ANO B
Lc 9,51-56
Comentário do Evangelho
Viu a cidade e chorou sobre ela.
O versículo 51 do capítulo 9 é o início da seção central do evangelho segundo Lucas. Trata-se de um versículo importante, pois ele dá o sentido da subida de Jesus para Jerusalém. A melhor tradução do v. 51, a nosso ver, é a seguinte: “Tendo chegado o tempo em que ia ser arrebatado, ele endureceu a sua face para caminhar para Jerusalém”. A expressão “endurecer a face” tem um sentido de julgamento (Is 50,7; Jr 3,12; 21,20), especialmente como se encontra em Ezequiel (6,2; 13,17; 20,46; 21,2). Em outras passagens do seu evangelho, Lucas utiliza Ezequiel (Lc 19,41-44; 21,20-24; e Ez 4,1-3; 21,6-12.22). Certamente é do texto grego de Ezequiel que Lucas tira a expressão do versículo 51. A passagem de Ezequiel na qual, muito provavelmente, Lucas se inspirou é Ez 21,2-7. Tanto num como noutro livro, o “endurecimento da face” está referido a Jerusalém. Como Ezequiel sofreu e disse uma palavra de julgamento contra Jerusalém e seus santuários, do mesmo modo Jesus vai fazê-lo ao chegar próximo da cidade santa: “Como estivesse perto, viu a cidade e chorou sobre ela, dizendo: ‘Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz!’” (Lc 19,41-44; Ez 21,2-6). Jesus vai a Jerusalém para julgá-la!
Fonte: Paulinas em 01/10/2013
Comentário do Evangelho
"Subida para Jerusalém".
O versículo 51 inaugura a seção central do evangelho segundo Lucas, denominada “subida para Jerusalém”. Trata-se de um versículo importante, pois ele dá o sentido dessa última subida de Jesus para Jerusalém. Para isso, é preciso manter a tradução literal do versículo: “… endureceu a sua face para caminhar para Jerusalém”. No Novo Testamento, essa expressão é própria a Lucas. Mas no Antigo Testamento a encontramos em vários textos (Is 50,7; Jr 3,12; 21,20; Ez 6,2; 13,17; 20,46; 21,2). Em todas essas passagens ela tem um sentido de julgamento. Muito provavelmente, é do texto grego de Ezequiel que Lucas tira a expressão do versículo 51. Em Ez 21,2-7, a expressão se refere a Jerusalém. Assim como Ezequiel sofreu e disse uma palavra de julgamento contra Jerusalém e seus santuários, do mesmo modo Jesus sobe para Jerusalém para julgá-la. Ao se aproximar da cidade, vendo-a ao longe, Jesus chorou por ela: “Ah! Se neste dia também tu reconhecesses aquele que conduz à paz!” (Lc 19,41-44).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, livra-me de ser levado por impulso e pelas paixões ao me deparar com quem se recusa a acolher a mensagem do Reino. Que a minha mansidão possa conquistá-lo para ti.
Fonte: Paulinas em 30/09/2014
Vivendo a Palavra
Como nós, também os apóstolos ainda tinham muito a aprender. E Jesus, que caminhava pela derradeira vez para a Cidade Santa, onde seria crucificado, transborda sua mansidão e ensina o que é o Amor – o seu Amor: devemos amar não apenas os amigos, mas também os diferentes, até os inimigos que não nos quiserem receber.
Fonte: Arquidiocese BH em 01/10/2013
VIVENDO A PALAVRA
Assim como nós, hoje, também os apóstolos ainda tinham muito a aprender. Jesus, que caminhava pela derradeira vez para a Cidade Santa, onde seria crucificado, transborda sua mansidão e ensina o que é o Amor – o seu Amor: devemos amar não apenas os amigos, mas também os diferentes, até os inimigos que não nos quiserem receber.
Fonte: Arquidiocese BH em 01/10/2019
Reflexão
A mentalidade dos homens é bem diferente da mentalidade de Deus e o Evangelho de hoje nos mostra muito bem essa verdade. Deus não abandona o homem ao poder do pecado e da morte, mas vem em seu socorro através do seu próprio Filho que, com sua morte, destrói o pecado e a morte, e conquista para todos nós a vida. Os apóstolos agem de maneira completamente diferente. Diante da resistência do povo da Samaria em receber Jesus, querem que caia fogo do céu e devore a todos. Os homens querem punição e morte, enquanto Deus quer misericórdia e vida.
Fonte: CNBB em 01/10/2013, 30/09/2014 e 27/09/2016
Reflexão
Começa aqui a grande subida de Jesus para Jerusalém, para a cruz, para o céu. Ao longo do percurso, acontecem ensinamentos, encontros, milagres, controvérsias. A figura do discípulo se torna central. O verdadeiro discípulo é aquele que segue seu Mestre no caminho da renúncia a si mesmo e da solidariedade ativa com os pobres, os pequenos, os excluídos. Não é o que acontece com Tiago e João, ainda apegados aos antigos rancores entre judeus e samaritanos. Com efeito, diante da recusa de hospedagem dos samaritanos, esses dois discípulos propõem que sejam exterminados. O apelo deles ao poder divino está a serviço da vingança odiosa. Jesus reprova esse espírito de intolerância dos discípulos e mantém a firme resolução de caminhar para Jerusalém, onde vai entregar a própria vida em favor de todos.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 01/10/2019
Reflexão
Mesmo diante da rejeição, os discípulos jamais devem agir para eliminar quem pensa diferente deles. É risco de todos os tempos, e hoje se faz muito presente, um tipo de “cristianismo sem o Cristo”, que ambiciona triunfar apenas as próprias ideias. Pior seria se um cristão disseminasse ódio. O fogo que realmente vale a pena é o fogo do amor, que une todos os povos. A expressão máxima desse amor se deu na cruz e se plenificou na ressurreição de Jesus Cristo.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)
Fonte: Paulus em 27/09/2022
Meditação
Ao querer evangelizar alguém, será que não corremos o risco de ser insistente demais perturbando em vez de demonstrar amor verdadeiro? --e que o respeito deve estar acima de tudo? perturbando em vez de demonstrar amor verdadeiro? Lembra-se que o respeito deve estar acima de tudo? - Comente o dito popular: “Pega-se mais mosca com uma gota de mel que com um barril de vinagre!” - Lembra-se que Deus não força ninguém, não castiga, não obriga? - Acha difícil demais seguir o Evangelho?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 01/10/2013
Recadinho
Ao querer evangelizar alguém, será que não corremos o risco de sermos insistentes demais perturbando em vez de demonstrar amor verdadeiro? - Respeito meu próximo e colaboro para que sejam todos respeitados? - Lembro-me em colocar o respeito mútuo acima de tudo? - Acha difícil demais ser fiel ao Evangelho? - Comente o dito popular: “Pega-se mais mosca com uma gota de mel que com um barril de vinagre!”
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 30/09/2014
Comentário do Evangelho
Lucas inicia a narrativa da caminhada de Jesus da Galiléia a Jerusalém. Jesus toma a firme decisão de se dirigir ao centro do judaísmo, Jerusalém e o Templo, para ali fazer seu anúncio libertador, em um confronto direto com o estado teocrático judaico. Jesus sabia que com tal decisão arriscava sua própria vida. "Ia se completando o tempo para ser elevado ao céu": com esta afirmativa Lucas prepara sua própria e original narrativa da Ascensão que será feita no livro de Atos. Ao atravessarem a Samaria, os discípulos enviados a um povoado para preparar hospedagem devem ter cometido um equívoco. Com sua visão triunfalista tradicional devem ter falado de um Jesus glorioso, restaurador de Israel, o que suscitou a rejeição dos moradores, que eram discriminados pelos judeus. E, ainda, com espírito vingativo, estes discípulos queriam um fogo do céu para destruí-los. Jesus repreende-lhes esta sua ideologia. O problema não estava nos samaritanos, mas na cegueira dos discípulos enviados. O próprio Lucas, na parábola do samaritano, e, depois, João em seu evangelho destacam a acolhida dos samaritanos a Jesus.
Oração
Ó Deus, que destes ao presbítero são Jerônimo profundo amor pela Sagrada Escritura, concedei ao vosso povo alimentar-se cada vez mais da vossa palavra e nela encontrar a fonte da vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 30/09/2014
Meditando o evangelho
A REPREENSÃO DO MESTRE
A reação de Tiago e João diante da recusa dos samaritanos de acolher Jesus em viagem para Jerusalém mereceu a pronta repreensão do Mestre. Ambos quiseram imitar o profeta Elias que mandou fogo do céu para consumir os profetas idólatras, desviadores da fé do povo. Desta forma, deixavam-se levar pelo espírito de violência e vingança, em total desacordo com o projeto de Reino proclamado por Jesus.
A hostilidade dos samaritanos contra os judeus já existia de longa data. Oito séculos antes, quando os assírios destruíram a Samaria e exilaram a população local, trouxeram povos estrangeiros para habitarem naquela região. Estes estrangeiros, com suas religiões idolátricas, casaram-se com os remanescentes judeus, surgindo daí uma espécie de religião sincretista. As autoridades religiosas de Jerusalém desprezavam os samaritanos por esse passado inglório. Daí surgiu um ódio entranhado entre eles. Foi o pano de fundo da reação de Tiago e João que os consideravam como inimigos a serem eliminados.
O pensamento de Jesus segue na direção oposta: os samaritanos eram amigos a serem evangelizados. Agir com violência só serviria para fechá-los ainda mais na sua postura anti-judaica. Era necessário tempo e paciência para que se abrissem ao Reino. Esta foi uma lição importante para os discípulos que seriam enviados em missão. Como apóstolos, deveriam primar pela mansidão e pela bondade, mesmo diante de quem os rejeitasse.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total)
Oração
Pai, livra-me de ser levado por impulso e pelas paixões ao me deparar com quem se recusa a acolher a mensagem do Reino. Que a minha mansidão possa conquistá-lo para ti.
Fonte: Dom Total em 27/09/2016
Meditando o evangelho
A CAMINHO DE JERUSALÉM
A viagem rumo a Jerusalém representou uma guinada importante nas andanças missionárias de Jesus. Lá se encontrava o centro da religião judaica: o templo com todo o universo que se estabeleceu ao redor dele, especialmente os defensores da fé, a aristocracia sacerdotal e outros grupos empenhados em manter viva a tradição religiosa.
Entretanto, no correr do seu ministério, Jesus introduziu uma visão nova de relação com Deus, a partir do ideal de Reino, que acabou por relativizar, ou mesmo, invalidar inúmeros elementos da fé tradicional. A prática de Jesus não seguia os padrões da piedade em voga. De fato, ele não era um revolucionário, demolidor das veneráveis instituições religiosas do povo. A novidade de sua ação consistia em viver, na qualidade de Filho, os elementos da fé judaica de modo radical, ultrapassando o prescrito na letra da Lei. A ação de Jesus se pautava pelo espírito que inspirava a fé judaica e, há muito, havia sido esquecido. Este projeto de vida, porém, era contestado pelas lideranças religiosas da época. E Jesus não tinha dúvida da rejeição que lhe estava reservada. Não nutria ilusões a respeito do seu futuro. Isto, porém, não o impediu de seguir adiante, no caminho querido pelo Pai.
Já no início da viagem, Jesus fez a experiência de rejeição. No entanto, assim como os samaritanos, que o rejeitaram, foram poupados, também o seriam as autoridades de Jerusalém.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total)
Oração
Senhor Jesus, dá-me força e coragem para seguir em frente, no caminho querido pelo Pai, mesmo quando eu me sentir incompreendido e rejeitado.
Fonte: Dom Total em 01/10/2019
Comentário ao Evangelho
O FANATISMO CONDENADO
As divergências entre judeus e samaritanos eram bem conhecidas, no tempo de Jesus. Por razões históricas, eles se tinham na conta de inimigos, recusando-se a se reconciliar. Atravessar a Samaria, rumo a Jerusalém, era sempre perigoso. Podia-se contar, com certeza, com a hostilidade dos samaritanos.
Mesmo assim, Jesus tomou a decisão de atravessar a Samaria, rumo a Jerusalém. E, mais, seus discípulos entraram num povoado samaritano, pedindo hospedagem para o Mestre. A rejeição foi imediata. Os samaritanos recusaram-se a dar-lhes acolhida, pois souberam que estavam a caminho de Jerusalém.
Tiago e João, apelidados de "filhos do Trovão", desafogam seu fanatismo, pedindo que o Mestre destrua os inóspitos samaritanos, com fogo enviado do céu. A intolerância desses dois discípulos era sintoma de seus ideais messiânicos, feitos de gestos espetaculares, nos moldes dos antigos profetas. O profeta Elias, por exemplo, havia destruído com o fogo do céu os emissários do rei, enviados para prendê-lo. Coisa semelhante desejavam ver Tiago e João!
O pedido dos discípulos foi rechaçado por parte Jesus. Antes, eles foram severamente repreendidos, por sua dureza de coração. Seu fanatismo era fruto da incompreensão do projeto do Mestre. A rejeição dos samaritanos era insignificante diante da que ele haveria de padecer em Jerusalém.
Fonte: Dom Total em 27/09/2022
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Serenidade, a marca do Discípulo
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Há uma virtude que é essencial em um Discípulo: a serenidade! Jesus está na reta final da sua missão que terá o ponto culminante em Jerusalém e enviou á frente, pelo caminho, seus discípulos. Já se faz tarde e é preciso pensar em uma pousada para dar continuidade no dia seguinte á caminhada. Samaria seria o ponto de parada e os discípulos incumbidos dessa providência, Tiago e João enfrentam a hostilidade de Samaritanos, que se recusam a receber como hóspede um homem que vai para Jerusalém, pois Judeus e Samaritanos não se davam, eram como duas torcidas de dois grandes times, em dia de clássico, cada um por um caminho senão a briga era inevitável e o ódio explodia.
Tiago e João ficam indignados e perguntam a Jesus se este não quer que eles roguem uma boa praga sobre aqueles ingratos, fazendo chover fogo do céu em suas cabeças... Pronto! Perderam a serenidade diante da rejeição a Jesus! Em nossas comunidades sempre há os defensores ferrenhos da Igreja, da Verdade, do Bispo e do Padre, se alguém falar alguma coisa contra á religião, já querem partir para a ignorância. Uma vez presenciei um membro de comunidade, que se atracou com um Espírita, por causa da devoção a Nossa Senhora Aparecida. Já vi também na fábrica, pessoas perderem a amizade por causa de discussões religiosas. Se o Cristão perder a serenidade, diante das contrariedades, a missão vai por água abaixo pois perde-se o foco da mesma.
Lucas nos apresenta Jesus determinado, decidido, resoluto a cumprir a missão que terá o seu desfecho em Jerusalém, nada mais o irá deter, muito menos aquela rejeição dos Samaritanos, que também, juntamente com toda humanidade, irão ser Salvos pela sua obra. Discípulo que não aguenta as contrariedades, que perde a estribeira diante de fatos como este, demonstra não ter maturidade suficiente na Fé, agindo sob impulso da paixão, em um fanatismo que destrói a essência de qualquer religião.
Samaritanos também se salvam, os que hoje rejeitam o evangelho, os que atacam a nossa Igreja, os que ridicularizam com as coisas Sagradas da nossa Igreja, inclusive os Ministérios, também poderão ser salvos, pois, responder rejeição com rejeição, ódio com ódio, preconceito com preconceito, jamais será digno de um cristão porque contradiz o Mandamento maior do Amor, que a tudo perdoa, compreende e dialoga. Em nenhum momento de sua vida Jesus odiou os que o rejeitaram e o condenaram á morte, ao contrário, do alto da cruz, agonizante, pediu ao Pai que os perdoasse, porque não sabiam o que estavam fazendo. O equilíbrio na Fé nos permite estarmos sempre abertos ao diálogo com o “diferente”. O nosso querido Papa Francisco vem fazendo isso com grande maestria. Vamos imitá-lo!
2. Puseram-se a caminho
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)
“Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém.” Aqui começa o relato da subida de Jesus com seus discípulos para Jerusalém, próprio de São Lucas. O evangelista descreve a viagem em seis etapas bem definidas. Subindo até Jerusalém, Jesus vai formando os seus discípulos. A primeira etapa começa com Jesus enviando mensageiros à sua frente para prepararem hospedagem. A equipe missionária de Jesus era organizada. Esta primeira etapa começa com samaritanos e termina com samaritanos. Os samaritanos não receberam Jesus porque ele se dirigia a Jerusalém. Tiago e João, num ímpeto de zelo, perguntaram se Jesus queria que eles fizessem chover fogo do céu sobre aqueles samaritanos. No fim da etapa, Jesus contará a parábola do bom samaritano. Os samaritanos da aldeia não acolheram Jesus por ser judeu e estar indo para Jerusalém, mas o bom samaritano da parábola o acolheu no pobre homem assaltado e jogado na estrada. Jesus não aprovou a atitude de Tiago e João. Ambos parecem sentir-se muito poderosos, talvez porque fizessem parte dos discípulos de Jesus. Certamente não será com fogo do céu e destruição dos opositores que eles resolverão os problemas da vida. Necessitamos todos de um pouco de paciência histórica.
Fonte: NPD Brasil em 01/10/2019
Liturgia comentada
Fogo do céu... (Lc 9,51-56)
A memória religiosa dos hebreus registra alguns exemplos não muito edificantes. O “zelo furioso” do profeta Elias é um desses casos. Seu remédio para a idolatria dos adoradores de Baal foi passar a fio de espada 450 profetas daquela divindade cananeia (cf. 1Rs 19). Para acabar com o pecado, acaba-se com o pecador...
Nada mais estranho aos projetos de Deus, que “não se compraz com a morte do pecador, mas antes com a sua conversão, de modo que tenha a vida” (cf. Ez 33,11). É difícil separar o zelo pela ortodoxia de algum impulso de odiosa intolerância.
O episódio do Evangelho de hoje deve ser situado no contexto da secular inimizade entre judeus e samaritanos, existente desde o repovoamento da Palestina no Séc. VIII a.C. Os samaritanos eram mal vistos por seu sincretismo religioso e práticas supersticiosas, além de “competirem” com o culto de Jerusalém, construindo um Templo rival no Monte Garizim.
Natural que também reagissem com sentimentos similares. Há o registro histórico de uma incursão de samaritanos em Jerusalém, na véspera da Páscoa, para jogar a carcaça de um cachorro sobre os muros do Templo, tornando o local ritualmente impuro e impedindo a celebração pascal.
Assim, quando perceberam que Jesus e seu grupo iam para Jerusalém, os aldeões de Samaria lhes recusaram pousada. Inflamados, dois discípulos se oferecem a Jesus para invocarem o fogo do céu sobre os “inimigos”. O Mestre não só os repreendeu, mas, daquele dia em diante, com boa dose de humor, passou a chamar Tiago e João de “Boanerges”, isto é, “filhos do trovão” (cf. Mc 3,17).
Ainda hoje, com todo o nosso (pós)modernismo, temos discípulos de Elias, Boanerges do 3º milênio. Falo de cristãos que se sentem em permanente combate contra outras Igrejas ou denominações religiosas. Assumindo uma reação de defesa, sofrem ao terem notícia do crescimento de outros grupos e mostram-se avessos a todo tipo de diálogo e convivência. Claro que não seria esta a atitude de Jesus, se vivesse hoje entre nós...
Ah! O fogo do amor seria bem mais apropriado que o fogo do céu!
Orai sem cessar: “Que todos sejam um, Pai, como estás em mim e eu em ti.” (Jo 17,21)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
Fonte: NS Rainha em 01/10/2013
REFLEXÕES DE HOJE
TERÇA
Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 01/10/2013
HOMILIA DIÁRIA
Viva o amor em tudo aquilo que faz
Que Santa Teresinha nos ajude a viver as pequenas coisas do cotidiano e a simplicidade de vida. E a melhor maneira é vivendo o amor em tudo aquilo que fazemos.
“’Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?’ Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. E partiram para outro povoado.” (Lc 9,54-56)
Hoje, celebramos o início do mês de outubro. No primeiro dia deste mês, temos a graça de celebrar Santa Teresinha do Menino Jesus. Essa jovem carmelita desde menina quis consagrar sua vida a Deus e tinha um grande sonho de ser missionária, anunciar o amor do Senhor em todos os cantos da Terra. Ela tinha um anseio, um desejo ardente de proclamar o amor divino em todos os corações. Mas pensou: ‘Como poderei fazer isso, como poderei estar em todos os lugares para anunciar o Evangelho?’.
Quando ela abriu a Carta de São Paulo aos Coríntios, no capítulo 13, sobre o amor, ela entendeu que para viver a intensidade da sua vocação ela precisava amar, e que o amor encerra em si todas as vocações. Para quem desejava ser tudo, precisava viver intensamente uma única coisa: a intensidade do amor de Deus na sua vida.
Santa Teresinha viveu até os 24 anos de vida, quando deu sua vida a Deus no Carmelo. Como carmelita ela viveu para se consumir pelas missões, pela oração, pelos sacrifícios; oferecendo sua vida pelo sacerdotes, pelos missionários, por aqueles que se dedicavam a pregar a causa pelo Evangelho.
Vivendo dessa forma, amando cada missionário, amando a sua vocação, amando suas coirmãs, ela entendeu que seria uma grande missionária. Por isso, a Igreja a reconhece como doutora e padroeira das missões. Teresinha é aquela que, nas pequenas coisas, sobreviveu à grandiosidade do amor de Deus.
Nós queremos, hoje, pedir ao Senhor a graça e a intercessão de Santa Teresinha do Menino Jesus, a fim de que ela nos ajude a viver as pequenas coisas do cotidiano, a viver a simplicidade de vida, que ela nos ajude a nos empenharmos pela missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os cantos do mundo. A melhor maneira de viver isso é vivendo o amor em tudo aquilo que fazemos.
Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós, rogai pela Igreja, rogai pelas missões!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 01/10/2013
HOMILIA DIÁRIA
O desejo de vingança paralisa a nossa vida
A Palavra do Mestre nos convida hoje a rever nossas atitudes, inclusive aquelas vinganças que nós alimentamos de forma mental dentro de nós
“’Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?’ Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os.” (Lucas 9, 54)
Amados irmãos e irmãs, a Palavra de Deus que refletimos no dia de hoje mostra-nos Jesus a caminho de Jerusalém. Ele estava tomando a decisão de ir para a grande cidade onde Ele padeceria, morreria e, depois, ressuscitaria. Por isso, o Senhor mandou que Seus mensageiros fossem à frente d’Ele preparando o caminho. Para sair da Galileia e ir rumo à Judeia, onde está Jerusalém, se passava pela Samaria. Eles passariam por um povoado de samaritanos, onde o Senhor precisava se hospedar, mas os samaritanos não O receberam. E por que não O receberam? Porque Jesus deu a impressão, deu a perceber, que estava indo para Jerusalém.
Por toda a oposição que havia entre samaritanos e judeus, a verdadeira inimizade, não quiseram acolher Jesus; com gesto de desprezo pelo fato de Jesus pisar na terra deles e depois ir para a terra dos judeus.
Os discípulos, sobretudo Tiago e João, quiseram se vingar dessa atitude deles por não acolherem o Mestre: “Senhor, quer então que mandemos descer fogo do céu e destruir essa cidade?” De forma nenhuma Jesus permitiu aquela atitude de retaliação, de vingança, ou qualquer gesto parecido. É preferível seguir adiante, diz Jesus.
Deixe-me dizer uma coisa a você: com a melhor das intenções que possamos ter, nós nem sempre seremos acolhidos, amados e aceitos do jeito que gostaríamos! Sim, muitas vezes, seremos mal recebidos mesmo quando levamos o bem. Nós, muitas vezes, levaremos o amor e receberemos a indiferença como resposta das pessoas. Porém, não cabe a nós nos vingarmos, retribuir com a mesma moeda, nos portarmos como os outros se portam conosco. Não respondamos da forma como eles respondem a nós.
O cristão, o seguidor de Jesus, faz a diferença onde ele está presente, porque ele dá uma resposta diferente; ele não segue a onda, não segue o mal; não retribui com o mal o mal que fazem contra ele. Ao contrário, se ele não pode dar uma resposta positiva, a resposta negativa é que ele não dará!
A Palavra do Mestre nos convida hoje a rever nossas atitudes, inclusive aquelas vinganças que nós alimentamos de forma mental dentro de nós. Aquele desejo que o outro se dê mal, que ele caia, que ele receba o troco por aquilo que fez ao outro. Não retribua o mal com o mal! Se você não pode ir abraçá-lo, porque muitas vezes isso pode parecer superficial, não retribua com a mesma moeda, siga o seu caminho.
Nós, muitas vezes, estamos paralisados no tempo, parando a nossa própria vida, porque esperamos a hora de nos vingar ou de ver o mal acontecer ao outro. A nossa vida vai se arruinando, se autodestruindo, porque não seguimos adiante. Não mande fogo, nem queira que desça fogo do céu sobre ninguém! O único fogo que eu e você precisamos desejar é o fogo do Espírito Santo descendo em nós, queimando os ressentimentos, as mágoas, os rancores, dando-nos um novo impulso para seguirmos adiante.
Deus abençoe você!
Fonte: https://homilia.cancaonova.com/pb/homilia/o-desejo-de-vinganca-paralisa-a-nossa-vida/?sDia=30&sMes=9&sAno=2014 (30/09/2014)
HOMILIA DIÁRIA
A vingança nos afasta de Jesus
Que não alimentemos em nós o sentimento de vingança, porque ele só destrói a nossa alma e existência
“Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” (Lucas 9,54)
O questionamento dos irmãos Tiago e João deu-se, porque Jesus, ao subir para a Judeia, para Jerusalém, passou pelo território dos samaritanos. Uma vez que os samaritanos não tinham boa relação com os judeus, viram que Jesus estava indo naquela direção e viraram as costas para Ele, não quiseram acolhê-Lo nem a Seus discípulos.
No coração de Tiago e João veio esse sentimento torpe de vingança: “Manda descer fogo para destruí-los”. Jesus repreende a atitude deles: “De forma nenhuma! Não é porque não somos acolhidos que vamos retribuir da mesma maneira. Não é porque não somos amados, que vamos retribuir com o ódio. Não é porque o outro nos faz mal, que vamos também retribuir com o mal da mesma maneira”.
No pensamento evangélico, no coração de cada um de nós, conquistado pelo Sangue de Jesus, não pode haver espaço para a vingança, porque ela simplesmente entorpece o nosso coração, tira de nós os melhores sentimentos da alma, do corpo e do espírito!
Sei que há situações onde nos sentimos provocados, ficamos irados, revoltados, e pode ser que nem planejemos fazer o mal contra aqueles que nos fizeram o mal ou deixaram de nos fazer o bem. Mas há aquela vingança mental, no coração, há aquele sentimento que, muitas vezes, nutrimos de ver a hora de o mal acontecer contra aquela pessoa.
Permita dizer a você: assim como Jesus repreendeu o sentimento daqueles dois discípulos, Tiago e João, Ele quer repreender os sentimentos do nosso coração.
Não permitamos que cresça em nós qualquer sentimento de rancor, ressentimento, vingança contra quem quer que seja. Deus não nos quer vingando nem mesmo aquele que possa ter nos atrapalhado de evangelizar, de fazer isso ou aquilo, porque não há algo mais diabólico do que a capacidade de alguém vingar o mal que recebeu.
Eu sei que muitas situações machucam o coração, há dentro de nós um sentimento de justiça. Justiça é justiça, mas vingança é outra coisa.
Que não alimentemos em nós esse sentimento terrível, porque ele só destrói a nossa alma e nossa existência!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 27/09/2016
HOMILIA DIÁRIA
Somos chamados e vocacionados para o Céu
“Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então, ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém.” (Lucas 9,51)
A beleza é Jesus saber que está chegando o seu tempo de ir para o Céu. Não é o tempo da Sua morte, porque a morte pela morte é uma tragédia, e não fomos feitos para a morte, não devemos esperar por ela nem a buscar.
O que devemos esperar, ansiar e trabalhar é para irmos para o Céu, porque, assim como chegou e está chegando o tempo de Jesus ser levado para o Céu, o nosso tempo também está chegando. Que seja 50 ou 60 anos, que seja um dia ou que sejam horas, o importante é que o nosso coração tenha ânimo e gosto pelo Céu. Se não tivermos desejo pelo Céu, viveremos no temor da morte com tudo aquilo de tristeza que a morte causa dentro de nós.
Jesus, sabendo que o Seu tempo de ir para o Céu estava chegando, partiu para Jerusalém, porque Ele precisava enfrentar a vida como ela deveria ser enfrentada, Ele deveria ir para a Sua cidade. Em Jerusalém, Ele enfrentaria os opositores, aqueles que, de fato, estavam contra Sua vida, contra Sua pregação e mensagem.
Somos chamados a construir o Céu aqui na Terra, para que, depois da vida na Terra, assumamos a plenitude do Céu na eternidade
Jesus abraçou a Sua causa e a Sua missão, por isso é importante não nos esquecermos: para irmos para o Céu, precisamos viver a comunhão com Deus, mas não podemos tirar os nossos pés do chão, não podemos deixar de realizar e viver intensamente a nossa missão.
Não podemos viver escondidos no casulo do medo, preocupados, tensos, porque a vida vai se corroendo e se consumindo, sendo levada pela ditadura do medo. De forma nenhuma, podemos nos expor ao mal, ao perigo, à morte, nem viver sob o temor dela. Precisamos viver caminhando para o Céu, cumprindo a nossa missão, assumindo as nossas responsabilidades e enfrentando a vida com os seus desafios.
Somos chamados a construir o Céu aqui na Terra, para que, depois da vida na Terra, assumamos a plenitude do Céu na eternidade. Que a nossa vida seja movida por essa esperança, por essa certeza e essa confiança plena de que fomos feitos para o Céu.
É para o Céu que devemos ir, é para o Céu que devemos nos preparar a cada dia. Não devemos caminhar no temor da morte, mas na esperança alegre e feliz de que é para o Céu que somos vocacionados e chamados para o Senhor da vida.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 01/10/2019
HOMILIA DIÁRIA
Procure sempre fazer o bem ao próximo
“Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. E partiram para outro povoado.” (Lucas 9, 54-56)
Meus irmãos, mais uma vez, deparamo-nos com a imaturidade dos discípulos que, por conta daquela passagem na região, passagem do caminho entre os samaritanos — porque Jesus estava indo para Jerusalém, para viver a Sua entrega, a Sua doação, a morte de cruz, a ressurreição, e teria que passar por ali, por aquela região de samaritanos, onde havia samaritanos —, e aqueles samaritanos, por conta da dificuldade com os judeus e dos judeus com os samaritanos, aqueles samaritanos não queriam recebê-los.
E, por conta dessa negativa, os discípulos, e esses dois discípulos — será que eles eram calminhos? —, Tiago e João, queriam que o fogo descesse sobre aqueles samaritanos. Jesus os repreendeu.
Eles não haviam entendido o ministério de Nosso Senhor, que é de amor, que é de compaixão, que é de misericórdia, que não é tratar o mal com o mal àqueles que trataram mal. Não é pagar o mal com o mal, mas pagar o mal com o bem. Jesus os repreendeu e eles continuaram o caminho.
Somos filhos de Deus e devemos querer bem à vida dos outros
Meus irmãos, não somos discípulos para viver a violência, para viver a condenação. Em outras palavras, Jesus estava dizendo isso, repreendeu-os, não eram discípulos para condenar, não eram discípulos para matar, mas eram discípulos para dar a vida, para doar a vida.
E, hoje, comemoramos São Vicente de Paulo, homem da caridade, nasceu no ano 1581 e faleceu no ano 1660. É considerado o “Pai da caridade”, e dele vieram as obras, as confrarias vicentinas que faz um bem enorme a tantos pobres e necessitados.
Os discípulos não receberam os dons de Deus para matar, para destruir, para condenar, mas para dar vida. Depois, eles entenderam isso, e São Vicente de Paulo entendeu bem isso. O dom que ele havia recebido era um dom que ele deveria então colocar à disposição do Reino. Por isso, ele ajudou tanta gente, espiritualmente e materialmente.
Os dons que nós recebemos, meus irmãos, devem ser sempre para a vida. Por mais que nós tenhamos alguma coisa contra essa ou aquela pessoa, não queira o mal daquela pessoa, queira o bem daquela pessoa, queira a salvação dela.
Que o Senhor também nos repreenda se nós, porventura, estamos querendo o mal das pessoas. Somos filhos de Deus e devemos querer bem à vida dos outros, assim como São Vicente de Paulo fez.
Abençoe-vos o Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Márcio Prado
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 27/09/2022
Oração Final
Pai Santo, nós somos tentados a revidar ofensas recebidas, a julgar e condenar nosso próximo. Envia, Pai Amado, o teu Espírito sobre nós, que somos a tua Igreja nesta terra, para que sejamos capazes do Amor – Amar como amou Jesus, o Cristo teu Filho Unigênito que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 01/10/2013
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nós somos tentados a revidar ofensas recebidas, a julgar e condenar o nosso próximo. Envia, amado Pai, o teu Espírito sobre nós – que desejamos ser a tua Igreja nesta terra abençoada –, e assim seremos capazes do Amor verdadeiro, que é espontâneo, indiscriminado, gratuito e libertador. Amaremos como amou Jesus, o Cristo, teu Filho Unigênito que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 01/10/2019
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