quarta-feira, 23 de outubro de 2019

ATOS DOS APÓSTOLOS - Papa na Catequese: resolver os conflitos com diálogo, verdade e unidade

QUARTA-FEIRA, 23 DE OUTUBRO DE 2019, 8H05

Francisco afirmou nesta quarta-feira, 23, que a Igreja não é fortaleza, mas tenda que acolhe todos; e reiterou a natureza da Igreja “em saída”

Da redação, com Vatican News

Papa durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 23
Foto: Vatican Media

Em sua catequese o Papa refletiu sobre os Atos dos Apóstolos, partindo do versículo 14, 27: “Deus abriu a porta da fé aos pagãos”. O texto é sobre a missão de Paulo e Barnabé e o Concílio de Jerusalém. O livro dos Atos dos Apóstolos narra que São Paulo, após seu encontro transformador com Jesus, foi acolhido pela Igreja de Jerusalém, graças à mediação de Barnabé, e começou a proclamar a Boa Nova de Cristo.


No entanto, disse Francisco, devido à hostilidade de alguns, Paulo foi obrigado a se transferir para Tarso, sua cidade natal, seguido por Barnabé, que também foi envolvido na pregação da Palavra de Deus. A  pregação passou por uma forte perseguição, que não acometeu a evangelização. “Eis o longo itinerário da Palavra de Deus, que deve ser anunciada por todos os cantos da terra”, afirmou o Santo Padre.

Chegada do Papa na Praça São Pedro para a Catequese desta
quarta-feira, 23/Foto: Vatican Media

Paulo e Barnabé iniciaram a evangelização pela Antioquia da Síria, onde ficaram um ano inteiro, ensinando e ajudando a comunidade a criar raízes. Antioquia tornou-se o centro da propulsão missionária e foi o local onde os adeptos de Cristo foram chamados, pela primeira vez, de “cristãos”, segundo o Pontífice. Depois de Antioquia, Paulo e Barnabé foram enviados a outros lugares e esta foi a primeira etapa missionária de Paulo, que passou da pregação do Evangelho nas Sinagogas ao anúncio em ambientes pagãos populares.
“Do Livro dos Atos, emerge a natureza da Igreja, que não é uma fortaleza, mas uma tenda capaz de ampliar seu espaço para dar acesso a todos. A Igreja deve ser ’em saída’ senão não é uma Igreja; é uma Igreja de ‘portas abertas’, chamada a ser sempre a Casa aberta do Pai. Assim, se alguém quiser seguir a ação do Espírito e buscar a presença de Deus, não encontrará o obstáculo de uma porta fechada”, frisou o Papa.

Papa e os peregrinos reunidos na Praça São Pedro
Foto: Vatican Media

Com a pregação de Paulo e Barnabé nos ambientes pagãos, Francisco afirmou que começaram os problemas: abrir as portas aos pagãos e judeus desencadeou uma controvérsia ferrenha. Alguns judeus sentiam a necessidade da circuncisão para se salvar e ser batizados. Para resolver a questão, Paulo e Barnabé pediram o parecer do conselho dos Apóstolos e anciãos de Jerusalém, considerado pelo Pontífice o primeiro Concílio da história da Igreja: o Concílio de Jerusalém ou Assembleia de Jerusalém.
O Santo Padre disse: “Foi abordada uma questão teológica, espiritual e disciplinar muito delicada: a relação entre a fé em Cristo e a observância da Lei de Moisés. Durante a assembleia foram decisivos os discursos de Pedro e Tiago, “pilares” da Igreja mãe. Ambos convidavam a não impor a circuncisão aos pagãos, mas apenas a pedir para rejeitar a idolatria, em todas as suas expressões”. Essa decisão, ratificada com uma Carta apostólica, foi enviada a Antioquia.

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Por fim, o Papa perguntou: Qual o significado da assembleia de Jerusalém em nossos dias? E respondeu: “A Assembleia de Jerusalém nos oferece uma luz importante sobre o modo de enfrentar as divergências e buscar a verdade na caridade. Recorda-nos que o método eclesial de resolver os conflitos se baseia no diálogo feito de escuta atenciosa e paciente e no discernimento à luz do Espírito. De fato, é o Espírito que nos ajuda a superar os fechamentos e as tensões e age nos corações para que, na verdade e no bem, chegue à unidade. Este texto nos ajuda a entender o significado de Sínodo, iluminados pelo Espírito Santo”.
Sínodo não é uma conferência, nem um parlamento, mas algo bem diferente”, afirmou Francisco.  Ao término da sua catequese semanal, o Santo Padre passou a saudar os diversos grupos de fiéis presentes na Praça São Pedro. Eis o que disse aos peregrinos de língua portuguesa: “Queridos peregrinos de língua portuguesa, saúdo-os, cordialmente, a todos, em particular os diversos grupos vindos de Portugal e do Brasil. Que a sua peregrinação a Roma os ajude a estar preparados para fazer parte da Igreja em saída, mediante o testemunho alegre do Evangelho e do amor de Deus por todos os seus filhos. A Virgem Santa os guie e proteja! ”

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