Papa Francisco. Foto: Grupo ACI
VATICANO, 12 Set. 13 / 09:38 am (ACI/EWTN Noticias).- O
jornal italiano La Repubblica publicou nesta quarta-feira uma longa carta
escrita pelo Papa Francisco em resposta a algumas dúvidas sobre a fé expostas durante
neste verão por Eugenio Scalfari, um famoso jornalista conhecido por sua
posição anticlerical.
Em
dois artigos publicados em 7 de julho e em 7 de agosto deste ano, Scalfari
fundador de La Repubblica, faz uma série de perguntas ao Pontífice sobre a Encíclica
Lumen Fidei (A luz da fé), questões da fé e da vida cristã.
"Agradeço-lhe
acima de tudo pela atenção com a que quis ler a Encíclica Lumen Fidei. Esta, em
efeito, na intenção do meu amado predecessor, Bento
XVI, que a concebeu e em longa medida redigiu, e da qual, com
gratidão, herdei, está dirigida não somente a confirmar na fé em Jesus Cristo
aqueles que já a professam, mas também a suscitar um diálogo sincero e rigoroso
com quem, como o senhor, se define ‘como um não crente que há muitos anos está
fascinado e interessado pela pregação de Jesus de Nazaré’", escreve o Papa
em sua carta, publicada em 11 de setembro com o título –estabelecido pelo
jornal- "A verdade nunca é absoluta".
"A
fé para mim –continuou Francisco-, nasceu do encontro com Jesus. Um encontro
pessoal, que tocou o meu coração e deu um sentido e uma direção novos a minha
existência. Mas ao mesmo tempo um encontro que foi possível somente graças à
comunidade de fé em que vivi e graças a qual encontrei o acesso à inteligência
da Sagrada Escritura, à vida nova que como água viva sai de Jesus através dos Sacramentos, à fraternidade com todos a serviço dos pobres,
imagem mesma do Senhor".
"Sem
a Igreja –acredite em mim-, não poderia ter
encontrado Jesus, embora com a consciência de que aquele imenso dom que é a fé
está guardado nos frágeis vasos de barro da nossa humanidade", acrescenta.
"Agora,
é justamente a partir daqui, desta experiência pessoal de fé vivida na Igreja,
em que é um prazer escutar suas perguntas e procurar, junto com você, os
caminhos pelos quais possamos, talvez, começar a percorrer juntos. Perdoe-me se
não sigo passo por passo as argumentações que me propõe na edição de 7 de
julho. Parece-me melhor ir direto ao coração de suas considerações".
Em
resposta às perguntas sobre "Como se comporta a Igreja com aqueles que não
compartilham a fé em Jesus e se o Deus dos cristãos perdoa a quem não crê e não
procura a fé?", o Papa explica que "devemos levar em consideração -e
isso é algo fundamental- que a misericórdia de Deus não tem limites se nos
dirigimos a Ele com o coração sincero e arrependido, a questão para quem não
crê em Deus está em obedecer a sua própria consciência. O pecado, inclusive
para os que não têm fé, comete-se quando se vai contra a consciência. Escutá-la
e obedecê-la significa decidir ante o que se percebe como o bem ou como o mal.
E sobre esta decisão se joga a bondade ou a maldade de como atuamos".
Sobre
o tema de se é erro ou pecado acreditar que não existe "um absoluto"
nenhuma verdade absoluta o Papa escreve: "A verdade, segundo a fé cristã,
é o amor de Deus por nós em Jesus Cristo e, portanto a verdade é uma relação.
Cada um recebe a verdade e a expressa a partir de si mesmo, de sua história, de
sua cultura e da situação onde vive".
Por
outro lado, à última pergunta sobre se "com o desaparecimento do homem da
terra, desaparecerá também o pensamento capaz de pensar em Deus",
Francisco responde que "a grandeza do homem é poder pensar em Deus. Isto
significa viver uma relação consciente e responsável com ele. Mas a relação é
entre duas realidades".
"Deus
não depende de nosso pensamento... quando a vida do homem terminar sobre a
terra... o homem não terminará de existir e, de uma forma que não sabemos,
tampouco o universo criado com ele".
Francisco
se despede recordando a Scalfari que, "a Igreja, apesar de toda sua
lentidão, dos erros, das infidelidades e dos pecados que tenha cometido e que
ainda possam cometer os que a compõem, não tem outro significado nem outro
propósito que o de viver e dar testemunho de Jesus".
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