Como
é ser padre hoje…
“Você é
Sacerdote para sempre, segundo a ordem do sacerdócio de Melquisedec”. (Hb 5,6,
numa citação ao Antigo Testamento). “Somente Cristo é o Verdadeiro Sacerdote,
os outros são seus ministros”. (Santo Tomás de Aquino) O padre recebe o
sacramento da ordem mediante a imposição das mãos sobre a sua cabeça por parte
do bispo, que pronuncia a solene oração consecratória. Com ela, o bispo invoca
a Deus para o ordenando a especial efusão do Espírito Santo e dos seus dons, em
vista do ministério.
A
unção do Espírito marca o presbítero com um caráter espiritual indelével, configura-o
a Cristo sacerdote e o torna capaz de agir no Nome de Cristo Cabeça. Sendo
cooperador da ordem episcopal, ele é consagrado para pregar o Evangelho, para
celebrar o culto divino, sobretudo a Eucaristia de que tira força o seu
ministério, e para ser o bom pastor dos fiéis.
Mesmo
sendo ordenado para uma missão universal, ele a exerce numa Igreja particular,
em fraternidade sacramental com os outros presbíteros, que formam o
“presbitério” e que, em comunhão com o bispo e em dependência dele, tem a responsabilidade
da Igreja particular.
Os
sacerdotes ordenados, no exercício do ministério sagrado, falam e agem, não por
autoridade própria, nem por mandato ou por delegação da comunidade, mas na
Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja. Portanto, o sacerdócio ministerial
se diferencia essencialmente e não apenas por grau, do sacerdócio comum dos
fiéis, a serviço do qual Cristo o instituiu.
Estas
afirmações se encontram no Catecismo da Igreja Católica e as colhemos lá para
que fosse uma informação verdadeira e digna de crença e a fim de que, por elas
possamos ver como é difícil e sagrada à missão do padre, principalmente nos
dias de hoje.
Antes
do Concílio Vaticano II, mesmo aqueles fiéis mais próximos do sacerdote
mantinham uma certa distância do seu pastor. A missa era celebrada em Latim e o
celebrante ficava de costas para os assistentes. Os fiéis assistiam à missa.
Hoje,
os fiéis são celebrantes junto com o padre, que preside a celebração com a
participação de todos e que permanece voltado para o povo durante a celebração.
Tudo bem melhor. Só que o mundo se modifica a passos muito largos e nem sempre
é fácil para o padre acompanhar essas modificações. Ele está mais perto do
povo, trabalha junto com ele, convive com os seus acertos, mas também convive
com os seus erros. E como há erros!
A
família tem sido desvalorizada, há separações nem sempre baseadas no bom senso,
há abortos, há gravidez precoce, há jovens (e velhos!) drogados, há violência e
abuso de crianças. E há toda uma gama de tentações no mundo, que hoje andam
soltas. Se para um pai de família é difícil vencer as tentações, mais difícil
ainda é para o padre, que, praticamente, enfrenta sozinho as situações mais
complicadas.
Entretanto,
tudo isto é uma prova de fogo que o padre deve vencer. Ele poderá contar com a
ajuda de fiéis engajados, que exercem também seu sacerdócio comum a todos que
desejam trilhar os caminhos traçados por Cristo, em busca do bem, da paz, do
amor e da construção de um mundo novo que se capacite a participar do Reino do
Pai.
E –
mais importante ainda – o que lhe dá força e vigor na sua missão é a efusão do
Espírito Santo, que certamente ele pode invocar sempre. O sacerdote secular,
chamado São João Maria Vianney, o santo Cura d’Ars, é uma prova da ação de Deus
na vida de quem o procura, principalmente na vida dos seus ungidos. Quando
seminarista, ele foi até despedido de um seminário por falta de talento. A
duras penas, conseguiu ser ordenado, mas seus superiores não levavam fé nele.
Deram-lhe uma paróquia de 250 habitantes, calculando que menos fiéis sob seu
pastoreio talvez pudesse dar certo. Viveu nesta paróquia por 40 anos, numa
grande humildade. Por três vezes tentou afastar-se de lá, mas os paroquianos
não o permitiram. Tornou-se um grande confessor. Pessoas acorriam de longe para
ter o privilégio de se confessar com ele.
Que
Maria Santíssima interceda pelos padres para que, como o santo Cura d’Ars, eles
cumpram com alegria a vontade do Pai, sobretudo nesses tempos modernos.
E que
Cristo, que lhes conferiu, através do bispo, a sua árdua tarefa, os faça imitar
os Seus gestos e as Suas atitudes, tão cheios de amor para esse mundo que
festeja triunfalmente a Sua entrada em Jerusalém e, dias depois, O crucifica ao
lado de dois bandidos. E Ele ainda pede ao Pai: “Pai, perdoa-lhes, não sabem o
que fazem.”
Nesse
sentido quero cumprimentar a todos os presbíteros e bispos, homens dedicados
que gastam a sua vida pelo Reino de Deus, e desejar que a graça do Espírito
Santo ilumine sempre o seu agir sacerdotal na pessoa de Cristo para a santificação
do povo Santo de Deus!
Dom
Eurico dos Santos Veloso
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