segunda-feira, 2 de agosto de 2021

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 01/08/2021

ANO B


18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

MINISTÉRIOS ORDENADOS

Ano B - Verde

“Eu sou o Pão da Vida” Jo 6,35

Jo 6,24-35

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O maná prefigura o verdadeiro Pão da Vida, Jesus Cristo, que convertendo pão e vinho em seu Corpo e Sangue, torna-se alimento em nossa peregrinação terrestre. Iniciamos o mês de agosto, mês dedicado às vocações celebrando o dia dos ministros ordenados.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, hoje é dia do Senhor, dia em que nós, a comunidade dos discípulos e discípulas, nos reunimos em torno da Mesa Santa para recebermos o Pão da Vida, que é o Cristo Senhor. Aproximemo-nos, pois, da Mesa da Palavra e da Eucaristia e o Senhor nos dará daquele alimento que não perece e que nutre nossa vida de cristãos. Neste dia dedicado aos ministérios ordenados, agradeçamos a Deus todos aqueles que servem seu Povo, a exemplo do Bom Pastor e peçamos que o Senhor da messe envie santos ministros para sua Igreja.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A liturgia de hoje continua o tema da Eucaristia. No deserto, durante quarenta anos, Deus alimentou seu povo com o maná. Este era figura de um outro pão que desceria do céu para dar vida ao mundo, mas vida eterna. No Evangelho, Jesus pede para que acreditemos nele. Fará um milagre grandioso, mas este não será visível como foi o da multiplicação dos pães. Por isso ele diz: "a obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou". Mudará pão em seu corpo e vinho em seu sangue. Ele garante: "eu sou o pão da vida". Iniciamos o mês de agosto, dedicado a oração, reflexão e ação sobre o tema das vocações. Nesta primeira semana, o foco é a vocação para o ministério ordenado: diáconos, padres e bispos. São escolhidos para levar avante o projeto de Deus, que é a fé em Jesus Cristo, o Pão da vida. Rezemos, pois, hoje do DIA DO PADRE, pelos padres e diáconos que nos ajudam na comunidade e pelos nossos bispos. Também rezemos pelos candidatos ao diaconato permanente e ao presbiterato. Estes últimos são os nossos seminaristas, dos quais muitos são conhecidos entre nós. Rezemos, pois, para que sejam perseverantes na vocação e corajosos em entregar-se sem reserva a Deus e ao serviço dedicado ao seu povo.

SENHOR, DÁ-NOS SEMPRE DESSE PÃO

Iniciamos hoje o mês de agosto, que conforme costume da Igreja no Brasil, é dedicado sobretudo à oração e animação das vocações. Todos os batizados e as comunidades eclesiais são convidados a intensificar a oração pelos bons operários e operárias da messe e a promover, com amor, as vocações na Igreja. Nesta primeira semana, iniciada com este primeiro domingo do mês, vamos rezar e promover as vocações ao ministério ordenado (diáconos, padres, bispos).
Neste mês, em modo particular e intenso, queremos responder ao mandato de Jesus no Evangelho, quando vendo a multidão cansada e abatida, como um rebanho sem pastor, sentiu compaixão, teve misericórdia, e disse: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para a sua colheita” (Mt 9, 37-38). Elevemos esta súplica e pedido com confiança, e sejamos nós mesmos os primeiros a responder ao chamado de Deus, na vocação e ministério que Ele nos chamar. E vamos convidar, particularmente os adolescentes e jovens, para que respondam, no contexto deste primeiro domingo, ao convite para serem sacerdotes. A Igreja e nossa Arquidiocese precisam de bons, santos e muitos padres, como também diáconos permanentes. Rezemos pelos nossos bispos, que servem esta Igreja de São Paulo, e pelos padres, que com amor e dedicação servem nossas comunidades. Gratidão aos inúmeros diáconos permanentes, presença e força evangelizadora.
No Evangelho de hoje (Jo 6,24- 35), Jesus se apresenta como o “pão da vida”. A vida com seus bens é dom de Deus. Em Jesus Cristo, Deus é pão para todos, vida e amor para o mundo inteiro. Já no Antigo Testamento (Ex 16, 2-4.12-15), Deus vem ao encontro do povo faminto, se faz presente e sustenta no caminho que vai da escravidão do Egito para a terra prometida, e os ajuda a superar as dificuldades. Ao clamor do povo, que se lamenta, o Senhor lhes dá o maná no deserto, afirmando “assim sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus”.
É preciso reconhecer sua presença e providência, e agradecidos dizer: “Isto é o pão que o Senhor vos dá para comer”. Jesus é o Salvador, o libertador, que agora oferece a si mesmo, como o pão da vida, não mais como o maná no deserto, que perece, mas um pão, que permanece para vida eterna. Precisamos trabalhar pelo alimento que dura, pois quem acolhe e recebe Jesus não terá mais fome, que nele crer, não terá mais sede. Precisamos acreditar sempre, em todas as circunstâncias, aderindo e seguindo a Jesus, dom do Pai para a vida do mundo. E podermos dizer, confiantes: “Senhor, dá-nos sempre deste pão”.
O verdadeiro pão do céu, o próprio Jesus. Pois somente em Cristo, como nos diz a segunda leitura deste domingo (Ef 4,17.20-24), podemos nos renovar, transformando espiritualmente nossa mente, e nossa vida, e “vestir-nos do homem novo, criado à imagem de Deus, na verdadeira justiça e santidade”.
Vamos hoje pedir com fé para que o Senhor envie santos e muitos sacerdotes, e que jamais nos falte, pelo seu ministério, o “pão da vida”, que é Jesus, e aos homens seja concedido, pelo sacramento da reconciliação, o perdão e a misericórdia.
Dom Angelo Ademir Mezzari, RCJ
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

O tema do pão

João desenvolve o capítulo 6 de seu evangelho com a centralidade no tema do pão. Começando com a partilha feita com os discípulos e com a multidão que a ele acorria, no alto da montanha, dá continuidade ao tema com um longo discurso de Jesus que se inicia com a proclamação: "Eu sou o pão da vida...". Jesus, o enviado de Deus, é o pão do céu, é o pão da vida eterna.
Na montanha, na outra margem do mar da Galileia, a multidão ficou satisfeita e tomada de entusiasmo com a ação de graças de Jesus, concretizada na partilha do pão. Tendo Jesus se esquivado da multidão, esta vai a sua procura em Cafarnaum. Jesus é direto: "estais me procurando... porque comestes o pão e ficastes saciados... trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna...". Diante da pergunta que lhe fizeram sobre o que fazer para trabalhar nas obras de Deus, Jesus responde que a obra de Deus está em acreditar nele, enviado do Pai, pois nele se realiza esta obra que consiste em fazer a vontade do Pai, que é dar vida, e vida eterna, ao mundo. O crer em Jesus é transformar-se no homem novo, criado à imagem de Deus, na verdadeira justiça e santidade.
Ainda incrédulos e apegados a suas tradições, sem a abertura à novidade de Jesus, pedem sinais espantosos, como os de Moisés com o maná no deserto Querem um messias poderoso, mesmo que seja opressor e explorador. Não entenderam o sinal da partilha antes ocorrido. Contudo, esta tradição do maná ("pão") caído do céu está superada. O maná é alimento para um só dia, não salva da morte. O verdadeiro pão do céu é Jesus, que é dado pelo Pai ao mundo e que permanece para a vida eterna. A multidão se sensibiliza e pede a Jesus: "Senhor, dá-nos sempre desse pão!". De modo semelhante, a samaritana pediu: "Dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede", quando Jesus ofereceu a fonte de água que jorra para a vida eterna (Jo 4,14-15). Ir a Jesus, pão da vida, e crer, é encontrar em Deus a vida e a paz.
O sinal de Jesus é o dom de si mesmo, no resgate e no cultivo da vida. É a transformação das pessoas, que, acolhendo o seu amor, passam a ser também fonte de vida para outros. Jesus foi todo ele doação, serviço e amor a todos. Ir a Jesus é segui-lo neste seu projeto de vida. Crer nele é fazer a vontade do Pai e entrar na eternidade. Não mais ter fome, nunca mais ter sede.
José Raimundo Oliva
Oração
Senhor Jesus, sacia-me com o pão da vida que és tu, para que eu possa fazer sempre o que agrada a Deus.
Fonte: Paulinas em 05/08/2012

Vivendo a Palavra

A obra de Deus é acreditar naquele que Ele enviou. Mas acreditar não é mero sentimentalismo, nem afirmações categóricas: acreditar é ‘dar o coração’, é viver seguindo o Enviado do Pai e, portanto, é cuidar amorosamente dos irmãos de caminhada nesta terra. Para isto, precisamos nos alimentar do Pão que desce do Céu e dá Vida ao mundo.
Fonte: Arquidiocese BH em 05/08/2012

Reflexão

O SINAL DO PÃO DA VIDA

As multidões que tinham sido saciadas de pão continuam procurando Jesus, na esperança de que ele lhes dê alimento fácil. Querem milagres, pois não compreendem os sinais que Jesus realiza.
Vale uma comparação com as placas de trânsito. Só consegue entender o que elas sinalizam quem aprendeu a lê-las. As placas estão espalhadas pelo caminho para dar indicações fundamentais ao viajante. Assim as ações de Jesus. Se olhamos para suas ações e não conseguimos entender o que significam ou o que querem sinalizar, elas serão para nós simples milagres ou atos isolados para resolver o problema de uma pessoa ou de um grupo.
A obra de Deus é que creiamos naquele que ele enviou. Crer em Jesus é exatamente segui-lo num caminho de aprendizado, para ver o que ele fez e falou e então saber ler e seguir hoje os seus sinais. Nossa vocação é, de fato, o aprendizado dos sinais.
O que Jesus fez foi saciar cinco mil homens com cinco pães e dois peixes. Mas o sinal que ele deixou, com esta ação, é o que mais conta. Jesus não apenas repartiu o pão material e saciou momentaneamente a fome daquela gente, mas se doou a si mesmo como Pão da vida, a fim de matar uma fome mais profunda, para sempre. Ver este sinal de Jesus é compreender que ele deixou sua vida como Pão que alimenta. Acreditando nele, alimentando-se dele, assimilando seu modo de agir e de se doar pelos outros, a consequência só pode ser uma: quando todos partilhamos o que temos, ainda que seja pouco, todos ficam saciados e ainda sobra.
Jesus questiona, fundamentalmente, por que o procuramos e o que buscamos neste mundo. Podemos procurar milagres ou a satisfação de nossas necessidades pessoais, sem compreender que nossa fome de Deus e de vida eterna só se sacia assimilando o modo de ser e de agir de nosso Mestre, que doou a própria vida pela vida do mundo.
Quais sinais de Jesus já encontramos? Ou ainda estamos tão somente à espera de milagres?
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 05/08/2012

Reflexão

Parece que a multidão não entendeu muito bem o gesto da multiplicação e da partilha. Por isso, o evangelista introduz o discurso sobre o pão da vida. A multiplicação deve ser vista como sinal: o acesso ao pão de cada dia leva ao compromisso com Jesus e seu projeto. Cada um procura Jesus por algum motivo. Procurá-lo apenas quando existe alguma necessidade pessoal, para satisfazer apenas “a minha” necessidade, para resolver “o meu” problema, é muito egoísmo. O pão material é importante para a sobrevivência e é uma necessidade básica do ser humano. Mas a pessoa necessita de algo mais, de outro alimento: aquele que Jesus nos oferece e que sacia a fome de vida. É necessário investir, não apenas no transitório, no perecível, no que não cria raízes ou consistência. É preciso investir no essencial, naquilo que humaniza, torna a pessoa comprometida com Jesus e com os outros. Entrar na barca é trilhar os passos de Jesus; é alimentar-se do pão da vida eterna que ele nos oferece. Alimento que sacia definitivamente nossa fome de justiça, de paz, de esperança, de solidariedade e de fraternidade.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 05/08/2018

Reflexão

A multidão alimentada por Jesus não compreendeu em profundidade o significado do pão partilhado. Associaram o pão distribuído com estômago satisfeito. De fato, entusiasmados, queriam coroá-lo rei deles. Não conseguiram passar do sinal (pão material) para a realidade, isto é, a própria pessoa de Jesus. Daí o convite do Mestre: “Trabalhem pelo alimento que dura para a vida eterna, alimento que o Filho do Homem dará a vocês”. E, prosseguindo na sua catequese, esclarece: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem acredita em mim nunca mais terá sede”. Jesus exige uma adesão a sua pessoa. Aderir a Jesus não pode ser resultado de euforia passageira. Aderir a Jesus é “arregaçar as mangas” e agir como participante efetivo na construção do Reino de Deus.
Oração
Ó Jesus, que disseste: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem acredita em mim nunca mais terá sede”, vem plenificar nossos corações sedentos de amor e nossas mentes necessitadas de tua sabedoria. Assenta nossa existência no caminho que conduz a Deus. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)

Reflexão

Aíla L. Pinheiro de Andrade, nj*
(Texto publicado originalmente em Revista Vida Pastoral ano 53 - número 285, julho-agosto de 2012).

DEU-LHES A COMER O PÃO DO CÉU

I. INTRODUÇÃO GERAL

Continuando com o tema do sinal do pão, a liturgia de hoje – e nos domingos seguintes – centra-se no discurso de Jesus sobre o “pão da vida” ou “pão do céu”. Por meio do maná (pela manhã) e das codornizes (à tarde), Deus sustentava a vida do povo no deserto. Apesar da benevolência divina, o povo não mudava de atitude, não parava de murmurar e de preferir a antiga vida de escravidão à vida nova, com dignidade, dada por Deus. É bem adequada a exortação da carta aos Efésios para que os cristãos não tornem a proceder como antigamente, na futilidade de pensamentos: “foi bem outra coisa o que aprendestes de Cristo” (Ef 4,20).

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. Evangelho (Jo 6,24-35): Eu sou o pão da vida

A multidão está à procura de Jesus, movida não pelo que o sinal do pão aponta, mas pelo interesse pessoal de saciar a fome. Por isso, Jesus reprova a multidão, que não o busca por ele mesmo. Ele chama a atenção para que a multidão se empenhe mais pelo alimento que permanece, e não apenas pelo alimento perecível. Esse empenho deve ocupar a vida do cristão em sua totalidade. O verdadeiro alimento é Jesus, que dá a vida eterna àqueles que o buscam. Vida eterna significa uma existência reconciliada com Deus. Por isso, essa vida inicia-se já aqui na história.
Movida pelo interesse pessoal, a multidão pede a Jesus que realize a obra de Deus, mas não sabe a profundidade do pedido que faz. A obra que Deus quer realizar é que o ser humano busque a Jesus (v. 29), o caminho para Deus. E buscar a Deus significa abandonar-se incondicionalmente ao seu amor e à sua vontade. Por isso a multidão não compreende o alcance de seu pedido, já que se nega a fazer a vontade de Deus, que é crer naquele que ele enviou.
O pedido do sinal também revela a incapacidade de enxergar, porque viram o sinal, mas, como não têm fé, não viram a ação de Deus. E os sinais que a multidão pede devem superar os milagres realizados no antigo Israel, milagres que legitimam suas pretensões messiânicas. Para isso recordam o prodígio do êxodo, quando Moisés alimentou o povo no deserto com o maná. A isso Jesus responde, mostrando que o verdadeiro pão do céu quem dá é o Pai. E o pão do céu é o próprio Jesus, que veio dar a vida eterna. Esse sinal revela o messianismo de Jesus, a multidão não precisa então de outro sinal.
Contudo, a multidão continua sem compreender o sinal, porque pede a Jesus que lhe dê sempre desse pão. Não entendem o verdadeiro alcance de suas palavras. A resposta de Jesus é semelhante à que foi dada à samaritana (6,35): quem vai a Jesus nunca mais terá fome nem sede.
No deserto, o povo foi alimentado com o maná e teve a sede saciada com a água que saiu da rocha. Mas o povo morreu; isso mostra que aquelas realidades antigas eram apenas uma prefiguração de Jesus, o enviado de Deus, que oferece o verdadeiro alimento e sacia totalmente a sede que a criatura tem de seu Criador.

2. I leitura (Ex 16,2-4.12-15): Farei chover pão do céu para vós

A leitura afirma que “toda a comunidade dos israelitas murmurava” (v. 2). Isso significa que todos estavam de acordo sobre um ponto: era melhor ser escravo no Egito e ter o que comer do que ser livre e passar fome. A comunidade formava uma multidão interesseira. O povo rapidamente esqueceu que havia chorado sob os açoites dos feitores egípcios e que clamou a Deus, pedindo que o libertasse. Após a libertação, os israelitas lembravam-se do cheiro e do gosto dos temperos nos cozidos de carne, mas haviam esquecido as chicotadas dos feitores e o trabalho forçado. A que preço, anteriormente, comeram aquele alimento sem ter direito à vida e à dignidade, correndo risco de morte a cada instante.
Nas reclamações dos israelitas há uma acusação contra o Senhor: “Por que nos trouxe o Senhor a este deserto? Para matar de fome toda esta gente?” (v. 3). Conforme essas palavras, não há diferença entre Deus e o faraó, pois ambos armam ciladas para destruir o povo. No entanto, na literatura judaica, o faraó e o Egito simbolizam a ausência de respeito à vida e à dignidade humana, significam opressão e escravidão. Ambos são a negação da vida e do reino de Deus.
O faraó é o contrário de Deus e de seu projeto salvífico. O povo necessita mudar de mentalidade e de atitude. O Senhor não intenta matar Israel no deserto. Na dureza da vida no deserto, o povo é cuidado por Deus como os pais cuidam de seus bebês. Os israelitas foram levados ao deserto para fazer a experiência de serem amados e cuidados por Deus, já que no Egito tinham experimentado apenas o rigor da servidão. Os israelitas conheciam apenas o faraó como senhor, agora necessitavam saber quem era Deus. Eles foram alimentados e cuidados no deserto para que tivessem uma experiência diferente: “Assim sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus” (v. 12).

3. II leitura (Ef 4,17.20-24): Aquele que desceu do céu

O apóstolo faz com que os efésios se recordem do que eram antes de se converterem, ou seja, da maneira como viviam e de como os gentios ao redor deles ainda procedem. Na Bíblia, a vida é frequentemente comparada a uma jornada, e por isso o apóstolo diz que os cristãos não devem caminhar como antigamente o faziam e como ainda fazem os seus conterrâneos.
Os gentios se comportam com “vaidade” de mente, afirma o texto. A palavra “vaidade” nas Escrituras significa “vacuidade” e denota um mal no âmbito da moral. Na Bíblia, comumente esse termo é aplicado aos que adoram ídolos vãos, em contraposição a quem conhece o Deus vivo e verdadeiro. Para religiões tão diferentes, os comportamentos humanos igualmente devem ser muito diferentes; os efésios precisam saber disso e mudar de atitude.
O homem vão é aquele que caminha de acordo com os próprios interesses, mas coisa muito diferente foi ensinada aos cristãos. Cristo ensinou que a religião exige abandono total no curso da vida.
Com ironia sutil o texto diz: “se é que ouvistes falar de Cristo e nele fostes instruídos” (v. 21). Quem escuta atentamente as instruções de Cristo sabe qual é o verdadeiro propósito da “religião” (relacionamento com Deus). A respeito da conduta anterior ou dos hábitos de vida, os cristãos devem deixar de lado tudo o que pertence a uma natureza egoísta.
O Filho de Deus, que desceu do céu para conviver conosco, instrui-nos sobre o que agrada a Deus; ele nos deu essa instrução com a sua própria vida. Jesus nos mostrou como vive um verdadeiro filho de Deus. E isso não é algo que esteja além dos limites humanos. Mostrou que é possível ao ser humano tirar do foco os próprios interesses e identificar a própria vontade com a vontade de Deus.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

Já que estamos iniciando o mês das vocações, é bom ressaltar o seguinte:

– Há pessoas que fazem da religião uma fonte de lucro ou de privilégios pessoais, usando-a para o conforto e prosperidade pessoais.
– Os hebreus eram escravos no Egito e lá recebiam apenas pão para a própria sobrevivência. Livres no deserto, queriam continuar no mesmo esquema: Deus teria de alimentá-los. Mas Deus queria ter com eles um relacionamento que não se baseasse na troca de favores.
– O Deus de Jesus Cristo é diferente do faraó e dos deuses antigos dos efésios, ele liberta da escravidão do pecado e do egoísmo. Deus é livre, não se deixa manipular em favor de interesses egoístas. Deus cuida dos seres humanos porque ele é bom.
– Hoje cresce o número de pessoas que buscam o sagrado porque querem ter um emprego, um companheiro, cursar uma universidade etc. Não buscam a Deus, mas milagres e curas. Os santos, no entanto, buscavam a Deus por ele mesmo, e não por causa do que lucrariam com a religião. Eles entenderam a instrução de Jesus e trabalharam pelo pão que não perece e que permanece até a vida eterna (Jo 6,27).

* Aíla L. Pinheiro de Andrade é graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente leciona na Faculdade Católica de Fortaleza e em diversas outras faculdades de Teologia e centros de formação pastoral.
Fonte: Instituto Nova Jerusalém em 05/08/2012

Meditando o evangelho

AS OBRAS DE DEUS

Toda a ação de Jesus visava encaminhar as pessoas para Deus e fazê-las descobrir sua vontade. Quando o Mestre operava milagres, não pretendia atrair sobre si os olhares das multidões. Seu desejo era fazê-las perceber o amor de Deus atuando em suas vidas. Os milagres eram uma manifestação concreta deste amor. Daí, um caminho de acesso para Deus.
Entretanto, o primeiro passo a ser dado na compreensão deste amor consistia em professar a fé em Jesus, na sua condição de Filho enviado pelo Pai. Era, também, a primeira obra agradável a Deus.
Pressupondo a fé e considerando o objetivo da ação do Senhor, o discípulo não se enganaria na avaliação dos milagres, como aconteceu com a multidão saciada, na multiplicação dos pães. Em vão, este povo foi procurar Jesus, talvez pretendendo ser novamente saciado. O Mestre alertou-o acerca desta busca equivocada, aconselhando-o a buscar o pão da vida, que permanece para sempre. Esse pão era o próprio Jesus. Quem o encontrasse, não teria mais fome ou sede. Não fome e sede físicas, e sim, fome e sede de Deus. Elas é que são essenciais..
Quem se alimenta do pão que é Jesus, ou seja, crê nele, tem a vida eterna, porque se predispõe a fazer sempre a vontade de Deus. E, como Jesus, estará sempre pronto a fazer o milagre da partilha. Portanto, é inadiável aderir a Jesus pela fé.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Senhor Jesus, sacia-me com o pão da vida que és tu, para que eu possa fazer sempre o que agrada a Deus.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. JESUS, O PÃO DA VIDA!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

João, em seu Evangelho, a partir de 6,22 até 6,66, explica o sinal da partilha dos pães, narrado anteriormente. A multidão, na véspera, vira os discípulos sair sem Jesus, no único barco que havia. Surpresos, interrogam-se como ele partiu. A caminhada sobre as águas só foi testemunhada pelos discípulos no barco. Vão atrás dele, em Cafarnaum. Quando lhe perguntam, a resposta de Jesus vai ao essencial: sabia que queriam fazê-lo rei, mas o que ele lhes propõe é que trabalhem pelo alimento que permanece para a vida eterna. Este trabalho é a obra de Deus, que Jesus realiza e que consiste em fazer a vontade do Pai, que é dar vida, e vida eterna, ao mundo. Ainda incrédulos e apegados a suas tradições, pedem sinais espantosos, como os de Moisés com o maná no deserto (primeira leitura).
Contudo, esta tradição do maná ("pão") caído do céu está superada. O maná é alimento para um só dia, não salva da morte. O verdadeiro pão do céu é Jesus, que é dado pelo Pai e que permanece para a vida eterna.
O crer em Jesus é transformar-se no homem novo, criado à imagem de Deus, na verdadeira justiça e santidade (segunda leitura)
Fonte: NPD Brasil em 05/08/2012

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. JESUS, O PÃO VERDADEIRO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Havia na minha rua um cão bravio que ficava o dia inteiro se desgastando, perseguindo os carros que passavam certo dia, quando era perseguido por ele, latindo furiosamente ao lado do meu carro, resolvi parar no meio fio, o cão tomou um susto, cheirou um pneu e com o rabo entre as pernas voltou para o seu canto.
Há nesta vida pessoas que não tem um objetivo na vida, se desgastam a vida inteira para caminhar e sobreviver, sem conseguirem chegar a lugar algum. Na primeira leitura da liturgia desse domingo, os Israelitas, por não terem entendido a proposta libertadora de Deus, embora fazendo um grande esforço para caminharem pelo deserto, se desgastaram com Moisés, porque para eles a liberdade oferecida pelo Deus da Aliança, valia bem menos que uma panelada de carne e cebola do Egito, “aquilo sim que era vida...” e não morrer de fome e sede em um lugar miserável como o deserto, acomodados na falsa segurança que tinham na vida antiga na terra do Egito, não conseguiam enxergar os novos horizontes que Deus abria além do deserto.
Se uma simples panela de carne com cebola era o suficiente para “chutarem o pau da barraca” no projeto do Deus Libertador, imagine hoje, o quanto o homem não é tentado pelo conhecimento científico e tecnológico, a rebelar-se contra Deus, que os convida a enxergar que esta vida, com tudo de bom que ela oferece, é apenas um caminho, uma estrada que nos levará a verdadeira vida em sua plenitude.
No Evangelho, a multidão também faz um grande esforço para buscar Jesus e seus discípulos, pegam os barcos disponíveis por ali e fazem a travessia até chegar a Cafarnaum, onde ele estava na outra margem do lago. Como hoje há também uma multidão que se esforça, dentro de suas igrejas, a buscarem Jesus. A pergunta é o que essas pessoas buscam? O que elas vêem em Jesus Cristo? As respostas variam muito, há os que buscam a cura de uma enfermidade, outros buscam a prosperidade em troca de um dízimo altíssimo, outros até buscam os sacramentos, mas sem compreender nada sobre eles, não é errado buscar coisas materiais ou pedi-las a Deus, por intercessão de Jesus Cristo, o problema, é quando nada mais enxergamos nele, além disso, cura física, patrimônio, ganhos financeiros um bom emprego com um ótimo salário, a libertação de toda e qualquer angústia que nos traga algum sofrimento físico ou moral.
Entretanto, sabemos muito bem que tudo isso, um belo dia vai ficar para trás: nosso corpo saudável, nossos bens materiais, nossa carreira profissional, tudo isso são coisas perecíveis, mas que, no entanto, muitas vezes estão no centro de nossas atenções, e a vida vai girando sempre em torno daquilo que podemos ter de bom, em todos os aspectos, e a religião entra como a grande aliada do homem, pois se me submeto a uma religião, Deus me recompensa dando-me tudo aquilo que preciso, para viver bem. É exatamente com essa intenção que nos dias de hoje, uma grande multidão lota alguns templos nas grandes metrópoles.
Mas esta reflexão é válida para todos nós cristãos, porque parece que não sabemos bem o que queremos, e nos contentamos apenas com a casca da fruta, colocamos nossa atenção na embalagem do produto, em resumo, nos contentamos com tão pouco, quando Jesus nos oferece um tesouro inestimável, algo novo, inédito e valiosíssimo, mas a multidão não quer arriscar deixar de lado a religião de Moisés, a cuja tradição estavam ligados, “O que faremos para praticar as obras de Deus?” Para eles Moisés era até agora a maior referência, porque garantiu alimento para o povo no deserto, e bastava cumprir a lei que já estava no caminho certo. Não precisava pensar e nem comprometer-se com nada, bastava não fazer nada de errado, e pronto, o resto era com Deus! “Que milagres fazes, para que vejamos e creiamos em ti, que obras realizas?” Em outras palavras, o que vamos ganhar se te seguirmos.
Hoje em dia, com o fenômeno religioso que se apresenta como uma resposta diante dos inúmeros problemas existenciais, a religião mais procurada é aquela que oferece maiores vantagens, não exige muito sacrifício nem comprometimento, é quase que o princípio do melhor custo benefício, investir bem pouco e ganhar muito. Muitas vezes, pensando desse modo acabamos pecando, quando valorizamos mais a quantidade do que a qualidade, vendo nisso um indicativo de crescimento em nossas comunidades.
Crer naquele que o Pai enviou, não significa deixar tudo por conta de Jesus, antes, é tê-lo como nossa referência única e autêntica, despojando-nos do Velho Homem e renovando os sentimentos de nossa alma, revestindo-nos do homem novo, criado a imagem e semelhança de Deus, em verdadeira justiça e santidade. Não é importante o TER mas o SER, é isso que Jesus nos oferece, um novo ser, totalmente livre para tomar decisões e fazer escolhas na vida, a partir de Jesus Cristo, aquele que nos renovou por completo com sua obra redentora. (18º. Domingo do Tempo Comum João 6, 24-35)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede - Jo 6,24-35
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Quem dá o verdadeiro pão do céu é o Pai. O pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. “Eu sou o pão da vida, diz Jesus. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede.” O povo pede o pão que nos alimenta neste mundo. Jesus fala do pão do céu, que é ele mesmo. Quem vai a ele não terá mais fome, quem nele crê não terá mais sede. O que ele diz são promessas para este mundo ou para o mundo futuro? Certamente são promessas para depois da nossa morte. No Livro do Apocalipse, depois da abertura dos sete selos, está escrito que os que vieram da grande tribulação e lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro “nunca mais terão fome nem sede, e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos”. E aqui, na terra, a vida será sempre marcada por lágrimas e tribulações? Sabemos que há lagrimas e tribulações e que há também tempos de alegria e de bem-estar. Podemos pensar que os tempos de bem-estar e de alegria são sinais do Reino definitivo e podem ser multiplicados para todos por aqueles que estão em Cristo e nele creem. Com a esperança da glória e a visão da fé, os discípulos de Jesus podem iluminar a vida de quem só tem a visão da inteligência humana e proporcionar-lhes alegria com boas notícias, sobretudo a Boa Notícia do Evangelho da Salvação. Deste lado há muitas interrogações para as quais esperamos obter respostas no outro lado. Até a morte, que deveria ser um momento alegre de saída deste vale de lágrimas para a festa das núpcias do Cordeiro é para nós um momento triste e amargo de separação. Lemos na Carta aos Efésios que é preciso “deixar nossa antiga maneira de viver e despojar-nos do homem velho, que vai se corrompendo ao sabor das paixões enganadoras”. Precisamos renovar-nos, pela transformação espiritual da nossa mente, e vestir-nos do homem novo, criado à imagem de Deus, na verdadeira justiça e santidade. Os santos da nossa Igreja nos ensinam que é possível viver neste mundo saboreando a presença de Deus em nós e assim transformar as tribulações, regando-as com lágrimas de alegria. Temos à nossa disposição o pão que alimenta e que dá vida e que é remédio para a nossa fraqueza.

REFLEXÕES DE HOJE

05 DE AGOSTO-DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 05/08/2018

HOMILIA DIÁRIA

O acúmulo de bens é garantia de felicidade?

Postado por: homilia
agosto 5th, 2012

O Evangelho do 18º Domingo do Tempo Comum inicia-se com a observação de que muitos procuravam a Jesus, não para assumir o Seu projeto de vida, nem para segui-Lo na doação até a morte, mas simplesmente por causa dos Seus milagres, ou sinais, como são chamados no quarto Evangelho. Uma observação que pode valer para muitas expressões religiosas hoje, em todas as Igrejas cristãs, onde a busca do milagroso e da prosperidade individual tomam o lugar do seguimento diário de Cristo na construção de um mundo onde todos “têm a vida e a vida plenamente” (Jo 11,10), conforme a vontade do próprio Jesus.
Diante desse deslocamento de interesse das multidões, Jesus as adverte que devem trabalhar “pelo alimento que não se estraga” (v.27). À primeira vista, pode parecer que esse versículo “dê corda” para uma leitura alienante, espiritualizante, que apresente o seguimento de Jesus como algo somente no nível dito espiritual, sem consequências maiores para a sociedade e o mundo atual. Ledo engano!
Longe de Jesus pregar uma mensagem que tivesse como resultado o abandono dos pobres e marginalizados, num mundo cada vez mais desumano e excludente. O que Ele contesta é uma vida que põe o acúmulo de bens como sua meta. De novo, uma advertência mais do que atual para os nossos dias, onde a pós-modernidade apresenta o consumismo de bens – e a acumulação deles – como garantia de felicidade, e onde se cria uma sociedade excludente, onde não há lugar para quem não pode produzir nem consumir.
Jesus quer que haja equilíbrio nas nossas vidas – que os meios materiais sejam usados para que haja uma sociedade de vida digna para todos e não para o acúmulo de poucos. Assim contestaria tantas igrejas que hoje pregam a “teologia da retribuição e prosperidade individual”.
Fato é que a busca desenfreada de bens coloca o bem-estar material como centro e finalidade de vida – uma verdadeira idolatria. Isso já foi compreendido mais de duzentos anos antes de Jesus pelo sábio autor de Eclesiastes que escreveu: “Quem gosta de dinheiro nunca se sacia de dinheiro. Quem é apegado às riquezas, nunca se farta com a renda. Isso também é fugaz!” (Ecl 5,9).
É preciso buscar em primeiro lugar o Pão descido do Céu, ou seja, o próprio Jesus. Procurar Jesus implica uma opção pela Sua pessoa, mensagem e prática. Não é possível ter uma relação verdadeira com Jesus como pessoa, sem assumir a Sua prática, atualizada para as condições de hoje. Num âmbito religioso onde muitas vezes se prega um Jesus que “deixa passar tudo”, leve, alienado e alienante, que não incomoda, este texto nos leva de volta ao Jesus real, que incomodava tanto que, no fim desse capítulo, é abandonado pelas multidões e finalmente liquidado por um conluio dos poderes políticos, religiosos, econômicos e judiciais. Longe do Jesus “analgésico” tão em voga hoje.
João nos assegura que quem vai a Jesus como discípulo “nunca mais terá fome, nunca mais terá sede”. Pois o seguimento de Jesus, apesar de não ser fácil, é capaz de saciar os desejos mais íntimos da pessoa humana, o que a simples posse de bens materiais não é capaz.
Nós vivemos num mundo onde nunca houve tanta riqueza, nem tanta pobreza; tanta acumulação e tanta exclusão. Com honestidade, podemos dizer que este modelo globalizado, neoliberal e pós-moderno têm melhorado a qualidade de vida da maioria? Com certeza não!
O texto de hoje nos desafia para que re-examinemos a fé que nós temos, a realidade do nosso seguimento a Jesus, as nossas motivações, metas e objetivos de vida. Convida-nos para que coloquemos no centro de nossa existência o projeto de Deus, encarnado em Jesus e continuado nos Seus seguidores, de nos alimentarmos com o Pão da Palavra e da Eucaristia, para que tenhamos vontade e força para criarmos o mundo de vida, onde “todos têm a vida e a vida plenamente”.
Pai, dai-me sensibilidade para perceber que a presença de Jesus, na nossa história, é a grande obra que realizaste: dar-nos a Vida Eterna.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 05/08/2012

HOMILIA DIÁRIA

Jesus é o pão que sacia a nossa fome mais profunda

Trabalhemos pelo Pão que entra em nós e jamais nos deixa ter fome ou sede, porque nos sacia para a eternidade

“Então pediram: Senhor, dá-nos sempre desse pão. Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (João 6,34-35).

Jesus é o alimento da nossa vida. Quando falo em Jesus como alimento, não pense no sentido material da palavra, porque, por sermos pessoas materialistas e vivermos por cuidar da matéria – o nosso corpo é matéria, e não o estou desprezando –, precisamos ser alimentados; e o homem também vive de pão, por isso Jesus, antes de fazer esse discurso, multiplicou os pães, porque Ele não queria ninguém passando fome e sede.
O Pai criou o mundo com essa abundância de alimento, porém, na busca desenfreada por eles, alguns homens os retiveram para si, e não permitiram que outros tivessem o que comer. Jesus está ensinando que precisamos multiplicar os pães da nossa casa com aqueles que não os têm.
Quem tem muito alimento ou não tem nenhum precisa, primeiro, saciar-se dele, que é Jesus. O alimento, que é o próprio Jesus, cria dentro de nós o senso do amor, da justiça, da verdade e partilha. Se não soubermos partilhar o nosso pão com o irmão, não teremos Jesus dentro de nós; se não soubermos partilhar o amor que temos em nós com o nosso próximo, não teremos Jesus dentro de nós.
Vivemos um sentimento de vazio dentro de nós, por isso, muitas vezes, comemos e bebemos várias coisas, mas continuamos vazios. Estamos engordando apenas a matéria, e o nosso espírito está padecendo, está macérrimo, sedento de um alimento que o sacie de verdade.
Deixemos que Jesus sacie a nossa fome mais profunda. Não trabalhemos apenas pelo alimento dessa terra, porque, depois, perecemos pelo excesso de comer, enquanto outros perecem, porque passam fome. Trabalhemos pelo Pão que entra em nós e jamais nos deixa ter fome ou sede, porque nos sacia para a eternidade.
Permitamos que Jesus sacie a nossa fome e sede de eternidade.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 05/08/2018

Oração Final
Pai Santo, não deixe que nos falte o Pão de tua Palavra, nem o Pão da tua Presença, menos ainda o Pão Vivo que nos enviaste, o Cristo Jesus, teu Filho Unigênito que se fez humano como nós, viveu fazendo o bem a todos e, embora inocente, foi condenado e morto pelos poderosos do tempo, mas, ressuscitado, contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 05/08/2012

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