ele não fez conta de ter jejuado e passado fome, de não conseguir fazer com que as pessoas acreditassem que Ele era o Filho de Deus, de não dominar sobre os reinos do mundo e sua glória.
Em outras palavras, Jesus assumiu sua Encarnação. Ele não se importou em ser Deus a modo humano, decaído, humilhado. Ele renuncia a ter de provar alguma coisa para alguém ou para si mesmo. Ele sabia quem era, e aceitava o que tinha de fazer. Para a sua missão bastava estar nas mãos do Pai. A conduta de Jesus se torna exemplar para nós. Ele não venceu as tentações porque era Deus. Sua natureza Divina não convivia com as fragilidades da vida da criatura. Mas sua natureza humana experimentava tudo o que nós vivemos. E foi assim que Ele nos ensinou que podemos vencer as tentações.
Basta que tenhamos mais fé e convicção do que a consciência de nossas fraquezas. Basta que não suponhamos que somos grandes como Deus, mas ocupando o nosso lugar, saibamos nos confiar a Deus e lutar para que seu Reino habite em nós. É tudo questão de opção.
Dom Rogério Augusto das Neves
Bispo Auxiliar de São Paulo

AS TENTAÇÕES DE ONTEM E DE HOJE

Comemoramos na Quaresma os quarenta dias em que Jesus passou no deserto, como preparação para os anos de pregação que culminam na Cruz e na glória da Páscoa. Quarenta dias de oração e de penitência que, ao findarem, desembocam na cena que a liturgia de hoje oferece à nossa consideração no Evangelho da Missa. São Mateus nos conta que Jesus, depois de receber o batismo de João, foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio. Com isso, Jesus quer nos ensinar a vencer as tentações que sofreremos ao longo da nossa vida. Deus permite que soframos tentações porque nos ensinam a crescer diante dos obstáculos e a progredir na prática do bem. Já o ensina São Tiago: “Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam” (Tg 1,12)
Interessante saber que os aviões sempre decolam e aterrissam no sentido contrário ao do vento: se não encontrassem resistência do ar ou recebessem uma forte ventania na cauda (que aparentemente parece ser a favor), a vida dos passageiros estaria em sério perigo. Assim também acontece na vida cristã: para crescer é preciso enfrentar a resistência das tentações. Deus permite que sejamos tentados para provar a nossa virtude e o nosso amor: a tentação vencida nos dá o mérito de ter correspondido à ajuda de Deus. É uma demonstração do bom uso da liberdade: mereceremos um prêmio, porque podendo escolher o mal, fazemos o bem.
É verdade que toda tentação é enganosa, por ser incitada pelo demônio, pai da mentira, ou pelo orgulho de nos considerarmos melhor do que somos, pela mentira sobre nós mesmos. A tentação promete o que não pode dar. No entanto, há algumas tentações perigosas, porque são sutis, e facilmente podem nos iludir. A primeira é a tentação do adiamento. Trata-se de uma forma de se enganar, ao postergar ao máximo possível a realização de deveres difíceis, como, por exemplo, fazer uma Confissão bem feita, ter uma conversa esclarecedora com aquele amigo envolvido com bebida, com negócios escusos, ou relacionamentos ilegítimos. A pessoa pensa: “eu tenho que resolver isso, mas acho que ainda não é o momento...” Há pessoas fracas que têm este modo de atuação constante: “deixa para mais adiante...” E os problemas não se resolvem.
A segunda tentação perigosa é a mediocridade. Lembro-me daquele conselho da avó ao neto, piloto comercial: “Meu neto, eu fico apavorada quando você está pilotando esses aviões: me prometa uma coisa: voe bem devagar e baixinho.” Não precisamos ser entendidos em aviação para saber que o rapaz correria o risco de provocar um acidente: ao contrário, para sua segurança, o avião deve voar alto e com boa velocidade. O mesmo acontece com quem não corresponde ao amor de Deus, porque foge do sacrifício, porque se contenta em fazer o mínimo necessário, preocupando-se apenas em não cair em grandes pecados, mas não se afasta dos pecados veniais; assim como quem acha que não precisa fazer penitência, ou quem se contenta em cuidar da sua vida cristã e não se esforça em aproximar seus parentes e amigos da fé
Desistir é a terceira tentação perigosa: quem acha que nunca vai conseguir vencer seus erros, pecados e defeitos e deixa de lutar. Cai e permanece caído, abandona o esforço de se corrigir. O Papa Francisco falou disso no encontro com os voluntários da JMJ do Panamá: “Não se assustem à vista das suas fraquezas; não se assustem sequer à vista de seus pecados: levantem e continuem em frente, sempre em frente! Não fiquem caídos por terra, não se fechem, continuem em frente com o que têm de mais importante, continuem em frente; Deus sabe como perdoar tudo!
Jesus nos recomenda uma atitude clara: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”. Vigiar significa cortar imediatamente o assalto da tentação, fugindo dela. Orar significa confiar no poder de Deus em nos sustentar no momento da provação: “Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além do que podem as vossas forças, antes fará que tireis ainda vantagem da própria tentação, para a poderdes suportar” (I Cor10,3).
D. Carlos Lema Garcia
Bispo Auxiliar de São Paulo
Fonte: NPD Brasil em 01/03/2020

Comentário do Evangelho

Jesus não permite que a voz do mal ressoe nele.

Os domingos do tempo da Quaresma são como que etapas que nos preparam para a celebração do mistério pascal de Jesus Cristo. O tempo da Quaresma deve ser marcado por uma dupla característica: deve ser a ocasião para recordarmos o nosso Batismo e a vocação a que somos chamados pela graça desse mesmo Batismo, e tempo para a penitência, isto é, o desejo e o consequente esforço de verdadeira e profunda conversão para que possamos tirar do mistério pascal de Jesus Cristo toda a sua riqueza.
O autor do segundo relato da criação do livro do Gênesis tem a preocupação de responder à seguinte pergunta: se tudo o que Deus criou é bom, por que existe o mal? Por que, muitas vezes, o mal domina sobre o ser humano? Em primeiro lugar, o autor afirma a bondade de Deus. Deus chama o ser humano à existência; Ele pôs o seu próprio “sopro” no ser humano (2,7b). O homem, tirado do pó, é obra do coração de Deus, do seu amor. No jardim que Deus plantou havia tudo o que o ser humano precisava para realizar-se como plenamente humano. No entanto, enigmaticamente, aparece a serpente, símbolo do mal do homem; ela aparece como uma força de sedução que distorce o mandamento de Deus e leva o ser humano a negar a sua própria condição de criatura e, portanto, a negar sua referência a Deus. É o mal que, segundo o nosso autor, coloca no coração do ser humano a suspeita com relação a Deus. O mal desumaniza na medida em que leva a negar-se a qualidade de criatura e sua referência ao Criador. O ser humano é colocado diante da alternativa pela qual deve decidir: confiar em Deus ou se deixar levar pela sedução do mal. Infelizmente, o primeiro homem se deixou envolver pela sedução do mal.
O relato das tentações de Jesus segundo Mateus é um sumário das tentações que acompanharam Jesus ao longo de toda a sua vida. Ao contrário do primeiro ser humano, Jesus não permite que a voz do mal ressoe nele. Pela apropriação da Palavra de Deus, por sua comunhão com o Pai, ele vence o mal; ele vence o mal pela confiança inabalável em Deus. As tentações de Jesus dizem respeito à sua filiação divina e à sua missão. É na sua condição de Filho de Deus e em relação ao seu messianismo que Jesus é tentado. Jesus não se prosterna diante do mal, pois sua vida está profundamente enraizada em Deus; somente a Deus ele adora. Foi por nós que Jesus venceu as tentações.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, como Jesus, quero ser fiel a ti, sem jamais exigir manifestações extraordinárias de teu amor por mim. Basta-me estar ciente de ser teu filho.
Fonte: Paulinas em 09/03/2014

Vivendo a Palavra

‘Quarenta’ mais do que um número, é termo bíblico que significa ‘o tempo necessário para que aconteça o que deve acontecer’. Nas tentações de Jesus, significa toda sua vida. E Ele as venceu sempre, vivendo as Verdades que o Evangelista coloca em seus lábios. Também nós seremos tentados até a última hora. Estejamos protegidos pela Palavra do Senhor!
Fonte: Arquidiocese BH em 09/03/2014

Vivendo a Palavra

‘Quarenta’ mais do que um número, é termo bíblico que significa ‘o tempo necessário para que aconteça o que deve acontecer’. Neste texto das tentações de Jesus, significa toda sua vida. E Ele as venceu sempre, vivendo as Verdades que o Evangelista coloca em seus lábios. Também nós seremos tentados até a última hora. Estejamos protegidos pela Palavra do Senhor!
Fonte: Arquidiocese BH em 05/03/2017

VIVENDO A PALAVRA

‘Quarenta’ mais do que um número, é termo bíblico que significa ‘o tempo necessário para que aconteça o que deve acontecer’. Neste texto das tentações de Jesus, significa toda sua vida. Jesus foi tentado até o seu fim. E Ele venceu sempre, vivendo as Verdades que o Evangelista coloca em seus lábios. Também nós seremos tentados até a última hora. Estejamos protegidos pela Palavra do Senhor!
Fonte: Arquidiocese BH em 01/03/2020

Reflexão

1º DOMINGO DA QUARESMA
Por Celso Loraschi

I. INTRODUÇÃO GERAL

Iniciamos o período da Quaresma com a disposição renovada de mergulhar em Deus, deixando-nos iluminar por suas palavras, questionando-nos sobre nossas atitudes e comprometendo-nos com uma nova vida. Somos fruto da iniciativa amorosa de Deus. Ele nos modelou a partir do barro e deu-nos a vida, insuflando em nós o seu sopro divino. Presenteou o ser humano com uma habitação especial, um jardim que produz toda espécie de frutos. Para conservar o estado de bem-estar e alegria, ordenou-lhe que não tocasse na “árvore da ciência do bem e do mal”. Porém a rebeldia dos homens e das mulheres, representados por Adão e Eva, originou toda espécie de males (I leitura). Deus, no entanto, não abandona as suas criaturas. Ele é criador e também libertador. Por isso, como máxima expressão do seu amor, enviou o seu Filho, Jesus Cristo, para nos libertar de todos os males, com suas consequências. Se pelo pecado de Adão entrou a morte no mundo, pela graça de Jesus Cristo nos é dada a redenção (II leitura). Para isso, Jesus assumiu plenamente a condição humana, sofreu toda espécie de tentações durante toda a sua vida. Não caiu, porém, nelas. Permaneceu fiel à vontade do Pai, alimentando-se permanentemente de sua palavra e cultivando a sua intimidade pelo silêncio e pela oração (evangelho). Portanto, a palavra e o exemplo de nosso irmão maior, Jesus Cristo, devem tornar-se o pão nosso de cada dia, que nos sustenta na caminhada desta vida e nos mantém na fidelidade ao projeto de Deus.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Gn 2,7-9; 3,1-7): Da argila da terra Deus criou o ser humano

A figura de Deus apresentada nesse relato da criação é a de um oleiro com incrível capacidade artística. Percebe-se a intenção dos autores de ressaltar a origem do ser humano, que tem íntima ligação com Deus e com a terra que ele criou. O próprio nome Adão vem de adamah, termo hebraico que designa a terra. É a palavra que deu origem ao homem, entendido aqui como nome genérico da raça humana. Homens e mulheres são seres originados do húmus da terra. A terra, portanto, Deus a fez e a usou como “mãe” da humanidade. Ela é fonte de vida, é fértil e produz todas as espécies de frutos.
Deus é pai, amigo e conselheiro dos seus filhos e filhas. Dá-lhes as instruções necessárias para que possam viver sobre a terra em íntima comunhão com ele e, como decorrência, em solidariedade com todas as coisas. Por isso, Deus pede que não comam do fruto da “árvore da ciência do bem e do mal”. Em outras palavras: os seres humanos devem respeitar a soberania de Deus sobre todas as coisas e submeter-se ao seu desígnio. Tudo o que ele faz é muito bom.
A narrativa busca explicar o motivo do sofrimento pessoal e dos males sociais. A origem de todas as coisas está fundamentada na bondade divina. Foram feitas para o bem dos seres humanos. Por que, então, o sofrimento? Os autores do texto expressam profunda consciência crítica sobre a opressão. Esta se constitui a causa de todos os males. Ao tomarem a figura da serpente como a provocadora da violação da ordem divina, apontam para a sagacidade do poder em “dar o bote” para morder e alienar a consciência humana.
Certamente, o grupo que está por trás do texto conhece muito bem as consequências da monarquia israelita. Analisam a realidade social, denunciando a ambição de grandeza e de sabedoria do regime monárquico, que pretende ser “igual a Deus”, usurpando o poder divino e revelando o domínio sobre os bens e as pessoas. Mas, como diz o adágio popular, “o rei está nu”. A nudez revela que a fraqueza e a condição de mortalidade fazem parte da pessoa. De que lhe adiantam as pretensões de poder e de possessão? Confrontado honestamente com o desígnio divino, o ser humano, pretensamente poderoso, sente-se envergonhado. É claro, pois a conquista e a manutenção do poder envolvem mentiras, enganação, usurpação de bens… Deus, porém, é justo e verdadeiro. Diante dele, nenhuma “folha de figueira” cobre essa nudez, a transparência de sua verdade, por mais que a pessoa busque justificativas.

2. II leitura (Rm 5,12-19): O novo ser humano em Jesus Cristo

Um dos temas dominantes na carta aos Romanos é a justificação pela graça. Para são Paulo, o pecado entrou no mundo trazendo a morte. Esta deve ser entendida não apenas em seu aspecto físico, mas também como realidade pessoal e social, proveniente do egoísmo humano. É herança da transgressão de Adão, representante dos seres humanos. Essa condição de pecadores nos torna incapacitados de nos redimir. Nenhum mérito humano possibilita a salvação. Ela nos é dada por pura graça de Deus, que se revela plenamente em Cristo Jesus.
Com a Lei, ficou explícito em que consiste o pecado. Com Jesus, a Lei foi superada e, sem ela, o pecado já não é levado em conta. Isso acontece porque a graça de Deus foi derramada sobre todos nós, pecadores, redimindo-nos do pecado. Se o pecado de Adão trouxe a morte, a fidelidade de Jesus Cristo trouxe a vida definitiva. Se a rebeldia do ser humano diante do Criador trouxe a condenação para todos, o dom gratuito de Jesus Cristo para todos trouxe a justificação. Se a transgressão do ser humano é fonte de morte, a graça de Deus, por meio de Jesus, é fonte de vida plena. A graça nos reconcilia com Deus e resgata a nossa integridade. Pela graça, é-nos dada a vida eterna.
São Paulo nos convence de que o pecado foi instrumento que possibilitou a manifestação da misericórdia divina. A transgressão do “primeiro Adão” não conseguiu impedir o fluxo da graça. Pelo contrário, fê-la fluir ainda mais abundantemente. Essa certeza nos torna abertos para acolher o perdão gratuito de Deus e nos incentiva a mergulhar sempre mais em sua graça. Deus nos criou por amor e também por amor nos liberta do mal e da morte. O ato de expiação de Jesus, o novo Adão, anulou definitivamente o poder do pecado.

3. Evangelho (Mt 4,1-11): Jesus vence as tentações

Desde o início do seu ministério, Jesus enfrenta o embate com propostas diabólicas que buscam desviá-lo de sua missão de defender e promover a vida digna das vítimas do poder em sua tríplice dimensão. O “diabo”, a antiga serpente, inimigo do plano de Deus para a humanidade (cujas expressões se encontram tanto dentro de cada um de nós como nas próprias estruturas sociais), convida Jesus a seguir outro caminho, procurando fazê-lo abandonar a missão que iria realizar como Messias sofredor. Em toda a sua vida (este é o sentido dos “40 dias e 40 noites”), Jesus foi tentado a dar preferência a uma lógica criada segundo intentos egoístas. Teve a possibilidade de ou apresentar um falso messianismo, satisfazendo as expectativas dos seus contemporâneos, ou de optar pela realização da vontade do Pai, assumindo o serviço de libertação junto às pessoas excluídas.
primeira tentação indica a dimensão econômica do poder. Jesus, como ser humano, sentiu-se certamente atraído pela proposta de orientar a sua vida para o acúmulo de bens e para o desfrute dos prazeres que eles podem oferecer. Podia até mesmo ancorar-se na “teologia da retribuição”, tão presente nos ensinamentos oficiais dos doutores da Lei, legitimando a riqueza e o bem-estar físico como bênçãos divinas. Porém Jesus vai por outro caminho. Ele empenha todo o seu tempo e sacrifica a própria vida no cumprimento da missão que o Pai lhe deu em favor do resgate da vida digna sem exclusão. Ao responder que a pessoa vive não só de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus, aponta para a perspectiva essencial que deve conduzir todos os nossos passos. A palavra de Deus constitui a fonte e a autoridade das quais emana todo ensinamento capaz de realizar as aspirações mais profundas de cada um de nós; é alimento capaz de satisfazer a fome do coração humano, desejoso de inteireza e autenticidade.
segunda tentação refere-se à dimensão religiosa do poder. O “pináculo”, para além da parte física mais alta do templo, representa os elevados cargos que um judeu poderia galgar na hierarquia religiosa. Esse caminho de poder, pela via religiosa, proporcionaria a Jesus prestígio e proteção muito especiais. A pessoa envolvida na “auréola” de uma espiritualidade legitimada pela ideologia do sistema religioso oficial, como era o caso do templo de Jerusalém, sente-se assegurada pela “blindagem” que seu status religioso proporciona. Jesus poderia apegar-se à sua condição divina e mostrar “sinais do céu”, como queriam os fariseus e saduceus. Poderia “forçar” a providência de Deus, solucionando magicamente os problemas humanos. A resposta de Jesus de não tentar o Senhor Deus informa-nos de que a lógica humana deve submeter-se à lógica divina e não o contrário. A vontade do Pai, de forma desconcertante, manifesta-se no caminho da obediência de seu Filho até a morte de cruz. Com isso, cai por terra toda a presunção de querer usar a Deus para a vanglória humana.
terceira tentação indica a dimensão política do poder. Equivale à tentação da idolatria por excelência: adoração a Satanás. É posicionar-se como um ser divino, com o poder de agir, de forma absoluta, sobre pessoas e bens. É a tentação de querer alcançar a felicidade suprema pela auto afirmação e pelo domínio sobre os outros. Jesus, com certeza, confrontou-se com essa possibilidade de orientar toda a sua vida no sentido de galgar cargos políticos que lhe conferissem força e fama social. As multidões queriam fazê-lo rei… O posicionamento de Jesus, ao rejeitar essa tentação, transforma-se no caminho de superação de todo domínio e também de todo servilismo. Coloca a Deus como o único Ser digno de adoração. Jesus propõe nova ordem social como realização da vontade do Pai e orienta toda a sua missão para a organização dessa nova ordem. Revela, assim, a verdadeira origem do reino de justiça, fraternidade e paz: é dom de Deus e serviço abnegado dos seus filhos e filhas.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– Deus é criador e libertador. Em seu desígnio de amor, criou o ser humano em íntima união com a mãe terra. Em sua providência generosa, garante as condições de vida digna para todas as pessoas. Deu-nos a missão de cuidar de todas as coisas, sem cair na tentação de “comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal”, isto é, de entrar na ideologia do poder, que tende a dominar as pessoas e se apossar do que é de todos. É preciso respeitar e promover o princípio da soberania de Deus sobre todas as coisas e administrá-las com justiça, evitando toda espécie de exploração.
– Não cair em tentação. Durante toda a nossa vida, somos tentados a abdicar do compromisso com o projeto de Deus, deixando-nos levar por propostas diabólicas. Jesus nos ensinou o caminho de superação das tentações do poder em sua tríplice dimensão: econômica, política e religiosa. É claro que a economia, a política e a religião podem ser meios privilegiados para a construção do reino de justiça, paz e fraternidade no mundo, desde que sejam organizadas como serviço dedicado e honesto ao próximo, principalmente às pessoas mais necessitadas.
 Ser portadores da graça divina. Com sua obediência radical à vontade do Pai, Jesus nos trouxe a graça da libertação de todos os males e a vida em plenitude. Seguindo seus passos, podemos ser portadores da graça divina, defendendo e promovendo o direito à vida digna sem exclusão. A Campanha da Fraternidade nos aponta sugestões práticas.

Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
Fonte: Vida Pastoral em 09/03/2014

Reflexão

A PEDAGOGIA DA QUARESMA

Todos somos convidados, neste tempo, a rever o modo de viver cristão e dar importância à celebração do mistério pascal. A Quaresma é o tempo litúrgico favorável à graça da conversão e da reconciliação.
“Vós (ó Deus) concedeis aos cristãos esperar com alegria, cada ano, a festa da Páscoa. De coração purificado, entregues à oração e à prática do amor fraterno, preparamo-nos para celebrar os mistérios pascais, que nos deram vida nova e nos tornaram filhas e filhos vossos”, reza o Prefácio da Quaresma I.
Trata-se, portanto, de uma pedagogia salutar. Ela nos propõe a revisão do nosso modo de viver, apresentando muitas questões à nossa consciência, por exemplo: o que mais desejo em minha vida? O que considero mais importante? O que mais influi sobre minhas opções e escolhas? Para onde se direciona o meu amor primário? Que direção assinala a bússola da minha viagem no tempo?
Parece a muitos que a renovação promovida pelo Vaticano II se refere somente à modalidade exterior da organização eclesial. É justamente o contrário. Ela diz respeito à nossa vida pessoal, às correções que devemos imprimir em nossa conduta, aos critérios norteadores do nosso senso moral, segundo as questões existenciais de nosso tempo.
“Convertei-vos e crede no evangelho” (Mc 1,15) é o grande apelo deste tempo litúrgico. É preciso dar a si mesmo um referencial, um significado e uma direção para a vida, a fim de que se torne verdadeiramente humana e cristã.
Oremos: “Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei a confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!” (missa do 3º domingo da Quaresma).
D. Orani João Tempesta, O.Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro
Fonte: Paulus em 09/03/2014

Reflexão

NOSSAS TENTAÇÕES COTIDIANAS

Todos enfrentamos tentações, grandes ou pequenas. Com Jesus não foi diferente. O evangelho apresenta como que a síntese do que possam ser as grandes tentações da humanidade de todos os tempos.
Transformar pedras em pão: resolveria o problema da fome. Mas esse pro­blema não se resolve num passe de mágica. Resolve-se com trabalho remunerado dignamente e com a partilha dos frutos do empenho de todos. A palavra de Deus mostra que o ser humano precisa de alimento, mas também de moradia, saúde, escola… Transformar pedras em pão pode significar sinal de abundância. Jesus não deseja abundância supérflua. Quer justiça e o necessário para uma vida digna para todos. O povo hebreu, no deserto, forjou o projeto de igualdade e fraternidade, e o diabo, no deserto, quer jogar tudo isso por terra.
Lançar-se do pináculo do templo: bom motivo para mostrar o poderio de Deus, usando seu Filho para um espetáculo gratuito. Jesus recusa o papel de messias do espetáculo e do prestígio, que pensa só em si. Deus e a religião não podem ser transformados em espetáculo. Deus e a religião são realidades fundamentais, não podem ser ridicularizados nem manipulados em vista de interesses pessoais.
Adorar a riqueza e o poder: eis os grandes ídolos que fascinam o ser humano e sempre foram para ele uma constante tentação, talvez a maior tentação de todos os tempos e a síntese de todas as outras. Jesus propõe o poder como serviço e a riqueza partilhada como dom de Deus em benefício de todos os cidadãos. Ele recusa-se a ser o messias do poder e da riqueza.
Como percebemos, o tentador vem na contramão da proposta de Jesus. O diabo propõe abundância fácil, Jesus propõe justiça; o diabo propõe um messias do espetáculo, Jesus propõe respeito ao nome de Deus; o diabo propõe adorar poder e riqueza, Jesus propõe serviço e partilha. No pai-nosso rezamos a Deus que não nos deixe cair em tentação, principalmente na grande tentação do abandono do projeto de Jesus.
Pe. Nilo Luza, ssp
Fonte: Paulus em 09/03/2014

Reflexão

Depois de passar quarenta dias de jejum no deserto (os números são simbólicos), Jesus teve fome. Diante da necessidade e da fraqueza, o Diabo/tentador aproveitou para pô-lo à prova. Esses quarenta dias relembram os quarenta anos de Israel no deserto, em busca da terra. Enquanto Israel sucumbiu às tentações, Jesus as enfrenta e as supera, iluminado e fortalecido pela Palavra de Deus. O evangelista apresenta três tentações, que são como que a síntese dos desafios que a pessoa (também Jesus) tem de enfrentar ao longo da vida. Fazendo um paralelo com a primeira leitura: Adão, vivendo num jardim de delícias, sucumbiu e disse “não” a Deus; Jesus, num deserto de desafios (sem água e comida), resistiu e disse “sim” a Deus. A recusa a Deus (o pecado) acontece num ambiente de delícias e prazeres; a aceitação de Deus (a salvação) se concretiza na renúncia e nos desafios. Diante das provações, Jesus não aceita manipular a Deus nem busca privilégios.
Oração
Ó Jesus Caminho, Verdade e Vida, pela tua vitória diante das propostas tentadoras do adversário do Reino, confirmaste tua total obediência a Deus e a seu plano de amor. Ensina-nos a superar as tentações do dia a dia com o estímulo do teu exemplo e a força da tua Palavra. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Fonte: Paulus em 01/03/2020

Reflexão

Após o batismo, Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto, onde enfrenta provações. Os quarenta dias de jejum recordam os quarenta anos do povo de Israel no deserto, antes de entrar na Terra Prometida, onde haveria justiça e vida para todos. O povo falhou várias vezes, ao passo que Jesus supera todas as provas. Nesta cena simbólica, Mateus resume a luta da vida inteira de Jesus. Trata-se do grande confronto entre o projeto salvador do Pai (Reino de Deus) e o anti-projeto do adversário (diabo). A cada proposta sedutora do inimigo, Jesus rebate com a Palavra de Deus: “O ser humano não vive só de pão” (Dt 8,3). “Não tente ao Senhor seu Deus” (Dt 6,16). “Adore o Senhor seu Deus, e somente a ele preste culto” (Dt 6,13). Superadas as provações, Jesus passa a implantar o Reino de Deus.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)

Reflexão

«Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito, para ser posto à prova pelo diabo»

Mn. Antoni BALLESTER i Díaz
(Camarasa, Lleida, Espanha)

Hoje celebramos o primeiro domingo de Quaresma e, este tempo litúrgico “forte” é um caminho espiritual que nos leva a participar do grande mistério da morte e da ressurreição de Cristo. Diz o Papa João Paulo II: que «em cada ano a Quaresma nos propõe um tempo para intensificar a nossa oração e a penitência, e abrir o nosso coração à acolhida dócil da vontade divina. A Quaresma convida-nos a percorrer um itinerário espiritual que nos prepara para reviver o grande mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo, primeiro por médio da escuta constante da Palavra de Deus e a pratica mais intensa da mortificação, graças à qual podemos ajudar com maior generosidade ao próximo necessitado».
A Quaresma e o Evangelho de hoje nos ensinam que a vida é um caminho que nos deve levar ao céu. Mas, para poder merecê-lo, devemos ser provados pelas tentações. «Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito, para ser posto à prova pelo diabo» (Mt 4,1). Jesus quis ensinar-nos, ao permitir ser tentado, como devemos lutar e vencer as nossas tentações: com a confiança em Deus e a oração, com a graça divina e a fortaleza.
As tentações podem se descrever como os “inimigos da alma”. Em concreto, resumem-se e concretam-se em três aspectos: À primeira vista, “o mundo”: «manda que estas pedras se transformem em pães» (Mt 4,3). Supõe viver só para possuir bens.
À segunda vista, “o demônio”: «se caíres de joelhos para me adorar (...)» (Mt 4,9). Manifesta-se na ambição de poder.
E, finalmente, “a carne”: «joga-te daqui abaixo» (Mt 4,6) o que significa pôr a confiança no Corpo. Tudo isso o expressa Santo Tomas de Aquino dizendo que «a causa das tentações são as causas das concupiscências: o deleite da carne, o afão da glória, e a ambição de poder.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

- «Jesus no deserto derrotou o seu adversário com as palavras da Lei, não com o vigor da o braço dele. Ele venceu para que sejamos vencedores da mesma forma" (São Leão Magno)
- «Não podemos sustentar uma espiritualidade que se esquece do Deus todo-poderoso e criador. Caso contrário, acabaríamos adorando outros poderes do mundo, ou nos colocaríamos no lugar do Senhor, a ponto de tentar pisar na realidade por Ele criada sem conhecer limites" (Francisco)
- «Jesus é o novo Adão que permaneceu fiel onde o primeiro sucumbiu à tentação. Jesus cumpriu perfeitamente a vocação de Israel: ao contrário daqueles que antes provocaram Deus durante quarenta anos no deserto (cf. Sl 95,10), Cristo revela-se como o Servo de Deus totalmente obediente à vontade divina. Nisso Jesus é vencedor do diabo; Ele 'amarrou o homem forte' para despojá-lo do que ele havia se apropriado(Mc 3.27). A vitória de Jesus no deserto sobre o Tentador é uma antecipação da vitória da Paixão. Obediência suprema do seu amor filial ao Pai" (Catecismo da Igreja Católica, n.539)

Reflexão

DO JARDIM DO ÉDEN AO JARDIM DA RESSURREIÇÃO


Primeira Leitura: Gn 2,7-9.3,1-7;
Salmo 50(51);
Segunda Leitura: Rm 5,12-19;
Evangelho: Mt 4,1-11

Situando-nos brevemente

É fascinante e perturbador a experiência que perpassa nosso interior todos os dias.
Por um lado, nos surpreende o estupor diante da consciência de sermos amados e cuidados por Deus como seus filhos e filhas. O estupor se traduz em íntimo chamado a responder com a simplicidade e a confiança de uma criança.
Por outro lado, se infiltra uma sutil e atraente sugestão, insinuando o desejo de tomar somente em nossas mãos o próprio destino. Olhar a nós mesmos como o exclusivo ponto de referência, única garantia de nossa dignidade. Tornar-se auto-suficiente. Profunda laceração do coração: ficamos feridos, porém não conseguimos escapar.
“Impenetrável é o homem, seu coração é um abismo!” exclama o salmista (Sl 64,7). O apóstolo Paulo, olhando sua sofrida experiência pessoal, grita: “Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero (...). Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor!” (Rm 7,19. 24-25).
Este primeiro domingo da Quaresma nos coloca diante do mistério do bem e do mal que nos habita, até as raízes mais profundas da nossa pessoa, e nos deixa vislumbrar a saída desta contradição: queda de Adão/ Eva diante tentador, no Jardim do Éden (1ª leitura), e vitória de Cristo que derrota o diabo no deserto (evangelho) e antecipa sua vitória final na cruz e ressurreição. Cristo ressuscitado é o novo Adão que, no jardim da ressurreição, dá início a uma nova humanidade, à qual nós pertencemos por graça, pelo Batismo que nos faz participar de sua morte e ressurreição.
Cada Quaresma nos faz realizar, de maneira nova e mais profunda, esta passagem da sujeição ao pecado para a vida nova em Cristo, participando de suas lutas e de sua vitória.

Recordando a Palavra

“Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti” (S. Agostinho, Confissões, Livr. 1,1; LH do 9º domingo do Tempo Comum). Santo Agostinho interpreta a tensão vital que nos habita como um chamado constante a voltar a Deus, mesmo quando, pelas ilusões da falsa liberdade, nos afastamos do caminho certo. Atração para Deus, como a origem e fonte inesgotável de vida, e tentação a nos colocarmos em alternativa a Ele é a sorte que nos acompanha.
A narração da criação do ser humano proposta pela primeira leitura (Gn 2,7-9; 3,1-7), com sua linguagem simbólica e altamente poética, destaca o cuidado carinhoso com o qual Deus chama à existência o homem, o faz partícipe de sua mesma vida e dignidade e deu parceiro no cuidado da beleza e da fecundidade da criação inteira, que é “um jardim a ser cultivado”. No centro do jardim, como no centro da existência humana, o Senhor faz brotar a “árvore da vida” e a “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2,9).
Vida em abundância e conhecimento na intimidade recíproca são os dons com que o Senhor enriquece a existência e a missão de Adão e Eva. A cena encantadora, que apresenta o Senhor “passeando a brisa da tarde no jardim”, à procura de Adão e Eva para deter-se em amável conversa com eles, como com seus íntimos amigos (Gn 3,8), irradia toda a beleza e o dinamismo da relação que o Senhor estabeleceu entre si mesmo e o ser humano, ao criá-lo à sua imagem e semelhança (Gn 1,26).
O diabo, o inimigo da vida, o atrapalhador que engana o homem com a ilusão da falsa promessa e da perspectiva de tornar-se fonte totalmente autônoma da vida e do conhecimento, insinua, com astúcia, a possibilidade de se tornar alternativo a Deus: “vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal” (Gn 3,5).
De fato os olhos deles se abrirão, mas irão fazer uma triste descoberta, a descoberta da própria “nudez”, isto é, da radical incapacidade de realizar, de verdade, tanto a vocação à autêntica dignidade e liberdade como a missão de construir um mundo capaz de espelhar a beleza divina: “Então os olhos de ambos se abriram, e, como reparassem que estavam nus, teceram tangas para si com folhas de figueira” (Gn 3,7).
O Senhor, porém, não abandona quem trai, fica fugindo e se esconde. Ele não se dá paz. A narração do pecado tem um seguimento de promessa e de esperança. A voz do Senhor, à procura de seus amigos escondidos pela vergonha e o sentido de culpa, ao primeiro ressoar no jardim – “Onde estás?” (Gn 3,9), - parece vibrar uma ameaça. Na verdade, ela prepara a promessa de resgate da armadilha da serpente enganadora: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3,15).
A condição que Adão e Eva terão de enfrentar “fora do jardim”, longe das próprias e autênticas raízes, será amenizada pela luz desta promessa. A pergunta de Deus ao homem – “Onde estás” – revelará plenamente seu carinhoso cuidado na voz cheia de ternura com que Jesus ressuscitado falará a Maria Madalena no jardim da ressurreição: “Maria! (...) “Rabbuni!” (Jo 20,16).
O salmo responsorial (Sl 50) é o salmo penitencial por excelência. Resume em si os sentimentos mais profundos do pecado do arrependimento, da conversão, da alegria, do agradecimento pela vida renovada pela misericórdia e o perdão de Deus.
O caminho de pecado e de conversão do rei Davi se torna espelho do caminho de toda pessoa que procura a Deus, a partir de sua fragilidade.
O salmo exprime, com a máxima intensidade, a consciência da própria fragilidade inata e do próprio pecado e, ao mesmo tempo, a confiança extrema no Senhor que por sua misericórdia perdoa e tudo renova. “Ó Deus, tem piedade de mim (...) contra ti eu pequei!”. “Reconheço a minha iniqüidade e meu pecado está diante de mim”.
Tal humilde reconhecimento do pecado não desanima, mas abre à confiança quem põe no Senhor a razão de sua vida. O perdão inovado é certeza de uma radical transformação do coração, como graça de Deus: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto (...). Devolve-me a alegria de ser salvo”.
O salmo alimenta o caminho da conversão, a passagem para a vida nova da Páscoa, através da purificação interior da Quaresma.
Na segunda leitura (Rm 5,12-19), Paulo desenvolve, em profundidade, a relação que Deus tem estabelecido entre a aventura negativa de Adão e a resposta de obediência e de amor, realizada por Cristo, “novo Adão”, início de uma humanidade nova.
O dom da salvação em Cristo é bem maior do que mal cumprido pelo homem. Deus não se deixa vencer em bondade e misericórdia. Pela felicidade no amor e na obediência filial de Cristo, o Pai derrama, gratuitamente e com abundância, a vida nova no Espírito. Dela nós vivemos.
A transgressão de um só levou a multidão humana À morte, mas foi de modo bem superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos (cf. Rm 5,15).
Cristo assume sobre si nossa condição humana de pecado e com sua vida de dedicação filial, sobretudo com sua páscoa, revira a situação, abrindo caminho para voltar ao projeto original de Deus e realizá-lo em plenitude.
O evangelho (Mt 4,1-11) narra que Jesus se apresenta entre os pecadores para ser batizado por João e que, cheio do Espírito Santo, é conduzido por este mesmo Espírito a enfrentar o diabo no “deserto”, lugar da esterilidade e da provação, contraposto ao “jardim”, lugar da vida e da comunhão, no qual Deus tinha colocado o homem, para que cuidasse  gozasse de sua beleza e fecundidade.
O deserto, como o jardim do primeiro Éden, não é simplesmente um lugar geográfico, mas indica a sofrida situação existencial do homem “desertificada”, como repetia Bento XVI, ao descrever a condição do homem pós-moderno, fechado em si mesmo e interiormente corroído e pretensão de ser o centro do mundo, sem relação com deus e em competição com os outros (cf. Homilia na santa missa da abertura d Ano da Fé. 11-10-2012).
Jesus penetra dentro deste deserto, conduzido pelo Espírito, para partilhar a dura condição humana e vencer, com o amor e a obediência, o poder obscuro do maligno. “A Palavra se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14). Com as três tentações, o tentador procura afastar Jesus do projeto do Pai. Propõe-lhe o caminho do sucesso obtido com o milagre fácil (mudar as pedras em pão para satisfazer a fome), com gestos que produzem prestígio espetacular e fácil consenso (jogar-se do templo diante do povo), prometendo poder (adorando o poder).
Eis as tentações que, em formas variadas, cada um continua a enfrentar ao longo da vida. A Igreja não fica imune a isto, nem no nosso tempo, como, com vigor, destaca freqüentemente o Papa Francisco.
Jesus, no entanto, animado pelo Espírito Santo rejeita com a força da Palavra de Deus as seduções e manifesta sua verdadeira condição de Filho de Deus, assumindo até as extremas conseqüências a escolha da humildade e da dedicação ao Pai. Jesus, “novo Adão”, com a luta no deserto, restabelece a verdadeira relação de obediência no amor com o Pai, que o “primeiro Adão”, no Éden, não soube guardar e valorizar. Jesus, com sua luta de quarenta anos no deserto, não tinha conseguido superar, abandonando-se à murmuração contra Deus e à idolatria.

Atualizando a Palavra

O caminho dos discípulos, em todos os tempos, é o mesmo de Jesus.
Somente seguindo Jesus, se pode lutar, com êxito, contra o egocentrismo e a procura de falso sucesso, quer na vida pessoal, quer no exercício dos ministérios na Igreja, e chegar à intimidade do jardim da ressurreição. A Quaresma nos indica o caminho certo e suas etapas.
O batismo nos introduz no caminho do próprio Jesus, nos faz participar da mesma ação do Espírito que o conduziu e sustentou na luta com o diabo no deserto e na vitória sobre a morte na ressurreição. Animados pelo Espírito, temos a graça de viver com a liberdade dos filhos e filhas de Deus. Temos a graça, como diz Paulo, de viver como já “ressuscitados” (cf. CI 3,1-4), como partícipes da vida nova em Cristo, não mais permitindo que o pecado determine a nossa maneira de sentir, de pensar, de agir.
Com a fé e o Batismo, passamos por uma transformação radical, que no acompanha por toda a vida. A vida nova no Espírito Santo é semente que nos impele desde dentro, cujo crescimento nós devemos favorecer. A graça não é magia, nem o desenvolvimento das suas potencialidades é algo de automático. Cada dia o Senhor solicita nossa disponibilidade no amor e nosso compromisso de obediência filial.
A vida do discípulo irradia a luz e a fecundidade da Páscoa, ao mesmo em que continua a luta contra as contradições do pecado que sobem do coração, até que seja reconstituído, em sua integridade, como o da criança.
O “homem velho” e o “homem novo” ainda convivem dentro de nós, e às vezes, num conflito que nos dilacera. Nossa salvação, afirma Paulo, é ainda objeto de esperança e de luta (cf. Rm 8,24).
Temos ainda a necessidade de cultivar a dinâmica de conversão e penitência, enquanto vivemos da energia vital e da luminosidade da Páscoa.
Com sábia pedagogia, cada ano a Igreja nos oferece novamente a luz da Páscoa e a sóbria alegria da Quaresma, cm suas exigências de penitência e conversão.
O tempo da Quaresma se apresenta como o tempo mais propício para celebrar a purificação do coração fortalecer a caridade, mediante várias formas de ascese e de oração íntima, de maneira especial com a celebração do sacramento da Reconciliação, em forma individual ou comunitária.

Ligando a Palavra com a ação eucarística

A celebração da Eucaristia nos oferece a graça de celebrar a vida como um caminho partilhado em comunidade. Ela nos tira da solidão de nossos vários desertos, pelos quais ficamos prisioneiros de nós mesmos, por presunção ou por medo.
A ilusão de se tornar protagonista absoluto do próprio destino, na qual caiu o primeiro homem, deixa na Eucaristia lugar para o reconhecimento que a vida recebe sua energia e sua fecundidade da relação com cristo, obediente e livre até o dom da própria vida, e da relação de amor para com os irmãos.
O original diálogo de amizade e de festa entre o Senhor e o homem no Éden acabou com o homem tornando-se surdo e mudo se escondendo de Deus e de si próprio. A Eucaristia, pela união com Cristo, nos dá a ousadia de nos apresentarmos na casa do Pai, com humildade e confiança.
Pedimos perdão, repetidas vezes, desde o início da celebração até ao momento de nos aproximarmos à mesa do corpo e do sangue de Cristo. O sentido penitencial se desdobra do ato penitencial ao início até a proclamação de fé: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”
A presunção de nos auto-orientarmos na vida, sem relação com o Senhor, cede lugar à humilde invocação para que a Quaresma nos ajude a “progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa” (oração do dia).
A participação na dupla mesa da Palavra de Deus e do pão eucarístico os sustenta na longa caminhada do deserto da vida, com suas lutas e suas experiências de fome e de fraqueza. Estamos expostos à tentação de suprir por nós mesmos nossas supostas necessidades – como o diabo sugere a Jesus – quando a espera do tempo de Deus nos aparece insustentável. (oração depois da comunhão)

Sugestões para a celebração

Ø As leituras do Ano A destacam a dimensão batismal da Quaresma. É importante valorizar, neste ano, de maneira particular, tal dimensão, como sugere a Constituição Sacrosanctum Concilium: Utilizem-se com mais abundância os elementos batismais próprios da liturgia quaresmal” (SC 109).
Se estiver prevista a celebração de Batismo de crianças e, sobretudo de adultos, na noite de Páscoa, é conveniente apresentá-los à comunidade durante a missa deste primeiro domingo.
No ato penitencial, podem ser repetidas ou cantadas algumas invocações do salmo 50 em forma responsorial, as acompanhando com a aspersão da água batismal.
- “Piedade, ó Senhor, tende piedade, pois pecamos contra vós!”.
- “Eu reconheço toda a minha iniqüidade, o meu pecado está sempre à minha frente”.
- “Criai em mim um coração que seja puro…”
- “Dai-me de novo a alegria de ser salvo”.
Ø Sugerir alguma forma de “jejum” na comida, bem como no uso dos meios de comunicação. Sugerir cuidado com o silêncio e o recolhimento, para dedicar maior atenção e devoção interior à leitura meditativa e rezada da Palavra de Deus e aprender, por experiência, que “não se vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. (Mt 4,4).
Ø Seguindo o espírito da campanha da fraternidade, sugerir a realização de alguma iniciativa que possa ajudar uma pessoa a sair da solidão, da marginalização ou de qualquer outra situação que a amarra e a entristece.
Ø Como previsto nas normas litúrgicas, se pode abençoar e impor as cinzas durante a missa do domingo, para ir ao encontro dos fiéis que não tiveram a oportunidade de participar da celebração da Quarta-feira de Cinzas. Em tal caso se omite o ato penitencial e se procede como na Quarta-feira de Cinzas.
Ø Na despedida da assembleia, é conveniente enviar o povo o abençoando com a bênção própria do tempo da Quaresma. (Missal Romano p. 521).
Ø Os cantos para as celebrações quaresmais podem ser encontrados no CD da Campanha da Fraternidade 2014: Hino da CF 2014 e cantos para a Quaresma Ano A.
Fonte: Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
Fonte: Emanarp em 09/03/2014

REFLEXÃO

Começamos a Quaresma com um texto que nos possibilita refletir sobre o projeto de Deus a respeito do ser humano. O livro do Gênesis nos apresenta o homem sendo criado como o ponto alto de toda a criação, como imagem e semelhança de Deus. Exatamente por isso ele deverá proceder como superior a tudo e não deixar-se influenciar por nenhuma qualidade de qualquer coisa criada, deverá permanecer sempre livre!
É nesse exato momento que entra a perversão do Mal ao provocar no homem o forte e imperioso desejo de experimentar a fruta proibida, ao ponto de apequenar-se cedendo às qualidades olfativas e visuais da fruta em detrimento da orientação do Criador.
Foi o primeiro ato em que o ser humano demonstrou que abria mão de sua liberdade para satisfazer seus instintos, sua curiosidade e, tragicamente, querer ser igual a Deus. Deixou de se reconhecer criatura, homem, vindo da terra, do humus e querendo, com seu próprio poder chegar a ser onipotente. O ser humano trocou a humildade pela soberba, eis o primeiro pecado.
No Evangelho, Jesus, o Homem Perfeito, a verdadeira imagem do Pai, vence o Mal ao manter-se submisso ao Pai e mostrar-se um homem livre. Não será a comida, a satisfação de suas necessidades biológicas que irá submetê-lo às propostas do Mal; nem a tentação do orgulho, da vaidade, do ser renomado, do ser famoso, do prestígio irá fazê-lo aceitar a imposição de Satanás e nem a sedução do poder o derrotará em sua fidelidade ao Pai.
Para nós, a ação de Jesus, sua postura, nos interpela quando em nossa vida somos tentados a satisfazer nossas necessidades naturais, nossos desejos de prestígio e nossa sede de poder. Olhemos para o Homem Perfeito, a Imagem Visível do Deus Invisível, e suas respostas serenas às perturbadoras tentações.
No trecho da Carta aos Romanos, São Paulo nos fala sobre os modos de vida de Adão e de Cristo. O primeiro, como vimos no início de nossa reflexão, mostrou-se fraco. Contudo, essa debilidade foi herdada por todos nós, seus descendentes. Somos conscientes de que titubeamos e fracassamos diante das tentações.
Em Cristo temos exatamente a realização da vocação da natureza humana, ser superior a tudo sendo imagem de Deus, sendo livre!
Mais ainda, não podemos comparar a graça de Deus ao pecado de Adão, nos fala o Apóstolo. Se “pela desobediência de um só homem a humanidade toda foi estabelecida em uma situação de pecado, assim também, pela desobediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça”, que é ser plenamente livre e plenamente unida a Deus.
Cesar Augusto, SJ
Cidade do Vaticano (RV)
Fonte: Liturgia da Palavra em 09/03/2014

Recadinho

Você se prepara bem para as missões que tem a desempenhar? - Quem é Jesus para você? - A tentação de uma vida cômoda e fácil perturba sua caminhada? - Você procura se alimentar sempre da palavra de Deus? - Sua vida é um serviço constante ao próximo? Dê algum exemplo.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 – Santuário Nacional em 09/03/2014

Meditando o evangelho

A PROVAÇÃO DO FILHO DO HOMEM

A cena das tentações, inserida no início da vida pública de Jesus, é um claro indício de que o exercício de seu ministério seria pontilhado de provas e dificuldades. Na aritmética teológica da época, que consistia em atribuir valor simbólico-teológico aos números, o número três designava a constituição do ser humano (espírito - alma - corpo). A tríplice tentação significava que Jesus, enquanto ser humano, seria submetido a contínuas provações, pelas quais teria chance de dar provas de sua absoluta fidelidade a Deus. De fato, até os instantes finais de sua caminhada terrena, Jesus viu-se tentado.
O tentador insistia sempre no mesmo ponto: "Se você, de fato, é Filho de Deus", passando a fazer-lhe propostas extravagantes. Com isto, pretendia levar Jesus a exigir do Pai uma manifestação desnecessária de sua providência, bem como levá-lo a oferecer espetáculos formidáveis com os quais atrairia a atenção sobre si, granjeando a admiração das multidões, mas também o risco de ser vítima do orgulho e da vaidade.
As tentações foram capciosas. Com uma interpretação superficial, podiam parecer inocentes, sem maiores conseqüências. Só uma leitura arguta, como a de Jesus, foi capaz de desmascará-las e revelar as verdadeiras intenções do tentador.
O fato de vencer as tentações já foi um primeiro sinal da fidelidade de Jesus ao Pai. Por ser Filho de Deus, recusava-se a exigir do Pai manifestações insensatas de amor.

Oração
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Pai, como Jesus, quero ser fiel a ti, sem jamais exigir manifestações extraordinárias de teu amor por mim. Basta-me estar ciente de ser teu filho.
Fonte: Dom Total em 09/03/201405/03/2017 01/03/2020

Oração
Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 09/03/2014

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Jesus foi conduzido ao deserto
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jesus chamou os apóstolos para serem pescadores de gente, por isso a preocupação da Igreja é sempre, em primeiro lugar, com o ser humano e, juntamente com o ser humano, com o ambiente em que ele vive. É preciso cuidar da nossa casa comum e de tudo o que ela contém, porque nela é que vivemos e nos desenvolvemos.
No mundo inteiro e em nosso país não seria diferente: há espaços geográficos caracterizados de acordo com o tipo de vegetação, do solo, da altitude, das plantas, dos animais. Em tais espaços pode haver presença humana. Daí a preocupação com o ser humano e com o ambiente em que ele vive. A Quaresma é um tempo de conversão pessoal e também um tempo de conversão social. A Campanha da Fraternidade nos desperta para a conversão social. Fraternidade, solidariedade e harmonia andam juntas na construção de um ambiente saudável no qual a vida humana pode ser verdadeiramente humana, segundo o plano criador de Deus.
Nesta Quaresma estaremos com Jesus no Deserto da Tentação, no Monte da Transfiguração, no Poço de Jacó, na rua, no Túmulo de Lázaro. Em cada lugar e situação Jesus nos revela quem ele é, qual é a vontade do Pai e o que espera de nós. Em todos os momentos ele nos leva ao diálogo para a construção da fraternidade solidária. O mal se apresenta sempre como algo saboroso e bonito, útil para o conhecimento. Não é fácil resistir-lhe. No entanto, é um anti-projeto. Vai no sentido contrário do projeto de Deus. O diabo coloca seu anti-projeto diante de Jesus no deserto com a provocação da comida, da afirmação pessoal, do poderio universal. Jesus dialoga com o provocador e o enfrenta com ideias claras da Sagrada Escritura. A Quaresma começa com um grande diálogo, exatamente com o demônio, e continua o diálogo na permanente tarefa da construção da fraternidade.
Fonte: NPD Brasil em 05/03/2017

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. NO ACONCHEGO DO DESERTO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Neste primeiro domingo da quaresma, Deus nos chama ao deserto com Jesus, para uma conversa de pé de ouvido, a liturgia se reveste de roxo, que é a cor da paixão, não é tristeza, luto e desconsolo, como muitos pensam, é como se Deus, o amado de nossa vida, quisesse que ao longo de quarenta dias, prestássemos mais atenção nele, no seu jeito diferente de nos amar, roxo seria isso: um olhar para dentro, enquanto se olha para o céu, podendo evocar o poeta “De tudo ao meu amor serei atento...”, quaresma é tempo de deixar-se remodelar, permitindo que Deus refaça a nossa vida.
Quando presido o Sacramento do matrimonio percebo que os casais têm dificuldade de se olhar nos olhos, na hora do consentimento, e não é só com quem está casando que isso acontece, um amigo confidenciou-me que sentiu um certo “desconforto” ao olhar nos olhos da esposa, na renovação do matrimonio, em uma missa de encontro de casais. Olhar nos olhos nos causa medo, porque é enigmático e misterioso, não se tem medo de olhar o corpo, que se torna fácilmente objeto de desejo, em uma sociedade tão erotizada, mas quando se olha nos olhos, estamos diante da alma do outro, há comunhão de corpo mas não há comunhão de alma. A relação entre namorados, noivos, e até entre marido e mulher, fica na maioria das vezes banalizada, alguns conseguem emigrar do erótico para o Eros, e há outros, que na graça de Deus, confiada pelo Sacramento do matrimonio, conseguem chegar no Ágape, que é o amor em toda sua plenitude, o Eros é o meio, e não o fim, é um caminho que tem de ser percorrido do começo ao fim da vida conjugal e que só será obstruído pela morte.
Nossa relação com Deus ás vezes também é assim, um tanto quanto banal, pois temos medo de contemplar o seu mistério. Na capela do Santíssimo, lugar sagrado em nossas comunidades, onde Aquele que é o Amor Absoluto se esconde em um pedaço de pão, sentimo-nos embaraçados e procuramos sempre dizer algo, fazer um pedido, recitar uma fórmula de louvor e adoração, daí somos capazes de ficar horas ali falando , porque este “Falar” nos dá a ilusão de que penetramos no mistério de Deus e podemos dominá-lo. Invertemos o jogo e queremos seduzir a Deus, diferente do profeta, relutamos em ser por ele seduzidos e dominados.
Deserto é lugar teológico do “namoro”, onde movidos pelo mesmo Espírito que conduziu Jesus, vamos ter nosso encontro pessoal com Deus, o esposo apaixonado que quer olhar nos nossos olhos, sussurrar em nossos ouvidos e nos envolver com a sua ternura, para sentirmos de novo o encanto do primeiro amor, como na visão do profeta Oséias “Eis que eu mesmo a seduzirei e a conduzi-la-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração”. Deserto é lugar de fazer a experiência da esposa jovem, que manifesta a sua alegria ao colocar toda sua confiança no amado, e descobrir, como no Cântico dos cânticos, que somente Deus é a sua Segurança – “Quem é esta que sobe do deserto apoiada em seu Amado?”
É o Povo da antiga aliança, é o povo da nova aliança, é a Santa Igreja, somos eu e você, a razão do amor divino, que nos trouxe, com a encarnação de Jesus, a possibilidade real de experimentarmos em nossa vida a salvação. Deserto é, portanto lugar do encontro onde o amor se revela, é a mesma experiência do povo do Êxodo, que se repete em Jesus Cristo, porém, ao contrário do povo da antiga aliança, não mais se deixará enganar pela tentação, propostas sedutoras dos amantes, para fazê-lo perder o paraíso de delícias, onde o homem convivia com os animais selvagens, servido pelos anjos de Deus, evocando a proteção Divina do Eterno Amado sob o objeto do seu amor.
Revistamo-nos do roxo da paixão e não da tristeza, quaresma é dar um tempo para aquelas coisas que em nossa vida são secundárias, para nos ocuparmos com um Deus apaixonado, que suspira quando vamos ao seu encontro enquanto Igreja, na dimensão celebrativa. Quaresma é quarenta dias de amor, como um casal que retoma a lua de mel, após longa caminhada na vida conjugal, foi no deserto que Deus celebrou a aliança com seu povo, estabelecendo com ele uma relação única, “Eu serei o seu Deus e vós sereis o meu povo”, evocando o cerne da união conjugal – e os dois serão uma só carne.
É esse amor que salvará o mundo, verdade ignorada pelos que prenderam João Batista tentando sufocar um Amor que não se deixa aprisionar, e em Jesus irrompe ainda mais forte, no meio da humanidade, para levar o homem de volta ao paraíso! Nada irá deter a força desse amor, nem a miséria dos homens ou os pecados da igreja, o AMOR triunfará definitivamente! Pois o tempo se completou, o Reino está próximo. Converter e crer no evangelho, é uma forma contínua de corresponder a esse amor misterioso de Deus que em Jesus busca a todos os homens, sem distinção ou acepção de qualquer pessoa. Converter-se é dar um solene “basta” aos falsos amores de “amantes” mentirosos, que nos enganam, oferecendo-nos um falso paraíso, arrastando-nos à tristeza da morte do pecado, deixando-nos longe...bem longe Daquele que é o nosso único e verdadeiro Amor...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites - Mt 4,1-11
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Entramos na primeira semana da Quaresma pelo deserto da tentação, rezando como Jesus nos ensinou: “Não nos deixeis cair em tentação”. Pegue o terço e repita, conta por conta: “Não nos deixeis cair em tentação” e olhe para o deserto. Lá está Jesus há quarenta dias, com fome, porque, no deserto, não tinha o que comer. Aproxima-se então o tentador, o demônio, com a função que lhe é própria: testar a nossa fidelidade a Deus. Com astúcia, testou a obediência dos primeiros pais no paraíso, e Adão e Eva caíram na tentação. O demônio pediu licença a Deus para testar Jó, que era “íntegro e reto, que temia a Deus e se afastava do mal”. E aqui está de novo o demônio, agora provocando Jesus. Quem é esse Jesus, para que veio, o que faz no deserto? O demônio está preocupado e intrigado. Será ele o Filho de Deus? Se for, que transforme as pedras em pão. Se for mesmo, jogue-se do alto do Templo para baixo, que os anjos virão carregá-lo.
O homem, porém, não vive somente de pão e não se põe Deus à prova. Jesus repele o tentador com a força da Palavra de Deus, mas o demônio não se dá por vencido. Continua tentando e testando. Já não pergunta se Jesus é o Filho de Deus, nem cita passagens bíblicas. O demônio vai direto ao que interessa ao ser humano: o poder e a glória. Jesus terá todos os reinos do mundo e sua riqueza, se adorar o demônio. A religião de substituição tentou substituir o verdadeiro Deus ora pelo Estado, ora pela raça, e sempre pela ambição do poder e da glória. Até mesmo a piedade cristã pode encobrir esta ambição. Jesus não caiu na tentação do demônio e, diz a Carta aos Hebreus, que: “tendo ele mesmo sofrido pela tentação, é capaz de socorrer os que são tentados”. Digamos então como ele ensinou: “Não nos deixeis cair em tentação”
Fonte: NPD Brasil em 01/03/2020

Homilia do 1º Domingo da Quaresma,
por Pe. Paulo Ricardo


Vamos, com grande alegria, com grande liberdade, confiantes em Deus, dar os nossos passos. Se você ainda não deu o passo para a primeira conversão, faça-o agora e entre na vida da graça. Se você já deu este primeiro passo, então, continue lutando, para voar mais alto e tudo fazer por amor a Deus. Lute o bom combate. Eis o tempo da conversão!
Fonte: Reflexões Franciscana em 09/03/2014

HOMILIA

OS TRÊS PPP DA VIDA DE JESUS

Estamos diante de um tripé de tentações que se resumem em: Poder, Prazer e Posse. Depois que Jesus foi batizado pelo Batista, foi levado ao deserto pelo Espírito para ser tentado pelo diabo. Que paradoxo! Mas Deus Pai confirma a identidade do Seu filho, já o inimigo se aproxima e logo em seguida desafia o Mestre colocando em dúvida sua divindade.
Como vimos neste texto, Jesus inicia seu ministério com jejum, penitência e oração. Exercícios extenuantes e de grande esgotamento o diabo aparece para tentá-lo. Podemos perceber aqui que esse momento não se refere apenas em aflições normais do ministério. Há algo mais complexo que creio eu que Jesus nos quer ensinar. Uma prova em particular. O dono da salvação contra o pai da perdição. Vida contra a morte.
Essa guerra não foi só exterior, como vemos relatado, mas também uma luta interior. Jesus não enfrentaria somente perdas materiais, desprezos, oposições de religiosos, mas, também confrontos espirituais.
A primeira tentação foi no deserto onde Satanás sugere a Cristo que as pedras se transformem em Pão. Cristo teria poder de fazer isto. Se Ele transformou água em vinho, andou sobre as águas, fez paralíticos andar, ressuscitou mortos e acalmou tempestades, não poderia transformar pedras em pães? Com certeza, sim! Mas isto incluiria obedecer a Satanás e em segundo lugar teria “o alimento, o pão sem Deus”. Hoje isto significa conseguir riquezas sem Deus, trabalho desonesto, jogos de azar, burlar impostos, etc.
A segunda tentação foi a do Pináculo do templo onde foi sugerido malignamente que saltasse dali e desse ordem aos anjos para que o guardasse e isso com base num princípio bíblico. Satanás é sagaz e usa a Bíblia também. Mas o grande erro seria usar as coisas divinas ao seu prazer. Adaptar a Bíblia ao nosso gosto. “A fama ou prestígio sem Deus”. Um atalho para ser aclamado. Um reconhecimento fora de ordem. Foi uma tentativa maligna de “provar” o que não é necessária nenhuma prova.
A terceira tentação foi a do monte onde a glória deste mundo foi mostrada e ofertada, mas não gratuita e sim negociada. Ele poderia ter a glória deste mundo se prostrasse e adorasse a Satanás. Seria “poder ou governo sem Deus”. Se Jesus aceitasse, seria a glória do mundo sem a cruz, ou seja, sem salvação. Hoje seria ter autoridade, reinar, subjugar, mas não sujeito a Deus e sim ao inimigo de Deus.
Mas Ele venceu as três tentações com três frases “está escrito”. Não foi o que o físico, as emoções e o lado espiritual queriam, mas sim o que o havia sido escrito. A primeira resposta foi nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. As necessidades físicas não podem suplantar a obediência a Deus. A verdadeira vida está na dependência divina.
A segunda resposta foi de não tentar a soberania do Pai. “Não tentarás ao Senhor teu Deus”. Deus é bom demais para ser tentado por nós. É muita petulância da nossa parte, tentar ser “senhor” de Deus e não seu “servo”.
A terceira e última resposta nos coloca onde devemos sempre estar que é ser um exclusivo adorador de Deus. “Só o Senhor adorarás e só a Ele servirás”. Ele é único e exclusivo. Sua glória é irrepartível. Somente no reconhecimento de Deus e no esvaziamento nosso é que podemos encontrar a verdadeira vida espiritual.
Todo esse relato, se analisado nos mínimos detalhes podemos perceber inúmeros ensinamento para nós. Ao cumprir o “IDE” do Mestre com certeza seremos também provado. Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto. Isso mostra uma permissão da parte de Deus. O inimigo afronta Jesus com a própria Palavra. Ele também conhece as Escrituras.
Nossa vida espiritual deve ter também uma convalidação divina. Precisamos ter certeza de nossa missão no reino de Deus. A preparação, a consagração (jejum) deve fazer parte de nossa vida espiritual. Termos consciência de que seremos tentados pelo inimigo e que isso será permitido por Deus. Em algum momento daremos de frente com ele e a Palavra de Deus deverá estar presente em nós, bem forte para podermos vencer. Seremos também levados ao deserto. Ou melhor, quando se trata de espiritual, vivemos no deserto. Contra o príncipe das trevas, não ha diplomas, mestrados, doutorados, grandes currículos que poderá nos salvar. Embora, nós seres humanos, valorizamos muito isso, e não é errado, ao contrário se faz necessário. Mas somente a certeza do que cremos e a palavra de Deus poderá nos livrar e dar a vitória. Temos necessidades e fraquezas e é nas nossas fraquezas que o inimigo virá para nos contrapor. É necessário então intimidade com Deus e com sua Palavra.
A grande lição das tentações de Jesus é que o mal sempre nos oferece “atalhos”. E são contra estes atalhos que devemos ter cuidado. Prazer (alimento, bebidas, sexo e drogas), Posse (fama, prestígios, o ter bens materiais) e Poder (governo) são coisas interessantes que mexe com o nosso físico, a nossa alma e o nosso lado espiritual. No entanto, nada disso terá valor para nós se for sem Deus. Qualquer coisa, por melhor que seja que nos afaste do Senhor, deve ser abandonado. Somente com Deus, na Sua presença e para a Sua glória, devemos viver. Jesus embora sendo o Filho de Deus, levava uma vida constante de oração. Ele nos ensinou como devemos orar. É na oração que alcançamos intimidade com Deus. Quanto mais oramos mais teremos certeza da sua vontade.
Pai, como Jesus, quero ser fiel a ti, sem jamais exigir manifestações extraordinárias de teu amor por mim. Basta-me estar ciente de ser teu filho.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 09/03/2014

HOMILIA

Espiritualidade Bíblico-Missionária

Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto. Ali Jesus permaneceu, como que num grande tempo de retiro, preparando-se para sua missão. Também teve de vencer a tentação de ganhar poder e bens.
A grande tentação da humanidade é querer organizar a vida sem Deus — há pessoas com dificuldades até de pronunciar o nome de Deus, pois isso parece ser um despropósito. O que conta aí é o prestígio pessoal, os prazeres, o dinheiro, o sucesso. Infelizmente está aí essa tentação no meio de nós.
Jesus é o novo Adão, pois, bem diferente do primeiro Adão, não se deixa levar pela ilusão da tentação humana. Ainda mais: Jesus é o novo povo de Israel, que se entrega nas mãos de Deus, e só com Ele conta e é fiel. O antigo Israel nem sempre foi fiel, reclamou de Deus e quis a vida conforme seus planos e não os de Deus. Muitas vezes recusou deixar-se conduzir por Deus através do deserto.
Jesus, porém, era fiel ao Pai e solidário com a humanidade, até mesmo na hora mais difícil da ilusão da tentação, da prova de sua consciência de fidelidade, menos no pecado. Jesus soube enfrentar as seduções da vida e vencê-las.
Jesus foi cheio de compaixão, cheio de ternura, de bondade, em seus enlaces com as crianças, com os doentes, com os pecadores e marginalizados. O Evangelho é recheado de atitudes sublimes de Cristo, muito próprias de quem é fiel ao Pai, e muito diferente de Adão no paraíso
Jesus fundamentou sua vida na Palavra e a realiza fielmente ao Pai, e por isso, por sua fidelidade, escolhe o caminho do serviço e da cruz, e não o do poder. Seria bom pensar: Por que há quem se afirma cristão, mas busca poder, prestígio, distinção? O caminho de Jesus foi bem diferente e ser cristão é seguir o Cristo na sua totalidade, em seu exemplo.
Portanto, o caminho da Quaresma que nos é proposto nos conduz para dentro de Cristo, e outra atitude que não for semelhante à dele, não cabe nesse seguimento. Somente unido a Cristo, o cristão poderá vencer os muitos desafios no mundo que desejam nos desviar do projeto de Cristo.
A Quaresma nos faz ficar muito atentos ao nosso Batismo. Ela nos conduz para que, tomando consciência de nosso Batismo, sejamos, de fato, mais semelhantes a Cristo. No passar dos dias, vamos nos esquecendo dessa verdade de nossa fé e, por isso, este momento litúrgico em que vivemos nos resgata na origem. Jesus é o exemplo humano mais acabado, e que nos inspira a viver na paz da fidelidade e da autenticidade cristã.
A Quaresma nos faz ser a Boa Notícia de Cristo em nosso tempo e em nossa história.
Redação “Deus Conosco”

REFLEXÕES DE HOJE

DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 09/03/2014

REFLEXÕES DE HOJE

DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 05/03/2017

REFLEXÕES DE HOJE

DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 01/03/2020

HOMILIA DIÁRIA

Somos conduzidos pelo Espírito Santo a resistir às tentações

É preciso ter um espírito humilde, orante, firme na Palavra de Deus para sermos firmes e resistentes à tentação! Nós somos hoje convidados por Jesus e conduzidos pelo Espírito Santo a resistir às tentações deste mundo!

”Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,7).

Conduzido pelo Espírito Santo, Jesus foi ao deserto viver uma profunda união com o Pai, fortalecer o Seu espírito com o Pai para o início da Sua missão pública. Mas ao fim daqueles dias de jejum, Jesus foi tentado e provado pelo demônio. As tentações de Jesus, ou as provações de Nosso Salvador, refletem as tentações de cada um de nós que caminhamos neste deserto da nossa vida.
No fundo, dentro de nós, há algo nos impelindo a questionar, a duvidar e a colocar Deus à prova. A sabedoria divina que nós, hoje, recebemos de Jesus, primeiro é para nos ajudar a nos prevenirmos das tentações. Sim, a termos cautela com tudo aquilo que nós questionamos ou buscamos na vida; porque não há problema em ser tentado ou provado, o problema é sucumbir à tentação, é deixar que a tentação domine a nossa vida, que ela comande os nossos instintos, a nossa vontade e tudo aquilo que nós fazemos.
O demônio pediu que Jesus transformasse as pedras em pães, mas o Senhor afirma que “não só de pão vive o homem”, pois é preciso resistir à tentação de ceder aos prazeres: o prazer do comer, do beber, o prazer da sensualidade; a própria necessidade do instinto da sobrevivência humana. É preciso ter prudência na relação com as coisas que nós temos, porque senão seremos dominados por elas. Pois se por um lado há, na verdade, um contingente enorme, milhões de pessoas por este mundo que ainda passam fome porque não têm o que comer; por outro lado também há um outro contingente de pessoas que são dominadas pelo excesso de comida, o excesso de bebida, o excesso dos prazeres.
Nós somos hoje convidados por Jesus e conduzidos pelo Espírito Santo a resistir às tentações deste mundo. A resposta que podemos dar à tentação da gula, da bebedeira, entre outras, se chama sobriedade. Sobriedade naquilo que fazemos, naquilo que adquirimos; sobriedade para não sucumbirmos a essa tentação.
Conduzidos por Jesus, durante esses quarenta dias de Quaresma, nós sentiremos muitas tentações. É preciso ter um espírito humilde, orante e firme na Palavra de Deus para sermos firmes e resistentes à tentação!
Que Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 09/03/2014

HOMILIA DIÁRIA

Precisamos nos abastecer da Palavra de Deus

A Palavra abre nossos olhos, abre nosso coração e ilumina nossa mente para nos dar direção

“Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto’” (Mateus 4,9).

Neste primeiro domingo da Quaresma, estamos refletindo as tentações de Jesus. O Evangelho de Mateus descreve, pelo menos, três grandes tentações que Jesus passou quando foi conduzido pelo Espírito ao deserto.
Depois de quarenta dias de jejum Ele teve fome, e o demônio aproveitou-se dessa ocasião para colocar sobre Ele aquela tentação do comer, dos sentidos. Quem está fortalecido no Espírito como Jesus estava, é mais forte que a tentação, por isso Ele responde ao demônio: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que vem do coração, da boca de Deus”.
O elemento fundamental para vencermos as tentações da vida é nos abastecermos da Palavra de Deus, preenchermo-nos, esvaziarmo-nos do excesso de alimento, de comida, bebida, da práticas cotidianas que temos para nos enchermos da Palavra.
Precisamos ir ao deserto da vida, recolhermo-nos no silêncio, para que o Palavra se torne alimento para a nossa vida. Porque, primeiro, a Palavra abre os nossos olhos, e assim abre o nosso coração e ilumina a nossa mente para nos dar direção, forças, para nos fortalecer no nosso combate espiritual.
Se o demônio não consegue nos vencer por essa tentação, ele nos leva por outros caminhos, por outras vias. O demônio levou a Jesus a tentar a Deus, e, tanta gente colocando o Senhor a prova! “Deus vai me conceder isso e aquilo, e se Ele não concede, então eu O coloco à prova, porque Ele não me deu isso. A tentação no mundo presente é a tentação da idolatria; o demônio prometeu dar tudo aquilo a Jesus se Ele simplesmente se prostrasse diante d’Ele. A tentação da idolatria vem da tentação da cobiça, do desejo de ter, de possuir. No mundo em que vivemos, as pessoas se compram e se vendem por qualquer coisa, e então passamos a idolatrar a quem tem dinheiro, posse.
Passamos até mesmo em nos vender quando alguém nos dá condições melhores de vida, nos promete isso, aquilo… é a tentação do dinheiro, do poder, do prazer. A tentação de nos colocarmos aos pés de pessoas humanas, ídolos da música, da política; tudo é um erro, engano, é ilusão!
“Vai-te embora, satanás”. Satanás quer, justamente, satanizar a nossa vida, colocando dentro de nós verdadeiros ídolos, fazendo de nós ídolos para os outros, para que desviemos o nosso coração do único Deus.
Fazemos do dinheiro, do sexo, do prazer, da comida, da bebida e de pessoas nossos ídolos, colocando outros dentro de nós, para ocupar o lugar de Deus. “Vai-te embora, satanás” com todos os seus ídolos, porque iremos nos prostrar somente na presença de Deus e só a Ele serviremos e adoraremos.
Quando Deus é único na nossa vida, os ídolos, os demônios vão embora de nós. Para vencer a tentação, é preciso fazer com que Deus se torne único na nossa vida, e só a Ele servimos de todo o nosso coração.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Caão Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 05/03/2017

HOMILIA DIÁRIA

É preciso viver da Palavra de Deus

Mas Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’”. (Mt 4,1-11)

Hoje, nós acompanhamos, na liturgia, a Quaresma de Jesus. É Jesus quem foi ao deserto para jejuar e, no seu jejum e no seu silêncio, no seu retiro espiritual, Ele foi tentado. É Jesus quem vai conosco para o deserto, é Ele quem nos conduz para o deserto da vida. Para quê? Para vencermos as tentações, para superarmos o egoismo, a soberba, o orgulho da nossa alma humana, e para não nos entregarmos ao mal. Por isso, o tempo quaresmal é esse tempo de graça onde nós fazemos companhia a Jesus na Sua Quaresma.
A observância quaresmal do Senhor é a nossa observância, mas é o Senhor quem faz companhia a nós, e Ele nos ensina como vencer o tentador e as tentações da vida.
Primeira coisa: viver da Palavra de Deus, abastecer-se dela, preencher-se da Palavra, porque não só de pão, não só de arroz, não só de feijão nem dos alimentos nós vivemos. Quando nós colocamos a alimentação, quando nós colocamos os prazeres, até as nossas necessidades humanas acima da nossa vida espiritual, nós ficamos escravos, dependentes.
Basta ver a quantidade de pessoas, em todo o mundo, escravas dos seus sentimentos, dos seus afetos, dos prazeres, das necessidades humanas. Não! As necessidades humanas estão para ser preenchidas com a devida prudência, porque, quando não as preenchemos, fazem-nos sucumbir, caímos na gula, caímos na embriagues, no orgulho, na inveja, nos ciúmes, enfim, as tentações nos fazem sucumbir; mais do que sucumbir, nós nos entregamos a elas e ficamos escravos delas, por isso é preciso vencer o poder do mal pela força da oração, é preciso mergulhar com intensidade na Palavra do Senhor nosso Deus.

Viver da Palavra de Deus, abastecer-se dela, preencher-se da Palavra

Precisamos vencer a tentação de adorar os ídolos deste mundo – e os ídolos são muitos! Muitas vezes, nós nos cultuamos e cometemos a idolatria, outras vezes, estamos adorando pessoas e as colocando acima de Deus; outras, voltamo-nos para as coisas materiais, perecíveis. Olha como o deus-dinheiro adorado, idolatrado… O quanto ele nos escraviza e escraviza toda a humanidade!
“Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirá.” A adoração é o caminho de libertação da alma e do coração, dos impulsos dos desejos terrenos. A adoração nos leva a purificar a alma e o coração, de buscar consolo onde não há consolo, nem cura e a libertação. Nós precisamos nos voltar ao Senhor nosso Deus de todo o coração.
Precisamos vencer a tentação de viver na religião das facilidades, onde Deus está a nosso serviço e é tudo mecanizado: “Deus tem que me dar!”. E quando Deus não dá: “Por que é que Deus não está me dando?”. Não! Precisamos vencer essa tentação e nos colocar na presença do Senhor nosso Deus para obedecer-Lhe, para servir-Lhe em humildade de coração.
Vivamos intensamente a nossa Quaresma, combatendo as tentações que nos fazem sucumbir, no dia a dia, para fortalecermos a nossa alma para a vida nova que o Senhor nos trouxe.
Deus abençoe imensamente você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 01/03/2020

Oração Final
Pai Santo, faze de todo o tempo da nossa existência uma quaresma, isto é, um tempo de preparação para acolhermos em nós o teu Reino de Amor e partilhá-lo com os companheiros do caminho. Ele nos foi trazido pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/03/2014

Oração Final
Pai Santo, faze de todo o tempo da nossa existência uma quaresma, isto é, um tempo de preparação para acolhermos em nós o teu Reino de Amor e partilhá-lo com os companheiros do caminho. O Reino do Céu nos foi trazido pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 05/03/2017

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, faze de todo o tempo da nossa existência uma quaresma, isto é, um tempo de preparação para acolhermos em nós o teu Reino de Amor e partilhá-lo com os companheiros do caminho. O Reino do Céu nos foi trazido pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 01/03/2020