sábado, 3 de dezembro de 2022

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 04/12/2022

ANO A


2º DOMINGO DO ADVENTO

ANO A – ROXO

"Reino de Deus: palavra-chave do Evangelho"

(Acender a segunda das quatro velas da coroa do Advento)

Mt 3,1-12

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Conversão é aspecto fundamental do seguimento à Jesus. A fé pressupõem mudança de vida e abandono de práticas que estão em contradição com a vontade de Deus em nossa vida. Peçamos, neste segundo domingo do advento, a graça de perseverarmos neste caminho de transformação interior.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, Cristo Senhor, que vem ao nosso encontro neste santo tempo do Advento, é nosso Salvador e nós queremos experimentá-lo nesta Santa Ceia, memorial da entrega que Ele fez de sua vida por nós. Em Jesus, o sonho lindo de Deus é revelado: Ele nos quer ver salvos e na paz! Que esta Eucaristia sustente nossa esperança e não nos deixe desanimar na espera da chegada de nosso Redentor.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Fala-se muito em mudança de estrutura na sociedade civil e no corpo da Igreja. Mas as estruturas não mudam se não mudar o coração humano. A mudança do coração do homem chama-se conversão. Ela é parte essencial do cristianismo. Ela é pressuposição para as mudanças socipolíticas. Já a Conferência de Medelín lembrava: “A grande originalidade da mensagem cristã não está na afirmação de uma mudança de estruturas, mas na insistência da conversão do homem, conversão que vai exigir, depois, a mudança”. Peçamos, pois, a graça de viver sinceramente a nossa fé em todos os momentos de nossa vida.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, Cristo Senhor, que vem ao nosso encontro neste santo tempo do Advento, é nosso Salvador e nós queremos experimentá-lo nesta Santa Ceia, memorial da entrega que Ele fez de sua vida por nós. Em Jesus, o sonho lindo de Deus é revelado: Ele nos quer ver salvos e na paz! Que esta Eucaristia sustente nossa esperança e não nos deixe desanimar na espera da chegada de nosso Redentor.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER:Deus vem, portador de salvação para todos. A mensagem que acompanha sua vinda fala de paz e reconciliação. Isaías (1ª leitura) a simboliza apresentando o que se passa entre inimigos "naturais" que luta pela sobrevivência; é real e simbólica ao mesmo tempo a mensagem apresentada pelo Apóstolo (2ª leitura) entre inimigos "culturais", que se opõem por diversidade de religião. A reconciliação, que se faz na comunidade cristã, entre os que provêm do judaísmo e os do paganismo, está sempre sujeita à precariedade, ao equilíbrio instável; existe no presente e se entrega à esperança quanto ao futuro. É todavia o sinal de um mundo reconciliado em Cristo, onde não se levam em conta os privilégios de raça ("somos filhos de Abraão": evangelho) e tudo o que separa; só o que une é levado em conta: a fé no único Senhor e Salvador.

CONDUZIDOS POR UM MENINO

A liturgia deste Segundo Domingo do Advento nos ilumina e nos ajuda a caminhar construindo um futuro bom. No caminho, se de um lado, encontramos gente poderosa achando-se dona do mundo, fazendo estragos que geram morte; de outro lado, encontramos muitos sinais de vida gestada por gente humilde buscando fazer deste mundo um lugar bom para viver, lugar do sonho de Deus.
O profeta Isaías, escrevendo de forma poética, nos fala de um sonho em que, do tronco de Jessé surgiria um broto e do broto uma flor – o Messias – e sobre ele repousaria o Espírito do Senhor. Ele não julgaria pelas aparências, traria justiça aos homens humildes e pacíficos e destruiria o mau com o sopro dos seus lábios. Ele restauraria o paraíso perdido e nele toda a criação se reconciliaria: o lobo com o cordeiro, o leopardo com o cabrito, o bezerro com o leão, a vaca com o urso e a criança brincaria com a serpente. Aqueles que antes se atacavam e se devoravam agora caminharão juntos sem nenhum perigo, e o principal de tudo: serão conduzidos por um menino. Em tempo de ofensas, agressões verbais e físicas com o uso indevido e mentiroso da Palavra de Deus, é preciso voltar às fontes e acolher o sonho de Deus. Aí poderemos cantar com todas as forças pulmonares: “Do tronco da vida, mesmo ferida, surge uma flor rindo da dor”.
E quando o sonho está por se realizar surge João Batista no deserto pregando a conversão porque o tempo se cumpriu e o Reino dos Céus se aproxima. Com seu jeito de ser, denuncia uma sociedade marcada pela aparência e superficialidade. Quando as pessoas o procuravam para o batismo percebia que algumas eram fingidas e não queriam mudanças. João não amaciava nas palavras e chamava de cobras venenosas as que queriam o batismo, mas não aceitavam fazer as mudanças necessárias. Ainda mais, com imagens fortes, retiradas do mundo agrícola – machado para cortar árvore que não der fruto bom e garfo para separar o grão da palha do trigo – mostrava que não bastava ser da linhagem de Abraão, mas era preciso produzir frutos de conversão. Escrevendo aos Romanos, Paulo faz uma proposta de conversão a uma comunidade muito dividida. Certa rivalidade foi sendo construída e dois grupos começaram a se enfrentar. Um acusava o outro por ser muito relaxado e o outro por ser muito rigoroso e atrasado. Paulo procura iluminar este ambiente conflituoso mostrando que todos precisavam se converter de tal modo que houvesse “concórdia uns com os outros”, bem como, acolhida “acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu”.
Estamos no Advento, tempo especial de deixar se modelar pela Palavra, que hoje nos chama a conversão. Aproximando-nos da conclusão do sínodo Arquidiocesano, fica o grande desafio para que possamos avançar e colocar em prática o que escrevemos no papel é perceber que cada um de nós precisa fazer mudanças (converte- -se) para caminharmos na unidade renovando o que for necessário. O sonho da Criação reconciliada e profetizada por Isaías, a proposta de uma convivência harmoniosa e acolhedora dita pelo apóstolo Paulo e o desafio de conversão proposto por São João Batista é o que precisamos alimentar para celebrar bem o Natal do Senhor. Faz bem fazer uma boa confissão e reunir com outras pessoas para realizar a Novena de Natal. Se a preparação for boa poderemos continuar rezando e meditando até a Epifania do Senhor. O livro da nossa novena tem um singelo roteiro para celebrarmos esses dias jubilosos.
Dom José Benedito Cardoso
Bispo auxiliar de São Paulo

Vivendo a Palavra

Neste segundo domingo do Advento, a reflexão se concentra em João Batista. Ele é predito pelo Profeta e anuncia Jesus como o Messias prometido – de quem ele mesmo não era digno sequer de desatar-lhe as sandálias. Entretanto, o Batista não deve ser apenas admirado, mas seguido por nós em seus hábitos sóbrios e modestos.
Fonte: Arquidiocese BH em 04/12/2016

Reflexão

Mateus nos apresenta um homem determinado, que prega no deserto da Judeia. Seu nome é João Batista. Anunciado pelo profeta Isaías como “voz que grita no deserto”, João tem missão bem definida: Preparar o caminho do Senhor, endireitar suas estradas. Anuncia e mostra já presente entre nós o tão esperado Messias. João prega o arrependimento, a confissão dos pecados, a conversão e, como sinal de purificação, o batismo. Tudo em vista do Reino de Deus, que já está ao alcance de todos: “O Reino dos Céus está próximo”. De toda parte, as multidões se deslocam até João, a fim de ouvi-lo, confessam os próprios pecados e são batizadas por ele. Para os fariseus e saduceus que, por suas obras, se julgam melhores que os outros, João tem uma palavra desconcertante: “Produzam fruto que comprove o seu arrependimento”, pois de nada adianta buscar o batismo sem arrependimento e mudança de vida. O batismo não é apenas para confirmar a condição de “filhos de Abraão” ou “filhos cristãos”, é necessário produzir as “obras de Abraão” e as “obras de Cristo”, a justiça do Reino de Deus. O batismo leva a assumir o projeto de Jesus, a viver como filhos e filhas de Deus. É preciso endireitar o “caminho do coração”, para que Deus possa ter acesso e assim fazer morada em nós.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)

Meditando o evangelho

CONVITE À CONVERSÃO

O apelo premente lançado por João Batista aos que se apresentavam para serem batizados exigia ser acolhido no mais íntimo do coração, onde a conversão deveria dar seus primeiros frutos. A preparação para acolher o Messias requeria dos crentes reformular seu modo de pensar e agir (metánoia), cujo sinal seria a predisposição a abandonar o caminho do mal e do pecado para trilhar o caminho do amor e da justiça.
A figura austera do Batista e sua linguagem inflamada não davam margem para dúvida. Urgia converter-se sem demora, pois a manifestação do Reino corresponderia a uma espécie de juízo divino sobre a história humana. Num linguajar metafórico, anunciava que as árvores que não produzissem frutos bons seriam cortadas e jogadas no fogo. Quem não fosse capaz de produzir "frutos dignos de conversão" seria objeto da ira divina.
Os escribas e saduceus que faziam parte do auditório, conhecidos por sua espiritualidade superficial, foram alvos das invectivas do Batista. Seu modo de proceder, falsamente piedoso, era desaconselhável. Deus não se deixa impressionar com exterioridades, pois perscruta os corações, onde espera encontrar sinais de conversão.
A presença iminente do Messias exige uma pronta decisão. E a prudência pede que seja tomada sem demora. O Reino não se faz esperar. Quem recusa a se converter, será deixado de fora. O Messias Jesus, porém, quer acolher a todos.

Oração
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total)
Pai, a presença do Reino na nossa história exige de mim contínua conversão. Que eu esteja sempre pronto a deixar o pecado para abraçar o amor misericordioso como projeto de vida.
Fonte: Dom Total em 04/12/2016

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. ENDIREITAI AS ESTRADAS!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Uma das brincadeiras prediletas na minha infância, vivida na Vila Albertina, era correr pelas laterais, acompanhando a “Plaina”, nome que dávamos à máquina de terraplanagem, que por aqueles tempos, em que as ruas Albertina Nascimento e Tarcísio Nascimento não eram asfaltadas. Causava-nos admiração quando a “Plaina” apontava na Rua do Comércio, entrando pela Vila para aplainar a rua, acabando com os buracos e desníveis, deixando-a alinhada.
Nós meninos, ficávamos estupefatos em ver como aquela lâmina poderosa derrubava facilmente as saliências, e preenchia os buracos, ao mesmo tempo em que aplainava deixando a rua bem mais acessível e transitável para os pedestres, charretes, carroças, e um ou outro carro ou lambretas, que passavam por ali. Pois esta é a palavra de ordem que João Batista, o mensageiro do Senhor grita no deserto, e que o profeta Isaias havia predito “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as estradas, aplainai os morros e nivelai os buracos!”.
O coração humano muitas vezes é uma estrada de chão batido, toda esburacada, cheia de valetas, tortuosa e completamente inacessível! Como é que a graça de Deus vai entrar na vida de alguém com coração assim? É muito difícil! Assim estava a humanidade antes de Jesus trazer a Salvação. Não dava para o homem chegar a Deus e muito menos ele chegar e entrar na vida do homem, por causa da “buraqueira” e saliências do orgulho, da vaidade do pecado.
Jesus vem do Pai, com a força mil vezes maior do que a máquina de terraplanagem, com a sua lâmina afiada e poderosa da graça de Deus, para derrubar por terra o monte do mal e do egoísmo, para aterrar o abismo do ódio, da inimizade e das divisões existentes em nossa vida. O Batismo de João é apenas uma preparação para receber o novo e verdadeiro Batismo, que Jesus trouxe, no fogo do Espírito Santo. Se quisermos recorrer novamente à imagem da rua esburacada, poderíamos dizer que o Batismo pelo fogo é como o asfalto, que muda definitivamente o visual da rua, que nunca mais ficará esburacada e desalinhada (se o asfalto for de primeira).
O anúncio feito pelo Batista, de que o Reino estava chegando com Jesus, era como os meninos que avistavam primeiro e alvoroçados gritavam aos demais “A plaina está chegando!”, provocando em todos uma grande euforia, expectativa e alegria em saber, que pelo resto do dia a veríamos trabalhar, nivelando os barrancos e empurrando grandes porções de terra com sua força descomunal. Assim, em cada advento, o Senhor nos revela que a força de sua graça poderá destruir tantos abismos e buracos na relação entre as pessoas, nos grupos sociais, nas comunidades cristãs e até entre as Nações.
Mas assim como aquele serviço de melhoria da rua era solicitado por alguma autoridade do Distrito, ao Município de Sorocaba, também é necessário que a gente tenha no coração este desejo sincero de mudar de vida e converter, permitindo que o Salvador venha para nos renovar e libertar, pois sem a nossa adesão à obra da salvação, o nosso coração continuará triste, como uma rua deserta e esburacada, onde Deus não pode entrar.
A pregação de João Batista, anunciando que o Senhor viria, é um convite e um alerta, para que abramos o nosso coração a Deus, tornando acessível à salvação e a graça que Jesus nos oferece. E quando Deus tem acesso à nossa vida, e nós temos acesso ao coração do Pai, através de seu Filho Jesus, tornamo-nos outras pessoas, pois passamos a viver de um jeito diferente. A rua alinhada e nivelada não só ganhava um visual novo, mas as pessoas podiam andar com mais segurança, sem ter de desviar dos buracos ou medo de virar o pé. Assim é que esta conversão a que somos chamados, neste tempo litúrgico do advento, não pode ser só de fachada.
João vivia no deserto, lugar de reflexão e experiência de Deus, lugar e tempo de tomar decisões importantes, como aquele povo conduzido por Moisés tomou, na travessia do deserto, onde conheceu a Deus e fez com Ele uma aliança. Foi também no deserto que Jesus, após o batismo, superou as tentações e ratificou a missão que o Pai havia lhe confiado. É no deserto que no Evangelho deste domingo aparece João, vestindo e se alimentando de um jeito diferente, anunciando este tempo novo, onde os corações aplainados e retos irão se inundar da copiosa graça redentora, oferecida por Jesus de Nazaré.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail: jotacruz3051@gmail.com

2. Preparai o caminho do Senhor
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2016’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Uma figura profética surge no deserto da Judeia. Veste-se e vive de forma austera e chama para a conversão: Convertam-se que o Reino de Deus está próximo. A ele se referia o profeta Isaías quando disse: Voz do que clama no deserto. Preparem o caminho do Senhor. Este é João. Figura profética, homem do deserto, personalidade forte de costumes austeros. Surge no meio do povo e chama todos à conversão porque o juízo final está para acontecer. Reino dos Céus é o termo do caminho e acontecerá depois que passar o Dia da ira de Deus. Ele está chegando para a prestação de contas. Passa a vida, mas ficam as contas, não as do armazém, as da vida a serem ajustadas no Dia da ira do Senhor.
Muitos iam a João, até mesmo fariseus e saduceus. A estes e a todos João chamava de víboras, serpentes em fuga diante da aproximação do fogo do Dia da ira de Deus. Produzam logo frutos de conversão porque a árvore já vai ser cortada. E não pensem que passarão ilesos pela ira de Deus por terem recebido este batismo ou por serem filhos de Abraão. Conversão por dentro e conversão por fora, que se possa ver e seja verdadeira. A voz profética de João vai revelando a santidade do amor de Deus para com seu povo. Nosso Deus é santo, temos que ser como ele, que nos ama e por isso quer a nossa conversão.
João prega forte para o bem do seu povo. Não critica nem condena. Apela para a conversão para que sejam verdadeiramente o Israel de Deus. João não é um crítico de fora. É voz profética que ressoa dentro. Depois de João virá o mais forte, aquele que batizará com o Espírito Santo e com o fogo e limpará a plantação queimando a palha num fogo que não se apaga. Água e fogo, dois elementos da natureza para a purificação, projetam o fiel para o dia da ira. Ritos batismais e descendência abraâmica não nos salvam sem uma conversão interior. Por ser misericordioso, o Juiz precisa ser levado a sério. Tudo o que outrora foi escrito e lemos nas Escrituras, foi escrito para nossa instrução. Permaneçamos firmes na esperança.
Fonte: NPD Brasil em 04/12/2016

HOMILIA

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista

“Ir ao encontro de Jesus”

Produzi frutos

O Advento, tão caro e precioso, nos traz João Batista que apresenta Jesus ao mundo. Não se pode separar Jesus de João Batista que vem preparar seus caminhos. Essa preparação se dá com a conversão de vida. João não admite a falsa religião. Ensina que Jesus é Aquele que vem com o Espírito Santo e o fogo. Reconhece a missão de Jesus. Não podemos pensar sua missão como um recado. Ele tem uma vocação Divina. Tem personalidade espiritual e profética. Está associado “Àquele que vem”. João tem zelo pelo que é de Deus. Sabe defender a lei. Prega uma conversão que seja uma verdadeira mudança de mente. É o sentido original da palavra conversão. Não basta só a mudança. É preciso produzir frutos bons (Mt 3,10). Celebrar o Advento é entrar em clima de vigilância para participar dos mistérios de Cristo: “O próprio Senhor nos dá a alegria de entrarmos agora no mistério do seu Natal para que sua chegada nos encontre vigilantes na oração e celebrando seus louvores” (Prefácio). Para isso, pedimos que “nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida” (Oração). A celebração não é somente uma comemoração, mas um aprofundamento da vida. Para ir ao encontro de Jesus no fim dos tempos e no Natal é exigido de nós o empenho em assumir essas verdades como um modo de vida. A conversão é o primeiro momento da preparação para espera do Senhor que vem no fim dos tempos e no Natal.

Conversão universal

O Advento tem também como meta a conversão universal como segundo momento da preparação para a Vinda do Senhor. Isaias profetiza que a raiz de Jessé, isto é, o herdeiro do trono de Davi (Jessé é o pai de Isaí e avô de Davi), será cheio do Espírito do Senhor. Terá o Espírito de sabedoria e discernimento, conselho e fortaleza, ciência e temor de Deus. Ele exercerá a justiça para os pobres (Is 11,1ss). A seguir profetiza uma mudança no relacionamento entre espécies selvagens diferentes e mesmo com as crianças. Esse será o sinal de uma conversão profunda no mundo. Teremos um mundo de paz na busca de Cristo. Essa conversão se realiza a partir de nossas escolhas fundamentais que reforçamos com os sacramentos para bem julgar os valores terrenos: “Pela participação na eucaristia, nos ensineis a julgar com sabedoria os valores terrenos e colocar nossa esperança nos bens eternos” (Pós-Comunhão). Não basta só esperar. É preciso mudar os valores e saber ver o Reino de Deus entre nós acontecendo também através das atitudes coerentes de conversão que atinge também as estruturas da sociais. Fugir do mundo é ceder espaço para o mal.

Acolhei-vos como Cristo

São Paulo nos oferece o terceiro momento muito concreto: “Deus vos dê a graça da harmonia e da concórdia uns com os outros. Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como Cristo vos acolheu” (Rm 15,5). Toda mudança tem que começar no coração voltado para o outro. O acolhimento gera nos cristãos um só coração e uma só voz (6). A conversão conduzirá sempre mais para o próximo. Jesus não pregou uma vida espiritual desencarnada. Sempre encarnado, quis que sua Igreja fosse encarnada. Esse modo de viver não nos leva a perder o valor da atividade terrena. “e aprendamos a julgar com sabedoria os valores terrenos colocando nossas esperanças nos bens eternos” (Pós-comunhão). Uma espiritualidade intimista não vem nem de João Batista, nem de Jesus nem de São Paulo.

Leituras: Isaias 11,1-10;Sal o 71; Romanos 15,4-9; Mateus 3,1-12

Ficha nº 1602

- A pregação de João é para a conversão em preparação para “Aquele que vem”. Conversão exige frutos. Que nada nos impeça de ir ao encontro do Senhor. É o primeiro modo de conversão;
- Isaías propõe uma conversão universal que envolva a própria natureza;
- Paulo ensina que a conversão se dá no coração e no acolhimento do outro.

O homem fera

Quando vemos uma pessoa forte e marcante com sua atividade, dizemos que “o homem é uma fera”. João Batista tinha esse tipo. Além do mais, era um homem provado pelo deserto. Vestia roupa feita de pelo de camelo e com um cinturão de couro. Seu alimento era gafanhoto e mel silvestre. Tinha tudo de um profeta. E não havia profetas já uns 400 anos. O povo entendeu que era o homem de Deus do momento.
João prega a conversão e ataca os falsos piedosos. E anuncia a chegada próxima de Jesus.
Temos três modos de conversão proposto pela Palavra de Deus nesse domingo:
“Produzi frutos que provem vossa conversão”. O risco de uma árvore que não produz fruto é ser cortada. João pede consistência e não grãos chochos. Isaías proclama um modo de conversão universal: simbolicamente fala da convivência pacífica na qual os animais ferozes convivem entre si e com os humanos. Será a restauração universal proveniente de Cristo, raiz de Jessé (significa da família de Davi).
São Paulo nos apresenta a terceira modalidade. E muito concreta: “Deus vos dê a graça da harmonia e concórdia uns com os outros. Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como Cristo vos acolheu”.
Diante do anúncio de conversão e preparação para um mundo novo, sabemos que isso se realiza em primeiro lugar dentro de nosso coração: “Nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro de vosso Filho, mas instruídos por vossa sabedoria, participemos da plenitude da vida” (Coleta)... “e aprendamos a julgar com sabedoria os valores terrenos colocando nossas esperanças nos bens eternos” (Pós-comunhão).
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 04/12/2016

Liturgia comentada

O lobo habitará com o cordeiro… (Is 11,1-10)
Desde a antiguidade, os fabulistas puseram lado a lado o lobo e o cordeiro como ícones do predador e da presa. Na conhecida fábula de Fedro, o poeta latino, um cordeirinho inocente acaba devorado, mesmo sem culpa. Prevalece a “lei do mais forte”. Mais tarde, um filósofo criaria o amargo refrão: homo homini lupus – o homem é um lobo para o homem.
Será mesmo impossível a convivência fraterna? Existirá um determinismo genético que nos impele à agressão e à exploração do próximo? Estaremos condenados ao medo fóbico que nos leva a erguer muros com cacos de vidro, cercas elétricas e portões eletrônicos? Nosso próximo é nosso lobo? Somos o predador de nosso irmão? Seremos eternamente Abel e Caim?
A profecia de Isaías garante que não… Ele fala da presença de um descendente de Davi que será o portador do Espírito de Deus no meio de nós. Ele será reconhecido pelos atributos que o Espírito Santo manifesta em sua Pessoa: sabedoria e discernimento, conselho e fortaleza, conhecimento e temor de Deus. Em seu breve sermão na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4), anunciará que o Espírito do Senhor repousa sobre seus ombros. E é esse mesmo Espírito de paz e unidade que ele promete a seus seguidores.
Sua presença será a garantia de que os inimigos entrarão em acordo, mesmo que, aparentemente, devam violentar sua natureza agressiva, como na imagem da ursa que pasta junto à vaca e seus bezerros, em pacífica convivência.
Claro que os céticos estão rindo…. Você ouve suas gargalhadas? Os desesperados zombam da esperança. Os fabricantes de armas bradam maldições, pois a paz gera prejuízos para eles. A simples visão de uma sociedade sem competição e disputas, fundamentada na partilha dos bens e no serviço solidário – uma sociedade onde o dinheiro não seja a mediação, e a espada o fiel da balança – causa pesadelos no sono desses mercadores da morte.
Logo virá o Natal. O Príncipe da Paz virá como criança indefesa. Neste Natal, teríamos a coragem de nos identificar com o Menino? Logo a Criança que Herodes tentará assassinar? Estaríamos dispostos a abrir mão do regime de competição e disputa, onde retesamos os músculos e arreganhamos os dentes para manter à distância a ameaça do próximo?
Orai sem cessar: “O Senhor livrará o pobre que clama! ” (Sl 72,12)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
Fonte: NS Rainha em 04/12/2016

REFLEXÕES DE HOJE

DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 04/12/2016

HOMÍLIA DIÁRIA

O fogo do Espírito muda nossas atitudes

Converter-se é, de fato, mudar de vida, mudar atitudes, gestos e práticas

“Convertei-nos, pois o Reino dos Céus está próximo” (Mateus 3, 2).

Essa é a Boa Nova para todos nós: o Reino de Deus está próximo! Em outras palavras, o Reino de Deus está no meio de nós. É João quem está anunciando, está vendo que o Messias está cada vez mais próximo do Seu povo. João cumpre sua missão profética de mostrar que Jesus é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado da nossa vida e do mundo.
Para que o pecado não tenha vez nem voz, para que comande nossa vida, é preciso conversão. Converter-se é, de fato, mudar a vida, mudar as atitudes, os gestos, as práticas, mudar aquilo que fazemos com a Boa Nova do Reino de Deus.
Sabe, João faz um discurso muito duro aos fariseus e saduceus que veem o batismo que João está realizando, e ele [João] os chama de ‘raça de víboras’. Por que são raça de víboras? Por que essa linguagem tão dura usada pelo Batista? Porque os fariseus e saduceus se gloriam por serem filhos de Abraão, herdeiros da promessa, porque acham que o Reino dos Céus pertencerá ou pertence a eles. Entretanto, não se convertem para este Reino, não mudam as atitudes, as práticas, a ignorância e a hipocrisia.
Irmãos e irmãs, não adianta nos gloriarmos daquilo que realizamos e somos se as nossas obras não correspondem à graça de Deus que está no meio de nós.
Sim, Deus quer realizar, no meio de nós, uma obra de conversão. Por onde começar? A conversão começa na própria cabeça, na mudança de atitude e mentalidade! Precisamos sair daquele nosso jeito mesquinho de encarar a vida, precisamos sair do nosso orgulho, da nossa soberba, do jeito que definimos que nossa vida, e não conseguimos alargar os horizontes para a humildade, para acolher a Boa Nova de Deus, para deixar que Ele nos convença e nos converta a cada dia.
Converter-se a cada dia é abrir-se à graça poderosa do Espírito, porque João mesmo está dizendo: “Estou batizando com água, mas aquele que virá depois de mim batizará no Espírito Santo e no fogo”.
Deixemos que o fogo do Espírito arda no meio de nós, queime a força do pecado, do mal, e faça brotar em nossa vida o homem novo, a mulher nova à imagem e semelhança de Deus. Que a Palavra de Deus produza verdadeiros frutos de conversão!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.

Oração Final
Pai Santo, que nós aprendamos com o Precursor – João Batista – a modéstia, a sobriedade de costumes, a firmeza da fé e a certeza de que as promessas feitas nas Escrituras se cumpriram em Jesus de Nazaré – o Cristo, teu Filho Unigênito feito humano e nosso Irmão Maior, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Diocese BH em 04/12/2016

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