domingo, 21 de dezembro de 2014

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 21/12/2014

ANO B


Lc 1,26-38

Comentário do Evangelho

Maria experimenta Deus vivendo nela

Davi queria construir um templo para abrigar a arca da Aliança. Através da arca, que continha as tábuas da Lei, o povo experimentava a presença de Deus. Sobre a sua intenção de construir referido templo, ele consulta o profeta Natã, o mesmo que denunciou o grave pecado do rei. No entanto, a resposta de Natã a Davi não agradou a Deus: “realiza o projeto que tens no coração”. Deus faz Natã voltar atrás e comunicar a Davi o que Ele deseja. Deus não é prisioneiro de nossos projetos nem tampouco de nossos caprichos. Davi invertia a ordem das coisas: não era ele o benfeitor de Deus, mas Deus quem era o benfeitor de Davi. O mal de Davi era a sua vaidade. Se Deus, à época, rejeita para si um santuário, é porque o seu Filho, encarnado para a salvação de toda a humanidade, será o lugar de sua habitação.
Na tradição da Igreja, a “arca da Aliança” é Maria, pois ela carregou no seu próprio seio a Palavra encarnada do Pai. Se Maria é a arca, Jesus é, como dissemos acima, o “Templo” no qual Deus habita e é encontrado. Nesse “Templo” não há o véu que esconde o rosto de Deus, pois Ele é a imagem do Deus invisível (Cl 1,15). Estando diante dele, se está diante de Deus (cf. Jo 14,9). O texto do anúncio do anjo a Maria é surpreendente. É Deus quem toma a iniciativa de vir ao encontro do ser humano para fazê-lo participar da obra do seu amor. O relato, tomado no seu conjunto, mostra que Deus vai manifestando e fazendo compreender o seu projeto de amor num diálogo permanente com o ser humano. É em nossa história pessoal que Deus trava um diálogo conosco, como fez com Maria, para nos dar a possibilidade de participar de sua própria vida. Gerando, segundo a carne, o Filho de Deus, Maria experimenta Deus vivendo nela, e ela se experimenta participando da vida divina. No dinamismo da encarnação, em que a criação chega à sua plenitude, Deus quis contar com o ser humano. Nem a esterilidade de Isabel nem tampouco a virgindade de Maria foram impedimentos para que Deus cumprisse a sua palavra. A liberdade do ser humano poderia ter sido um impedimento. No entanto, em Maria, ícone da Igreja, Deus encontra o “sim”, a adesão humana necessária para que o seu Verbo tivesse uma existência histórica, como membro de um povo.
Pe. Contieri
Oração
Infundi Senhor em nossos corações a vossa graça, para que, conhecendo pela anunciação do anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e morte, à glória da ressurreição.

Vivendo a Palavra

Voltamos à casinha de Nazaré, refúgio para nossas angústias, medos e ansiedades e, na doce companhia de Maria, preparemo-nos para a chegada do Menino Deus aos nossos corações. Que a nossa presença no mundo seja o anúncio vivo da Libertação que Ele nos trouxe e que cabe a nós partilhar.
Homilia do 4º Domingo do Advento (21.12.14)
Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista

“Seu Reino não terá fim”
Descendente de Davi
O nascimento de Jesus não é um ato isolado na história da humanidade. Acontece em continuação às maravilhosas intervenções de Deus na História do povo de Israel, com destinação a todos os povos.
Deus preparou o nascimento de seu Filho na Humanidade, escolhendo para si um povo e neste, uma família cujo patriarca rei Davi recebe a promessa de uma herança eterna que vai acontecer em Jesus. Davi quis construir uma casa, isto é, um templo para Deus.
E Deus responde através do profeta Natã: “O Senhor anuncia que Ele te fará uma casa...
Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre” (2Sm7,11.16).
É o que rezamos no salmo 88: “Fiz um juramento a Davi, meu servidor. Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem, de geração em geração garantirei teu reinado... Com ele firmarei minha aliança indissolúvel”.
No anúncio a Maria Lucas diz que José “é descendente de Davi” (Lc 1,27). Falando do Menino que iria conceber proclama: “Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu Pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 32-33).
Filho de Davi segundo a carne, Filho de Deus, segundo o Espírito: “Ele será chamado Filho do Altíssimo... O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra (presença de Deus), Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus” (Lc 1,32.35). Cumprem-se as profecias de um Salvador, Messias, Filho de Deus.
Maria é virgem, pois Ele é Filho de Deus. Ela é a humanidade que acolhe a Divindade. É a Divindade que assume a Humanidade. É o momento da salvação. A carne se une a Deus.

Casa aberta a todos

O nascimento durante o recenseamento o coloca na lista entre todos os homens. Os Anjos que cantam anunciam que pertence à Glória de Deus. Faz parte do povo por ser da casa e família de Davi. Na fé se faz mistério aberto a todos conforme as Escrituras proféticas (Rm 16,25-37).
Com sua Morte e Ressurreição completa a promessa de abrir o santuário de Deus a todos. Em Cristo todos podem ter acesso ao Pai. O anúncio do Anjo nos abre ao universalismo da fé. Como o seio virgem de Maria concebeu e como o ventre morto de Isabel gerou, o seio da humanidade murcho pelo pecado pode conter o Filho do Criador e gerá-Lo pelo Espírito a todo Universo.
Todos são chamados a ir a Belém para ver o que aconteceu e o que o Senhor deu a conhecer (Lc 2,15). Esses são em primeiro lugar os que são necessitados. Maria sintetiza em si a vocação de todo cristão: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim seguindo a tua palavra”.
A missão de Jesus Ele a realiza como serviço, fazendo a vontade do Pai. A porta que abre a todos o caminho é realizar a vontade do Pai, como o fez Jesus.
Assim implantou o Reino e nos fez casa de Deus. Maria, casa de ouro Maria tornou-se casa de Deus. É casa de ouro. O ouro está na beleza de sua abertura a Deus que a quis como sua casa.
É preciosa porque concebe o Filho de Deus e concebe a Palavra do Filho. Maria sintetiza em si esse momento de salvação. Traz Deus a nós e nos leva a Deus em sua própria carne. Ela é um sacramento em união a seu Filho sacramento do Pai.
Nos sinais humanos do Filho leva-nos ao Divino que é. O Mistério que a envolveu ela O distribui como Mãe generosa a seus filhos. Na preparação do Natal do Senhor, somos chamados a viver a abertura para que o Verbo eterno reine sobre nós.

Leituras: 2° Samuel 7,1-5;8b-12.14ª.16; Salmo 88; Romanos 16,25-27;Lucas 1,26-38
Ficha nº 1398 - Homilia do 4º Domingo do Advento (21.12.14)

Deus preparou o nascimento de seu Filho escolhendo um povo. Neste escolheu uma família, de Davi a quem prometeu uma casa eterna. No anúncio do nascimento de Jesus é lembrando que é da família de Davi.
No seio de Maria, na pessoa do Filho se cumpre a promessa de um Salvador que como Deus se une à humanidade. É o momento da Salvação. No recenseamento Jesus é parte da Humanidade. Pertence à Glória de Deus. Faz parte da família de Davi. Abre o santuário a todos.
Por Cristo temos acesso ao Pai. É o universalismo da fé. Jesus realiza sua missão como serviço fazendo a vontade do Pai. A porta que abre a todos o caminho é realizar a vontade do Pai, como fez Jesus. Maria tornou-se casa de Deus, casa de ouro beleza de sua abertura a Deus que a quis como sua casa. E concebe o Filho e a Palavra do Filho.
Maria sintetiza em si esse momento de salvação: traz Deus a nós e nos leva a Deus em sua própria carne. O Mistério que recebeu ela o distribui como Mãe generosa. Somos chamados a viver a abertura para que o Verbo eterno reine sobre nós.

Construindo uma casa

Começamos a preparação imediata para o Santo Natal. Deus esteve sempre presente no meio de seu povo. Agora de um modo diferente. A Palavra de Deus usa a imagem da casa, isto é, uma família que continua.
No Antigo Testamento estava no templo. Davi quis construir uma para Deus, pois ele tinha a sua de cedro e o templo, a casa de Deus funcionava numa tenda, isso havia já 300 anos.
Deus responde: Eu é que vou construir uma casa para você, isto é, a família de Davi permanecerá para sempre. E Jesus é da família de Davi e permanece para sempre. O Anjo diz a Maria que seu Reino não teria fim. Este Reino é para todos os povos. O Anjo anuncia a Maria que ela seria a mãe do filho de Deus que nasceria. Ele é Filho do Altíssimo.
Como se realizou este fato tão grande? O Espírito Santo te cobrirá com sua sombra, diz o Anjo. Sombra significa a presença de Deus. Nós participamos do Natal quando fazemos como Maria: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim, segundo tua palavra”.

Comentário do Evangelho

A AGRACIADA DE DEUS

O Anjo do Senhor definiu Maria como a repleta de graça. Nesta afirmação, está contido um movimento de dupla direção: de Deus para Maria - de Maria para Deus. E, neste movimento articula-se o mistério divino na vida da mãe de Jesus.
Deus, em seu amor infinito pela humanidade e desejoso oferecer-lhe salvação, escolheu Maria para colaborar no seu plano de salvação. Esta escolha não se explica com parâmetros humanos, mas se perde nos abismos da liberdade divina. Deus concede, à jovem de Nazaré, a riqueza de suas graças: a predispõe a ser sua interlocutora, dando-lhe sensibilidade para captar os apelos divinos e tornando-a capaz de ir além de si mesma para decidir-se a aceitar o projeto divino de salvação.
Maria, por sua vez, embora elevada a um nível altíssimo de santidade, que lhe fora comunicada pela plenitude da graça divina, conservava a simplicidade e a humildade de quem se sabia servidora. Em seu coração, não houve lugar para a soberba e a vanglória. Agraciada por Deus, mantinha-se no escondimento, não exigindo para si tratamento condizente com sua condição de mãe do Filho de Deus. Bastava-lhe saber-se cumpridora da vontade de Deus, ajudada pela graça que a plenificava. Não ambicionava grandezas mundanas, uma vez que possuía o bem mais precioso: estava repleta do próprio Deus.
Oração
Senhor Jesus, que minha vida se inspire no exemplo de Maria, em sua disposição para cumprir a vontade de Deus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações para que, conhecendo pela mensagem do anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES DE HOJE


DIA 21 DE DEZEMBRO -  DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO
http://homiliadominical2.blogspot.com.br/
21 de dezembro – 4º DOMINGO DO ADVENTO
Por Celso Loraschi

I. Introdução geral

Neste 4º e último domingo do Advento, meditamos sobre a anunciação do Senhor, conforme relata o Evangelho de Lucas. O Salvador encarna-se no mundo pela via não oficial. Ele é concebido no seio de Maria, camponesa de uma pequena cidade sem importância de uma região marginalizada: Nazaré da Galileia. O Espírito Santo de Deus encontra em Maria a acolhida necessária para gerar o Filho de Deus: “Eu sou a serva do Senhor…”. Jesus é da descendência de Davi, conforme a promessa feita por Deus por meio do profeta Natã. Davi foi escolhido por Deus para pastorear o povo, e não para projetar-se mediante magníficas construções. Não precisa construir um templo para Deus, e sim adorá-lo pela fidelidade à missão recebida. É a vida das pessoas que interessa a Deus. Ele as liberta e as protege. Por isso, prefere morar no meio do povo (I leitura). Jesus é o extravasamento do amor divino derramado sobre todos os povos. Ele nos foi dado a conhecer pelos anúncios proféticos e pela bondade e sabedoria de Deus, a quem queremos glorificar eternamente (II leitura). Entrando na semana do Natal, na mesma disposição de Maria, a mãe de Jesus e nossa, queremos acolher o Salvador e dizer-lhe com o coração e com a vida: “Eis aqui os servos e as servas do Senhor…”.

II. Comentário dos textos bíblicos

1. I leitura (2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16): A tenda de Deus
A história de Davi, ao longo da Bíblia, vai sendo contada e recontada pelas sucessivas gerações. Ao redor dessa personagem cria-se verdadeiro movimento. O regime da monarquia produziu uma realidade de marginalização para muita gente. A memória de Davi como rei-pastor funciona, para as vítimas do poder monárquico, como resistência e esperança do estabelecimento de um Reino de justiça e paz.
A 1ª leitura deste domingo consiste numa denúncia à situação privilegiada em que se encontra Davi. Depois de uma trajetória de inúmeras lutas e conflitos, ele se torna rei de Israel, constrói para si uma casa luxuosa e pretende construir um templo magnífico para Deus. Por meio do profeta Natã, porém, Deus lembra a Davi que jamais precisou de uma casa, pois desde o nascimento de Israel sempre morou em tenda, a fim de caminhar com o seu povo, protegê-lo e libertá-lo.
O nó da questão é que Davi, ao conquistar o poder, tende a esquecer-se de suas origens humildes e de sua vocação de pastorear o povo. O projeto de construir um templo para o Senhor revela a intenção de projetar-se politicamente, firmar seu poder e perenizar sua memória. Não é para isso que Deus o chamou, e sim para cuidar da vida do povo. Um templo material para o Senhor revela a pretensão de “apropriar-se” do sagrado e “legitimar” o domínio monárquico sobre o povo, como vai acontecer a partir de Salomão. A habitação em que Deus prefere morar não é a feita de cedro, pois isso significaria afastamento do lugar social onde vivem as pessoas comuns. A habitação humilde em que Deus quer morar é o chão onde se encontra o povo.
Deus, então, indica que a perenidade do reino de Davi se dará por outro caminho. De sua descendência virá o Messias. Seu reino, porém, não será monárquico nem atenderá à expectativa dos dominantes. O messianismo de Jesus revela-se transgressor desde o anúncio do seu nascimento.

2. Evangelho (Lc 1,26-38): A anunciação do Messias
Segundo o Evangelho de Lucas, o anúncio do nascimento de Jesus se dá no “sexto mês” a contar da concepção de João Batista. É evidente a ligação com o “sexto dia” da criação, quando Deus criou o ser humano. Jesus inaugura nova humanidade. O anúncio se dá em Nazaré da Galileia. No Primeiro Testamento não encontramos referência a essa cidade, o que indica ser um lugar sem importância. Ninguém poderia supor que a promessa do Messias seria cumprida por meio de uma jovem camponesa de Nazaré.
Lucas tem clara intenção de contrapor a instituição religiosa oficial localizada em Jerusalém com a cidadezinha de Nazaré, de onde não se esperava nada de bom (cf. Jo 1,46). Maria está comprometida em casamento com José, da descendência de Davi. Cumpre-se a promessa divina conforme o anúncio profético. No evangelho, encontramos várias vezes a expressão “filho de Davi”. Assim, Jesus foi reconhecido pelas multidões como o Messias que, segundo a crença comum, deveria pertencer à linhagem davídica. No entanto, ele é “grande” não por ser “filho de Davi”, e sim por ser “Filho do Altíssimo”. Por isso, “o seu reinado não terá fim”. O reino de Jesus é universal e eterno, não se ancora no poder temporal nem age com a força de nenhum exército. Seu programa está contido em seu nome: Jesus = “Deus salva”.
Com relação a Maria, Lucas não menciona sua ascendência. É uma mulher comum a quem o anjo anuncia que será a mãe de Jesus. A graça de Deus está nela e conceberá o “Filho de Deus” com o poder do Espírito Santo. A “sombra” que cobre Maria lembra a “nuvem” que simbolizava a presença de Deus no meio do seu povo em caminhada pelo deserto rumo à terra prometida. O livro do Êxodo relata também: “A nuvem cobriu a tenda da reunião e a glória do Senhor encheu a habitação” (Ex 40,34).
Maria é a nova habitação de Deus. O anjo Gabriel, mensageiro divino (cujo nome significa “Deus é forte”), anuncia: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra”. Ela é escolhida e agraciada como “sinal” salvífico de Deus, conforme anunciara o profeta Isaías (7,14): “O Senhor vos dará um sinal: eis que a jovem está grávida e dará à luz um filho e dar-lhe-á o nome de Emanuel”. As expressões: “agraciada” e “encontraste graça diante de Deus” revelam que o anúncio se refere à intervenção gratuita e salvadora de Deus em favor da humanidade. Um sinal dessa intervenção já estava em andamento no seio de sua parenta Isabel: uma mulher velha e estéril é capaz de gerar a vida, pois “para Deus nada é impossível”.
A receptividade de Maria ao anúncio do anjo Gabriel não tem nada a ver com passividade. O seu consentimento de fé liga-se com a atitude de serviço. Ao fazer-se serva de Deus, permite que sua Palavra se faça carne nela. Por essa sua atitude de humildade e de entrega ao plano divino, recebemos a graça do Salvador e Maria torna-se modelo para todos nós.

3. II leitura (Rm 16,25-27): Jesus é a revelação de Deus ao mundo
Paulo encerra sua carta aos Romanos com um solene hino de louvor. É a expressão de fé e louvor das comunidades cristãs primitivas, maravilhadas com a bondade divina revelada pela encarnação de Jesus Cristo. Elas se percebem privilegiadas pelo fato de estarem vivenciando em seu tempo a realização da promessa do Messias salvador, conforme anunciada pelos profetas.
Jesus Cristo é a revelação do mistério de Deus “envolvido em silêncio desde os séculos eternos”. É como se Deus abrisse o coração para que todas as nações pudessem conhecer o seu desígnio de amor e salvação. Agora tudo foi revelado, e fica evidente o sentido das Escrituras Sagradas no que se refere ao Messias: é dom de Deus para a salvação universal.
O louvor é para “aquele que tem o poder de confirmar” o evangelho de Jesus Cristo anunciado por Paulo e pelas demais testemunhas oculares. A compreensão verdadeira da pessoa e da obra redentora de Jesus Cristo não se dá meramente pelo esforço humano, tanto de quem anuncia como de quem ouve, e sim pela ação do Espírito Santo. O louvor é para Deus, “o único sábio”, que se dispôs a derramar sua sabedoria sobre todos os povos e redimi-los em Jesus Cristo, mediante a “obediência da fé”.

III. Pistas para reflexão

- A tenda de Deus. Por meio do profeta Natã, Deus esclarece a Davi que sua morada predileta é no meio do povo. Não lhe agrada a construção de um templo magnífico. Desde o início da história do povo de Israel, Deus “desceu” para caminhar com ele. Deus é reconhecido não pelas grandes construções feitas em sua homenagem, pois atrás delas podem se esconder intenções políticas de legitimação do domínio de alguns sobre a maioria. Deus é reconhecido pela fidelidade à sua aliança de amor. Davi não pode se esquecer de sua missão de pastor junto ao povo. Da linhagem desse Davi, pastor humilde, nascerá o Messias, não conforme a expectativa oficial, mas a partir do corpo e do lugar social das pessoas simples e abertas ao amor de Deus…
- Maria, a serva de Deus. A anunciação do anjo Gabriel a Maria refere-se ao dom maior de Deus à humanidade: Jesus Cristo, o salvador do mundo. Deus intervém gratuitamente e de modo soberano. Não foi por meio do templo de Jerusalém nem foi com o aval da religião oficial que o Salvador veio ao mundo, e sim por meio do corpo de uma humilde jovem de Nazaré da Galileia. Nela Deus fez a sua tenda. Por ela Deus revela o seu poder e a sua glória. Em seu seio é gerado o Filho de Deus, o Messias, da descendência de Davi, conforme a promessa feita por meio dos profetas. Pela obediência da fé professada por Maria, a palavra divina torna-se eficaz. A vocação da mãe de Deus ilumina a nossa: também a nós, pelo mesmo Espírito Santo, nos é dado conceber a Jesus, de forma que se torne conhecido e amado no mundo. Inspirados pelo exemplo de Maria, pedimos a Deus que nos transforme em seus servos e servas… Qual concepção temos de Deus: é a de Davi, preocupado em homenageá-lo com obras materiais magníficas, ou a de Maria, que acolhe a sua vontade e se faz sua serva?
- Demos glória a Deus! O coração de Deus abriu-se definitivamente para revelar o seu desígnio de salvação por meio de Jesus Cristo. Todos os povos são contemplados. Todos são agraciados. É o extravasamento do amor divino derramado sobre cada um de nós e sobre toda a criação. Como as primeiras comunidades cristãs, glorificamos a Deus pela plenitude de seu amor, que ele nos concedeu em Jesus Cristo… O que significa louvar a Deus por meio da obediência da fé?

Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
21 de dezembro: 4º Domingo do Advento
PELO SIM DE MARIA, DEUS SE FAZ CARNE
Deus intervém na vida de Maria e a convida para ser a mãe do salvador do mundo, Jesus Cristo. Jesus se faz corpo no corpo de Maria, verdadeiro santuário que Deus desejava para se hospedar no seio da humanidade. Graças ao sim de Maria, a palavra viva de Deus toma corpo num corpo materno. Com isso, Deus encontra uma casa para morar.
O coração da pessoa é o santuário preferido onde Deus deseja habitar. É o templo vivo, formado por seres humanos, pedras vivas, das quais Maria foi a primeira.
O anjo vai ao encontro da jovem Maria enquanto ela realiza suas tarefas cotidianas. Assim Jesus marca presença lá nas atividades do dia a dia, onde as pessoas vivem, convivem e trabalham. Deus se faz carne para viver junto com os mortais, não para ficar preso nos santuários e trancado nas sacristias. Segundo o papa Francisco, a Igreja não pode ficar fechada em si mesma, mas deve ir ao encontro, abrir-se às necessidades das pessoas, sair do comodismo e buscar as periferias que carecem da luz do evangelho.
A novidade da vinda de Jesus é que ele não nasce de uma personagem poderosa e influente nem em um grande centro político e religioso, mas nasce da generosidade de uma jovem inexperiente e desconhecida e numa vila sem nenhuma importância, Nazaré, de onde nada se esperava.
Ele não vem com poder, como um guerreiro forte e assombroso, nem quer ser um líder triunfalista, mas é o Messias do serviço e da doação. Veio revelar e construir o reino de Deus, reino da paz, da justiça, do amor e da solidariedade.
Deus se faz gente na pobre criança de Nazaré para tornar divino o humano.
Jesus elevou à dignidade de filhos e filhas de Deus todo ser humano que vem ao mundo. É a concretização da comunhão entre o céu e a terra, já não mediante uma instituição, mas por meio de um menino.
Pe. Nilo Luza, SSP
Reflexão:
Pistas para a reflexão:

I leitura: Deus quer caminhar com seu povo, e não ficar trancado no templo.
II leitura: O mistério de Deus se revela à humanidade em Jesus encarnado.
Evangelho: Maria aceita a proposta de ser a mãe de Jesus.
http://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria/dia-21-domingo-5#.VJb2Sl4AA
DOMINGO, 21 DE DEZEMBRO DE 2014
Homilia do 4º Domingo do Advento, por Pe. Paulo Ricardo


As virtudes de Nossa Senhora

O Evangelho escolhido para este Domingo, que antecede a grande solenidade do Natal, é o da Anunciação do Anjo e Encarnação de Deus.
Em primeiro lugar, o diálogo entre o anjo Gabriel e Maria Santíssima é espelho de outro que acontece na eternidade, entre o Pai e o Filho. É sabido que Deus Pai quis enviar o Seu Filho ao mundo, conforme está escrito: "De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" [1]. Este decreto do Pai, no entanto, foi acolhido humildemente pelo Filho. Assim como a Virgem respondeu ao anjo: "Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum – Eis aqui a escrava do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra", o Autor Sagrado põe nos lábios de Cristo as palavras do salmista: "Eis que eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade" [2].
Mas, às portas do Natal, por que recordar uma narrativa de nove meses atrás (afinal, a Igreja celebra a Anunciação no dia 25 de março)? A resposta está em que todos os cristãos são chamados a imitar as virtudes de Nossa Senhora, a fim de bem celebrar o Santo Natal. O Catecismo Maior de São Pio X, ao responder "quais são as virtudes que a Santíssima Virgem mostrou, de modo especial, ao receber a mensagem do Anjo São Gabriel", ensina: "Ao receber a mensagem do Anjo São Gabriel, a Santíssima Virgem mostrou, de modo especial: pureza admirável, humildade profunda, fé e obediência perfeita."
Primeiro, Nossa Senhora mostrou "pureza admirável". Quando o anjo lhe anunciou que seria a mãe do Salvador, ela não colocou nenhuma objeção ao poder de Deus – que sabia ser onipotente –, mas apenas perguntou: "Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?" Também nós somos chamados a imitar a inocência da Virgem Santíssima. A principal e mais concreta forma de fazê-lo é por meio de uma boa Confissão. Para bem receber Nosso Senhor neste Natal, nada melhor do que purificar o coração por meio deste sacramento.
Segundo, Nossa Senhora mostrou "humildade profunda". Quando o anjo a saudou, dizendo: "Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo", ela "perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação". Diante das palavras elogiosas do anjo, ela não se ensoberbeceu. Assim como Cristo "não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo" [3], Maria Santíssima "não se apegou", por assim dizer, ao fato de ser "cheia de graça" e imaculada, mas reconheceu-se como "escrava do Senhor". Olhando para o mistério do Natal e para a humildade de Jesus e de sua mãe, devemos imitá-los e lutar contra a nossa soberba.
Terceiro, Nossa Senhora mostrou "fé e obediência perfeita". Assim como Cristo fez-se "obediente até a morte – e morte de cruz" [4], a Virgem Santíssima pediu que se fizesse nela "segundo a tua palavra". Diante da obediência dos dois, também nós devemos obedecer, manifestando dia a dia a nossa fé e fidelidade aos planos de Deus – ainda que permaneçam misteriosos para nós.
A propósito, quando se fala que os mistérios de Deus são incompreensíveis, não é porque eles são irracionais, mas porque são suprarracionais. Quando o Senhor mostra o que é e o que faz, as criaturas são ofuscadas por Sua luz. Por isso, às vezes fica mais fácil contemplar o mistério do Natal – do Deus que Se faz servo – à luz do "sim" de Maria Santíssima.
Sigamos então o exemplo de Nossa Senhora: na pureza, preparando o nosso coração por meio da Confissão; na humildade, descobrindo que o Natal é obra gratuita da bondade divina; e na obediência, procurando ser fiel aos projetos de Deus para o ano que se avizinha. Quem sabe, em 2015, Deus pedirá de nós o heroísmo do martírio? Ou o testemunho silencioso do dia a dia? Desde já, adoremos os decretos de Deus, antes mesmo de conhecê-los.

Referências:
Jo 3, 16.
Hb 10, 7; Sl 40, 8-9.
Fl 2, 6-7.
Fl 2, 8.
Liturgia de 21.12.2014 - 4º Domingo do Advento - Ano B
Canal do Youtube
Dermeval Neves


A voz do Pastor - 4º Domingo do Advento - Domingo 21/12/2014
Canal do Youtube


Eis que conceberás e darás à luz um filho.

Infundi Senhor em nossos corações a vossa graça,
para que, conhecendo pela anunciação do anjo
a encarnação do vosso Filho, cheguemos,
por sua paixão e morte, à glória da ressurreição.

REFLEXÃO
Filho de Davi e filho de Deus
Uma história antiga. Por volta do ano 1000ª.C., o Rei Davi consegue firmar seu “império” e pensa em construir uma “casa” para Deus, um templo. Mas Deus manda o profeta Natã dizer a Davi que ele não é de viver em templo: acompanhou o povo de Israel pelo deserto numa tenda, a Tenda da Aliança. E mais: ele, Deus, vai construir uma casa para Davi – casa no sentido de família, descendência. E então, Deus será como um pai para o descendente do rei (1ª leitura).
Mil anos depois, Deus se mostra fiel à sua promessa. Vive em Nazaré um descendente remoto de Davi. Chama-se José. Tem uma noiva, Maria. Nesta, ligada à casa de Davi por ser noiva do descendente, Deus quer suscitar, pela misteriosa ação de seu Espírito, o prometido “filho de Davi”. Conforme a promessa, Deus será um pai para o prometido, que será para ele um filho: o “Filho do Altíssimo”, o Messias (Lc 1,32, evangelho). Maria não consegue imaginar como isso será possível. Ela nem está convivendo com José. Então, Deus lhe dá um sinal para mostrar que ela pode confiar em sua palavra. Faz-lhe conhecer a gravidez de sua parenta Isabel, que era estéril. E Maria, confiante na fidelidade de Deus, dá o seu “sim”: “Aconteça-me segundo a tua palavra” (1,38).
Deus dá sinais. As profecias, que revelam o modo de agir de Deus, são sinais de fidelidade de Deus (2ª leitura). Que de Maria nasça um remoto “filho de Davi” é um sinal de que ele é “Filho de Deus”, obra de Deus na humanidade. Ora, para realizar seu projeto, Deus se expõe ao “sim” dessa mocinha do povo. Assim, o “Filho de Deus” será um verdadeiro “filho da humanidade”, alguém que faça parte de nossa história e nos liberte de verdade. Só o que é assumido pode ser salvo, diz Sto. Irineu. Se Jesus não fosse verdadeiro filho da humanidade, nossa salvação nele seria mera ficção.
Não expliquemos. Contemplemos. “Revelação de um mistério envolvido em silêncio desde os séculos eternos”… (Rm 1,25). Não peçamos a Deus que ele justifique seu modo de agir para os nossos critérios “científicos”. Quanto sabemos das coisas da criação… e das do Criador? Admiremos o modo de Deus se tornar presente. E, sobretudo, não queiramos fazer da mãe de Jesus uma Maria qualquer. Será que temos medo de reconhecer que, em algumas pessoas, Deus faz coisas especiais? Estamos com ciúmes? Ora, não acha cada qual a sua namorada excepcional em comparação com as outras moças?
Não neguemos a Deus esse prazer…
Essa admiração, porém, não é alienação. Só por ser verdadeiramente humano é que Jesus realiza entre nós uma missão verdadeiramente divina. Pois se fosse um anjo, nada teria a ver conosco. Jesus é tão humano como só Deus pode ser. Que ele é descendente de Davi significa que ele resume em si toda a história humana. Resume, recapitula, reescreve essa história. A história de Adão, a história de Davi, o “reinado”, da comunidade humana política e socialmente organizada. Será que desta vez vai dar certo – menos guerra, adultérios, idolatrias…? Da sua parte, a “qualidade divina” da obra está garantida. Deus está com ele, “Emanuel”. Mas, e da nossa parte?
Fonte Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes


HOMILIA - Lc 1,26-38
Alegria: o Senhor está no meio de nós
Com o 4° domingo, o Advento chega ao auge. O evangelho traz o pleno cumprimento de todos os sinais que anunciam a vinda do Salvador. A promessa feita a Davi, de que sua descendência teria seu trono firmado para sempre (2Sm 7; cf. 1ª leitura), realiza-se no filho de Maria, juridicamente inserida, através de seu noivo José (o noivado tinha força jurídica), na descendência de Davi (Lc 1,27). A este filho, Deus dará – embora não do modo que se esperava – o trono de Davi, o governo da casa de Jacó (Israel) para sempre (cf. 2Sm 7,16). Já aprendemos, por estas últimas palavras, que as profecias se cumprem de um modo que a inteligência humana desconhece (1). O modo de Jesus ser o Cristo que reinará para sempre, e o modo em que a casa de Israel se tomará um povo universal, nenhum contemporâneo de Maria o podia imaginar, e mesmo Maria só o vislumbrava como Mistério de Deus. As profecias não são programas a serem executados. São sinais da obra inesperada que Deus está realizando, sinais que a gente só entende plenamente depois da obra realizada.
Outro sinal que a gente reconhece ao reler o A.T. à luz do Evento de Jesus Cristo é a profecia de Is 7,14. Embora o rei Acaz não gostasse de que Deus se intrometesse nos seus negócios políticos, Deus lhe deu um sinal: o nascimento de um filho de uma mulher nova (“virgem”, traduz a versão grega do A.T., usada pelos primeiros cristãos). Esse filho seria chamado Emanuel, “Deus conosco” (cf. Mt 1,23; 4° dom. Adv. A). No tempo de Is, isso significava: nos dias de catástrofe que hão de vir (722 a.C.: destruição do Norte e invasão do Sul pelos assírios), este rapaz de nome Emanuel, nascido como que por ordem de Deus, lembrará que Deus está com o povo. Mas, para quem conhece a história de Jesus, esse sinal reveste um sentido novo. Prefigura o mistério de Deus, a obra de seu “sopro” ou “espírito” vivificador (cf. Gn 2,7; Ez 37,9; Sl 104[l03],29-30) em Maria, suscitando nela um filho que não é fruto da geração humana (Lc 1,34; cf. Mt 1,18-24), mas um presente de Deus à humanidade: sendo obra do Espírito Santo, que veio sobre Maria, este filho é chamado “Santo” e “filho do Altíssimo” (Lc 1,36; cf. as atribuições do filho real em Is 9,5-6; 11,1-5), o filho em que Deus investe todo seu bem-querer (Lc 3,22), enviado e ungido com seu Espírito (4,18). É o verdadeiro e definitivo “Deus conosco”.
Mas o sinal por excelência da realização da promessa é o próprio nascimento do precursor de Cristo, do seio de Isabel, que tinha a fama de ser estéril (1,36). João Batista é “sinal” no sentido mais pleno imaginável: seu nascimento mostra a força do Altíssimo gerando o Salvador; sua missão prepara o caminho para este Salvador; sua pregação anuncia o Reino que o Cristo inaugura.
Ora, a obra de Deus através da História, assinalada pelos referidos sinais, anunciada como plenificando-se na alegre saudação do Anjo, que proclama a plenitude da graça de Deus em Maria (Lc 1,28-30; cf. Sf3,14-15; Zc 2,14 etc.), só se toma fecunda para o homem se este o quiser. Daí, a importância de dizer: “Sim”. Maria, respondendo ao Anjo (representando Deus mesmo) seu Fiat (“Faça-se em mim segundo a tua palavra”; Lc 1,38), colocando-se, como serva, a serviço do Senhor, é a primeira de todos os que, pela adesão da fé, “dão chances” à obra definitiva de Deus em Jesus Cristo. O Fiat de Maria representa a fé da humanidade e a disponibilidade com que a Igreja quer assumir o Mistério de Natal (cf. oração final).
Diante de todos esses sinais, na história de Israel e de Maria, devemos afirmar o que Paulo nos diz na 2ª leitura: em Cristo se toma manifesto o que, desde séculos, as Escrituras, ao mesmo tempo que o assinalavam, escondiam: o Mistério de Deus (Rm 1,25-26; cf. Mt 13,35). Os autores escriturísticos vislumbravam uma presença fiel de Deus nos fatos provisórios da História. Vistos a partir de Jesus Cristo, estes fatos tornam-se indícios do que se manifesta, em plena clareza, nele mesmo, e isto, para todos os povos, ao menos, quando conduzidos pela auscultação da fé (Rm 1,26) Por isso, podemos louvar e agradecer (1,27).
(1.) 0 “recado” de Natã a Davi, de que sua descendência estaria firme para sempre (2Sm 7,16), foi entendido, originariamente, como a certeza de que Israel sempre teria um rei da dinastia davídica, e o nascimento de um filho real é saudado, em Is 9,6, como sendo a confirmação desta promessa. Depois que o Exílio (586-535 a.C.) abolira o reinado, o “para sempre” foi interpretado como significando “de novo”. Israel (reduzido a um pequeno resto, ou seja, a população de Judá, no sul do pais) teria um novo rei (davídico), um novo “ungido” (Messias ou Cristo). Mas o que é anunciado a Maria ultrapassa de longe o que os judeus depois do exílio esperavam.
Fonte Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
Fonte: Liturgia da Palavra em
HOMILIA
Seja você o lugar da morada de Deus
Seja você o lugar da morada de Deus! Maria traduz santidade, traduz a presença de Deus, transmite fidelidade a Deus, transmite o lugar que precisamos ser para Deus entrar e habitar.
O anjo, então, disse-lhe: ‘Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus’ (Lucas 1, 30-31).


Deus escolheu uma casa, uma habitação, um lugar para morar no meio de nós. Deus escolheu uma tenda para habitar em meio à nossa humanidade perdida, sofrida, machucada por causa do pecado. Deus precisava de uma casa nova, pura e santificada; o lugar onde Ele habitaria no meio de meio de nós, por isso o Ele próprio escolheu o ventre de Maria.
O ventre de Maria é o solo sagrado, o lugar santo, é o lugar da habitação de Deus no meio de nós! Assim como o Senhor já havia prometido a Davi que permaneceria para sempre em sua casa, que repousaria na sua casa  Maria é o lugar por excelência do cumprimento das profecias divinas. É nela que a Palavra de Deus se cumpre no sentido mais pleno.
Deus quis estar entre nós e quis precisar do ventre, do ser; quis precisar de Maria para fazer este intercâmbio entre o céu e a terra. Não é que nós queremos louvar Maria, exaltá-la; não, nós queremos reconhecer a grandeza de Deus que olhou para a pequenez de Sua serva, nós queremos reconhecer a bondade d’Ele, que teve misericórdia e compaixão de nós ao escolher Seus meios e Seus caminhos para habitar em meio a nossa humanidade.
Maria é a primeira redimida, a primeira salva, a primeira escolhida, a primeira abençoada. Nela está toda a humanidade, que precisa ser salva e redimida. Se o solo, o ser de Maria, é o solo sagrado de Deus, Ele quer também que a nossa casa, o nosso lar e a nossa família sejam também sagrados e abençoados!
Quero convidá-lo para que, neste Natal, você traga esse lugar abençoado de Deus para dentro da sua casa. Sim, receba Maria em sua casa, receba aquela que é a portadora de Deus, receba aquela que se tornou o lugar de habitação e morada de Deus por excelência. Eu tenho certeza de que a sua casa vai se tornar um lugar sagrado e abençoado.
Quando eu vejo a imagem da Virgem Maria não paro na imagem, eu paro naquilo que a imagem traduz para mim. Maria traduz santidade, traduz a presença de Deus, ela transmite fidelidade a Deus, transmite o lugar que precisamos ser para Deus entrar e habitar. Eu quero olhar para ela, a Bem-aventurada, sempre Virgem Maria, e a seu exemplo, a seu modo e à sua maneira, eu quero também ser o lugar da morada de Deus!
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Novahttps://www.facebook.com/rogeraraujo.cn
LEITURA ORANTE

Lc 1,26-38 - Gabriel leva o anúncio a Maria



Em união com todos que se encontram neste ambiente virtual,
iniciamos nossa Leitura Orante do Advento,
com a
Canção do Advento
Ó vem, Senhor, não tardes mais!
Vem saciar nossa sede de Paz!

  1.   Ó vem, como chega a brisa do vento,
Trazendo aos pobres justiça e bom tempo!

2.   Ó vem, como chega a chuva no chão
Trazendo fartura de vida e de pão!

3.   Ó vem, como chega a luz que faltou
Só tua palavra nos salva Senhor!

4.   Ó vem, como chega a carta querida
Bendito carteiro do Reino da Vida!

5.   Ó vem, como chega o filho esperado
Caminha conosco Jesus Bem amado!

6.   Ó vem, como chega o Libertador
Das mãos do inimigo nos salva Senhor

1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio com toda atenção, na minha Bíblia, o texto do Evangelho: Lc 1,26-38.
Quando Isabel estava no sexto mês de gravidez, Deus enviou o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. O anjo levava uma mensagem para uma virgem que tinha casamento contratado com um homem chamado José, descendente do rei Davi. Ela se chamava Maria. O anjo veio e disse:
- Que a paz esteja com você, Maria! Você é muito abençoada. O Senhor está com você.
Porém Maria, quando ouviu o que o anjo disse, ficou sem saber o que pensar. E, admirada, ficou pensando no que ele queria dizer. Então o anjo continuou:
- Não tenha medo, Maria! Deus está contente com você. Você ficará grávida, dará à luz um filho e porá nele o nome de Jesus. Ele será um grande homem e será chamado de Filho do Deus Altíssimo. Deus, o Senhor, vai fazê-lo rei, como foi o antepassado dele, o rei Davi. Ele será para sempre rei dos descendentes de Jacó, e o Reino dele nunca se acabará.
Então Maria disse para o anjo:
- Isso não é possível, pois eu sou virgem!
O anjo respondeu:
- O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Deus Altíssimo a envolverá com a sua sombra. Por isso o menino será chamado de santo e Filho de Deus. Fique sabendo que a sua parenta Isabel está grávida, mesmo sendo tão idosa. Diziam que ela não podia ter filhos, no entanto agora ela já está no sexto mês de gravidez.
Porque para Deus nada é impossível.
Maria respondeu:
- Eu sou uma serva de Deus; que aconteça comigo o que o senhor acabou de me dizer!
E o anjo foi embora.
O lugar onde acontece este fato é uma pequena aldeia da Galileia: Nazaré. A pessoa a quem Deus envia seu mensageiro é uma jovem como as outras de seu tempo: Maria. Fica preocupada e pede explicações. Por isso, fica sabendo que o que lhe acontecerá é obra do Espírito Santo e que o Menino do qual será Mãe é o próprio Filho de Deus. Sempre que falta fé, prevalece o medo. De início, Maria sentiu medo. Sabendo, porém,  que a Deus nada é impossível, com fé, faz seu ato de disponibilidade ao Projeto de Deus: “Eu sou uma serva de Deus; que aconteça comigo o que o senhor acabou de me dizer!” Aprendo com Maria a buscar perceber os sinais de Deus, a dialogar com Deus, a ouvi-lo, a discernir a vontade de Deus e a dizer “sim”.
Olhando para outros textos bíblicos, também os pastores receberam o anúncio do anjo. Veja: Lc 2, 8-14.
Naquela região havia pastores, que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho.  Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. Mas o anjo disse aos pastores: «Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo:  hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor.  Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura.»  De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deus, dizendo: «Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.»

2. Meditação(Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Como acolho os “anúncios” de Deus na minha vida?
Muitas vezes o anúncio é para uma mudança de vida, outras é o imprevisto que me faz trocar meus projetos, outras vezes um problema de saúde, no trabalho, em família.
Respondo com fé e disponibilidade?
Glorificando a Deus?
O anúncio de Nazaré continua hoje, de muitas formas e através de muitas pessoas.
Os bispos nos ajudam nesta reflexão: “A Virgem de Nazaré teve uma missão única na história da salvação, concebendo, educando e acompanhando seu filho até seu sacrifício definitivo. Desde a cruz Jesus Cristo confiou a seus discípulos, representados por João, o dom da maternidade de Maria, que nasce diretamente da hora pascal de Cristo: “E desse momento em diante, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,27). Perseverando junto aos apóstolos à espera do Espírito (cf. At 1,13-14), ela cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente. Como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a experimentarem como uma família, a família de Deus. Em Maria, encontramo-nos com Cristo, com o Pai e com o Espírito Santo, assim como com os irmãos.”( DAp 267).

3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Agora, canto com o Padre Zezinho a canção que é uma oração a Maria,
Maria de Nazaré
Maria de Nazaré, Maria me cativou
Fez mais forte a minha fé
E por filho me adotou
As vezes eu paro e fico a pensar
E sem perceber, me vejo a rezar
E meu coração se põe a cantar
Pra Vigem de Nazaré
Menina que Deus amou e escolheu
Pra mãe de Jesus, o Filho de Deus
Maria que o povo inteiro elegeu
Senhora e Mãe do Céu

Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria, Mãe de Jesus!

Maria que eu quero bem, Maria do puro amor
Igual a você, ninguém
Mãe pura do meu Senhor
Em cada mulher que a terra criou
Um traço de Deus Maria deixou
Um sonho de Mãe Maria plantou
Pro mundo encontrar a paz
Maria que fez o Cristo falar
Maria que fez Jesus caminhar
Maria que só viveu pra seu Deus
Maria do povo meu

4. Contemplação (Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Quero hoje perceber melhor os anúncios de Deus e com fé e disponibilidade vou dar minha resposta.

Bênção
A bênção do Deus de Sara, Abraão e Agar,
a bênção do Filho, nascido de Maria,
a bênção do Espírito Santo de amor,
que cuida com carinho,
qual mãe cuida da gente,
esteja sobre todos nós. Amém!

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Irmã Patrícia Silva, fsp
patrícia.silva@paulinas.com.br
Oração Final
Pai Santo, nós agradecemos pela Encarnação de tua Palavra em Jesus de Nazaré. Prepara nossos corações para que ele seja morada digna do Cristo. Que sejamos mansos e humildes, mas corajosos e alegres para anunciar teu Reino de Amor que chega. Pelo Cristo Jesus, na unidade do Espírito Santo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário