sexta-feira, 29 de outubro de 2021

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 29/10/2021

ANO B


Lc 14,1-6

Comentário do Evangelho

Olhar com misericórdia.

É a terceira vez que Jesus é convidado para uma refeição na casa de um fariseu (7,36; 11,37). Esta repetição do encontro de Jesus com os fariseus em suas respectivas casas mostra que entre Jesus e os fariseus há uma mescla de simpatia e resistência. Essa proximidade relativa não impede Jesus de alertá-los. Os fariseus, efetivamente, desejam viver fielmente sua religião e creem servir a Deus através de suas práticas, sobretudo, uma determinada prática da Lei. Mas a rigidez quase obsessiva os cega, liga-os de modo estreito à letra do texto; a Lei de Deus é para eles um conjunto de regras e preceitos. Esse modo de cumprir a Lei, que eles julgavam ser o correto, fazia com que se esquecessem do essencial da Lei: o amor a Deus e o amor fraterno. Esse modo de interpretar a Lei os impedia de olhar para os outros com misericórdia e compreender: “É misericórdia que eu quero, não sacrifícios” (Os 6,6).
Nosso texto de hoje mostra uma refeição na casa de um dos chefes dos fariseus, durante o descanso sabático, dia dado pelo Senhor para celebrar o dom da vida, através da obra da criação, e a libertação do país da escravidão. Aproveitando-se da presença de um hidrópico, Jesus provoca a compreensão dos fariseus sobre o sentido da Lei de Deus: “Em dia de sábado, é permitido curar ou não? […] Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo daí, mesmo em dia de sábado?” (vv. 3.6). Eles não responderam a nenhuma pergunta porque, efetivamente, não tinham nada a responder.
Carlos Alberto Contieri, sj
Fonte: Paulinas em 01/11/2013

Comentário do Evangelho

Controvérsia sobre o descanso sabático.

Já dissemos anteriormente que Jesus várias vezes é convidado à casa de um fariseu para uma refeição, o que ele aceita. Não há onde Deus não esteja ou possa deixar de estar. No evangelho de Lucas, há dois outros relatos de refeição na casa de um fariseu (7,36; 11,37). No episódio de hoje, a refeição foi ocasião de controvérsia sobre o descanso sabático. É Jesus quem, durante a refeição, toma a iniciativa, ante a doença de um homem que estava diante dele, de pôr a questão aos doutores da lei e aos fariseus. A questão posta por Jesus visa ao verdadeiro sentido do descanso sabático. A rigidez inflexível na prática dos mandamentos da Lei de Deus torna os interlocutores de Jesus prisioneiros da letra do texto, em detrimento da finalidade última da Lei de Deus. O sábado é dom de Deus para celebrar a vida e o dom da libertação da “casa da escravidão”. A memória desses dois eventos salvíficos deveria, no dia de sábado (cf. Lc 13,16), mover todo fiel israelita à prática da misericórdia (cf. Os 6,6). A alternativa apresentada na pergunta de Jesus deixa os fariseus e os doutores da lei sem resposta. O silêncio deles é consentimento para a interpretação da Lei que Jesus propõe.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, predispõe-me a manifestar meu amor a quem precisa de mim, sem inventar justificativas para me dispensar desta obrigação urgente.
Fonte: Paulinas em 31/10/2014

Vivendo a Palavra

O apego à letra da Lei perpassa as leituras de hoje. Acontece, ainda, conosco: não temos coragem de assumir o Espírito que nos diz simplesmente que amemos a Deus e aos irmãos, para nos sujeitarmos a normas e regulamentos, na ilusão de estarmos trilhando o caminho da santidade.
Fonte: Arquidiocese BH em 01/11/2013

VIVENDO A PALAVRA

O dilema se repete diante de Jesus: a Lei ou o Homem? O Mestre opta pelos dois: da Lei, ele segue apenas o espírito, que dá vida, e não a letra, que é morta e faz morrer; ao Homem ele cura, como sinal da Boa Notícia de que Ele é portador: o Reino do Céu está próximo – ele está dentro de nós!
Fonte: Arquidiocese BH em 03/11/2017

Reflexão

O Evangelho de hoje nos mostra claramente que a vida sempre se impõe diante da morte, a verdade sempre se impõe diante da mentira, da falsidade e do erro. A Lei de Deus foi feita para a vida e não para a morte e a interpretação verdadeira da Lei de Deus deve sempre contribuir para que a vida de todos seja melhor. Jesus denuncia os erros que existem na interpretação da Lei, as interpretações falsas, ou seja, que não apresentam nenhuma legitimidade por serem contraditórias ao espírito da Lei de Deus, por escravizarem quando deveriam libertar, por promoverem a morte quando deveriam promover a vida, e as interpretações mentirosas. Jesus denuncia aquelas interpretações que não estão de acordo com a Lei, mas sim com os interesses de quem as interpretou.
Fonte: CNBB em 01/11/2013 31/10/2014

Reflexão

O homem hidrópico (cheio de água) simboliza o povo inchado pelo ensinamento dos fariseus. A mulher encurvada (cf. Lc 13,11) e o homem hidrópico são caricaturas do povo oprimido. Ao contrário do ensinamento dos fariseus, o de Jesus restaura o ser humano e lhe restitui a capacidade de assimilar por si mesmo os conteúdos propostos. Apesar da severa proibição contida no repouso sabático, é nesse dia que Jesus liberta o doente da sua enfermidade (hidropisia). Toda instituição tende a subjugar as pessoas, impondo leis e mais leis. Para Jesus, no entanto, tudo tem de se pôr a serviço da pessoa. A vida humana está acima de qualquer outra coisa, até mesmo da instituição mais sagrada, que é o sábado. Os fariseus, porém, mantinham as pessoas inchadas, isto é, doentes, com a desculpa de servirem a Deus.
Oração
Divino Mestre, Jesus Cristo, mediante tuas atitudes aprendemos que não há nenhum dia em que seja proibido fazer o bem. Toda boa obra é agradável a Deus, como o foi certamente a libertação que ofereceste a esse homem. Não deixemos para amanhã as boas obras que podemos realizar hoje. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)

Recadinho

Hidrópico é uma pessoa que sofre de acúmulo de líquido e inchaço no corpo todo ou numa de suas partes como, por exemplo, no ventre. Jesus, ao entrar na casa de um dos principais fariseus para comer, realiza esta cura num sábado, que era dia de descanso e oração. Perguntamos: - Para fazer o bem há dia e hora? - O mais importante para Jesus não era se importar com a lei, mas com aquele que precisava de sua ajuda. Como Jesus minha comunidade se importa com as necessidades do próximo? - Para nós hoje o dia de dedicarmos a Deus é o domingo (ou sábado à tarde). Como me comporto nesta ocasião? - O que faço para Deus? - Tenho consciência de que frequentando a Deus estou me enriquecendo dele ou me comporto como se estivesse prestando um favor indo à igreja?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 01/11/2013

Recadinho

Hidrópico é uma pessoa que sofre de acúmulo de líquido e inchaço no corpo todo ou numa de suas partes como, por exemplo, no ventre. Se Jesus podia curá-lo da doença, seria justo se omitir não agindo com misericórdia tão somente por ser dia de sábado? - Será que não sou fácil em arrumar escusas para não fazer o bem? - Ou sou generoso e disponível quando solicitado? - Minha comunidade é prestativa e acolhedora? - Cite algum exemplo.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 – Santuário Nacional em 31/10/2014

Comentário do Evangelho

O AMOR PELOS SOFREDORES

Ao se deparar com um ser humano sofredor, Jesus deixava de lado os casuísmos legais e se antecipava para curá-lo. Até mesmo a Lei do repouso sabático era olvidada. Ele não se perguntava se era, ou não, sábado, quando tomava a decisão de curar alguém. Pouco lhe importava saber se era permitido ou proibido curar naquele dia. Seu único propósito era socorrer quem estava atribulado pelos sofrimentos e aliviá-lo.
É preciso entender em que se fundamenta a liberdade de Jesus diante da tradição religiosa. No caso do repouso sabático, ele o entende na perspectiva da intenção original de Deus, quando o instituiu. O Deuteronômio relaciona esse repouso com a escravidão egípcia: "Lembra-te (Israel) de tua escravidão no Egito, donde o Senhor te libertou, com mão forte e braço estendido. Por isso, o Senhor manda-te guardar o sábado." Descansar no sábado era, pois, uma forma de preservar a dignidade humana contra a aviltamento da opressão e da escravidão. Era a celebração da libertação, obra da misericórdia divina.
Para Jesus, a cura do hidrópico encaixava-se perfeitamente bem no contexto do sábado. Aquele infeliz estava sendo libertado, pela bondade de Deus, de uma situação de escravidão, recuperando sua dignidade menosprezada.
Se fariseus e mestres da Lei ficaram chocados com a ação de Jesus, o Pai, sem dúvida alguma, a tinha como um gesto muito acertado.
Oração
Espírito de sensibilidade para com os sofredores, que nada me impeça de ajudar os que sofrem. Antes, que eu demonstre por eles um amor eficaz.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 31/10/2014

Meditando o evangelho

ARGUMENTO IRREFUTÁVEL

O convite dirigido a Jesus por um dos chefes dos fariseus explica-se por um costume da época. Considerava-se uma obra meritória convidar para o almoço um mestre ilustre que, num dia de sábado, fizera um sermão no culto da sinagoga. Este gesto de delicadeza não contradizia o repouso sabático pois os alimentos eram preparados no dia anterior – chamado "dia da preparação", e conservados quentes até a hora da refeição.
Este clima de benevolência serve de pano de fundo para o gesto misericordioso de Jesus em relação ao homem doente com quem se defrontou. Conforme o costume da época, qualquer pessoa podia entrar numa casa onde se fazia um banquete. Portanto, a presença do hidrópico, naquele momento, estava explicada.
A presença dos fariseus e dos mestres da Lei, que o observavam para colhê-lo em alguma transgressão da Lei, não o intimidou. Eles não ousaram responder à pergunta feita por Jesus, pois bem conheciam a resposta: não era permitido curar em dia de sábado.
Jesus reagiu, curando o doente com sua palavra cheia de poder. Assim fazendo, demonstrou que sua ação era lícita. Ele tinha um argumento irrefutável: se um jumento ou boi, caindo num poço em dia de sábado é logo retirado, quanto mais merece receber o dom da cura, em dia de sábado, quem está oprimido pela doença! Pensar diferente seria dar mais importância aos animais que aos seres humanos. Os mestres da Lei e os fariseus seriam capazes de tal insensatez?
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total)
Oração
Pai, predispõe-me a manifestar meu amor a quem precisa de mim, sem inventar justificativas para me dispensar desta obrigação urgente.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Não o tira logo daí, mesmo em dia de sábado?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jesus nos faz pensar. Coloca questões aos chefes religiosos do seu tempo para que reflitam sobre o que ensinam, sobre o que é a vontade de Deus e o que são preceitos e tradições criados por nós mesmos. Se quem ouve tem boa vontade, pensa e reflete, é capaz de perceber que as interpretações da própria Palavra de Deus nem sempre condizem com a mesma Palavra, e que alguma coisa precisa ser mudada. O diálogo iniciado por Jesus traz consigo uma proposta de conversão, de mudança de direção, sempre a favor do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus. É permitido curar ou não em dia de sábado? Qual é o critério para que uma coisa seja permitida ou proibida? Simplesmente a Lei, o que está escrito, a interpretação dada da Lei? O que fazem com o filho ou o boi que cai num poço num dia de sábado? Este homem que tem a mão seca pode ser curado no sábado ou deve esperar até o primeiro dia da semana? Deus não quer que alguém seja curado no sábado porque é um dia consagrado a ele? O que é verdadeiramente sagrado para Deus? As perguntas daquele tempo valem para os dias de hoje, quando o ser humano continua deslocado, fora do lugar previsto por Deus, que o fez pouco menos do que os anjos e o identificou com seu Filho.
Fonte: NPD Brasil em 03/11/2017

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Uma resposta linda
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Um amigo muito espirituoso comentou comigo, sobre este evangelho, que Jesus parecia que gostava de “Cutucar a onça com vara curta”. Entrou na casa de um Fariseu notável em dia de sábado, para tomar uma refeição, estava sob a vigilância severa do grupo de Fariseus, e eis que ali estava um Homem Hidrópico. Há que se desconfiar até que os próprios Fariseus levaram este homem lá, para ver a reação de Jesus, achando que ele não teria o “topete” de fazer uma cura em dia de sábado, justo na casa de um Fariseu importante.
Não se sabe se foi armação dos Fariseus, pode até ser que sim, pois não era novidade que eles estavam “doidinhos” para pegar o Mestre em uma armadilha. Jesus, como sempre, manteve a serenidade e ainda perguntou se era permitido ou não, fazer curas em dia de Sábado. Os Fariseus nada disseram mas certamente com os olhares “fuzilaram” Jesus.
Se não fossem tão cegos e cabeça dura, se não tivessem um coração tão endurecido e fechado á Graça de Deus, e reconhecessem a Jesus como o Messias esperado e prometido, que viera para Salvar a Humanidade, poderiam dar uma linda resposta.
“Olha mestre, ao Senhor tudo é permitido, pois hoje nós celebramos o repouso, o Dia em que nosso Deus Eterno e Poderoso criou todas as coisas, como o Senhor é o Filho Dele e Aquele que nós todos esperamos, tens o poder de restaurar e refazer todas as coisas, inclusive devolver a saúde a este nosso irmão, para nós será motivo de muita alegria e iremos dar Glórias a Deus. O Senhor nem precisava perguntar, és o Senhor da Vida e da História...”
Esta é a resposta que qualquer um de nós daria, se lá estivéssemos. Então mudemos a pergunta, em lugar dos Fariseus está um grupo de zelosos agentes da pastoral do Batismo, com uma larga caminhada e que sabem de cor cada regra ou norma da Igreja “Deve-se batizar o filho de uma mãe solteira, ou não?”. “Pode um casal em segunda união receber a Comunhão?” “Pode um evangélico visitar a Igreja Católica e vir em uma celebração? ” Pode um católico ter amizade com um Espírita ou de outra religião, que não seja Cristã”? Tem outras perguntinhas iguais a essa, que a gente se engasga quando vai responder. Uma coisa é darmos uma resposta linda, estando lá, em lugar do Fariseu, outra é estarmos aqui, diante de situações onde, na maioria das vezes priorizamos a Lei, a Linha Pastoral, a norma, e esquecemos do mais importante: de acolher as pessoas, de ouvir suas histórias, de anunciarmos também a elas o Santo Evangelho que Liberta e dá a verdadeira Vida!
Jesus curou o homem enfermo e ainda fez uma pergunta muito provocante “Se o trabalho a ser feito, como tirar um Jumento do poço, for de interesse próprio, será que alguém vai pensar no Preceito Sabático?”. Ou seja, todo rigor e austeridade quando se aplica a Lei ao outro, quando for para o meu interesse, a lei sempre é mais branda.
A classe dos Fariseus há muito já se foi, mas o Espírito Farisaico está mais vivo do que nunca, principalmente nas comunidades que se dizem Cristãs.

2. Jesus tomou-o pela mão, curou-o e o despediu - Lc 14,1-6
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Numa refeição, na casa de um fariseu, num dia de sábado, Jesus cura um homem que tinha um tipo de edema causado por acúmulo de líquido no corpo. Mais uma vez uma cura em dia de sábado para mostrar que o sábado foi feito para o ser humano e não o contrário. A pergunta de Jesus aos fariseus e doutores da Lei é realmente para ficar sem resposta: “Em dia de sábado, é permitido curar ou não?” Ficaram em silêncio. O que mais podiam fazer? Isso é pergunta que se faça, se é permitido curar, mesmo que seja num sábado? A repetição de polêmicas por causa de curas em dia de sábado mostra de forma clara e definitiva que para Jesus sagrado é o ser humano. Foi por causa do ser humano que ele aceitou morrer na cruz. No ambiente da graça de Deus não se pergunta se alguma coisa é permitida ou proibida. Tal pergunta se faz no ambiente da lei. A graça de Deus pergunta o que é o melhor para que o ser humano se torne, como Maria, cheio de graça. Permitido ou proibido é o que está escrito. O melhor, o que convém, será o que edifica o ser humano, a sociedade em que ele vive e a natureza que o envolve. “Tudo é permitido, escreve Paulo aos coríntios, mas nem tudo constrói”. Guardemos todos os dias para reconstruir o paraíso.

Liturgia comentada

Mas eles se calaram... (Lc 14,1-6)
Quando Jesus Cristo nasceu na humilde gruta de Belém, o coro de anjos cantava a glória e a paz. Lá nas alturas, um hino de glória a Deus. Aqui na terra, augúrios de paz aos homens de boa vontade. Parece que a “boa vontade” (no latim de São Jerônimo, bonae voluntatis) é apenas outro sinônimo do amor.
Sim, da parte de Deus, a “boa vontade” é total, infinita: ele quer que todos se salvem, sem exceção. Já da parte dos homens, a coisa é mais complicada: aqui e ali, sempre aparece alguém de má vontade, fechado ao amor e ao perdão, escravo da lei, indisposto a acolher o dom gratuito de Deus.
Foi assim na sinagoga de Nazaré, como relata o Evangelho de hoje. Jesus se compadece de um enfermo e decide curá-lo. Na época, a medicina era considerada como simples “trabalho manual” (tradução literal do grego “cirurgia”: quiros= mão; ergon= trabalho). Por isso mesmo, as atividades médicas estavam incluídas entre os trabalhos proibidos no sábado judaico. Os adversários de Jesus (teriam eles, de propósito, levado o doente à reunião, como arapuca para o Mestre?!) estão de olho em seu comportamento.
É quando Jesus pergunta: “É permitido, ou não, curar no sábado?” E São Lucas, também ele médico, registra: “Mas eles se calaram.” Nem sim, nem não. Este silêncio é a marca registrada de sua má vontade. É o indicador de sua consciência turva. Calam-se para fugir de uma resposta franca. Sequer pretendem discutir a questão.
Senhor do sábado, Jesus cura prontamente o hidrópico. Legistas e fariseus, ali presentes, em lugar de se alegrarem com a cura do vizinho, condenam intimamente a atitude de Jesus. Mas Jesus ainda tem para eles um argumento insuperável: se um boi caísse no poço, em pleno dia de sábado, eles não estariam prontos a intervir para recuperar o animal? Ora, aos olhos de Deus, nós somos filhos muito amados. Não seria, pois, um preceito legal a impedir sua ação salvadora...
Em nossos dias, a Igreja de Jesus se esforça para entrar em diálogo com os vários setores da sociedade. Quer dialogar sobre a paz e o desarmamento, sobre a pobreza e a partilha dos bens, sobre o valor da família e os direitos da mulher, sobre a vida e a defesa dos fetos. Mas muitos se calam. Recusam-se ao diálogo. Já fecharam questão (e os corações). Irão adiante em seus projetos de morte e de poder, de lucro e dominação.
E nós? Qual será nossa reação aos sinais que Deus realiza em nossa vida?
Responderemos à Palavra de Deus?
Orai sem cessar: “É o Senhor quem cura as tuas enfermidades!” (Sl 103,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
Fonte: NS Rainha em 01/11/2013

HOMÍLIA DIÁRIA

Que nada nos impeça de praticarmos o amor ao próximo

Não existe dia nem momento que nos impeça de praticarmos o amor ao próximo. Apliquemo-nos a viver isso, pois é algo fundamental na Lei de Deus.

“Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o” (Lc 14,4b).

Meus queridos irmãos e irmãs, quando meditamos sobre a nossa futura vida, a nossa vida eterna junto de Deus, queremos que a Palavra do Senhor penetre o nosso coração e vá, dia a dia, transformando a nossa vida.
Lembramos que a Festa de todos os Santos – que no mundo inteiro é celebrada no dia 1º de novembro – nós a celebraremos, aqui no Brasil, no próxima segunda.
No Evangelho de hoje, quando os fariseus tentam colocar Jesus mais uma vez à prova, perguntando se era permitido ou não fazer uma cura no dia de sábado, Jesus apenas fez silêncio, aproximou-se do hidrópico e o curou.
Jesus mesmo perguntou: “Vocês não fariam um bem ao boi, à vaca, ao porco, ao animal de vocês, se fosse um dia de sábado ou um dia qualquer?”. É como se Ele estivesse nos dizendo que não existe dia para praticar a caridade, não existe momento para salvar o irmão, para estender a mão para quem estiver precisando. Nós não podemos ser escravos da Lei, inclusive a religiosa. Ela deve estar a serviço da vida.
Nós devemos observar os mandamentos do Senhor, cumprir os preceitos da Igreja, ser fiéis aos nossos compromissos, e tudo aquilo que corresponde à nossa vida junto a Deus. Mas nós nunca devemos ter desculpas para não praticar a caridade, para cuidar do outro, para atender os necessitados.
Você não pode deixar de cuidar do seu irmão, porque “tem muita coisa na Igreja para fazer”. Às vezes, ter muitos compromissos na Igreja nos tira do compromisso para com o próximo. Muitas vezes, você mulher ou você homem tem tantas reuniões na paróquia, na comunidade, e não tem tempo para seus filhos, para seu marido. Às vezes, o diálogo entre um e outro é tão difícil, porque cada um se ocupa com as outras coisas e não se ocupa com o essencial: o cuidado, o diálogo, a atenção que devemos ter uns para com os outros.
Precisamos cumprir os nossos preceitos, mas esses precisam nos ensinar a viver a caridade no sentido mais prático da palavra. Não existe dia nem momento que nos impeçam de praticarmos o amor ao próximo. Apliquemo-nos a viver isso, pois é algo fundamental na Lei de Deus.
Que Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova 01/11/2013

HOMÍLIA DIÁRIA

Precisamos cuidar uns dos outros

Precisamos dar o melhor de nós para olhar o sofrimento e a dor do outro

“Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o. Depois lhes disse: Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” (Lucas 14,5).

Toda essa questão é porque Jesus curou um homem hidrópico em dia de sábado. Zelosos como eram na observância da Lei, alguns fariseus e seus chefes ficaram escandalizados, chateados e com raiva daquilo que o Senhor fez.
Todos nós precisamos observar as leis, a ordem, a disciplina, precisamos cuidar para que as coisas sejam cumpridas como precisam, seja o chefe no trabalho, a mãe e o pai em casa, aquele que cuida da igreja, aqueles que estão à frente de seus trabalhos e assim por diante. No entanto, nunca podemos nos esquecer de que qualquer pessoa humana é mais importante do a Lei ou qualquer situação.
Quando estamos naquele trânsito pesado, por exemplo, e uma pessoa é acidentada, sabemos que o carro de bombeiros, o carro da polícia que está prestando socorro não precisa infligir a lei, mas precisa dar o melhor de si para salvar aquela pessoa. O carro de bombeiro passa até no sinal vermelho, porque precisa salvar a vida daquela pessoa, precisa cuidar daquele que está enfermo.
Não precisamos infligir as leis nem desobedecer essa ou aquela ordem, mas não podemos ser indiferentes à dor, ao sofrimento, à situação pela qual o irmão esteja passando. A questão aqui não é ser sábado, domingo ou qualquer dia, a questão é colocar os nossos preceitos, os nossos dogmas, as nossas convicções acima da pessoa humana.
Jesus estendeu a mão para esse homem, cuidou dele, porque curar quer dizer cuidar, dar atenção, quer dizer transmitir vida para esse que está sem vida. Depois, o Senhor o deixou ir embora.
Precisamos cuidar uns dos outros, precisamos dar o melhor de nós para olhar o sofrimento e a dor deles. Às vezes, você chega atrasado a um compromisso, porque está cuidando das suas coisas, mas isso não justifica seu atraso. Às vezes, você se atrasou para um compromisso até religioso, deixou de ir na reunião da igreja, porque estava cuidando da dor, do sofrimento, da necessidade do irmão. Você parou para dar assistência a quem precisa da sua atenção.
Não descuidemos disso, porque o exemplo do Mestre é para nos ensinar que, acima dos preceitos religiosos que nós conhecemos, dos dogmas que nos foram ensinados, das verdades que aprendemos, que não há verdade, não há Lei, que não há coisa maior do que o amor, a caridade, o cuidado de quem está sofrendo e necessitando da nossa presença.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova 03/11/2017

Oração Final
Pai Santo, dá-nos a ousadia de tornar viva em nossa existência a Lei do Amor. Que nós acolhamos o teu Espírito; que Ele consolide nossos fragmentos, libertando-nos de interesses menores, e nos dê forças para nos doarmos inteiros aos irmãos da caminhada. Por Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 01/11/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos a alegria de vivermos a liberdade de filhos teus, resgatados por Jesus Cristo, teu Filho que se fez nosso irmão. Faze-nos seguidores do seu Caminho, em busca da Verdade e da Vida que nos queres dar em plenitude. E ilumina a todos nós, os teus filhos amados, com a luz do teu Espírito Santo. Amém.
Fonte: Arquidiocese BH em 03/11/2017

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