4 de
Agosto de 2013
Ano C

Lc 12,13-21
Comentário do
Evangelho
A
falta de diálogo
Muitas vezes, e com
relativa frequência, o editor da Bíblia vernácula atribui títulos às perícopes,
ou unidades literárias, que não só não ajudam como induzem o leitor a erro de
interpretação. É bem o caso do trecho do evangelho deste domingo.
Geralmente, esta parábola tem sido intitulada
“Parábola do rico insensato”. A palavra “insensato” só aparece no v. 20;
ademais, seria empobrecer a mensagem da parábola pensar que o problema do
personagem consiste unicamente na acumulação de bens e numa maneira de possuir
mais, totalmente estranha à fé em Deus. A parábola tem alcance muito maior. O
verbo “dizer” é repetido várias vezes (vv. 17.18.19), num monólogo do
personagem único, solitário e sem próximo. Esta observação, e se é necessário,
pode nos levar a intitular a parábola deste modo: “O esquecimento fatal do
diálogo”.
Esquecimento do diálogo com Deus, no que concerne
ao rico proprietário (vv. 16ss), e do diálogo entre os dois irmãos acerca da
partilha dos bens (vv. 13-14). O v. 15 faz a transição entre o pedido de
arbitragem de um dos irmãos e a parábola.
A palavra traduzida por “ganância”, no v. 15, em
grego exprime uma vontade de ter superioridade, um desejo de poder: “... pois
mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na abundância de bens”
(v. 15).
Isto significa que a riqueza não impede a morte
inesperada. A abundância, o ter, pode substituir Deus. Ao invés de nos fazer
disponíveis, essa facilidade ou abundância é em que nós confiamos, de fato.
Isto é uma ilusão: eu creio possuir, mas, de fato, eu sou possuído! O
importante é a nossa maneira de possuir, isto é, o papel que tem no nosso ser
profundo o que nós possuímos.
Resumidamente, a parábola nos faz perguntar: Você
é por ou contra Deus? É esta a questão posta ao rico: “E para quem ficará o que
acumulaste?” (v. 20). Cabe a nós, diante do Senhor, respondermos também a isto:
O que é que me enriquece de bens que não se contabilizam, mas modelam meu
rosto, num olhar sobre o mundo, sobre os outros e sobre mim mesmo?
Vivendo a Palavra
A idéia que atravessa os textos de hoje é a
fugacidade dos bens do mundo. Desde o Eclesiastes, passando por Paulo e
florescendo na parábola de Jesus, somos advertidos para que trabalhemos pelos
bens que não enferrujam e os ladrões não roubam, mas que permanecem para a Vida
eterna.
Meditação
Você se preocupa em
primeiro lugar com as coisas do Reino de Deus? - Você se lembra sempre de
colocar tudo nas mãos de Deus? - Como você reage diante dos bens materiais? É
muito apegado a eles? - Você se considera rico(a)? Em que consiste sua riqueza?
- Você compreende que os bens têm um fundo social? - Como se sente vendo tantas
injustiças?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM - Lc 12,13-21
FAZEI
MORRER O QUE EM VÓS PERTENCE À TERRA
“A acumulação de riquezas e a ostentação estão deturpando os valores das coisas e das pessoas. Em um mundo no qual o dinheiro é mais valorizado que os sentimentos, a aparência também acaba sendo mais importante que a essência”, nota o autor Roberto Shinyashiki no seu bestseller “Heróis de Verdade”. Neste livro, ele esclarece que o mundo de hoje deu mais um passo (para trás, no fim de contas): antes, as pessoas procuravam a todo custo ter, mas “como a cada dia está mais difícil ter, muitas pessoas passaram a buscar maneiras de parecer ter”. Esta cobrança para obter sucesso a todo custo criou uma multidão que se sente perdedora, mas que, apesar disto, prefere seguir adiante levando uma vida mergulhada na aparência. Estas pessoas “cobram-se ser bem-sucedidas financeiramente, mas, como nem sempre conseguem isso, começam a comprar coisas que demonstrem ser pessoas de sucesso”, fazendo dívidas impagáveis e se sentindo cada vez mais vazias.
A
liturgia deste Domingo nos faz reflectir acerca da atitude que assumimos perante
os bens deste mundo: o ter, o poder, o parecer. Indica que eles não podem ser
os deuses que dirigem a nossa vida; e nos convida a descobrir e a amar outros
bens, os do alto, que dão verdadeiro sentido à nossa existência e que nos
garantem a vida em plenitude.
Tem razão o livro do Eclesiastes quando diz: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade”; onde a palavra hebraica para vaidade seria bem melhor traduzida por fugacidade, efemeridade, pois indica aquilo que é vão, inútil, sem solidez nem duração e não propriamente o sentido de ostentação e vanglória como é mais usado hoje. Toda riqueza, luxo, excessiva segurança depositada nos bens materiais não só passa, mas enquanto dura não nos garante de jeito nenhum uma vida com sentido. Sem contar o fato de que quem gasta a vida acumulando riquezas é uma pessoa sem paz por ter que defender a cada momento os seus bens dos mal intencionados e de amizades interesseiras: “Nem mesmo de noite repousa seu coração”.
É! O Eclesiastes tem toda a razão. Entretanto, também é verdade que o dinheiro e os bens de consumo, pelo fato mesmo que existem, têm uma certa importância na nossa vida: como poderíamos viver o quotidiano, comer, vestir-se, se não os tivéssemos? Eles têm a sua utilidade, não devem descartados. A questão, então, é qual o papel que eles exercem na nossa vida.
Paulo, na segunda leitura de hoje, escrevendo aos Colossenses, nos convida à identificação com Cristo: isso significa deixarmos os “deuses” que nos escravizam e nos revestirmos do Homem Novo e nos comportarmos como tal: “irmãos, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo. Afeiçoai-vos às coisas celestes e nãos às terrestres”. Não tanto o dinheiro em si, mas o acúmulo deste já é resultado de uma série de vícios que devem ser evitados: “imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria”.
Mesmo sendo tão forte hoje a ideologia do capitalismo selvagem neoliberal que promete todos os paraísos possíveis; Lucas, no Evangelho de hoje, com a parábola do rico insensato nos assegura que a riqueza não garante a segurança da pessoa humana nem a sua felicidade.
O ensinamento de Jesus parte de uma desavença entre dois irmãos por causa de uma herança. Talvez se tratasse do irmão mais jovem que quisesse a sua parte para usá-la de modo independente. Em tais situações, se recorria logo a um rabino que devia esclarecer o problema. Jesus rejeita totalmente realizar esta função, já que seu ponto de vista é totalmente diferente do daquele jovem. Mas, aproveita a ocasião para ensinar sobre a justa relação que o homem deve ter para com os bens materiais. Ainda hoje na nossa sociedade as brigas por herança mostram um forte desejo de possuir, e muitas vezes conduzem a inimizades que duram toda a vida. Talvez seja por isso que Jesus adverte fortemente contra a ganância. “Atenção! Cuidado contra todo tipo de ganância, porque mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. O ter não é o valor mais alto, pelo qual tudo deva ser sacrificado. Com a parábola, Jesus quer mostrar o quanto pequeno seja o valor dos bens terrenos e como o apegar-se a eles se demonstre um cálculo errado. Tão errado que Jesus chega a chamar quem age assim de “louco”. Esqueceu o que realmente dá sentido à existência. De que adiantou tanto esforço daquele homem se naquela noite morreu?
O sentido da vida não é o comodismo, mas o amor; realmente o trabalho dignifica o homem e não a preguiça; mas esse trabalho não encontra sentido no acúmulo de coisas materiais, mas na partilha. Sem dúvida, a vida terrena depende dos bens materiais, mas não pode ser assegurada nem conseguir o seu cumprimento por meio deles. Para sermos ricos diante de Deus, temos de ter estima pelas coisas do alto, onde está a nossa meta e onde queremos chegar. O resto é puro acréscimo.
FONTE: Pe. ulrish pais (Google+)
Sacerdote de Lisboa
Tem razão o livro do Eclesiastes quando diz: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade”; onde a palavra hebraica para vaidade seria bem melhor traduzida por fugacidade, efemeridade, pois indica aquilo que é vão, inútil, sem solidez nem duração e não propriamente o sentido de ostentação e vanglória como é mais usado hoje. Toda riqueza, luxo, excessiva segurança depositada nos bens materiais não só passa, mas enquanto dura não nos garante de jeito nenhum uma vida com sentido. Sem contar o fato de que quem gasta a vida acumulando riquezas é uma pessoa sem paz por ter que defender a cada momento os seus bens dos mal intencionados e de amizades interesseiras: “Nem mesmo de noite repousa seu coração”.
É! O Eclesiastes tem toda a razão. Entretanto, também é verdade que o dinheiro e os bens de consumo, pelo fato mesmo que existem, têm uma certa importância na nossa vida: como poderíamos viver o quotidiano, comer, vestir-se, se não os tivéssemos? Eles têm a sua utilidade, não devem descartados. A questão, então, é qual o papel que eles exercem na nossa vida.
Paulo, na segunda leitura de hoje, escrevendo aos Colossenses, nos convida à identificação com Cristo: isso significa deixarmos os “deuses” que nos escravizam e nos revestirmos do Homem Novo e nos comportarmos como tal: “irmãos, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo. Afeiçoai-vos às coisas celestes e nãos às terrestres”. Não tanto o dinheiro em si, mas o acúmulo deste já é resultado de uma série de vícios que devem ser evitados: “imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria”.
Mesmo sendo tão forte hoje a ideologia do capitalismo selvagem neoliberal que promete todos os paraísos possíveis; Lucas, no Evangelho de hoje, com a parábola do rico insensato nos assegura que a riqueza não garante a segurança da pessoa humana nem a sua felicidade.
O ensinamento de Jesus parte de uma desavença entre dois irmãos por causa de uma herança. Talvez se tratasse do irmão mais jovem que quisesse a sua parte para usá-la de modo independente. Em tais situações, se recorria logo a um rabino que devia esclarecer o problema. Jesus rejeita totalmente realizar esta função, já que seu ponto de vista é totalmente diferente do daquele jovem. Mas, aproveita a ocasião para ensinar sobre a justa relação que o homem deve ter para com os bens materiais. Ainda hoje na nossa sociedade as brigas por herança mostram um forte desejo de possuir, e muitas vezes conduzem a inimizades que duram toda a vida. Talvez seja por isso que Jesus adverte fortemente contra a ganância. “Atenção! Cuidado contra todo tipo de ganância, porque mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. O ter não é o valor mais alto, pelo qual tudo deva ser sacrificado. Com a parábola, Jesus quer mostrar o quanto pequeno seja o valor dos bens terrenos e como o apegar-se a eles se demonstre um cálculo errado. Tão errado que Jesus chega a chamar quem age assim de “louco”. Esqueceu o que realmente dá sentido à existência. De que adiantou tanto esforço daquele homem se naquela noite morreu?
O sentido da vida não é o comodismo, mas o amor; realmente o trabalho dignifica o homem e não a preguiça; mas esse trabalho não encontra sentido no acúmulo de coisas materiais, mas na partilha. Sem dúvida, a vida terrena depende dos bens materiais, mas não pode ser assegurada nem conseguir o seu cumprimento por meio deles. Para sermos ricos diante de Deus, temos de ter estima pelas coisas do alto, onde está a nossa meta e onde queremos chegar. O resto é puro acréscimo.
FONTE: Pe. ulrish pais (Google+)
Sacerdote de Lisboa
COMENTÁRIOS
DO EVANGELHO

1. As ilusões dessa Vida
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP)
Certamente que as dúvidas de um desempregado, aposentado ou assalariado,
são outras, bem diferentes do homem que protagoniza o evangelho desse domingo.
Enquanto os primeiros se perguntam como irão sobreviver e pagar tantas contas,
o segundo está com uma dúvida cruel: onde irá armazenar o trigo, que produziu
muito mais do que o esperado... Será que vale a pena derrubar os celeiros e
fazer outros maiores para armazenar a produção excedente?
Segundo a lógica capitalista que prioriza o lucro e o
patrimônio, nem é preciso pensar duas vezes, seria uma burrice não
investir. Mas segundo a lógica do evangelho, e a linha de raciocínio de um
sábio chamado Coélet, é uma grande perda de tempo correr atrás da felicidade,
pensando que ela está nas riquezas que este mundo pode oferecer, pois tudo é
vaidade, conclui o sábio. Jesus por sua vez, não faz nenhum discurso inflamado
contra o capitalismo, ou contra os grandes latifundiários que monopolizam a
economia, para decepção dos que querem uma revolução, ele apenas constata o
terrível engano que cometem os que depositam toda sua segurança e felicidade,
apenas nos bens deste mundo.
De fato, podemos imaginar a frustração e o terror que se apodera
do coração de um homem, que chegando de maneira consciente ao derradeiro
instante de sua vida, descobre que passou toda sua existência acumulando
riquezas, que na verdade não passavam de quinquilharias sem valor, perto do
tesouro inestimável do amor e da graça que em Jesus o Pai ofereceu ao mundo. E
o que é pior, tudo isso vai ficar para trás, nenhum centavo irá com ele, e
outros que talvez nem trabalharam irão usufruir do seu capital.
Ele bem que poderia ter investido no verdadeiro tesouro,
partilhando seus bens e sua riqueza com os pobres, poderia ter feito para os
empregados uma forma de participação nos lucros, dando aos mesmos esta alegria,
poderia quem sabe, ter investido forte no social, não apenas de uma maneira
mesquinha, visando incentivo fiscal ou isenção tributária,, mas com o objetivo
verdadeiro de melhorar as condições de vida de tantas pessoas. Poderia ainda
ter gerado novos empregos, elaborar uma política salarial digna e séria, onde
os empregados pudessem crescer e dar mais conforto á família, e não apenas
oferecer alguns míseros percentuais para repor a inflação. Isso também vale
para os governantes, que muitas vezes colocam a saúde e o social em segundo
plano.
Quantas bênçãos para o patrimônio de uma empresa ou nação, Deus
envia do céu, quando se coloca a vida do ser humano em primeiro lugar, e não os
seus interesses políticos, ou os seus gordos lucros! Mas não!
Nada disso fez este homem, que preferiu relacionar-se de maneira
possessiva com seus bens: “MEU trigo, MEUS celeiros”, armazenar, acumular,
ganhar mais para ter um lucro ainda maior, em nenhum momento ele fez planos que
incluíssem a família, a mulher e os filhos, em nenhum momento ocorreu-lhe a
ideia de ajudar seus empregados.
O fim de tal homem será terrível! Não porque Deus irá se vingar
mandando-o para as profundezas do inferno, mas sim porque, como já o dissemos,
na última hora vai “cair à ficha” descobrirá amargurado, que viveu de
maneira egoísta, o remorso e o arrependimento lhe baterão no coração, e a dor
por estar longe de Deus e do seu reino, será eterna e insuportável! Isso é o
inferno! Esse homem durante a sua vida não conseguiu se descobrir como um Filho
de Deus, vocacionado ao amor, que partilha que é generoso e solidário com os
que não têm. Uma partilha que não pode ser imposta pelo poder de alguma lei,
mas ditada por um coração transbordante de amor, esta é a razão porque Jesus se
recusa a interferir em uma briga de irmãos na disputa de uma herança.
Na verdade este homem perdeu toda a sua existência correndo
atrás do brilho falso e ilusório das riquezas materiais, cultuando o deus
dinheiro e fazendo das grandes magazines as imponentes catedrais de
adoração ao poderoso deus do consumo, permanecendo no “Homem velho”, não se
dando conta que a ressurreição de Jesus marcou uma “virada” definitiva na vida
do homem, que precisa sim dos bens deste mundo para viver, mas que em seu
coração só busca as coisas do alto onde está a verdadeira glória e o mais
valioso de todos os tesouros da terra.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
2. A falta de diálogo
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito por Carlos Alberto Contieri, sj - e disponibilizado no Portal
Paulinas)
VIDE ACIMA
ORAÇÃO
Pai, preserva-me do apego exagerado às riquezas, as quais me tornam insensível
às necessidades do meu próximo. Que eu descubra na partilha um caminho de
salvação.
3. PRECAUÇÃO CONTRA A COBIÇA
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica,
Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O Evangelho é toda uma lição de desapego e de liberdade diante
dos bens deste mundo, como também de partilha fraterna do que se possui. Esta
postura decorre da maneira como se considera o Reino na vida do discípulo. O
apego exagerado às riquezas denota uma forma de idolatria, que redunda no
menosprezo de Deus e na opção por valores contrários aos dele. Portanto, a
opção evangélica vai na contramão da cobiça e da avareza.
Com este pano de fundo, entende-se a estranheza de Jesus diante
da solicitação do indivíduo, que o pedia para intervir numa questão de divisão
de herança. A missão do Mestre não comportava ser mediador neste tipo de
problema. Antes, sua preocupação consistia em precaver as pessoas da busca
desenfreada de bens, iludidos de poderem chegar a ser felizes, à custa da
abundância de riqueza.
A posse de bens não é, necessariamente, fator de realização para o ser humano!
A parábola contada por Jesus pode ter-se baseado num fato
conhecido de seus ouvintes. O Mestre enriqueceu-o com elementos que ajudam a
interpretá-lo. O homem rico gastou toda a sua vida acumulando bens. Sua ambição
não tinha limites. Quando pensou ter ajuntado o suficiente, imaginou que tinha
chegado a hora de beneficiar-se de sua fortuna. Enganou-se! Foi colhido pela
morte, tendo de prestar contas a Deus.
É impossível enganar-se quanto à sorte eterna de quem jamais
pensou em partilhar. Sendo rico para si mesmo, o homem era paupérrimo diante de
Deus.
O discípulo do Reino deve precaver-se desta loucura!
Oração
Espírito que ensina a compartilhar, purifica meu coração de toda cobiça e
avareza, e ensina-me a partilhar tudo quanto recebi de Deus.
4 de agosto – 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM
1. I leitura (Ecl 1,2; 2,21-23)
2. Evangelho (Lc 12,13-21)
3. II leitura (Cl 3,1-5.9-11)
SER RICO PARA DEUS
I. INTRODUÇÃO GERAL
A liturgia de hoje ensina a vaidade da riqueza. Para que
tanto trabalhar, se nada podemos levar e devemos deixar o fruto de nosso
trabalho para outros (primeira leitura)? Os pais arrecadam, os filhos
aproveitam, os netos põem a perder… No evangelho, Jesus ilustra essa realidade
com a parábola do homem que chegou a assegurar sua vida material, mas na mesma
noite iria morrer…
Neste presente domingo, o acento cai no desapego dos
“tesouros” terrenos. Nos próximos domingos, veremos que isso é apenas um lado
da mensagem. O verdadeiro tesouro é o que depositamos junto a Deus por meio da
solidariedade que praticamos para com os seus filhos, especialmente os pobres.
Como lema para a liturgia da Palavra e a homilia, pode-se pensar numa frase
como “ser rico para Deus”, “onde está teu tesouro, aí estará teu coração” ou “a
riqueza passa, Deus não passa nunca”.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Ecl 1,2; 2,21-23)
“Para que riqueza e saber?”, eis a pergunta do Eclesiastes
(Coélet), de autoria de um filósofo judeu versado também no pensamento do mundo
grego, lá por volta do ano 300 a.C., quando a Palestina estava sendo absorvida
pelo império de Alexandre Magno, que espalhou a cultura grega por todo o Médio
Oriente.
A literatura do Antigo Testamento geralmente demonstra apreço
e gratidão pela vida. Prova disso é a primeira página da Bíblia, o hino da
criação (Gn 1). O Eclesiastes, porém, parece demonstrar certo ceticismo. Ataca
o leitor com perguntas inoportunas: Que é o homem? Por que existe? Aonde vai?
Para que servem a riqueza e o saber, dificilmente alcançados e tão facilmente
perdidos na hora da morte? É como um vento que passa, “vaidade”. Que sobra?
Essas perguntas nos preparam para valorizar o “tesouro junto a Deus” de que
fala o evangelho.
Quando os negócios vão bem, é difícil aceitar o
questionamento do Eclesiastes. Ele insiste no vazio das riquezas deste mundo,
não só as riquezas financeiras, mas também o poder e o saber. O judaísmo
apreciava bastante a riqueza, vendo nela uma recompensa de Deus (a assim
chamada “teologia da retribuição”). Porém, uma obra mais ou menos contemporânea
do Eclesiastes, o livro de Jó, põe em xeque a ideia de que a riqueza e a honra
sejam recompensas por uma vida justa: Jó era um justo e recebeu o contrário da
riqueza e do poder. Com base nisso, o livro de Jó nos abre ao mistério de Deus,
que nos transcende (Jo 38,1-42,6). Eclesiastes, por sua vez, expõe lucidamente
a precariedade das riquezas financeiras e culturais. Mas não conhece a visão de
Jó, nem propõe alternativa ao tradicional pensamento judaico, nem vê outra
riqueza que mereça nosso empenho. Por isso, apregoa uma fruição prudente e um
comportamento sem problemas e sem perspectiva maior.
2. Evangelho (Lc 12,13-21)
Em contraste com o desejo de se realizar na riqueza e no
bem-estar materiais, Jesus, no evangelho, ensina-nos a nos tornar ricos aos
olhos de Deus. Lc 12,13-34 traz sentenças de Jesus sobre pobreza e riqueza. A
vida não depende do poder aquisitivo (12,15). A palavra de Jesus é boa-nova,
antes de tudo, para quem não depende da riqueza material: o pobre (cf. Mt 5,3;
Lc 6,20). Onde está o tesouro de alguém, aí está o seu coração (Lc 12,34).
Herança, sucesso, safra… não livram o homem do perigo maior, o de endurecer-se,
de romper a comunhão com os irmãos e com Deus. Quem liga para esses “tesouros”
é um bobo (12,20). Assim é quem adora a sociedade do consumo. Embora talvez
frequente a Igreja, no fundo não se importa com Deus (cf. Sl 14[13],1).
Possuído por suas posses (cf. Tg 4,13-15), o homem já não percebe o que Deus
lhe quer mostrar. O contrário disso, porém, a doação, a comunhão e tudo que daí
procede nos garantem um tesouro junto a Deus.
Basta uma boa crise financeira para a gente se lembrar da
precariedade dos tesouros deste mundo, mas nem todos aprendem a lição… A cena
que o evangelho conta é bem típica: uma briga de irmãos por causa da herança.
Querem que Jesus resolva a questão (como os cristãos de família tradicional que
chamam o padre para resolver problemas familiares). Jesus, porém, não mostra
interesse por isso, sua missão é outra. Que adiantaria, para o reino de Deus,
impor a esses dois irmãos uma solução que, provavelmente, não os reconciliaria?
Para Jesus interessa que a pessoa se converta aos valores do Reino. Por isso,
ele narra a parábola do rico insensato, o qual, depois de uma boa safra, achou
que poderia descansar para o resto da vida e viver do que recolhera. (Coitado!
Na mesma noite Deus viria reclamar sua vida…) Não que Jesus critique o desejo
de viver decentemente; antes denuncia a mania de depositar a esperança nas
riquezas desta vida, perdendo a oportunidade de reunir tesouros (= o que se
deposita para guardar) junto a Deus.
As riquezas não são um mal em si, mas desviam nossa atenção
da verdadeira riqueza, a amizade de Deus, a qual alcançamos pela dedicação a
seus filhos (nesse sentido, convém completar a parábola de hoje por aquela do
rico avaro e Lázaro, Lc 16,19-31).
3. II leitura (Cl 3,1-5.9-11)
Em continuidade com a segunda leitura de domingo passado,
Paulo nos expõe hoje a vida nova em Cristo. A vida nova do cristão é morrer e
corressuscitar com Cristo. A comunhão com ele não é só para a vida futura; já
somos nova criação em Cristo, embora ela esteja ainda escondida em Deus, como o
próprio Cristo. Mas essa vida nova já age, e sua configuração já está definida.
Para isso, o velho homem deve morrer, não por uma mortificação que diminui a dignidade humana, mas pela vida nova
na comunhão. Isso é que nos garante um tesouro junto a Deus.
O evangelho nos ensina a rever os critérios de nossa vida.
Precisamos acreditar que nossa existência é diferente daquilo que o
materialismo nos propõe. A segunda leitura nos fornece uma base sólida para tal
fé. Corressuscitados com Cristo, devemos procurar as coisas do alto: o que é de
valor definitivo, junto a Deus. E isso não está muito longe de nós. Nossa
verdadeira vida é Cristo, que está “escondido” junto a Deus, na glória que se há
de manifestar no dia sem fim. Se essa é nossa vida verdadeira, embora
escondida, ela determina nosso agir desde já. Em vez de buscar interesses
próprios (Cl 3,5.7 faz o elenco destes), devemos buscar o que é de Deus
(3,12-17, continuação da presente leitura). Nossa vida já é dirigida por
critérios diferentes, embora sua figura definitiva ainda não seja visível. Por
isso, o cristão é incompreensível para o mundo. Ele mesmo, porém, deve
compreender e sondar a precariedade dos “tesouros” deste mundo. Por ser assim
“diferente”, ele será rejeitado; portanto, precisa de uma fé sólida na
autêntica vida – a de Cristo ressuscitado e de todos os verdadeiros batizados,
sem distinção (Cl 3,11).
Será que isso significa desprezo pelo mundo? Não. Nem
teríamos o direito de desprezar o que Deus criou. É apenas uma questão de
realismo: importa saber onde está a vida verdadeira, o sentido último de nosso
existir, e relativizar o resto em função dessa vida verdadeira. Esta é a do
Filho de Deus. Nós a partilhamos se nos dedicamos à vontade do Pai em tudo. E
essa vontade é o amor para com nossos irmãos. O amor nos engaja muito mais
neste mundo do que a busca de riquezas e de saber ilustrado.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
Riqueza insensata: Quem
é materialista (“materialista prático”, ainda que tenha teorias altamente
espirituais), no fundo, só quer conhecer os prazeres do mundo. Para ele, o
ensinamento de Jesus é indigesto. Nem por isso esse ensinamento deixa de ser
verdadeiro. Não levamos nada daqui. As riquezas materiais não têm valor
duradouro nem podem ser o fim último ao qual o ser humano se dedica.
Talvez o consumismo de hoje tenha isto de bom: lembra-nos
essa precariedade. O produto que compramos hoje já sairá de moda amanhã, e
depois de amanhã já nem haverá peças de reposição para consertá-lo! Nossa nova
TV estará fora de moda antes de terminarmos de pagar as prestações… Por outro
lado, esse consumismo é grosseira injustiça, pois gastamos em uma só geração os
recursos das gerações futuras. Se as coisas valem tão pouco, melhor seria não
as comprar e voltar a uma vida mais simples e desprendida. Poderia até
sobrevir, como consequência, uma recessão econômica, mas também haveria menos
necessidade de dinheiro para ser gasto…
A caça à riqueza material é um beco sem saída. A razão por
que se insiste em produzir sempre mais é que os donos do mundo lucram com a
produção, sobretudo das coisas supérfluas que enchem as prateleiras das lojas.
Para vendê-las, criam e excitam nas pessoas a necessidade de possuí-las,
mediante a publicidade na rua, no jornal, na televisão. Quando então as pessoas
não conseguem adquirir todas essas coisas, ficam irrequietas; quando conseguem,
ficam enjoadas; e nos dois casos surge mais uma necessidade: a psicoterapia…
A “sabedoria do lucro” é injusta e assassina. Leva as pessoas
a desconsiderar os fracos. Um presidente deste nosso país chegou a dizer que
“quem não pode competir não deve consumir”… O sistema do lucro e do desejo
sempre mais acirrado precisa manter as desigualdades, pois parte do pressuposto
de que todos querem superar a todos. Tal sistema é “intrinsecamente
pecaminoso”, disseram os papas Paulo VI e João Paulo II.
Ser rico não para si, mas para Deus. Não amontoar riquezas
que, na hora do juízo, serão as testemunhas de nossa avareza, injustiça e
exploração (cf. Tg 5,1-6), mas riquezas que constituam a alegria de Deus!
Não adianta muito discutir se a produção tem de ser
capitalista ou socialista, enquanto não se tem claro que o ser humano não
existe para a produção, e sim a produção para o ser humano. O qual, se for
sábio, tentará precisar dela o menos possível. Usá-la-á para fazer amigos que o
“recebam nas moradas eternas” (Lc 16,9).
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde
leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia e em
Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente é
professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras,
publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro;
Liturgia dominical: mistério de Cristo e
formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor
e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.br
4 de agosto: 18º domingo do tempo comum
O ACÚMULO QUE EMPOBRECE
O
evangelho deste domingo questiona nossa realidade socioeconômica brasileira: a
concentração da riqueza nas mãos de poucos. O desejo de acumular se faz
presente em homens e mulheres. Todos, ou quase todos, queremos sempre mais. A
sede de possuir parece não ter fim. Jesus não despreza nem contesta a riqueza
em si, mas a forma como é vista, usada e concentrada.
Diz
certo ditado registrado nos muros de nossas cidades: riqueza partilhada é adubo
de vida abundante para todos, e riqueza concentrada é sinal de morte para
muitos. O ditado tem fundamento: quando a riqueza é distribuída, favorece a
vida de toda uma nação; ao passo que, quando está concentrada e não é investida
ou aplicada, muitos acabam passando necessidades. A preocupação dos governantes
deve ser justamente se empenhar para que a riqueza seja distribuída e favoreça
a vida de todos, e não apenas de uma minoria.
Para
muitos, o dinheiro é tudo – por crerem que sem ele não se pode fazer nada. “O
dinheiro dá ao homem a segurança, a possibilidade de fazer tudo. Desencadeia-se
então o mecanismo da acumulação; o dinheiro nunca é demais, torna-se idolatria.
Quando o dinheiro se torna o próprio deus, está-se disposto a tudo para
obtê-lo. A sede do dinheiro opõe o homem ao homem. Se cada um procura ter mais,
o outro se torna concorrente a superar ou a eliminar” (Missal Dominical, p.
1.196).
O
papa Paulo VI dizia: “A busca exclusiva do ter forma um obstáculo ao
crescimento do ser e opõe-se à sua verdadeira grandeza: tanto para as nações
como para as pessoas, a avareza é a forma mais evidente do subdesenvolvimento
moral” (PP 19).
A
atual crise que o mundo está atravessando consiste numa “crise de ambição”: os
países ricos, obedientes à lógica da acumulação e da busca do máximo de
bem-estar e prazer, enquanto muitos afundam na miséria, de repente veem suas
seguranças cair por terra. Essa crise pode ser vista como um “sinal dos tempos”,
o qual deve ser lido à luz do evangelho.
A vaidade não preenche
Por que andamos na vida tantas vezes
preocupados, ansiosos, nervosos, ou achamos que a nossa vida muitas vezes perde
o sentido? É porque vaidade não preenche.
“Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades!
Tudo é vaidade” (Ecl
1,2).
A primeira leitura desse 18º Domingo do Tempo Comum, serve como
referencial para nós, até para podermos entender realmente aquilo que Jesus
veio nos ensinar.
Nós passamos praticamente a vida inteira correndo atrás de
vaidades. Eu digo a você que vaidade é aquilo que vai, não é aquilo que
permanece. Nós nos preocupamos muito com o superficial, nos preocupamos demais
com as aparências, em adquirir bens, em ganhar isso e aquilo… E não temos o
cuidado devido com a alma, com o espírito.
Não cuidamos devidamente em aplicar na nossa vida os princípios
divinos, os princípios do Evangelho.
E por que andamos na vida tantas vezes preocupados, ansiosos,
nervosos, ou achamos que a nossa vida muitas vezes perde o sentido? É porque
vaidade não preenche. Vaidade é só ilusão, fantasia, máscara!
E você sabe: depois que passa o baile, depois que passa o uso
dessas fantasias todas, nós caímos em si e percebemos que nada disso nos preencheu.
Que bom que muitos podem perceber isso ao longo da vida. Alguns
só conseguem perceber no final dela. E outros nem têm tempo de perceber que
passou a vida perdendo a vida, jogando a vida fora, vivendo a vida como se ela
fosse uma coisa muito curta, passageira, e não dando sentido a ela. Por isso,
São Paulo nos diz na segunda leitura: “Irmãos:
Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde
está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas
terrestres” (Cl
3,1-2).
Sabe, a gente gasta a vida toda preocupado em acumular isso e
aquilo, procurando acumular fortunas, deixar tantas coisas… E nada disso
permanece. Se você quer deixar um bem incomensurável, que jamais a terra poderá
roubar de você, nem quando você partir dessa vida para o encontro definitivo
com a eternidade, deixe valores. Deixe realmente uma vivência de vida que seja
exemplar. O resto? Tudo perece, tudo passa. O que permanece é aquilo que
fizemos de bem para os outros.
Que Deus abençoe você.
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
LEITURA ORANTE
Lc 12,13-21 - A verdadeira vida não depende das coisas que se tem

Saudação
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai,
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Preparo-me para a Leitura, rezando com todos
que navegam pela internet, com Santo
Tomás de Aquino:
Concede-me, Senhor meu Deus,
uma inteligência que te conheça,
uma vontade que te busque,
uma sabedoria que te encontre,
uma vida que te agrade,
uma perseverança que te espere com confiança e
uma confiança que te possua, enfim. Amém.
1. Leitura (Verdade)
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto Lc 12,13-21, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Leio atentamente, na Bíblia, o texto Lc 12,13-21, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Um homem que estava no meio da multidão disse a Jesus:
- Mestre, mande o meu irmão repartir comigo a herança que o nosso pai nos deixou.
- Mestre, mande o meu irmão repartir comigo a herança que o nosso pai nos deixou.
Jesus disse:
- Homem, quem me deu o direito de julgar ou de repartir propriedades entre vocês?
E continuou, dizendo a todos:
- Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas.
Então Jesus contou a seguinte parábola:
- As terras de um homem rico deram uma grande colheita. Então ele começou a pensar: "Eu não tenho lugar para guardar toda esta colheita. O que é que vou fazer? Ah! Já sei! - disse para si mesmo. - Vou derrubar os meus depósitos de cereais e construir outros maiores ainda. Neles guardarei todas as minhas colheitas junto com tudo o que tenho. Então direi a mim mesmo: 'Homem feliz! Você tem tudo de bom que precisa para muitos anos. Agora descanse, coma, beba e alegre-se.' " Mas Deus lhe disse: "Seu tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou?"
Jesus concluiu:
- Isso é o que acontece com aqueles que juntam riquezas para si mesmos, mas para Deus não são ricos.
A questão que o homem, no meio da multidão, expõe, leva Jesus a esclarecer que ele não veio para resolver interesses pecuniários ou de dinheiro. Para que acumular? O Mestre mais ensina a dar e partilhar do que a reclamar direitos. E toca a raiz do que vicia as relações humanas: o ter. Um grande profeta de nosso tempo, padre Alfredinho, dizia que “o que divide a comunidade é o dinheiro”. E o Salmo 49, salmo sapiencial sobre a condição do homem, recorda que a riqueza não é um seguro de vida. O rico da história que Jesus conta é um bom exemplo de confiança nas riquezas. No seu monólogo revela que seu horizonte é bastante pequeno: esta vida! A isto responde Deus: “Seu tolo. Esta noite você vai morrer”. Rico para Deus é quem ajuda o próximo, como diz o livro dos Provérbios: “Quem se compadece do próximo empresta a Deus” (Pr 19,17)
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Qual palavra mais me toca o coração?
Entro em diálogo com o texto. Quais são minhas preocupações?
Cuido de assegurar a mim e à minha família uma vida digna ou me preocupo demais com o ter, acumular para o futuro.
Acaso o ter para mim é como um “seguro de vida”?
O meu horizonte termina nesta vida ou a cada dia, vislumbro o Reino que não tem fim?
Os bispos, em Aparecida, disseram: “Segundo a Doutrina Social da Igreja, “o objeto da economia é a formação da riqueza e seu incremento progressivo, em termos não só quantitativos, mas qualitativos: tudo é moralmente correto se está orientado para o desenvolvimento global e solidário do homem e da sociedade na qual vive e trabalha. O desenvolvimento, na verdade, não pode se reduzir a um mero processo de acumulação de bens e de serviços. Ao contrário, a pura acumulação, ainda que para o bem comum, não é uma condição suficiente para a realização de uma autêntica felicidade humana”. A empresa é chamada a prestar uma contribuição maior na sociedade, assumindo a chamada responsabilidade social-empresarial, a partir dessa perspectiva”. (DAp 69).
3.Oração
(Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com Charles de Foucauld:
Rezar é pensar em
Deus, amando-o
Senhor, fala ao meu coração,
vem com tua ternura,
com a gentileza dos teus gestos
que não impõem nada às minhas
decisões,
com atenção aos detalhes,
como sabes fazer,
com a divertida ironia
com que me levas na flauta,
com a decisão de quem sabe
dos seus interesses
mas conhece meu coração e perdoa.
Chegas silencioso
porque nunca te percebo,
revolucionário,
porque em silêncio
mudas as cartas e viras o jogo na
mesa.
Vem me fazer companhia
para que juntos consigamos amá-lo,
esse nosso Pai,
com todo o coração,
com todo o intelecto,
com toda a vontade.
Rezar é pensar em Deus, amando-o.
4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus.
Vou eliminar do meu modo de pensar e agir aquilo que não vem de Deus, que não é conforme o Projeto de Jesus Mestre.Disponho-me a dar e partilhar mais do que a reclamar direitos.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, que o teu Espírito
nos inspire o valor verdadeiro dos bens deste mundo que nos emprestas. Que não
façamos deles fins em si mesmos, mas que saibamos usá-los para a partilha com
os irmãos que colocaste em nosso caminho. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso
Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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