O auxílio dos Santos
Anjos.
A Igreja confessa a sua
fé nos Anjos da guarda
O
Papa Bento XVI disse que: “Eliminaríamos uma parte
do Evangelho se deixássemos fora esses seres enviados por Deus, que anunciaram
sua presença entre nós e que são um sinal dela”. E pediu a intercessão dos anjos “para que nos sustenham no empenho de seguir Jesus
até nos identificarmos com Ele” (Zenit.org, março 2009).
A
Bíblia e a Tradição da Igreja mostram amplamente que os anjos têm participação
ativa na história da salvação dos homens, nos momentos em que Deus quer.
“Não
são eles todos espíritos ao serviço de Deus, enviados a fim de exercerem um
ministério a favor daqueles que hão de herdar a salvação?”, pergunta o autor da
Carta aos Hebreus, capítulo1, versículo 14.
E
nisso crê e isso ensina a Igreja; sabemos que é tarefa desses seres celestes
bons a proteção dos homens e a sua salvação. Diz o Salmo: “Mandou aos seus anjos que te guardem em todos os
teus caminhos. Eles te levarão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma
pedra” (Sl 90/91,11-12).
O
próprio Jesus, falando das crianças e recomendando que não se lhes desse
escândalo, faz referência aos “seus anjos” (cf. Mt 18,10). Ele atribui também aos anjos a
função de testemunhas no supremo juízo divino sobre a sorte de quem reconheceu
ou negou Cristo: “Todo aquele que se
declarar por Mim diante dos homens, também o Filho do Homem se declarará por
ele diante dos anjos de Deus. Aquele, porém, que Me tiver negado diante dos
homens será negado diante dos anjos de Deus” (Lc
12,8-9; cf. Ap 3,5).
Se
os esses seres celestes tomam parte no juízo de Deus, logo, estão interessados
pela vida do homem. Isso se pode ver também no discurso escatológico em que
Jesus os faz intervir em Sua vinda definitiva no fim da história (cf. Mt 24,31;
25,31-41).
Muitas
vezes, a Bíblia fala da ação dos anjos pela defesa do homem e sua salvação: o Anjo de Deus liberta os Apóstolos da prisão (cf.
At 5,18-20) e antes de tudo Pedro,
que estava ameaçado de morte por parte de Herodes (cf. At 12, 15-10). Guia a atividade deste a respeito do centurião
Cornélio, o primeiro pagão convertido (cf.
At 10,3-8. 12-13), e a atividade do diácono
Filipe no caminho de Jerusalém para Gaza (cf. At 8,26-29).
Foi
um anjo que encontrou Agar no deserto (cf. Gn 16); os anjos tiraram Lot de
Sodoma; assim como foi um anjo que anunciou a Gedeão que devia salvar o seu
povo; um anjo anunciou o nascimento de Sansão (cf. Jz 13); e o anjo Gabriel
instruiu a Daniel (cf. 8,16). Este mesmo anjo anunciou o nascimento de São João
Batista e a encarnação de Jesus; esses seres enviados por Deus também
anunciaram a mensagem aos pastores (cf. Lc 2,9) e a missão mais gloriosa de
todas, a de fortalecer o Rei dos Anjos em Sua Agonia no Horto das Oliveiras
(cf. Lc 22, 43).
Os anjos estão presentes na história da humanidade
desde a criação do mundo (cf. Jó 38,7); são eles que fecham o paraíso terrestre
(cf. Gn 3, 24); seguram a mão de Abraão para não
imolar Isaac (cf. Gen 22,11); a Lei é comunicada a Moisés e ao povo por
ministério deles (cf. At 7,53); são eles que conduzem o povo de Deus (cf. Ex
23, 20-23); eles anunciam nascimentos célebres (cf. Jz 13); indicam vocações
importantes (cf. Jz 6, 11-24; cf. Is 6,6); são eles que assistem aos profetas
(cf. 1 Rs 19,5).
Da
mesma forma que os anjos acompanharam a vida de Jesus, acompanharam também a
vida da Igreja, beneficiando-a com a sua ajuda poderosa e misteriosa (cf. At 5,
18-20; 8,26-29; 10,3-8; 12,6-11; 27,23-25). Eles abrem as portas da prisão (cf.
At 5, 19); encorajam Paulo (cf. At 27,23 s); levam Filipe ao carro do etíope
(cf. At 8,26s), entre outros.
A Igreja confessa a sua fé nos anjos da guarda,
venerando-os na liturgia com uma festa própria e recomendando o recurso à sua
proteção com uma oração freqüente, como na invocação do “Anjo de Deus”. São Basílio Magno, doutor da Igreja, escreveu: “Cada fiel tem ao seu lado um anjo como tutor e
pastor, para o levar à vida”(cf.
5. Basilius, Adv. Eunonium, III, 1; cf.Sto. Tomas, Summa Theol. 1, q. II, a.3).
São Jerônimo, doutor da Igreja, afirmou que:
"A dignidade de uma alma é tão grande, que cada um tem um anjo guardião
desde seu nascimento".
A
Igreja honra com culto litúrgico três anjos. O primeiro é Miguel Arcanjo (cf.
Dn 10,13-20; Ap 12,7; Jd 9). O seu nome exprime a atitude essencial dos
espíritos bons. “Mica-El” significa, de fato: “Quem como Deus?”.
O segundo é Gabriel: figura ligada sobretudo ao mistério da encarnação do Filho
de Deus (cf. Lc 1,19-26). O seu nome significa: “O meu poder é Deus” ou “poder de Deus”. O terceiro arcanjo chama-se Rafael. “Rafa-El”
significa:“Deus cura”; o
conhecemos pela história de Tobias (cf. Tb 12,15-20), entre outros.
O
famoso Bossuet dizia que: "Os anjos oferecem
a Deus as nossas esmolas, recolhem até os nossos desejos, fazem valer também
diante de Deus os nossos pensamentos... Sejamos felizes de ter amigos tão
prestativos, intercessores tão fiéis, intérpretes tão caridosos".
Os
santos todos foram devotos desses seres celestes. Os anjos assistem a Igreja
que nasce e os Apóstolos, prepararão o Juízo Final e separarão os bons dos
maus. São eles que protegem Jesus na infância (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19); são
eles que O servem no deserto (cf. Mc 1, 12); e O reconfortam na agonia mortal
(cf. Lc 22, 43); eles poderiam salvar o Senhor das mãos dos malfeitores se
assim Cristo quisesse (cf. Mt 26, 53).
Toda
a vida de Jesus Cristo foi cercada da adoração e do serviço dos anjos. Desde a
Encarnação até a Ascensão eles O acompanharam. A Sagrada Escritura diz que
quando Deus"introduziu o
Primogênito no mundo afirmou: "Adorem-no todos os Anjos de Deus" (cf.
Hb 1, 6). Alguns teólogos acham que isso motivou a queda dos anjos maus, por
não aceitarem adorar a Deus Encarnado na forma humana.
A
Igreja continua a repetir o canto de louvor que eles entoaram quando Jesus
nasceu:"Glória a Deus no mais
alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência divina" (cf.
Lc 2, 14).
A
Bíblia não só os apresenta como nossos guardiães, mas também como nossos
intercessores. O anjo Rafael diz: "Ofereci orações ao Senhor por ti" (Tob
12, 12). "A fumaça dos
perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus" (Ap
8,4).
Santo
Ambrósio, doutor da Igreja, declarou: "Devemos rezar aos anjos que nos são dados
como guardiães" (De Viduis, IX); (cf. S. Agostinho, Contra Fausto,
XX, 21).
A
Igreja acredita que, no dia do batismo, cada cristão é confiado a um anjo que o
acompanha e o guarda em sua caminhada para Deus, iluminando-o e inspirando-o.
Na
Festa do Anjo da Guarda (2 de outubro), a Igreja põe diante dos nossos olhos o
texto do Êxodo que diz:
"Assim diz o Senhor: Vou enviar um anjo que vá
à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei.
Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as
vossas transgressões e nele está o meu nome. Se ouvires a sua voz e fizeres
tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus
adversários. O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus,
dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuzeus, e eu os
exterminareis" (Ex 23,20-23).
Além
de tudo isso, a Bíblia frequentemente mostra os poderes dos anjos na natureza,
e afirma São Jerônimo que eles manifestam a onipotência de Deus (cf. S.
Jerônimo, En Mich., VI, 1, 2; P. L., IV, col. 1206).
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