domingo, 20 de dezembro de 2020

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 20/12/2020

ANO B


4º DOMINGO DO ADVENTO

Ano B - São Marcos - Cor Roxa

“Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus.” Lc 1,31

Lc 1,26-38

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebrando este último domingo do Advento, somos informados da chegada iminente de Jesus. O próprio anjo Gabriel diz à Maria que ela teria um filho; que Deus lhe daria o trono de seu pa i Davi e que seu reino seria para sempre. À exemplo da Mãe de Jesus, respondamos sim ao projeto do Altissímo, trazendo Jesus em nosso coração. (Após a procissão de entrada, acender quarta vela da coroa do Advento.)

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, mais alguns dias e estaremos reunidos para celebrar a solene Vigília do Natal do Senhor. Por esta Eucaristia, unidos aos sentimentos e expectativas da Virgem Maria, aguardaremos com alegria o anúncio da chegada do Filho do Altíssimo.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A catequese evangélica, como a paulina, preocupa-se em afirmar claramente que Jesus pertence à família real de Davi. Evidencia assim a existência concreta de Jesus e o cumprimento das promessas messiânicas. Deus coloca sua morada entre os homens e faz da humanidade seu templo: as pedras que o constituem são os homens do "sim" incondicional a Deus. Maria é a primeira pedra viva da casa de Deus entre os homens! No quarto e último Domingo do Advento, a Igreja se prepara para celebrar o Natal, proclamando a anunciação do Senhor e enaltecendo a figura da Virgem Maria como símbolo da humanidade que se abre ao mistério de Deus e acolhe o Redentor. Celebremos esta Eucaristia com o coração vibrante no Senhor, assim como cantou Maria seu hino de louvor e viveu uma vida inteira de ação de graças ao Senhor.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebrando este último domingo do Advento, somos informados da chegada iminente de Jesus. Através dos profetas, Deus preparou a alma de seu povo para este acontecimento. Mil anos antes, o profeta Natan garantiu ao rei Davi que um de seus descendentes se sentaria no trono e que o reino dele seria firme para sempre. Hoje é o anjo Gabriel que diz à Maria que ela teria um filho; que Deus lhe daria o trono de seu pai Davi; que seu reino seria para sempre e que seria chamado Filho de Deus. E quando Maria disse: “eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”, o Filho de Deus encarnou-se em seu seio por obra do Espírito Santo. (Após a procissão de entrada, acender quarta vela da coroa do Advento.) ATENÇÃO: Srs. Padres e comunidades, o quarto domingo do advento se estende até à tarde do mesmo. À partir das vésperas, celebra-se a liturgia do Natal do Senhor.
http://diocesedeapucarana.com.br/portal/userfiles/pulsandinho/24-de-dezembro-de-2017---4-domingo-do-tempo-do-advento.pdf (24/12/2017)

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, mais algumas horas e estaremos reunidos para celebrar a solene Vigília do Natal do Senhor. Por esta Eucaristia, unidos aos sentimentos e expectativas da Virgem Maria, aguardaremos com alegria o anúncio da chegada do Filho do Altíssimo. Como nos sugere o hino, supliquemos ainda mais uma vez : “Oh! Vinde enfim, eterno Deus, descei dos altos céus. Deixai a vossa habitação, que a terra espera a salvação. Que o céu orvalhe o Redentor, baixai das nuvens, ó Senhor! Germine a terra o nosso Deus, pra que nos abra os altos céus!”.
http://www.arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/af_04_4o_domingo_do_advento.pdf (24/12/2017)

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A catequese evangélica, como a paulina, preocupa-se em afirmar claramente que Jesus pertence à família real de Davi. Evidencia assim a existência concreta de Jesus e o cumprimento das promessas messiânicas. Deus coloca sua morada entre os homens e faz da humanidade seu templo: as pedras que o constituem são os homens do "sim" incondicional a Deus. Maria é a primeira pedra viva da casa de Deus entre os homens! No quarto e último Domingo do Advento, a Igreja se prepara para celebrar o Natal, proclamando a anunciação do Senhor e enaltecendo a figura da Virgem Maria como símbolo da humanidade que se abre ao mistério de Deus e acolhe o Redentor. Celebremos esta Eucaristia com o coração vibrante no Senhor, assim como cantou Maria seu hino de louvor e viveu uma vida inteira de ação de graças ao Senhor.
Fonte: NPD Brasil em (24/12/2017)

ALEGRA-TE

A nossa sociedade corre sempre em busca de um estado de bem-estar. Desde o princípio, a humanidade procurou soluções e meios para alcançar uma situação de suficiência de recursos, paz e prosperidade. O alcance desses recursos não leva necessariamente a uma justa distribuição dos bens, a desigualdade entre os povos é um claro exemplo disso, já que os países estão divididos entre pobres e ricos. O acesso de recursos básicos como água, comida, educação, segurança, trabalho e lazer, não estão acessíveis a todos, tudo depende do lugar e da posição social. Nesse contexto, a compreensão do que é bem-estar pode mudar.
Na noite de natal, em algum lugar, uma criança fica alegre porque ganhou um novo vídeo game ou celular de última geração, em outro lugar, a alegria é por causa de pouco de comida ou de água. Duas crianças, dois lugares, duas maneiras de perceber a realidade, mas as duas vão dormir alegres e felizes, ao menos por uma noite. A alegria e o bem-estar são condições passageiras, sujeitas a diversas mudanças próprias da nossa realidade humana. Diante disso como alcançar bem-estar e felicidade nesse mundo? Será possível viver bem, ser feliz, aproveitando a vida?
“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28), ao receber a saudação do anjo, Maria ficou perturbada. O diálogo com o anjo revelou que a causa dessa perturbação foi a surpresa diante da grandiosidade da proposta divina, a de ser mãe do Filho de Deus. Maria tem uma justa compreensão da sua condição humana, da sua pequenez e incapacidade para realizar aquela obra. Mas por outro lado, ela também é consciente da fidelidade de Deus ao longo de toda a história do seu povo. Um povo acostumado a experimentar dor e alegria, que entrou pelo deserto e seguiu caminho até a terra prometida.
O anjo anunciou o tempo da alegria, isto é, do cumprimento da promessa de salvação com o nascimento de Jesus. A alegria que vem de Deus não é um mero estado de bem-estar, ela se mistura com as outras realidades da vida e se realiza no cumprimento da vontade de Deus. Aceitando a alegria da maternidade divina, Maria se colocou a caminho para servir, sofreu rejeição, desterro, incompreensão e viu a morte de seu filho na cruz. Assim como na história do seu povo, na vida de Maria se misturam dor e alegria.
Num tempo tão acostumado a procurar o bem-estar, como é o nosso, a alegria cristã pode parecer uma fuga da realidade. Mas isso é um engano. A fé cristã esta alicerçada na certeza da presença de Deus na história e na sua justiça. Neste ano, foram grandes os desafios gerados pela pandemia, que colocaram em jogo o bem-estar de toda a nossa sociedade. De outra parte, redescobrimos o valor da partilha, a necessidade do encontro com aqueles que amamos. Foi um ano de dores e alegrias, mas um tempo onde Deus se manifestou sempre presente. Coloquemos tudo isso no altar do Senhor e com Maria, sejamos um Igreja em saída, para servir com alegria.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

Maria experimenta Deus vivendo nela

Davi queria construir um templo para abrigar a arca da Aliança. Através da arca, que continha as tábuas da Lei, o povo experimentava a presença de Deus. Sobre a sua intenção de construir referido templo, ele consulta o profeta Natã, o mesmo que denunciou o grave pecado do rei. No entanto, a resposta de Natã a Davi não agradou a Deus: “realiza o projeto que tens no coração”. Deus faz Natã voltar atrás e comunicar a Davi o que Ele deseja. Deus não é prisioneiro de nossos projetos nem tampouco de nossos caprichos. Davi invertia a ordem das coisas: não era ele o benfeitor de Deus, mas Deus quem era o benfeitor de Davi. O mal de Davi era a sua vaidade. Se Deus, à época, rejeita para si um santuário, é porque o seu Filho, encarnado para a salvação de toda a humanidade, será o lugar de sua habitação.
Na tradição da Igreja, a “arca da Aliança” é Maria, pois ela carregou no seu próprio seio a Palavra encarnada do Pai. Se Maria é a arca, Jesus é, como dissemos acima, o “Templo” no qual Deus habita e é encontrado. Nesse “Templo” não há o véu que esconde o rosto de Deus, pois Ele é a imagem do Deus invisível (Cl 1,15). Estando diante dele, se está diante de Deus (cf. Jo 14,9). O texto do anúncio do anjo a Maria é surpreendente. É Deus quem toma a iniciativa de vir ao encontro do ser humano para fazê-lo participar da obra do seu amor. O relato, tomado no seu conjunto, mostra que Deus vai manifestando e fazendo compreender o seu projeto de amor num diálogo permanente com o ser humano. É em nossa história pessoal que Deus trava um diálogo conosco, como fez com Maria, para nos dar a possibilidade de participar de sua própria vida. Gerando, segundo a carne, o Filho de Deus, Maria experimenta Deus vivendo nela, e ela se experimenta participando da vida divina. No dinamismo da encarnação, em que a criação chega à sua plenitude, Deus quis contar com o ser humano. Nem a esterilidade de Isabel nem tampouco a virgindade de Maria foram impedimentos para que Deus cumprisse a sua palavra. A liberdade do ser humano poderia ter sido um impedimento. No entanto, em Maria, ícone da Igreja, Deus encontra o “sim”, a adesão humana necessária para que o seu Verbo tivesse uma existência histórica, como membro de um povo.
Pe. Contieri
Oração
Infundi Senhor em nossos corações a vossa graça, para que, conhecendo pela anunciação do anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e morte, à glória da ressurreição.
Fonte: Paulinas em 21/12/2014

Vivendo a Palavra

Voltamos à casinha de Nazaré, refúgio para nossas angústias, medos e ansiedades e, na doce companhia de Maria, preparemo-nos para a chegada do Menino Deus aos nossos corações. Que a nossa presença no mundo seja o anúncio vivo da Libertação que Ele nos trouxe e que cabe a nós partilhar.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/12/2014

VIVENDO A PALAVRA

Voltamos à casinha de Nazaré, refúgio para nossas angústias, medos e ansiedades e, na doce companhia de Maria, preparemo-nos para a chegada do Menino Deus aos nossos corações. Que a nossa presença no mundo seja o anúncio vivo da Libertação que Ele nos trouxe e que cabe a nós partilhá-la com os irmãos de caminhada.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/12/2017

VIVENDO A PALAVRA

É chegada a plenitude dos tempos. Hora em que o Verbo de Deus se faz carne e vem morar conosco. Tempo de nos prepararmos para recebê-Lo em nossos corações, nossas casas, nossa comunidade, nosso Mundo. Tempo de preparar e abrir nossas moradas para acolher carinhosamente o Menino Jesus, o Cristo, Filho Unigênito do Pai Misericordioso.

Reflexão

Pistas para a reflexão:

I leitura: Deus quer caminhar com seu povo, e não ficar trancado no templo.
II leitura: O mistério de Deus se revela à humanidade em Jesus encarnado.
Evangelho: Maria aceita a proposta de ser a mãe de Jesus.
Fonte: Paulus em 21/12/2014

Reflexão

O anjo do Senhor aparece a Maria e a convida a aceitar a proposta de Deus de ser a mãe do Filho de Deus. A primeira saudação do anjo foi de alegria: “Alegre-se, cheia de graça, o Senhor está com você”. O motivo da alegria é que o Senhor está com Maria e deseja nela se encarnar. Diante dessa saudação, a jovem se pergunta qual o significado disso. E o anjo foi esclarecendo aos poucos, até convencê- la a aceitar a proposta: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim como você me disse”. O que acontece em Maria é obra de Deus, mas ele conta com a colaboração humana. Jesus é presente de Deus para a humanidade. A figura de Maria é fundamental nesse processo de Deus de se tornar gente entre os seres humanos. Ele sempre deseja e espera a colaboração de homens e mulheres de boa vontade para realizar seus projetos. O anúncio do nascimento de Jesus se fundamenta no sim de uma mulher simples de uma aldeia da periferia, de onde ninguém espera algo de bom. Jesus se faz presente onde as pessoas o acolhem com simplicidade.
Oração
Ó Jesus, nosso Salvador, contemplamos, maravilhados, a delicadeza e o zelo com que o Pai celeste organiza tua vinda ao mundo. Para ser tua mãe, Deus convida uma mulher humilde de Nazaré da Galileia. Obediente ao plano divino de salvação, ela aceita e acolhe esse mistério. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Reflexão

As virtudes de Nossa Senhora

O Evangelho escolhido para este Domingo, que antecede a grande solenidade do Natal, é o da Anunciação do Anjo e Encarnação de Deus.
Em primeiro lugar, o diálogo entre o anjo Gabriel e Maria Santíssima é espelho de outro que acontece na eternidade, entre o Pai e o Filho. É sabido que Deus Pai quis enviar o Seu Filho ao mundo, conforme está escrito: "De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" [1]. Este decreto do Pai, no entanto, foi acolhido humildemente pelo Filho. Assim como a Virgem respondeu ao anjo: "Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum – Eis aqui a escrava do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra", o Autor Sagrado põe nos lábios de Cristo as palavras do salmista: "Eis que eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade" [2].
Mas, às portas do Natal, por que recordar uma narrativa de nove meses atrás (afinal, a Igreja celebra a Anunciação no dia 25 de março)? A resposta está em que todos os cristãos são chamados a imitar as virtudes de Nossa Senhora, a fim de bem celebrar o Santo Natal. O Catecismo Maior de São Pio X, ao responder "quais são as virtudes que a Santíssima Virgem mostrou, de modo especial, ao receber a mensagem do Anjo São Gabriel", ensina: "Ao receber a mensagem do Anjo São Gabriel, a Santíssima Virgem mostrou, de modo especial: pureza admirável, humildade profunda, fé e obediência perfeita."
Primeiro, Nossa Senhora mostrou "pureza admirável". Quando o anjo lhe anunciou que seria a mãe do Salvador, ela não colocou nenhuma objeção ao poder de Deus – que sabia ser onipotente –, mas apenas perguntou: "Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?" Também nós somos chamados a imitar a inocência da Virgem Santíssima. A principal e mais concreta forma de fazê-lo é por meio de uma boa Confissão. Para bem receber Nosso Senhor neste Natal, nada melhor do que purificar o coração por meio deste sacramento.
Segundo, Nossa Senhora mostrou "humildade profunda". Quando o anjo a saudou, dizendo: "Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo", ela "perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação". Diante das palavras elogiosas do anjo, ela não se ensoberbeceu. Assim como Cristo "não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo" [3], Maria Santíssima "não se apegou", por assim dizer, ao fato de ser "cheia de graça" e imaculada, mas reconheceu-se como "escrava do Senhor". Olhando para o mistério do Natal e para a humildade de Jesus e de sua mãe, devemos imitá-los e lutar contra a nossa soberba.
Terceiro, Nossa Senhora mostrou "fé e obediência perfeita". Assim como Cristo fez-se "obediente até a morte – e morte de cruz" [4], a Virgem Santíssima pediu que se fizesse nela "segundo a tua palavra". Diante da obediência dos dois, também nós devemos obedecer, manifestando dia a dia a nossa fé e fidelidade aos planos de Deus – ainda que permaneçam misteriosos para nós.
A propósito, quando se fala que os mistérios de Deus são incompreensíveis, não é porque eles são irracionais, mas porque são suprarracionais. Quando o Senhor mostra o que é e o que faz, as criaturas são ofuscadas por Sua luz. Por isso, às vezes fica mais fácil contemplar o mistério do Natal – do Deus que Se faz servo – à luz do "sim" de Maria Santíssima.
Sigamos então o exemplo de Nossa Senhora: na pureza, preparando o nosso coração por meio da Confissão; na humildade, descobrindo que o Natal é obra gratuita da bondade divina; e na obediência, procurando ser fiel aos projetos de Deus para o ano que se avizinha. Quem sabe, em 2015, Deus pedirá de nós o heroísmo do martírio? Ou o testemunho silencioso do dia a dia? Desde já, adoremos os decretos de Deus, antes mesmo de conhecê-los.

Referências:
Jo 3, 16.
Hb 10, 7; Sl 40, 8-9.
Fl 2, 6-7.
Fl 2, 8.
Fonte: Reflexões Franciscanas em 21/12/2014

Reflexão

I. Introdução geral

Neste 4º e último domingo do Advento, meditamos sobre a anunciação do Senhor, conforme relata o Evangelho de Lucas. O Salvador encarna-se no mundo pela via não oficial. Ele é concebido no seio de Maria, camponesa de uma pequena cidade sem importância de uma região marginalizada: Nazaré da Galileia. O Espírito Santo de Deus encontra em Maria a acolhida necessária para gerar o Filho de Deus: “Eu sou a serva do Senhor…”. Jesus é da descendência de Davi, conforme a promessa feita por Deus por meio do profeta Natã. Davi foi escolhido por Deus para pastorear o povo, e não para projetar-se mediante magníficas construções. Não precisa construir um templo para Deus, e sim adorá-lo pela fidelidade à missão recebida. É a vida das pessoas que interessa a Deus. Ele as liberta e as protege. Por isso, prefere morar no meio do povo (I leitura). Jesus é o extravasamento do amor divino derramado sobre todos os povos. Ele nos foi dado a conhecer pelos anúncios proféticos e pela bondade e sabedoria de Deus, a quem queremos glorificar eternamente (II leitura). Entrando na semana do Natal, na mesma disposição de Maria, a mãe de Jesus e nossa, queremos acolher o Salvador e dizer-lhe com o coração e com a vida: “Eis aqui os servos e as servas do Senhor…”.

II. Comentário dos textos bíblicos

1. I leitura (2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16): A tenda de Deus

A história de Davi, ao longo da Bíblia, vai sendo contada e recontada pelas sucessivas gerações. Ao redor dessa personagem cria-se verdadeiro movimento. O regime da monarquia produziu uma realidade de marginalização para muita gente. A memória de Davi como rei-pastor funciona, para as vítimas do poder monárquico, como resistência e esperança do estabelecimento de um Reino de justiça e paz.
A 1ª leitura deste domingo consiste numa denúncia à situação privilegiada em que se encontra Davi. Depois de uma trajetória de inúmeras lutas e conflitos, ele se torna rei de Israel, constrói para si uma casa luxuosa e pretende construir um templo magnífico para Deus. Por meio do profeta Natã, porém, Deus lembra a Davi que jamais precisou de uma casa, pois desde o nascimento de Israel sempre morou em tenda, a fim de caminhar com o seu povo, protegê-lo e libertá-lo.
O nó da questão é que Davi, ao conquistar o poder, tende a esquecer-se de suas origens humildes e de sua vocação de pastorear o povo. O projeto de construir um templo para o Senhor revela a intenção de projetar-se politicamente, firmar seu poder e perenizar sua memória. Não é para isso que Deus o chamou, e sim para cuidar da vida do povo. Um templo material para o Senhor revela a pretensão de “apropriar-se” do sagrado e “legitimar” o domínio monárquico sobre o povo, como vai acontecer a partir de Salomão. A habitação em que Deus prefere morar não é a feita de cedro, pois isso significaria afastamento do lugar social onde vivem as pessoas comuns. A habitação humilde em que Deus quer morar é o chão onde se encontra o povo.
Deus, então, indica que a perenidade do reino de Davi se dará por outro caminho. De sua descendência virá o Messias. Seu reino, porém, não será monárquico nem atenderá à expectativa dos dominantes. O messianismo de Jesus revela-se transgressor desde o anúncio do seu nascimento.

2. Evangelho (Lc 1,26-38): A anunciação do Messias

Segundo o Evangelho de Lucas, o anúncio do nascimento de Jesus se dá no “sexto mês” a contar da concepção de João Batista. É evidente a ligação com o “sexto dia” da criação, quando Deus criou o ser humano. Jesus inaugura nova humanidade. O anúncio se dá em Nazaré da Galileia. No Primeiro Testamento não encontramos referência a essa cidade, o que indica ser um lugar sem importância. Ninguém poderia supor que a promessa do Messias seria cumprida por meio de uma jovem camponesa de Nazaré.
Lucas tem clara intenção de contrapor a instituição religiosa oficial localizada em Jerusalém com a cidadezinha de Nazaré, de onde não se esperava nada de bom (cf. Jo 1,46). Maria está comprometida em casamento com José, da descendência de Davi. Cumpre-se a promessa divina conforme o anúncio profético. No evangelho, encontramos várias vezes a expressão “filho de Davi”. Assim, Jesus foi reconhecido pelas multidões como o Messias que, segundo a crença comum, deveria pertencer à linhagem davídica. No entanto, ele é “grande” não por ser “filho de Davi”, e sim por ser “Filho do Altíssimo”. Por isso, “o seu reinado não terá fim”. O reino de Jesus é universal e eterno, não se ancora no poder temporal nem age com a força de nenhum exército. Seu programa está contido em seu nome: Jesus = “Deus salva”.
Com relação a Maria, Lucas não menciona sua ascendência. É uma mulher comum a quem o anjo anuncia que será a mãe de Jesus. A graça de Deus está nela e conceberá o “Filho de Deus” com o poder do Espírito Santo. A “sombra” que cobre Maria lembra a “nuvem” que simbolizava a presença de Deus no meio do seu povo em caminhada pelo deserto rumo à terra prometida. O livro do Êxodo relata também: “A nuvem cobriu a tenda da reunião e a glória do Senhor encheu a habitação” (Ex 40,34).
Maria é a nova habitação de Deus. O anjo Gabriel, mensageiro divino (cujo nome significa “Deus é forte”), anuncia: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra”. Ela é escolhida e agraciada como “sinal” salvífico de Deus, conforme anunciara o profeta Isaías (7,14): “O Senhor vos dará um sinal: eis que a jovem está grávida e dará à luz um filho e dar-lhe-á o nome de Emanuel”. As expressões: “agraciada” e “encontraste graça diante de Deus” revelam que o anúncio se refere à intervenção gratuita e salvadora de Deus em favor da humanidade. Um sinal dessa intervenção já estava em andamento no seio de sua parenta Isabel: uma mulher velha e estéril é capaz de gerar a vida, pois “para Deus nada é impossível”.
A receptividade de Maria ao anúncio do anjo Gabriel não tem nada a ver com passividade. O seu consentimento de fé liga-se com a atitude de serviço. Ao fazer-se serva de Deus, permite que sua Palavra se faça carne nela. Por essa sua atitude de humildade e de entrega ao plano divino, recebemos a graça do Salvador e Maria torna-se modelo para todos nós.

3. II leitura (Rm 16,25-27): Jesus é a revelação de Deus ao mundo

Paulo encerra sua carta aos Romanos com um solene hino de louvor. É a expressão de fé e louvor das comunidades cristãs primitivas, maravilhadas com a bondade divina revelada pela encarnação de Jesus Cristo. Elas se percebem privilegiadas pelo fato de estarem vivenciando em seu tempo a realização da promessa do Messias salvador, conforme anunciada pelos profetas.
Jesus Cristo é a revelação do mistério de Deus “envolvido em silêncio desde os séculos eternos”. É como se Deus abrisse o coração para que todas as nações pudessem conhecer o seu desígnio de amor e salvação. Agora tudo foi revelado, e fica evidente o sentido das Escrituras Sagradas no que se refere ao Messias: é dom de Deus para a salvação universal.
O louvor é para “aquele que tem o poder de confirmar” o evangelho de Jesus Cristo anunciado por Paulo e pelas demais testemunhas oculares. A compreensão verdadeira da pessoa e da obra redentora de Jesus Cristo não se dá meramente pelo esforço humano, tanto de quem anuncia como de quem ouve, e sim pela ação do Espírito Santo. O louvor é para Deus, “o único sábio”, que se dispôs a derramar sua sabedoria sobre todos os povos e redimi-los em Jesus Cristo, mediante a “obediência da fé”.

III. Pistas para reflexão

- A tenda de Deus. Por meio do profeta Natã, Deus esclarece a Davi que sua morada predileta é no meio do povo. Não lhe agrada a construção de um templo magnífico. Desde o início da história do povo de Israel, Deus “desceu” para caminhar com ele. Deus é reconhecido não pelas grandes construções feitas em sua homenagem, pois atrás delas podem se esconder intenções políticas de legitimação do domínio de alguns sobre a maioria. Deus é reconhecido pela fidelidade à sua aliança de amor. Davi não pode se esquecer de sua missão de pastor junto ao povo. Da linhagem desse Davi, pastor humilde, nascerá o Messias, não conforme a expectativa oficial, mas a partir do corpo e do lugar social das pessoas simples e abertas ao amor de Deus…

- Maria, a serva de Deus. A anunciação do anjo Gabriel a Maria refere-se ao dom maior de Deus à humanidade: Jesus Cristo, o salvador do mundo. Deus intervém gratuitamente e de modo soberano. Não foi por meio do templo de Jerusalém nem foi com o aval da religião oficial que o Salvador veio ao mundo, e sim por meio do corpo de uma humilde jovem de Nazaré da Galileia. Nela Deus fez a sua tenda. Por ela Deus revela o seu poder e a sua glória. Em seu seio é gerado o Filho de Deus, o Messias, da descendência de Davi, conforme a promessa feita por meio dos profetas. Pela obediência da fé professada por Maria, a palavra divina torna-se eficaz. A vocação da mãe de Deus ilumina a nossa: também a nós, pelo mesmo Espírito Santo, nos é dado conceber a Jesus, de forma que se torne conhecido e amado no mundo. Inspirados pelo exemplo de Maria, pedimos a Deus que nos transforme em seus servos e servas… Qual concepção temos de Deus: é a de Davi, preocupado em homenageá-lo com obras materiais magníficas, ou a de Maria, que acolhe a sua vontade e se faz sua serva?

- Demos glória a Deus! O coração de Deus abriu-se definitivamente para revelar o seu desígnio de salvação por meio de Jesus Cristo. Todos os povos são contemplados. Todos são agraciados. É o extravasamento do amor divino derramado sobre cada um de nós e sobre toda a criação. Como as primeiras comunidades cristãs, glorificamos a Deus pela plenitude de seu amor, que ele nos concedeu em Jesus Cristo… O que significa louvar a Deus por meio da obediência da fé?

Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
Fonte: Vida Pastoral em 21/12/2014

Meditando o evangelho

A AGRACIADA DE DEUS

O Anjo do Senhor definiu Maria como a repleta de graça. Nesta afirmação, está contido um movimento de dupla direção: de Deus para Maria - de Maria para Deus. E, neste movimento articula-se o mistério divino na vida da mãe de Jesus.
Deus, em seu amor infinito pela humanidade e desejoso oferecer-lhe salvação, escolheu Maria para colaborar no seu plano de salvação. Esta escolha não se explica com parâmetros humanos, mas se perde nos abismos da liberdade divina. Deus concede, à jovem de Nazaré, a riqueza de suas graças: a predispõe a ser sua interlocutora, dando-lhe sensibilidade para captar os apelos divinos e tornando-a capaz de ir além de si mesma para  decidir-se a aceitar o projeto divino de salvação.
Maria, por sua vez, embora elevada a um nível altíssimo de santidade, que lhe fora comunicada pela plenitude da graça divina, conservava a simplicidade e a humildade de quem se sabia servidora. Em seu coração, não houve lugar para a soberba e a vanglória. Agraciada por Deus, mantinha-se no escondimento, não exigindo para si tratamento condizente com sua condição de mãe do Filho de Deus. Bastava-lhe saber-se cumpridora da vontade de Deus, ajudada pela graça que a plenificava. Não ambicionava grandezas mundanas, uma vez que possuía o bem mais precioso: estava repleta do próprio Deus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que minha vida se inspire no exemplo de Maria, em sua disposição para cumprir a vontade de Deus.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Não tenhas medo, Maria!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Um pouco mais e o Natal chegou. Maria e José estão procurando um lugar para colocar o menino. Maria o tem dentro de si e vai dá-lo de presente a toda a humanidade. Do seu seio ela o colocará no seio da humanidade. Ela o colocará no nosso coração. Será que o menino precisa de uma casa? O rei Davi queria construir uma Casa para Deus. Deus não quis e disse a Davi: “Fui eu que tirei você do meio das ovelhas e é você quem vai construir uma casa para mim?”.
Na realidade, Deus não está interessado em ter um Templo. O que ele quer é um lugar para o povo morar sem ser molestado, sem ser oprimido por gente violenta, vivendo uma vida tranquila, sem inimigos. O Senhor é que vai construir uma casa para Davi. Davi não precisa ter medo. Ele pode compor salmos e cantá-los em honra do Senhor Deus, porque “o amor está garantido para sempre”. O Deus que fez uma aliança com Davi é leal. Ele mantém a palavra dada e garante o trono de Davi para sempre. Davi é sincero em seu desejo de construir um Templo para Deus. Ele mesmo tem um palácio bonito e Deus tem apenas uma tenda na qual são feitos os serviços religiosos. O conselheiro de Davi era o profeta Natã, que lhe dizia para fazer o que mandava o seu coração. Deus, porém, tem uma surpresa para Davi. Ele vai construir para seu Filho uma casa inesperada, colocada no meio dos povos, ao alcance de todas as gentes.
A construção da casa de Deus se tornou realidade quando o anjo Gabriel ouviu a resposta de Maria: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Maria é o Templo de Deus. O Espírito Santo vem sobre ela e ela concebe o Filho de Deus. Maria é a Arca da Aliança, o Templo do Deus vivo. Deus não precisa de outra casa. Ele começa a estar onde Maria está, na casa de Nazaré, nas montanhas da Judeia, na cidade de Belém, no Egito, na cruz e em toda parte. O Deus sábio escolheu o corpo de uma mulher para ser o Templo de sua glória. A construção se tornou visível quando ela aceitou colocar o seu corpo a serviço do projeto de Deus. Maria não se julgou dona do seu corpo. Ela o colocou totalmente a serviço de Deus. E assim, do seu corpo saiu o corpo do Salvador.
Fonte: NPD Brasil em 24/12/2017

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. JESUS, O FILHO DE MARIA!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Depois do nome, a referência mais importante de uma pessoa é a sua filiação, filho de fulano e de cicrana, ter uma mãe e um pai, uma origem, algo que está na essência da nossa humanidade, sem essa referência, até da existência se pode duvidar. Quem é ele, filho de quem, onde mora? O Filho de Deus, onipotente, onipresente, onisciente, aceita trilhar o mesmo caminho do homem. A encarnação é obra de Deus, mas que irá acontecer com a colaboração do homem.
O rei Davi era a dinastia mais famosa de Israel, pois unificara o norte e o sul formando um dos maiores impérios do oriente, o povo sonhava com aqueles tempos em que Israel era uma nação respeitada e temida pelas demais, pois o rei Davi impunha respeito, pelo poder do seu numeroso exército, mas acima de tudo por ter sido ungido do Senhor, pois ser rei era uma missão divina. As profecias falavam que o esperado messias era dessa família e que seria igual ou até melhor que Davi, ele era para o povo o braço poderoso de Deus lutando a favor dos pobres, alinhando-se com os homens justos e punindo os maus.
Os grandes acontecimentos ou decisões importantes que representem mudança na vida do povo, só poderiam ocorrer no meio dos poderosos, ao povo cabia ouvir, dizer amém e agüentar as conseqüências. Entretanto a vinda do messias começa a ser articulada entre Deus e uma mocinha pobre da periferia chamada Nazaré, até ela própria fica assustada e surpresa quando percebe que está em suas mãos mudar os rumos da história do seu povo. A mudança dos rumos de uma nação, só começa a acontecer de fato, quando o povo descobre a sua força. Deus nunca seguiu as estruturas humanas para realizar a salvação da humanidade, escolhe como parceiro pessoas fracas, aparentemente incapazes de fazer qualquer mudança.
Por caminhos tortuosos, incompreensíveis para os homens, Deus irá cumprir com a promessa, o noivo de Maria chama-se José e pertence a família do grande rei Davi mas apesar disso, José é um homem do povo, que vive de sua profissão de carpinteiro. E Maria? Quais eram seus planos de vida?
Todos nós temos de ter um projeto de vida, quem não tem, acaba não vivendo bem e nem sabe o sentido da vida. Maria estava prometida em casamento a José, como seu povo ela também esperava o messias, ela também alimentava no coração a esperança de dias melhores.
E em um momento de oração Maria se abre para ouvir a Deus e descobrir a sua vontade a seu respeito. Somente uma fé madura e consciente consegue se abrir diante de Deus e ao mesmo o questiona. Há certas coisas em nossa vida de difícil solução, e que seria tão bom se Deus fizesse do nosso jeito. Não que Deus seja sempre do contra, mas nunca vai ser do nosso jeito. Em Maria vemos o que é realmente a fé, quando não fazemos questão que seja do nosso jeito, mas sim do jeito de Deus, daí é que as coisas vão acontecer. Só que o jeito de Deus não é muito fácil de aceitar porque ultrapassa a lógica humana.
Maria não é casada, não tem marido, quando ela apresenta essa dificuldade o anjo anuncia que as coisas irão acontecer do jeito de Deus e para que Maria possa confiar é lhe dado um sinal, a prima Isabel, avançada em idade e ainda por cima estéril, irá conceber uma criança. Os sinais de Deus nunca seguem a lógica humana, mas é preciso confiar. E Maria aceita totalmente a missão, que não será das mais fáceis, abre mão de todos os seus planos, inclusive o casamento com José, ela aceita o risco de ser acusada de infidelidade, o que poderia fazer com que fosse condenada á morte, caso o noivo a denunciasse.
Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra - Para nós, hoje é muito fácil aceitar e entender essa história. Mas pensemos um pouco em Maria, que não fazia idéia do que vinha pela frente, mas sabia que Deus estava com ela.
Hoje o reino de Deus vai acontecendo e sendo edificado em meio aos homens, na medida em que, como Maria, nós aceitamos o desafio, fazendo de nossa vida uma entrega total e silenciosa nas mãos do Pai. Para isso é sempre preciso renovar a cada dia a decisão em favor de Jesus e seu reino...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra - Lc 1,26-38
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Entramos na preparação imediata do Natal.
Com São Mateus vimos a genealogia e a origem de Jesus, e São José em sua missão de pai adotivo do Menino Jesus. Em São Lucas, encontramos o anjo anunciando a Zacarias o nascimento de João Batista, o anjo anunciando a Maria o nascimento de Jesus e Maria visitando Isabel nas montanhas de Judá. Ouvimos o seu canto de glorificação e ação de graças, vimos o nascimento de João Batista e ouvimos seu pai bendizer o Senhor, Deus de Israel.
E assim chegamos a Belém ao som do canto dos anjos: “Glória a Deus nas alturas”. A liturgia destes dias nos envolve com o clima do Natal e nos faz participar, nos dias de hoje, dos acontecimentos daqueles dias: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco”, disse o anjo a Maria. “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”, acrescentou Isabel. E nós, por nossa vez, nos unimos em súplica e dizemos: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém”. Diz uma tradição que as palavras da segunda parte da Ave-Maria foram ditas pelo carmelita São Simão Stock, em seu leito de morte, no ano de 1265.
Fizemos a caminhada do Advento acompanhados pelo profeta Isaías e por São João Batista. Agora, é Maria quem nos acolhe com o Menino nos braços e o coloca em nossas vidas. Como ela o levou dentro de si de Nazaré às montanhas de Judá, possamos também levá-lo a todos os lugares por onde passarmos e pararmos.
Que nossa presença, portadora do Salvador, seja ocasião de alegria e de cânticos que bendigam o Senhor e o engrandeçam por sua grande misericórdia! A menina de Nazaré tornou-se a Mãe do Salvador com um “sim” generoso e bem-disposto.
Maria é Mãe de todos: dos que a acolhem e dos que a rejeitam, dos que são dóceis e dos que são rebeldes, e cuida de todos. Tornou-se, também, modelo para todos nós, chamados a dizer “sim” à vontade de Deus e aos apelos dos irmãos e irmãs.

HOMILIA

PELO SIM DE MARIA, DEUS SE FAZ CARNE

Deus intervém na vida de Maria e a convida para ser a mãe do salvador do mundo, Jesus Cristo. Jesus se faz corpo no corpo de Maria, verdadeiro santuário que Deus desejava para se hospedar no seio da humanidade. Graças ao sim de Maria, a palavra viva de Deus toma corpo num corpo materno. Com isso, Deus encontra uma casa para morar.
O coração da pessoa é o santuário preferido onde Deus deseja habitar. É o templo vivo, formado por seres humanos, pedras vivas, das quais Maria foi a primeira.
O anjo vai ao encontro da jovem Maria enquanto ela realiza suas tarefas cotidianas. Assim Jesus marca presença lá nas atividades do dia a dia, onde as pessoas vivem, convivem e trabalham. Deus se faz carne para viver junto com os mortais, não para ficar preso nos santuários e trancado nas sacristias. Segundo o papa Francisco, a Igreja não pode ficar fechada em si mesma, mas deve ir ao encontro, abrir-se às necessidades das pessoas, sair do comodismo e buscar as periferias que carecem da luz do evangelho.
A novidade da vinda de Jesus é que ele não nasce de uma personagem poderosa e influente nem em um grande centro político e religioso, mas nasce da generosidade de uma jovem inexperiente e desconhecida e numa vila sem nenhuma importância, Nazaré, de onde nada se esperava.
Ele não vem com poder, como um guerreiro forte e assombroso, nem quer ser um líder triunfalista, mas é o Messias do serviço e da doação. Veio revelar e construir o reino de Deus, reino da paz, da justiça, do amor e da solidariedade.
Deus se faz gente na pobre criança de Nazaré para tornar divino o humano.
Jesus elevou à dignidade de filhos e filhas de Deus todo ser humano que vem ao mundo. É a concretização da comunhão entre o céu e a terra, já não mediante uma instituição, mas por meio de um menino.
Pe. Nilo Luza, SSP
Fonte: Paulus em 21/12/2014

HOMILIA

Alegria: o Senhor está no meio de nós

Com o 4° domingo, o Advento chega ao auge. O evangelho traz o pleno cumprimento de todos os sinais que anunciam a vinda do Salvador. A promessa feita a Davi, de que sua descendência teria seu trono firmado para sempre (2Sm 7; cf. 1ª leitura), realiza-se no filho de Maria, juridicamente inserida, através de seu noivo José (o noivado tinha força jurídica), na descendência de Davi (Lc 1,27). A este filho, Deus dará – embora não do modo que se esperava – o trono de Davi, o governo da casa de Jacó (Israel) para sempre (cf. 2Sm 7,16). Já aprendemos, por estas últimas palavras, que as profecias se cumprem de um modo que a inteligência humana desconhece (1). O modo de Jesus ser o Cristo que reinará para sempre, e o modo em que a casa de Israel se tomará um povo universal, nenhum contemporâneo de Maria o podia imaginar, e mesmo Maria só o vislumbrava como Mistério de Deus. As profecias não são programas a serem executados. São sinais da obra inesperada que Deus está realizando, sinais que a gente só entende plenamente depois da obra realizada.
Outro sinal que a gente reconhece ao reler o A.T. à luz do Evento de Jesus Cristo é a profecia de Is 7,14. Embora o rei Acaz não gostasse de que Deus se intrometesse nos seus negócios políticos, Deus lhe deu um sinal: o nascimento de um filho de uma mulher nova (“virgem”, traduz a versão grega do A.T., usada pelos primeiros cristãos). Esse filho seria chamado Emanuel, “Deus conosco” (cf. Mt 1,23; 4° dom. Adv. A). No tempo de Is, isso significava: nos dias de catástrofe que hão de vir (722 a.C.: destruição do Norte e invasão do Sul pelos assírios), este rapaz de nome Emanuel, nascido como que por ordem de Deus, lembrará que Deus está com o povo. Mas, para quem conhece a história de Jesus, esse sinal reveste um sentido novo. Prefigura o mistério de Deus, a obra de seu “sopro” ou “espírito” vivificador (cf. Gn 2,7; Ez 37,9; Sl 104[l03],29-30) em Maria, suscitando nela um filho que não é fruto da geração humana (Lc 1,34; cf. Mt 1,18-24), mas um presente de Deus à humanidade: sendo obra do Espírito Santo, que veio sobre Maria, este filho é chamado “Santo” e “filho do Altíssimo” (Lc 1,36; cf. as atribuições do filho real em Is 9,5-6; 11,1-5), o filho em que Deus investe todo seu bem-querer (Lc 3,22), enviado e ungido com seu Espírito (4,18). É o verdadeiro e definitivo “Deus conosco”.
Mas o sinal por excelência da realização da promessa é o próprio nascimento do precursor de Cristo, do seio de Isabel, que tinha a fama de ser estéril (1,36). João Batista é “sinal” no sentido mais pleno imaginável: seu nascimento mostra a força do Altíssimo gerando o Salvador; sua missão prepara o caminho para este Salvador; sua pregação anuncia o Reino que o Cristo inaugura.
Ora, a obra de Deus através da História, assinalada pelos referidos sinais, anunciada como plenificando-se na alegre saudação do Anjo, que proclama a plenitude da graça de Deus em Maria (Lc 1,28-30; cf. Sf3,14-15; Zc 2,14 etc.), só se toma fecunda para o homem se este o quiser. Daí, a importância de dizer: “Sim”. Maria, respondendo ao Anjo (representando Deus mesmo) seu Fiat (“Faça-se em mim segundo a tua palavra”; Lc 1,38), colocando-se, como serva, a serviço do Senhor, é a primeira de todos os que, pela adesão da fé, “dão chances” à obra definitiva de Deus em Jesus Cristo. O Fiat de Maria representa a fé da humanidade e a disponibilidade com que a Igreja quer assumir o Mistério de Natal (cf. oração final).
Diante de todos esses sinais, na história de Israel e de Maria, devemos afirmar o que Paulo nos diz na 2ª leitura: em Cristo se toma manifesto o que, desde séculos, as Escrituras, ao mesmo tempo que o assinalavam, escondiam: o Mistério de Deus (Rm 1,25-26; cf. Mt 13,35). Os autores escriturísticos vislumbravam uma presença fiel de Deus nos fatos provisórios da História. Vistos a partir de Jesus Cristo, estes fatos tornam-se indícios do que se manifesta, em plena clareza, nele mesmo, e isto, para todos os povos, ao menos, quando conduzidos pela auscultação da fé (Rm 1,26) Por isso, podemos louvar e agradecer (1,27).
(1.) 0 “recado” de Natã a Davi, de que sua descendência estaria firme para sempre (2Sm 7,16), foi entendido, originariamente, como a certeza de que Israel sempre teria um rei da dinastia davídica, e o nascimento de um filho real é saudado, em Is 9,6, como sendo a confirmação desta promessa. Depois que o Exílio (586-535 a.C.) abolira o reinado, o “para sempre” foi interpretado como significando “de novo”. Israel (reduzido a um pequeno resto, ou seja, a população de Judá, no sul do pais) teria um novo rei (davídico), um novo “ungido” (Messias ou Cristo). Mas o que é anunciado a Maria ultrapassa de longe o que os judeus depois do exílio esperavam.
Fonte Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
Fonte: Liturgia da Palavra 21/12/2014

Homilia do 4º Domingo do Advento, por Pe. Paulo Ricardo



REFLEXÕES DE HOJE

20 DE DEZEMBRO-DOMINGO


HOMILIA DIÁRIA

Seja você o lugar da morada de Deus

Seja você o lugar da morada de Deus! Maria traduz santidade, traduz a presença de Deus, transmite fidelidade a Deus, transmite o lugar que precisamos ser para Deus entrar e habitar.

“O anjo, então, disse-lhe: ‘Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus’” (Lucas 1, 30-31).

Deus escolheu uma casa, uma habitação, um lugar para morar no meio de nós. Deus escolheu uma tenda para habitar em meio à nossa humanidade perdida, sofrida, machucada por causa do pecado. Deus precisava de uma casa nova, pura e santificada; o lugar onde Ele habitaria no meio de meio de nós, por isso o Ele próprio escolheu o ventre de Maria.
O ventre de Maria é o solo sagrado, o lugar santo, é o lugar da habitação de Deus no meio de nós! Assim como o Senhor já havia prometido a Davi que permaneceria para sempre em sua casa, que repousaria na sua casa – Maria é o lugar por excelência do cumprimento das profecias divinas. É nela que a Palavra de Deus se cumpre no sentido mais pleno.
Deus quis estar entre nós e quis precisar do ventre, do ser; quis precisar de Maria para fazer este intercâmbio entre o céu e a terra. Não é que nós queremos louvar Maria, exaltá-la; não, nós queremos reconhecer a grandeza de Deus que olhou para a pequenez de Sua serva, nós queremos reconhecer a bondade d’Ele, que teve misericórdia e compaixão de nós ao escolher Seus meios e Seus caminhos para habitar em meio a nossa humanidade.
Maria é a primeira redimida, a primeira salva, a primeira escolhida, a primeira abençoada. Nela está toda a humanidade, que precisa ser salva e redimida. Se o solo, o ser de Maria, é o solo sagrado de Deus, Ele quer também que a nossa casa, o nosso lar e a nossa família sejam também sagrados e abençoados!
Quero convidá-lo para que, neste Natal, você traga esse lugar abençoado de Deus para dentro da sua casa. Sim, receba Maria em sua casa, receba aquela que é a portadora de Deus, receba aquela que se tornou o lugar de habitação e morada de Deus por excelência. Eu tenho certeza de que a sua casa vai se tornar um lugar sagrado e abençoado.
Quando eu vejo a imagem da Virgem Maria não paro na imagem, eu paro naquilo que a imagem traduz para mim. Maria traduz santidade, traduz a presença de Deus, ela transmite fidelidade a Deus, transmite o lugar que precisamos ser para Deus entrar e habitar. Eu quero olhar para ela, a Bem-aventurada, sempre Virgem Maria, e a seu exemplo, a seu modo e à sua maneira, eu quero também ser o lugar da morada de Deus!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 21/12/2014

Oração Final
Pai Santo, nós agradecemos pela Encarnação de tua Palavra em Jesus de Nazaré. Prepara nossos corações para que ele seja morada digna do Cristo. Que sejamos mansos e humildes, mas corajosos e alegres para anunciar teu Reino de Amor que chega. Pelo Cristo Jesus, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/12/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nós agradecemos pela Encarnação de tua Palavra Criadora em Jesus de Nazaré. Prepara nossos corações para que ele seja morada digna do Cristo. Que sejamos mansos e humildes, mas corajosos e alegres para anunciar teu Reino de Amor que chega com Ele. Pelo mesmo Cristo Jesus, que contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/12/2017

ORAÇÃO FINAL
Pai de bondade, a Ti nós clamamos: – Vem depressa! Celebramos hoje o último domingo deste tempo do Advento. Já vem próxima a Noite Santa em que o Verbo, teu Filho amado, se faz Criança para viver entre nós, nesta terra que criaste, entregando-a ao nosso cuidado. Aumenta a nossa veneração pelo grande Mistério: o Criador se faz criatura! Pelo mesmo Cristo Jesus, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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