Copacabana é uma cidade
histórica e religiosa da Bolívia, hoje capital da província Manco Capac.
Durante a civilização Inca alí se cultuava o Sol, a Lua e outras divindades,
honradas com sacrifício humano. A mais de três mil e oitocentos metros acima do
nível do mar, é uma cidade fria, mas belíssima, encravada às margens do Lago
Titicaca e rodeada pelas magníficas montanhas andinas da Cordilheira Real,
fronteira com o Perú.
O Lago Titicaca era um local sagrado, onde os
antigos incas idolatravam o deus bondoso "Qopaqhawana", que quer
dizer: "mirante do azul". Esculpido em pedra turquesa, o ídolo podia
ser visto de longe. O nome se tornou Copacabana, a partir de 1538, com chegada
dos conquistadores espanhóis dessa região. Os índios descentes dos Colas e dos
Incas viviam em harmonia no local e sua religiosidade contribuiu no trabalho de
catequização dos dominicanos que alí se instalaram. Em 1550, foi possível
erguer um pequeno templo, dedicado à Santa Ana, mãe da Virgem Maria.
Por sucessivos anos Copacabana sofreu com o clima,
perdendo inúmeras colheitas os nativos decidiram colocar as lavouras sob a
proteção de uma devoção católica, cuja imagem ocuparia o altar central da
capela de Santa Ana. Os religiosos concordaram, porém as duas tribos se
dividiram entre Nossa Senhora da Candelária e São Sebastião. O impasse acabou
criando um ambiente de discórdia no povo, preocupando os padres, pois esse não
é o fundamento do evangelho de Cristo.
Até que o índio Francisco Tito Yupanqui, nascido
entre 1540 e 1550 em Copacabana, descendente direto da casa real Inca, sonhou
que colocara uma imagem da Virgem com as feições de uma índia no altar da
capela, aprovada por todos os nativos. Intuiu ser um sinal da Providencia Divina
para que ele esculpisse aquela imagem vista no sonho.
Como não era bom escultor tentou modelar uma em
argila, mas o resultado não foi aprovado. Então resolveu ir para Potosí
aprender as técnicas do ofício e iniciou sua obra. Mas a sua Nossa Senhora toda
modelada em pasta de maguey, foi reprovada porque os padres acharam que parecia
com uma princesa inca. Insistente, seguiu para La Paz, atual capital do país,
onde trabalhou na igreja de São Francisco como ajudante de pintor em troca da
douração da sua obra. Assim finalmente a imagem ficou pronta.
Um sacerdote dessa igreja testemunhou o
"primeiro prodígio": viu uma luz atravessar a cúpula do templo e
atingir a imagem mariana que adquiriu um resplendor divino. Ele contou ao cura
de Copacabana que estava em La Paz e se interessou em conhecer a obra. Ao ver a
imagem de Maria com os traços e as roupas indígenas, segurando com toda ternura
o Menino nos braços, que parece lhe querer cair, mas a Mãe o sustenta com
firmeza, foi tomado pela fé e abençoou o trabalho do índio Francisco Tito.
Da capital boliviana a imagem de Nossa Senhora
seguiu em procissão à igreja de Santa Ana em Copacabana levada pelo cura e o
índio escultor. Fiéis se juntaram à eles até chegarem ao povoado em 02 de
fevereiro de 1583. Como no sonho do índio Francisco Tito, o povo todo saiu à
ruas feliz por receber a imagem que ocupou o altar principal da igreja.
Desde então incontáveis graças e milagres foram
alcançados pela poderosa intercessão de "Nossa Senhora de
Copacabana", e esse culto se espalhou por todo o país. O templo atual
desse Santuário foi erguido e consagrado à Virgem de Copacabana em 1805, e se
tornou Basílica no final de 1940. O Papa Pio XI, em 1925, declarou e coroou
Nossa Senhora de Copacabana, Padroeira e Rainha da Bolívia.
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