Charles de Foucauld
Bem-aventurado
1858-1912
Charles de Foucauld nasceu em Strasburg, na França, em 15 de setembro
1858. Era descendente de família nobre, de tradição militar. Aos doze anos,
morava com o avô, pois já era órfão. Aos dezesseis anos, Charles escolheu a
carreira militar e, ao final dos estudos nas melhores escolas militares, era um
subtenente do exército francês. Foi uma época repleta de entusiasmos, crises e
desvios, que o levaram a abandonar a fé. Entregava-se, facilmente, a prazeres e
amores libertinos, escandalizando a cidade. Porém sentia necessidade de
preencher sua vida tão vazia e sem rumo.
Em 1883, Charles deixou o exército e viajou para o
Marrocos, na África. Ele conhecia a Argélia e tinha fascínio pelo país que
conhecera como oficial francês. Disfarçou-se de um rabino pobre, vivendo entre
as comunidades judaicas, organizando mapas e esboços dos lugares por onde
passava. Esse trabalho lhe conferiu uma medalha de ouro oferecida pela
Sociedade Francesa de Geografia.
Desde a saída do exército começou a mudança de
vida. Com grande apoio dos parentes e de seu conselheiro espiritual, retornou à
fé cristã, que o arrebatou de vez. Em 1890, Charles decidiu viver apenas para
servir a Deus. Ingressou como noviço num mosteiro trapista de Nossa Senhora das
Neves, onde ficou por alguns anos. Mas a mesa farta e a disciplina pouco
rígida, como ele próprio concluiu, não produzia monges "tão pobres quanto
o Senhor Jesus". Decidiu procurar um estilo de vida que se assemelhasse à
humildade de Jesus.
Abandonou o mosteiro e foi à Terra Santa. Lá,
sentiu-se mais próximo de Jesus e adotou a vida de pobreza total. Foi aceito no
Mosteiro das irmãs clarissas de Nazaré, trabalhando nos serviços gerais. Em
1900, retornou a Paris e completou os estudos no Mosteiro de Nossa Senhora das
Neves; recebeu a ordenação sacerdotal e voltou à África. Mas agora com uma nova
missão: levar os ensinamentos de Cristo àqueles povos que não o conheciam.
Padre Charles desembarcou em Argel, capital da
Argélia, em 1901 e rumou para o sul, bem próximo dos muçulmanos. Em pouco
tempo, tornou-se um verdadeiro eremita e muito querido pela população local.
Mas seu objetivo maior era ir para o Marrocos, evangelizar a terra dos
muçulmanos. Contatou amigos tuaregues, espécie de nômades do deserto, para
obter ajuda no seguimento da missão. Intensificou o estudo da língua nativa
daqueles povos. Em 1904, já havia traduzido os quatro evangelhos na língua dos
tuaregues, além de um dicionário tuaregue-francês. Estava estabelecido no
povoado de Tamanrasset, era amigo do chefe dos tuaregues e tinha construído uma
pequena cabana para viver, depois transformada no seu eremitério.
Em 1912, estourou a guerra entre a Turquia e a
Itália. A tensão entre as tribos tuaregues aumentava. Embora o eremitério de
Charles parecesse uma fortaleza, não era suficiente para protegê-lo. No dia 1o
de dezembro de 1916, ele foi brutalmente assassinado com um tiro na cabeça, por
um adolescente de quinze anos, durante uma tentativa de seqüestro e roubo
naquele local.
O exemplo de Charles de Foucauld jamais foi
esquecido. Em 1933, seus seguidores fundaram a união dos Irmãozinhos de Jesus,
em sua homenagem. Mais tarde, em 1939, uma congregação feminina foi fundada com
o mesmo nome. Ambas adotaram o estilo de vida que ele sugerira. A obra continuou
a florescer e atingiu o alvorecer do terceiro milênio com mais de dez famílias
de religiosos e leigos que seguem o seu carisma, espalhadas em missões em todos
os continentes, especialmente no africano. A Santa Sé considerou
"venerável" Charles de Foucauld, em 2001 e em 13 de novembro de 2005
o papa João Paulo II o declarou Bem-aventurado.
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