segunda-feira, 18 de março de 2019

NA ÍNTEGRA - Catequese do Papa Francisco - 06/03/2019

QUARTA-FEIRA, 6 DE MARÇO DE 2019, 10H23

CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 6 de março de 2019

Boletim da Santa
Tradução: Jéssica Marçal (Canção Nova)

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Quando rezamos o “Pai Nosso”, a segunda invocação com que nos dirigimos a Deus é “venha a nós o vosso Reino” (Mt 6, 10). Depois de ter rezado para que seu nome seja santificado, o fiel exprime o desejo de que se apresse a vinda do seu Reino. Este desejo brota, por assim dizer, do próprio coração de Cristo, que começou a sua pregação na Galileia proclamando: “O tempo completou-se e o reino de Deus está próximo; convertei-vos e credes no Evangelho” (Mc 1, 15). Estas palavras não são uma ameaça, pelo contrário, são um alegre anúncio, uma mensagem de alegria. Jesus não quer levar as pessoas a se converterem semeando o medo do julgamento de Deus ou o sentido de culpa pelo mal cometido. Jesus não faz proselitismo: anuncia, simplesmente. Ao contrário, aquela que Ele traz é à Boa Notícia da salvação, e a partir dessa chama a converter-se. Cada um é convidado a acreditar no “Evangelho”: o senhorio de Deus se fez próximo aos seus filhos. Este é o Evangelho: o senhorio de Deus se fez próximo aos seus filhos. E Jesus anuncia essa coisa maravilhosa, esta graça: Deus, o Pai, nos ama, nos é próximo e nos ensina a caminhar no caminho da santidade.
Os sinais da vinda deste Reino são muitos e todos positivos. Jesus inicia o seu ministério cuidando dos doentes, seja no corpo ou no espírito, daqueles que vivem uma exclusão social – por exemplo os leprosos – os pecadores olhados com desprezo por todos, também por aqueles que eram mais pecadores que eles, mas fingiam ser justos. E como Jesus os chama? “Hipócritas”. O próprio Jesus indica esses sinais, os sinais do Reino de Deus: ‘os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres’ (Mt 11, 5)”.
“Venha o teu Reino!”, repete com insistência o cristão quando reza o “Pai Nosso”. Jesus veio; porém o mundo ainda é marcado pelo pecado, povoado por tanta gente que sofre, por pessoas que não se reconciliam e não perdoam, por guerras e por tantas formas de exploração, pensemos no tráfico de crianças, por exemplo. Todos esses fatos são a prova de que a vitória de Cristo ainda não se realizou completamente: tantos homens e mulheres ainda vivem com o coração fechado. É sobretudo nestas situações que emerge dos lábios do cristão a segunda invocação do “Pai Nosso”: “Venha o teu Reino!”. Que é como dizer: “Pai, precisamos de Ti! Jesus, precisamos de ti, precisamos que em todo lugar e para sempre Tu sejas Senhor em meio a nós!”. “Venha o teu reino, esteja tu em meio a nós”.
Às vezes nos perguntamos: como este Reino se realiza tão lentamente? Jesus ama falar da sua vitória com a linguagem das parábolas. Por exemplo, diz que o Reino de Deus é similar a um campo onde crescem juntos a boa semente e o joio: o pior erro seria querer intervir logo tirando do mundo aqueles que nos parecem ervas daninhas. Deus não é como nós, Deus tem paciência. Não é com violência que se instaura o Reino no mundo: o seu estilo de propagação é a mansidão (cfr Mt 13, 24-30).
O Reino de Deus é certamente uma grande força, a maior que existe, mas não segundo os critérios do mundo; por isso parece nunca ter a maioria absoluta. É como o fermento que se mistura na farinha: aparentemente desaparece, mas é justamente esse que faz fermentar a massa (cfr Mt 13,33). Ou é como o grão de mostarda, assim pequeno, quase invisível, que porém leva em si a grande força da natureza, e uma vez crescido se torna a maior de todas as árvores da horta (cfr Mt 13, 31-32).
Neste “destino” do Reino de Deus pode-se intuir a trama vida de Jesus: também Ele foi para os seus contemporâneos um sinal sutil, um evento quase desconhecido aos históricos oficiais do tempo. Um “grão de trigo” definiu-se Ele mesmo, que morre na terra mas somente assim pode dar “muito fruto” (cfr Jo 12, 24). O símbolo da semente é eloquente: um dia o agricultor o afunda na terra (um gesto que parece uma sepultura) e depois, “durma ou vigie, de noite ou de dia, a semente brota e cresce. Como, ele mesmo não sabe” (Mc 4, 27). Uma semente que germina é mais obra de Deus que do homem que a semeou (cfr Mc 4, 27). Deus nos precede sempre, Deus nos surpreende sempre. Graças a Ele depois da noite de Sexta-Feira Santa há um alvorecer de Ressurreição capaz de iluminar de esperança o mundo todo.
“Venha o teu Reino!”. Semeemos esta palavra em meio aos nossos pecados e aos nossos fracassos. Vamos doá-las às pessoas vencidas e abatidas pela vida, que experimentou mais ódio que amor, a quem vive dias inúteis sem nunca entender o porquê. Vamos doá-las àqueles que lutaram pela justiça, a todos os mártires da história, a quem concluiu ter combatido por nada e que neste mundo domina sempre o mal. Escutaremos, então, a oração do ‘Pai Nosso’ responder. Repetirá pela enésima vez aquelas palavras de esperança, as mesmas que o Espírito colocou como sigilo de todas as Sagradas Escrituras: “Sim, venho logo!”: esta é a resposta do Senhor. “Venho logo”. Amém. E a Igreja do Senhor responde: “Vem, Senhor Jesus” (cfr Ap 2, 20). “Venha o teu reino” é como dizer “Venha, Senhor Jesus”. E Jesus diz: “Venho logo”. E Jesus vem, ao seu modo, mas todos os dias. Temos confiança nisso. E quando rezamos o “Pai Nosso”, dizemos sempre: “Venha o teu reino”, para ouvir no coração: “Sim, sim, venho e venho logo”. Obrigado.

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