domingo, 23 de fevereiro de 2014

Ao celebrar na manhã deste domingo na Basílica Vaticano a primeira Missa com os 19 novos Cardeais criados ontem, o Papa Francisco os exortou a evitar comportamentos cortesãos, como os falatórios e as preferências, e animou-os a que vivam a linguagem do Evangelho, as atitudes das Bem-aventuranças e o caminho da santidade.


Vaticano, 23 Fev. 14 / 10:42 pm (ACI/EWTN Noticias).- Ao celebrar na manhã deste domingo na Basílica Vaticano a primeira Missa com os 19 novos Cardeais criados ontem, o Papa Francisco os exortou a evitar comportamentos cortesãos, como os falatórios e as preferências, e animou-os a que vivam a linguagem do Evangelho, as atitudes das Bem-aventuranças e o caminho da santidade.
O Santo Padre assinalou que a escuta do Espírito Santo vivifica a Igreja e a alma, “com sua força criadora e renovadora, o Espírito sustenta sempre a esperança do Povo de Deus em caminho ao longo da história, e sustenta sempre, como Paráclito, o testemunho dos cristãos”.
“Neste momento, junto com os novos cardeais, queremos escutar a voz do Espírito, que fala através das Escrituras que foram proclamadas”.
Francisco indicou que na Primeira Leitura de hoje “ressoou a chamada do Senhor a seu povo: ‘Sede Santos, porque eu, seu Senhor Deus, sou santo’. E Jesus, no Evangelho, replica: ‘Sejam perfeitos, como o Pai celestial é perfeito’. Estas palavras interpelam todos nós, discípulos do Senhor; e hoje se dirigem especialmente a mim e a vocês, queridos irmãos cardeais, sobre tudo aos que ontem passaram a formar parte do Colégio Cardinalício”.
“Imitar a santidade e a perfeição de Deus pode parecer uma meta inalcançável. Entretanto, a Primeira Leitura e o Evangelho sugerem exemplos concretos de como o comportamento de Deus pode converter-se na regra de nossas ações. Mas, recordemos, todos nós recordemos, que, sem o Espírito Santo, nosso esforço seria vão”.
A santidade cristã, precisou o Papa, “não é em primeiro lugar uma conquista nossa, mas o fruto da docilidade – querida e cultivada – ao Espírito do Deus, três vezes Santo”.
“O Levítico diz: ‘Não odiarás de coração o teu irmão... Não te vingarás, nem guardarás rancor... mas amarás o teu próximo…'. Estas atitudes nascem da santidade de Deus. Nós, entretanto, somos tão diferentes, tão egoístas e orgulhosos...; mas a bondade e a beleza de Deus nos atraem, e o Espírito Santo pode purificar-nos, pode transformar-nos, pode modelar-nos dia a dia”.
Francisco assinalou que hoje “Jesus nos fala no Evangelho da santidade, e nos explica a nova lei, a sua. Ele o faz mediante algumas antíteses entre a justiça imperfeita dos escribas e os fariseus e a mais alta justiça do Reino de Deus”.
“A primeira antítese da passagem de hoje se refere à vingança. ‘Ouviram que lhes foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente’. Pois eu lhes digo: …se alguém te esbofetear na face direita, oferece-lhe também a outra’. Não só não é preciso evitar devolver ao outro o mal que nos fez, mas também devemos nos esforçarmos por fazer o bem com largueza”.
A segunda antítese, indicou o Santo Padre, “refere-se aos inimigos: «Ouvistes que foi dito: “Hás-de amar o teu próximo e odiar o teu inimigo”. Pois Eu digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem» (5, 43-44). A quem quer segui-Lo, Jesus pede para amar a pessoa que não o merece, sem retribuição, a fim de preencher as lacunas de amor que há nos corações, nas relações humanas, nas famílias, nas comunidades e no mundo. Irmãos Cardeais, Jesus não veio para nos ensinar as boas maneiras, as cortesias; para isso, não era preciso que descesse do Céu e morresse na cruz. Cristo veio para nos salvar, para nos mostrar o caminho, o único caminho de saída das areias movediças do pecado, e este caminho de santidade é a misericórdia, aquela que Ele usou e usa cada dia con nosco. Ser santo não é um luxo, é necessário para a salvação do mundo. Isto é o que Senhor nos pede.
Queridos Irmãos Cardeais, o Senhor Jesus e a mãe Igreja pedem-nos para testemunharmos, com maior zelo e ardor, estas atitudes de santidade. É precisamente neste suplemento de oblatividade gratuita que consiste a santidade de um Cardeal. Por conseguinte, amemos aqueles que nos são hostis; abençoemos quem fala mal de nós; saudemos com um sorriso a quem talvez não o mereça; não aspiremos a fazer-nos valer, mas oponhamos a mansidão à prepotência; esqueçamos as humilhações sofridas. Deixemo-nos guiar sempre pelo Espírito de Cristo: Ele sacrificou-Se a Si próprio na cruz, para podermos ser «canais» por onde passa a sua caridade. Este é o comportamento, esta deve ser a conduta de um Cardeal.
O Cardeal – digo-o especialmente a vós – entra na Igreja de Roma, Irmãos, não entra numa corte. Evitemos todos – e ajudemo-nos mutuamente a evitar – hábitos e comportamentos de corte: intrigas, críticas, facções, favoritismos, preferências. A nossa linguagem seja a do Evangelho: «Sim, sim; não, não»; as nossas atitudes, as das bem-aventuranças; e o nosso caminho, o da santidade. Rezemos mais uma vez: “A vossa ajuda, Pai misericordioso, sempre nos torne atentos à voz do Espírito”.
O Espírito Santo fala-nos , hoje, também através das palavras de São Paulo: «Sois templo de Deus (…); o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós» (1 Cor 3, 16-17). Neste templo que somos nós, celebra-se uma liturgia existencial: a da bondade, do perdão, do serviço; numa palavra, a liturgia do amor. Este nosso templo fica de certo modo profanado, quando descuidamos os deveres para com o próximo: quando no nosso coração encontra lugar o menor dos nossos irmãos, é o próprio Deus que aí encontra lugar; e, quando se deixa fora aquele irmão, é o próprio Deus que não é acolhido. Um coração vazio de amor é como uma igreja dessacralizada, subtraída ao serviço de Deus e destinada a outro fim.
Queridos Irmãos Cardeais, permaneçamos unidos em Cristo e entre nós! Peço-vos que me acompanheis de perto, com a oração, o conselho, a colaboração. E todos vós, bispos, presbíteros, diáconos, pessoas consagradas e leigos, uni-vos na invocação do Espírito Santo, para que o Colégio dos Cardeais seja cada vez mais inflamado de caridade pastoral, cada vez mais cheio de santidade, para servir o Evangelho e ajudar a Igreja a irradiar pelo mundo o amor de Cristo, concluiu o Sumo Pontífice.

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