Pe. Juan Carlos Scannone (foto
jesuitas.org.ar)
REDAÇÃO
CENTRAL, 13 Set. 13 / 04:09 pm (ACI/EWTN Noticias).- Embora o encontro não
estivesse na lista oficial de audiências privadas do Papa Francisco, o Vaticano
confirmou que a pedido do Arcebispo Gerhard Muller, Prefeito da Congregação
para a Doutrina da Fé, o Papa Francisco recebeu na quinta-feira o Padre Gustavo
Gutiérrez, o teólogo peruano considerado como um dos pais da controvertida
teologia da libertação.
A
amizade pessoal do Arcebispo Muller com o teólogo de 85 anos, que entrou para a
ordem dos dominicanos a finais dos anos 90 para evitar estar sob a jurisdição
do atual Arcebispo de Lima, Cardeal Juan Luis Cipriani, gerou uma série de
especulações sobre o suposto apoio "oficial" à teologia da libertação
no Vaticano.
As
especulações dos vaticanistas se geraram logo depois da difusão pelo jornal do
Vaticano, L’Osservatore Romano (LOR), de um ensaio do Padre Gutiérrez
originalmente publicado como parte de um livro escrito com o Arcebispo Muller,
publicado em alemão faz 9 anos e traduzido recentemente ao italiano. O
sacerdote peruano apresentou em Roma esta edição.
Entretanto,
faz alguns meses o sacerdote jesuíta argentino Juan Carlos Scannone, um dos
mais conhecidos representantes da teologia da libertação na América Latina,
explicou que o Papa Francisco, como sacerdote e arcebispo, nunca apoiou os
postulados polêmicos do Padre Gutiérrez.
Em
uma extensa entrevista que aparece no livro publicado recentemente "Francis
Our Brother Our Friend" (Francisco Nosso Irmão Nosso Amigo" (Ignatius
Press, 2013) do diretor do Grupo ACI,
Alejandro Bermúdez, o Padre Scannone, que foi um dos professores do Papa
Francisco em seu processo de formação, explicou que "na teologia da
libertação há distintas correntes, e há uma que é a corrente argentina".
No
texto que dentro de pouco será publicado em sua versão original em espanhol, o
Padre Scannone recorda que "o Cardeal Quarracino (antecessor do Cardeal
Bergoglio como Arcebispo de Buenos Aires) apresentou ao L’Osservatore Romano o
primeiro documento da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a teologia da
libertação, e ele distinguiu quatro correntes, citando sem nomear um artigo que
eu tinha escrito dois anos antes".
"E
há uma corrente argentina, que o mesmo Gustavo Gutiérrez diz que é uma corrente
com características próprias da teologia da libertação, que nunca usou
categorias do tipo marxista ou a análise marxista da sociedade, mas sem desprezar
a análise social privilegia uma análise histórica cultural", explicou.
O
perito jesuíta adicionou que "na teologia argentina da libertação não se
usa a análise social marxista, mas se usa preferentemente uma análise
histórica-cultural, sem desprezar o sócio-estrutural e sem ter como base a luta
de classes como princípio determinante de interpretação da sociedade e da
história".
Segundo
Scannone, "a linha argentina da teologia da libertação, que alguns chamam
‘teologia do povo’, ajuda a compreender a pastoral de Bergoglio como bispo;
assim como muitas de suas afirmações e ensinamentos".
Para
o Padre Scannone, "há coisas que acredito que marcaram de maneira especial
o Cardeal Bergoglio, sobretudo o tema da evangelização da cultura, o tema da
piedade popular. Uma coisa muito de Bergoglio é falar do povo fiel. Quando saiu
à sacada (de São Pedro, quando foi eleito Papa), o primeiro que fez foi pedir
que o povo rezasse por ele para que Deus lhe abençoe, antes de abençoar o povo.
Isso é muito dele".
Scannone
adiciona que "este tipo de teologia" sem categorias marxistas, fez
parte "do ambiente no qual ele exerceu a sua pastoral. De fato, a
problemática da piedade popular e da evangelização da cultura, e enculturação
do Evangelho, é chave nesta linha teológica".
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