terça-feira, 22 de outubro de 2013

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 23/10/2013, 24/10/2013, 25/10,2013, 26/10/2013 E 27/10/2013



COMENTÁRIOS

ANO C - DIA 23/10

Busca que exige “vigilância” .

É bastante provável que o “atraso da parúsia” tenha criado na comunidade cristã primitiva um clima de desânimo e de laxismo. Isto pode ser verificado pela insistência e pelo espaço que o tema da vigilância ocupa no relato (vv. 35.40.43). Nosso texto é constituído por uma série de conselhos que Jesus dá aos discípulos; compreenda-se que eram os responsáveis pela vida da comunidade.
Trata-se de agir em conformidade com a vontade de Deus (v. 47) – isto é o essencial para a comunidade cristã.
A história, nosso caminho para a pátria celeste, é o lugar do testemunho dos cristãos.
Antes de tudo é preciso ter presente que o Reino é dom de Deus (v. 32; cf. vv. 22-31), e que, por isso mesmo, ninguém pode tirá-lo ou se apropriar dele como sendo seu. Daí que não há o que temer (v. 31). Da comunidade é exigido não se dispersar, nem ser assimilada pelos bens terrenos, mas viver o valor fundamental de sua vocação: buscar o Reino de Deus (v. 31). Este é o seu tesouro (v. 34)! Esta busca exige “vigilância” (vv. 35.40.43) e, como toda busca, empenho para buscar, encontrar e realizar a vontade de Deus.
A comunidade cristã deve ser caracterizada pela disponibilidade cultivada pela iluminação da Palavra de Deus: “Ficai de prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas” (v. 35).
O Senhor vem continuamente ao encontro do seu povo. A imprevisibilidade desse encontro exige a atitude religiosa da vigilância. É ela que possibilita viver a expectativa e o desejo permanentes desse encontro vital para a vida e o testemunho cristãos.
Carlos Alberto Contieri,sj

23 de Outubro de 2013 

Reflexão - Lc 12, 39-48

O Filho do Homem vai chegar na hora em que menos esperamos, pois ele está sempre chegando até nós nos pobres e necessitados. Os que esperam a vinda de Jesus somente no último dia tornam-se pregadores do fim do mundo e vivem uma fé ritual, são incapazes de amar verdadeiramente e, na verdade, não conhecem Jesus presente em suas vidas, possuem uma fé egoísta, pois a espera de Jesus não é para o encontro com ele, mas para ganhar o prêmio eterno. A longa espera e a falta de vivência concreta do amor faz com que essas pessoas desanimem e maltratem seus irmãos e irmãs, fazendo-se merecedores da sorte dos infiéis.



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ANO C - DIA 24/10
Fogo é a explicação da ação do Espírito Santo: purificação e julgamento.

“Fogo eu vim lançar sobre a terra” (v. 49). É difícil não pensar no batismo de Jesus. João disse: “Eu vos batizo com água, mas depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu… ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (3,16). Fogo é a explicação da ação do Espírito Santo: purificação e julgamento. A morte de Jesus (v. 50) é, também, um verdadeiro fogo lançado sobre a terra, que dividirá e dispersará os próprios discípulos. Ela será o lugar do juízo dos que o mataram ou foram coniventes com a sua morte: “E toda a multidão que havia acorrido para o espetáculo, vendo o que tinha acontecido, voltou batendo no peito” (23,48).
A lealdade a Jesus e a decisão de segui-lo está acima de qualquer lealdade e de qualquer outra decisão. Ele não promove a guerra nem sequer a discórdia. Por vezes os inimigos serão os próprios familiares (vv. 52-53). Nenhum laço afetivo deve preceder o amor por Jesus, pois este é o fundamento e a inspiração de todo amor plenamente humano. Nenhum laço afetivo pode ser obstáculo para o seguimento de Jesus Cristo.
Carlos Alberto Contieri,sj

24 de Outubro de 2013 

Reflexão - Lc 12, 49-53

A vinda de Jesus cria um divisor de águas na história dos homens. De um lado encontramos os que são dele e, de outro, os que são do mundo. A partir dessa divisão se estabelece o conflito, que é caracterizado principalmente pela diferença de valores, e exige de todos os que abraçam a fé a consciência de suas conseqüências, entre elas a de ser odiado pelo mundo. Como cristãos, devemos enfrentar o conflito com o mundo, mas não com as mesmas armas do mundo, uma vez que estas levam à morte, o grande valor do mundo. Devemos enfrentar o mundo com a fé, a espiritualidade, a entrega, a partilha, a doação, a fraternidade, o testemunho, o profetismo, que são valores do Reino e levam à vida.



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ANO C - DIA 25/10
É preciso renunciar à hipocrisia.

Os sinais do novo tempo já estão presentes e é preciso compreendê-los e discerni-los; irromperam na história da humanidade com a encarnação do Filho único de Deus, que pela sua vida, paixão, morte e ressurreição reconciliou a humanidade com Deus.
Nosso texto desta sexta-feira é uma repreensão de Jesus àqueles que não são capazes de reconhecer o “hoje” da salvação (cf. 4,21). Este novo tempo é tempo de reconciliação, para o que são necessários iniciativa e empenho: “Quando, pois, estás indo com teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto ainda a caminho” (v. 58). É preciso renunciar à hipocrisia (v. 56), pois o novo tempo engaja o ser humano todo. É preciso passar do que é exterior a uma verdadeira e profunda conversão.
Carlos Alberto Contieri,sj

25 de Outubro de 2013

Reflexão - Lc 12, 54-59

Devemos saber reconhecer o tempo em que estamos vivendo. Vivemos os últimos tempos, o tempo pós-pascal. Tempo de edificação do Reino de Deus na história dos homens. Tempo de fazer com que o mistério da cruz e da ressurreição produzirem frutos de fraternidade, justiça e solidariedade. Tempo de presença do Espírito Santo na vida de todos, tempo de crescimento no amor e na verdade. Tempo de reconciliação, de construção da paz e da vida nova. Tempo de sentir os apelos do reino que se manifestam na história, apelos para nos comprometermos com os pequenos, apelos para celebrarmos o Deus atuante na história.



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ANO C - DIA 26/10
A teoria da retribuição é ultrapassada.

Jesus sobe para Jerusalém. Essa subida é ocasião de ensinamento, por isso ela é constituída de lições que Jesus dá aos seus discípulos. Nosso texto não encontra paralelo nos outros dois sinóticos. Do ponto de vista histórico, nós não temos nenhuma informação, nem mesmo na literatura extrabíblica, dos fatos mencionados nos versículos 1 a 4. No entanto, o importante, aqui, é o valor de interpelação dos fatos, repetido duas vezes: “... se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo” (vv. 3.5). A teoria da retribuição é ultrapassada: “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro Galileu? … Digo-vos que não! … Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não!” (vv. 2-5). A morte de uns e não de outros é sinal do julgamento definitivo, sinal que precisa ser discernido: “… sabeis discernir os aspecto da terra e do céu, e por que não discernis o tempo presente?” (Lc 12,56). São Paulo o exprime muito bem: “Esses acontecimentos se tornaram símbolos para nós, a fim de não desejarmos coisas más…” (1Cor 10,6). A morte dos galileus e dos moradores de Jerusalém é um convite à conversão e ao reconhecimento, no tempo presente, da “visita salvífica” de Deus.
Os versículos 6 a 9 ilustram os versículos precedentes. A figueira é, na tradição rabínica, símbolo da Torá. Ela está plantada na vinha. O povo de Deus tem a Lei cujo fruto deveria ser a conversão. Mas ela não produziu o fruto. Será cortada? Será arrancada do meio da vinha? A parábola acentua a bondade de Deus: a maldade humana não impede Deus de ser bom.
Carlos Alberto Contieri,sj

26 de Outubro de 2013

Reflexão - Lc 13, 1-9

Quem vive na graça de Deus tem a vida dentro de si. Ao contrário, a paga do pecado é a morte. Esta verdade deve sempre estar presente em nossas mentes, a fim de que possamos, apesar dos nossos pecados, buscar a verdadeira vida que vem de Deus. A partir dessa consciência, devemos procurar constantemente a conversão, a busca da santidade, a coerência da nossa vida com a fé que professamos. O Evangelho de hoje nos mostra que Deus tem paciência conosco e, por meio da sua graça, está sempre contribuindo para a nossa conversão e para a nossa santificação, mas é necessário que também nós procuremos fazer a nossa parte.



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ANO C - DIA 27/13

A salvação é dom de Deus.


Os destinatários da parábola deste domingo são “aqueles que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros” (v. 9). A “própria justiça”, aqui, diz respeito à prática da Lei. A teologia da retribuição reitera que o homem que cumpre de modo irrepreensível todos os mandamentos é salvo (ver Dt 28,1ss). Ora, a salvação é dom de Deus. O empenho de pôr em prática os mandamentos é reflexo da consciência de ter sido salvo. O reconhecimento do dom recebido, em Jesus, tem implicações para a vida prática de quem quer que seja. No tempo do Messias, nós não estamos mais sob o regime da Lei, mas da graça: “Ninguém é justificado diante dele pelas obras da lei […]. Agora, independente da Lei, a justiça de Deus foi manifestada; a Lei e os Profetas lhe dão testemunho. É a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que creem” (Rm 3,20-22).
Os personagens da parábola são um fariseu e um publicano. O publicano é considerado um pecador público (cf. Lc 19,7); estava a serviço dos romanos, e sua função era odiosa: cobrar os impostos. Eram considerados ladrões e exploradores. Zaqueu, que era chefe dos cobradores de impostos, dirá a Jesus: “Senhor, se defraudei alguém…”; trata-se de um condicional de realidade, isto é, ele efetivamente havia defraudado as pessoas. Apresenta-se diante de Deus na sua verdade: “Meu Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador!” (v. 13). Na sua imensa bondade e misericórdia, é Deus quem o salva, pois “A oração do humilde penetra as nuvens e não se consolará enquanto não se aproximar de Deus” (Eclo 35,21). Reconhecer-se na sua miséria diante de Deus, eis a verdadeira oração!
O fariseu, ao contrário, é considerado um homem justo que cumpre de maneira irrepreensível todos os mandamentos da Lei. Na sua oração, recita a própria justiça: “Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de toda a minha renda” (vv. 11-12). O fariseu certamente não mente; pratica a lista de prescrições que recita diante de Deus. A referência de sua oração é ele mesmo; ele se basta, não pede nada, não necessita de coisa alguma. A sua oração é uma volta sobre si mesmo e sobre a sua própria obra. A salvação para ele não é dom, é merecimento. A última frase do texto é muito ampla e convida a Igreja a tirar as consequências: “... quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (v. 14). Isto significa que diante de Deus ninguém pode se orgulhar do quer que seja, pois tudo é dom (cf. 1Cor 1,29-30).
Carlos Alberto Contieri,sj

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