Bem-aventurado
1859-1902
Contardo Ferrini tinha extrema
inteligência. Filho de Rinaldo e Luiza, ambos, desde cedo, cuidaram para o
integral desenvolvimento de sua potencialidade. Seu pai, um professor e
engenheiro, incutiu-lhe o desejo de buscar o conhecimento nas fontes
verdadeiras e uni-lo à fé. Esta última parte sempre foi muito desprezada pela
maioria dos intelectuais.
Porém Contardo foi um dos juristas mais apreciados
e um dos grandes romancistas do seu tempo. Um grande professor e intelectual,
mas muito diferente e especial também. O que o tornava realmente destacado era
sua dedicação religiosa, num tempo em que a Igreja atravessava profunda crise
de fé e enfrentava grande oposição. Já era assim quando nasceu, no dia 5 de
abril de 1859, em Milão, Itália. E continuaria sendo nas décadas seguintes.
No plano intelectual, foi brilhante. Com dezessete
anos, já havia estudado hebraico, siríaco, sânscrito, copta e iniciava o curso
de Direito na Universidade de Pávia. Especializou-se em direito romano e para
isso, além de estudar latim, grego e alemão, paralelamente aprendeu espanhol,
inglês e francês. Laureado em 1880, como prêmio a universidade deu-lhe uma
bolsa de estudos, o que proporcionou-lhe a oportunidade de estudar na
Universidade de Berlim. Com vinte e quatro anos, já lecionava direito criminal
e direito romano, viajando pelo exterior e realizando conferências e palestras.
No plano espiritual, foi exemplar. Mesmo depois de
agüentar e sofrer com as gozações dos companheiros de universidade por causa da
religiosidade, foi crescendo na fé. Fez voto de castidade em 1881, e assistia à
missa diariamente. Humilde, seu amor aos mais pobres o fez participar das obras
da Sociedade de São Vicente de Paulo. Simples, seu amor à natureza - praticava
alpinismo - o fez tornar-se terciário franciscano em 1886.
Juntando os dois planos, foi um homem completo,
amigo, solidário, lutador das causas contra o divórcio, dos excessos de
materialismo e em defesa da infância abandonada. Especialmente, quando foi
eleito conselheiro municipal de Milão. Vivia para os estudos, as aulas, a
igreja e as orações solitárias em casa, mas estava sempre à disposição de todos
os que o procuravam para pedir ajuda, conselhos e orientações pessoais.
Nas férias, sempre viajava para Suna, uma região
montanhosa destinada à pratica do alpinismo. Lá, conheceu um religioso
apreciador e praticante desse esporte, Achille Ratti, mais tarde Pio XI,
promotor de sua beatificação. Foi lá que contraiu a doença que o levou à morte
em 17 de outubro de 1902, o tifo.
Deixou um legado literário importante: os escritos
jurídicos de Ferrini resultam nos cinco volumes conhecidos como "Obras de
Contardo Ferrini", os estudos espirituais chamados de "Escritos
religiosos de Contardo Ferrini" e "A vida".
O papa Pio XII beatificou-o em 1947. No mesmo ano,
o bem-aventurado Contardo Ferrini foi proclamado patrono da Faculdade Paulista
de Direito, da Pontifícia Universidade Católica, e a Sala de Reuniões da mesma
homenageia o seu nome. A celebração litúrgica em sua memória ocorre no dia de
sua morte.
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