Ser missionária era seu sonho. E este sonho ela o
realizou no Brasil. Em outubro de 1931 deixou a Itália e veio viver a aventura
missionária em nosso país. Quero lhes falar de Irmã Dolores Baldi, primeira
missionária da Congregação das Irmãs Paulinas.
Ela não era, nem é
ainda muito conhecida, contudo foi o instrumento dócil e forte na mãos de Deus
e a mola propulsora que fez acontecer, no Brasil, a Instituição e todas as
obras das Irmãs Paulinas. A Congregação das Irmãs Paulinas foi fundada pelo
Padre Tiago Alberione com a colaboração de Irmã Tecla Merlo, em 1915, na Itália
e teve, no Brasil, sua primeira expansão no exterior. E Irmã Dolores Baldi foi
a escolhida.
Quem foi Irmã
Dolores Baldi? Ela mesma nos conta sua história: Não conheci minha mãe. Ela
morreu dois meses depois de me haver dado a luz. Fui confiada aos cuidados de
uma ama que me amamentou, de meu pai e de minha irmã mais velha, então, com 15
anos. Éramos cinco irmãos: três mulheres e dois homens.
Cresci num ambiente
familiar unido, cristão, sereno e alegre. Aos 12 anos, porém, após breve tempo
de doença, meu pai faleceu e logo depois, minha irmã, vítima de uma epidemia. E
como minha outra irmã já havia se casado coube a mim os deveres de uma
dona-de-casa: comprar, vender e cuidar de meus dois irmãos. Aos quatorze anos
comecei a sentir o desejo de ser missionária, para dedicar-me à catequese. Aos
17 anos esse apelo se tornou mais forte. Falei com meu pároco e ele me
aconselhou a pensar melhor e entregar o meu futuro nas mãos de Deus. Ele
saberia abrir-me o caminho missionário. Com o casamento de meu irmão pensei que
estivesse livre, mas com a morte prematura de minha cunhada tive que cuidar de
meus dois sobrinhos pequenos.
Após um ano, a
convite de meu pároco, participei de um retiro orientado pelo Padre Tiago
Alberione. Entusiasmei-me com a espiritualidade e missão da Família Paulina,
conversei com Padre Alberione que me aconselhou a entrar na Congregação, ainda
não aprovada, mas já em plena atividade. Ingressei, sempre, porém, com o desejo
de ir às missões. Esperançosa de um dia ser missionária, como me prometiam,
comecei o noviciado. E antes mesmo de professar os votos religiosos, a
Superiora me chamou e disse que o Fundador havia me destinado para a missão no
Brasil. Apesar de algumas preocupações, vibrei de alegria. Tinha, então, 21
anos. Comigo iriam uma irmã das Discípulas do Divino Mestre e um seminarista
dos paulinos.
No dia 06 de
outubro de 1931, diante dos Fundadores e de minha formadora, pronunciei a
fórmula da profissão religiosa prometendo, com a ajuda divina, entregar-me a
Deus e à missão conforme o carisma Paulino. Foi então que recebi o nome de
Dolores, pois, o meu nome de batismo era Tersila. Entregando-me o livro do
Evangelho, um crucifixo e um terço, o Fundador deu-me as últimas recomendações:
"Nossa Senhora das Dores, ao pé da cruz, colaborou para a salvação de
todas as pessoas. Santifica-te e os brasileiros se santificarão. O Arcebispo de
São Paulo não quer as Paulinas. Vocês fiquem escondidas por algum tempo,
vistam-se de branco ou de vermelho - isso não tem importância - e
esperem".
Este foi o início
de uma caminhada de mais de 70 anos no Brasil vivendo e partilhando na Igreja
local uma evangelização inculturada a serviço do Evangelho e com os meios de
comunicação social. Em 1966, quando a Congregação das Irmãs Paulinas no Brasil
já contava com duas centenas de membros, muitas obras iniciadas, muitas casas
construídas, Irmã Dolores foi chamada para a Itália e mais tarde para Portugal,
deixando em todos os lugares sua marca de missionária exemplar.
Em 1976, a pedido
das Irmãs brasileiras, ela voltou ao Brasil, dedicando-se então, não mais à
direção da província, mas à atividades comuns nas comunidades. Mais tarde
transferiu-se para a casa das irmãs idosas dedicando-se a pequenas tarefas. Em
todo lugar e sempre, Irmã Dolores foi exemplo de oração, entusiasmo apostólico,
humildade e acolhimento. Sempre atenta, participava e alegrava-se com os
progressos na missão. Por ocasião dos 60 anos de consagração a Deus, entre
outras coisas dizia: Os Fundadores me entregaram o que tinham de mais precioso:
o Evangelho, o crucifixo e o terço. Os fundamentos foram sólidos e minha tarefa
era construir com simplicidade e aos poucos, com erros e falhas, mas sem
desanimar, na obediência e com amor. A semente foi lançada no Brasil brotou e
cresceu pela sua força íntima que é Deus.
Após breves dias
hospitalizada, com 89 anos, no dia 21 de julho de 1999, transferiu-se para a
Casa do Pai Celeste a fim de continuar intercedendo por nós e apostando na
eficácia da missão de anunciar o Evangelho com os meios de comunicação social.
Irmã Dolores tinha um carisma pessoal, uma personalidade forte e caráter
marcante. Seu modo de ser e de viver traçou o estilo de vida e de missão de
muitas pessoas. Abriu caminhos novos, com fé e coragem, para uma geração que
viria mais tarde.
Um dos centros da
missão das Irmãs Paulinas traz com muita gratidão o nome de: "Casa Irmã
Dolores Baldi". Ela está aí apontando para todos sua norma de vida
missionária: "confiança absoluta em Deus e ir em frente com coragem".
Ir. Maria Belém, FSP
Nenhum comentário:
Postar um comentário