A devoção a são Cristóvão
é uma das mais antigas e populares da Igreja, tanto do Oriente como do
Ocidente. São centenas de igrejas dedicadas a ele em todos os países do mundo.
Também não faltam irmandades, patronatos, conventos e instituições que tomaram
o seu nome, para homenageá-lo. Ele consta da relação dos "quatorze santos
auxiliadores" invocados para interceder pelo povo nos momentos de aflições
e dificuldades. Assim, o vigor desta veneração percorreu os tempos com igual
intensidade e alcançou os nossos dias da mesma maneira.
Entretanto são poucos os dados precisos sobre sua
vida. Só se tem conhecimento comprovado de que Cristóvão era um homem alto e
musculoso, extremamente forte. Alguns escritos antigos o descrevem como
portador de "uma força hercúlea". Pregou na Lícia e foi martirizado,
a mando do imperador Décio, no ano 250. Depois disso, as informações fazem
parte da tradição oral cristã, propagada pela fé dos devotos ao longo dos
tempos, e que a Igreja respeita.
Ela nos conta que seu nome era Réprobo e que
nasceu na Palestina. Como um verdadeiro gigante Golias, não havia quem lhe
fizesse frente em termos de força física. Assim, só podia ter a profissão que
tinha: guerreiro. Aliás, era um guerreiro indomável e invencível. A sua simples
presença era garantia de vitória para o exército do qual participasse.
Conta-se que, estando cansado de servir aos
caprichos de um e outro rei, apenas porque fora contratado para lutar em seu
favor, foi procurar o maior e mais poderoso de todos, para servir somente a
este. Então, ele se decidiu colocar a serviço de satanás, pois não havia quem
não se curvasse de medo ao ouvir seu nome.
Mas também se decepcionou. Notou que toda vez que
seu chefe tinha de passar diante da cruz, mudava de caminho, evitando o
encontro com o símbolo de Jesus. Abandonou o anjo do mal e passou, então, a
procurar o Senhor. Um eremita o orientou a praticar a caridade para servir ao Todo
Poderoso como desejava, então ele abandonou as armas imediatamente. Integrou-se
a uma instituição de caridade e passou a ajudar os viajantes. De dia ou de
noite, ficava às margens de um rio onde não havia pontes e onde várias pessoas
se afogaram por causa da profundidade, transportando os viajantes de uma margem
à outra.
Certo dia, fez o mesmo com um menino. Mas conforme
atravessava o rio, a criança ia ficando mais pesada e só com muito custo e
sofrimento ele conseguiu depositar com segurança o menino na outra margem.
Então perguntou: "Como pode ser isso? Parece que carreguei o mundo nas
costas". O menino respondeu: "Não carregou o mundo, mas sim seu
Criador". Assim Jesus se revelou a ele e o convidou a ser seu apóstolo.
O gigante mudou seu nome para Cristóvão, que
significa algo próximo de "carregador de Cristo", e passou a
peregrinar levando a palavra de Cristo. Foi à Síria, onde sua figura
espetacular e nada normal chamava a atenção e atraía quem o ouvisse. Ele,
então, falava do cristianismo e convertia mais e mais pessoas. Por esse seu
apostolado foi denunciado ao imperador Décio, que o mandou prender. Mas não foi
nada fácil, não por causa de sua força física, mas pelo poder de sua pregação.
Os primeiros quarenta soldados que tentaram
prendê-lo converteram-se e por isso foram todos martirizados. Depois, quando já
estava no cárcere, mandaram duas mulheres, Nicete e Aquilina, à sua cela para
testar suas virtudes. Elas também abandonaram o pecado e batizaram-se, sendo
igualmente mortas. Foi quando o tirano, muito irado, mandou que ele fosse
submetido a suplícios e em seguida o matassem. Cristóvão foi, então, flagelado,
golpeado com flechas, jogado no fogo e por fim decapitado.
São Cristóvão é popularmente conhecido como o
protetor dos viajantes, assim como dos motoristas e dos condutores.
Cristóvão,
antes do batismo, chamava-se Réprobo, porém, depois, se chamou Cristóvão, que é
o mesmo que dizer aquele que carrega Cristo, pois ele carregou Cristo em seus
ombros, transportando-o e guiando-o; em seu corpo, tornando-o esquálido; em sua
mente, pela devoção; e em sua boca, confessando-o e pregando a sua mensagem.
Cristóvão
era de linhagem Cananéia, de estatura elevada e ereta, rosto feio e aparência
assustadora. Tinha doze cúbitos de comprimento, e lemos em algumas histórias
que, quando estava a serviço do rei de Canaã, vivendo junto a ele, veio-lhe à
mente procurar o maior príncipe existente no mundo e a ele servir e obedecer. E
foi tão longe, que encontrou o legítimo grande rei, cuja fama geralmente era de
que seria o maior do mundo. E quando este rei o viu, tomou-o para o seu serviço
e o fez habitar em sua corte. Certa vez, um menestrel cantou perante ele uma
canção na qual citava constantemente o demônio, e o rei, que era um homem
cristão, ao ouvi-lo mencionar o demônio, traçou o sinal da cruz em sua fronte.
E quando Cristóvão viu isso, ficou curioso em saber que sinal seria aquele e
para que o rei o fizera, e lhe perguntou isso. E por que o rei não lhe queria
responder, ele disse: Se não me disserdes, não mais habitarei convosco. Então o
rei lhe explicou, dizendo: Sempre que ouço mencionarem o demônio, temo que ele
possa ter poder sobre mim, e eu me previno contra ele com este sinal, a fim de
que não me faça mal e não me perturbe. Então, Cristóvão lhe disse. Temeis que o
demônio vos possa fazer mal? Então, o demônio é mais poderoso e maior do que
vós. Por isso, fui enganado em minha esperança e em meu plano, pois supunha ter
encontrado o maior e o mair poderoso senhor do mundo, mas eu vos recomendo a
Deus, porque vou procura-lo para que seja o meu senhor, e eu, o seu servo.
Em
seguida, ele se despediu daquele rei e apressou-se a ir em busca do demônio. E
quando passava por um grande deserto, avistou um grande séqüito de cavalheiros,
no meio dos quais se destacava um cavalheiro cruel e horrível que,
aproximando-se dele, lhe perguntou qual era o seu destino, e Critóvão,
respondendo, disse-lhe: ‘Estou à procura do demônio, para que seja o meu
senhor’. E ele lhe respondeu: ‘Eu sou quem procuras’. Então, Cristóvão ficou
contente, pediu-lhe para ser seu servo perpétuo e o tomou como seu mestre e
senhor. E indo os dois juntos pelo mesmo caminho, encontraram nele uma cruz
erguida. O demônio, ao avistar a cruz, logo ficou apavorado e fugiu, deixando o
caminho normal, e, fazendo um grande desvio, fez Cristóvão passar por um
deserto árido. Mais trade, quando já haviam contornado a cruz, reconduziu-o ao
caminho principal que haviam deixado. Quando Cristóvão perguntou porque
hesitara e abandonara o caminho principal e limpo e entrara num deserto assim
tão árido, o demônio não quis lhe explicar de forma alguma. Então, Cristóvão
lhe disse: ‘Se não me disseres, separar-me-ei imediatamente de ti e não mais te
servirei’. Ao que o demônio se viu obrigado a lhe contar, dizendo-lhe: ‘Havia
um homem chamado Cristo que foi suspenso numa cruz, e, quando vejo o seu sinal,
fico apavorado e fujo dele, onde quer que o veja’. Cristóvão disse-lhe: ‘Então,
ele é maior e mais poderoso que tu, já que tens medo do seu sinal, e eu, agora,
por não ter encontrado o maior senhor do mundo, compreendo bem que trabalhei em
vão. E eu não mais servirei a ti; segue, pois, teu caminho, pois eu vou à
procura de Cristo’.
E após
ter, durante muito tempo, procurado e perguntado onde poderia encontrar Cristo,
finalmente, chegou a um grande deserto, até onde habitava um eremita, e este
lhe falou de Jesus Cristo e o instruiu diligentemente na fé e lhe disse: ‘Este
Rei a quem desejas servir pede o serviço de jejuares muitas vezes’. E Cristóvão
lhe disse: ‘Pede de mim qualquer outra coisa, que eu a farei, pois o que me
pedes eu não farei’. E o eremita lhe disse: ‘Então, deves vigiar e orar
constantemente’. E Cristóvão lhe disse: ‘Não sei o que isto seja. Não farei tal
coisa’. Então o eremita lhe disse: ‘Conheces aquele rio assim e assim, onde
muitos pereceram e se perderam?’ Ao que Cristóvão respondeu: ‘Conheço-o muito
bem’. Então lhe disse o eremita: ‘Como és de estatura nobre, elevada e forte em
teus membros, deves morar perto daquele rio, e transportarás pelo mesmo todos
quantos por ele precisarem passar, o que será algo muito agradável a Nosso
Senhor Jesus Cristo, a quem desejas servir, e eu espero que Ele se mostrará a
ti’. Então disse Cristóvão: ‘Sem dúvida, este serviço eu posso muito bem
executar, e eu prometo a ele que o farei’. Em seguida, Cristóvão foi até aquele
rio e lá construiu uma morada para si e carregava nas mãos uma grande vara, à
guisa de bastão, para se apoiar dentro da água, e assim transportava toda sorte
de pessoas, sem parar. E lá habitou, executando esse trabalho, durante muitos
dias.
E certa
vez, quando dormia em sua choupana, ouviu uma voz de criança que o chamava e
dizia: ‘Cristóvão, sai de dentro e vem carregar-me até a outra margem’. Então,
levantou-se e saiu, porém não viu ninguém. E voltando de novo para dentro da
casa, ouviu a mesma voz, correu para fora e não avistou ninguém. Pela terceira
vez, foi ele chamado e, saindo, viu uma criança à beira do rio, que lhe pediu
por favor que o transportasse para a outra margem. Então, Cristóvão pôs aquela
criança aos ombros, apanhou o bastão e entrou no rio para atravessa-lo. E a
água do rio subiu e aumentava cada vez mais; e a criança pesava como chumbo, e
a cada passo que dava rumo ao centro do rio, a água aumentava e crescia cada
vez mais, e a criança tornava-se mais pesada ainda, a tal ponto que Cristóvão
ficou muito angustiado e temia vir a afogar-se. Por fim, conseguiu escapar
daquela situação com grande esforço, fez a travessia e colocou a criança no
chão, e disse a ela: ‘Menino, puseste-me num grande perigo; pesas tanto como se
tivesse o mundo sobre os meus ombros: não poderia carregar um peso maior’. E o
menino respondeu: ‘Cristóvão, não te espantes, pois não só carregaste o mundo
inteiro em teus ombros, como também carregaste Aquele que criou e fez o mundo
inteiro. Eu sou Jesus Cristo, o Rei, a quem serves neste mundo. E para que
saibas que digo a verdade, põe teu bastão no chão, junto à tua casa, e amanhã
verás que ele estará coberto de flores e de frutos’. E desapareceu de repente
de sua vista. Então, Cristóvão colocou o bastão na terra, e, quando levantou de
manhã, encontrou-o parecido com uma palmeira, carregado de flores, folhas e
tâmaras.
Então,
Cristóvão se dirigiu até a cidade de Lícia e não conseguia entender a linguagem
de seus habitantes. Então, orou ao Senhor, para que fizesse com que pudesse
entende-los, e assim fez. E enquanto estava rezando, os juízes pensavam que
estivesse louco, e o deixaram lá sozinho. Então, quando Cristóvão pôde entender
o que diziam, cobriu o semblante e foi até o lugar onde costumavam martirizar
os cristãos, e os confortou em nome do Senhor. Então, os juízes bateram-lhe na
face, e Cristóvão lhes disse: ‘Se eu não fosse cristão, eu vingaria esta
ofensa’. Então Cristóvão arremessou o seu bastão no chão e pediu ao Senhor que,
para converter aquelas pessoas, ele devia se cobrir de flores e de frutos. E
logo assim sucedeu. E então, converteu oito mil pessoas. E o rei enviou dois
cavaleiros para que o trouxessem, e o encontraram orando, e não ousaram lhe
dizer isso. E logo em seguida, o rei mandou muitos outros cavalheiros e logo se
puseram a rezar com ele. E quando Cristóvão se ergueu, disse a eles: ‘O que
procurais?’ E ao verem o seu semblante, lhe disseram: ‘O rei nos mandou aqui, a
fim de amarra-lo e conduzi-lo até ele’. E Cristóvão lhes disse: ‘Se eu
quisesse, não poderíeis me levar até ele, amarrado ou solto’. E eles lhe
disseram: ‘Se quiseres seguir o teu caminho, vai livre, para onde quiseres. E
nós diremos ao rei que não te encontramos’. ‘Assim não será’, disse-lhes ele,
‘mas eu irei convosco’. Então, ele os converteu à Fé, e ordenou-lhes que deviam
lhe atar as mãos às costas e conduzi-lo assim amarrado à presença do rei. E
quando o rei o avistou, ficou apavorado e caiu do trono. E os servos o ergueram
novamente. Então, o rei perguntou pelo seu nome e pela sua pátria. E Cristóvão
lhe respondeu: ‘Antes de ser batizado, eu me chamava Réprobo, e depois, eu sou
Cristóvão; antes do batismo, um cananeu; agora um cristão’. Ao que disse o rei:
Tens um nome tolo, isto é, o nome de Cristo crucificado, que não conseguiu
livrar-se e não pode ser-te útil. Como, pois, maldizes os cananeus, por que não
sacrificas aos nossos deuses?’ Cristóvão respondeu-lhe: ‘Com razão te chamas
Dagnus, pois és a morte do mundo e o companheiro do demônio, e os teus deuses
são obras de mãos humanas’. E o rei lhe disse: ‘Foste alimentado entre animais
selvagens e por isso só podes falar uma linguagem rude e palavras desconhecidas
dos homens. E agora, se quiseres sacrificar aos deuses, dar-te-ei grandes
presentes e grandes honrarias, e se não quiseres, destruir-te-ei e acabarei
contigo, no meio de grandes sofrimentos e torturas’. Mas, apesar de tudo isso,
ele não se dispôs, de forma alguma, a sacrificar, por isso ele foi mandado para
a prisão, e o rei mandou decapitar outros cavaleiros que havia mandado
buscá-lo, e a quem ele convertera.
"Em
seguida, o rei mandou levar para dentro da prisão de Cristóvão duas mulheres
bonitas, uma das quais se chamava Nicéia e a outra Aquilina, e prometeu a elas
grandes presentes caso conseguissem fazer com que Cristóvão pecasse com elas.
Quando Cristóvão notou isso, prostrou-se em oração, e ao ser forçado por elas,
que o abraçaram para que se resolvesse a agir, ele se ergueu e disse: ‘O que
procurais? Para que fim aqui viestes?’ E elas, ficando assustadas com seu
aspecto e com a expressão clara do seu semblante, disseram: ‘Ó santo de Deus,
compadecei-vos de nós, a fim de que creiamos neste Deus que pregais’. E quando
o rei ouviu isso, ordenou que as duas fossem retiradas de lá e trazidas à sua
presença. E lhes disse: ‘Fostes enganadas. Mas conjuro-vos pelos meus deuses
que, se não sacrificardes a eles, sereis imediatamente castigadas com uma morte
horrível’. E elas lhe disseram: ‘Se quiserdes que sacrifiquemos, ordenai que o
lugar fique livre e que todas as pessoas se reúnam no templo’. Quando isso foi
feito, elas entraram no templo, tomaram os cintos e os colocaram em volta do
pescoço dos deuses e os arrastaram até o chão, e os fizeram em pedaços. E
disseram aos que estavam presentes: ‘Chamai os médicos e os que trabalham com
sanguessugas para que curem os vossos deuses’. Então, por ordem do rei,
Aquilina foi enforcada, e uma enorme pedra foi amarrada e suspensa aos seus
pés, de modo que os seus membros foram quebrados de modo horrível. E quando
estava morta e passou para o Senhor, sua irmã Nicéia foi atirada a uma grande
fogueira, porém ela conseguiu sair ilesa, intacta. Então eles mandaram
decepar-lhe a cabeça à força e assim sofreu a morte.
A
seguir, Cristóvão foi trazido à presença do rei. Este ordenou que fosse
torturado com varas de ferro e colocada em sua cabeça uma cruz de ferro em
brasa. Em seguida, após mandar fazer um recipiente de ferro e pôr Cristóvão
amarrado dentro dele, ordenou que colocassem fogo por baixo, e o enchessem de
piche. Mas o recipiente se derreteu como cera, e Cristóvão saiu sem qualquer
ferimento ou queimadura. E o ver isso, o rei ordenou que fosse amarrado a um
poste resistente e fosse crivado de flechas por quarenta arqueiros. Contudo,
nenhum daqueles arqueiros conseguiu acertá-lo, pois as flechas ficavam imóveis
no ar, próximas a ele, sem toca-lo. Então o rei, imaginando que tivesse sido
atravessado pelas flechas dos arqueiros, dirigiu-se até ele para ficar bem
perto. E uma das flechas, virando-se repentinamente no ar, atingiu-o num dos
olhos, deixando-o cego. Cristóvão disse-lhe: ‘Tirano, vou morrer amanhã. Fazei
um pouco de lama misturada ao meu sangue e ungi com ela vosso olho e sereis
curado’. Então, à ordem do rei, ele foi levado para que lhe cortassem a cabeça.
Fez a sua oração, e a cabeça lhe foi decepada, e assim sofreu o martírio. E o
rei então pegou um pouco do seu sangue e o colocou na vista, e disse: ‘Em nome
de Deus e de S. Cristóvão’ e logo ficou curado. Então o rei acreditou em Deus e
deu ordens para que, se qualquer pessoa culpasse a Deus ou a S. Cristóvão,
deveria ser imediatamente morto à espada.
Esta é,
com algumas alterações, a história de S. Cristóvão, extraída da Legenda Áurea,
da forma como foi traduzida para o inglês por William Caxton, uma história
conhecida em toda a cristandade, tanto no Oriente como no Ocidente. Dela surgiu
a crença popular de que todo aquele que contemplasse uma imagem do santo
naquele dia não sofreria mal algum: crença essa que foi responsável pela
colocação de grandes estátuas e afrescos que o representavam na parte oposta à
entrada das igrejas (algumas das quais ainda existem em nosso próprio país), de
forma que todos os que entrassem pudessem vê-la. Ele era o santo padroeiro dos
viajantes, sendo invocado contra os perigos representados pelas águas,
tempestades e pragas. E, em épocas mais recentes, encontrou uma popularidade
renovada como padroeiro dos motoristas.
A lenda
de S. Cristóvão só assumiu a sua forma final na Idade Média: seu nome latino
Christophorus (o que leva Cristo), além de ter um significado espiritual,
recebeu também um significado material. A história foi enfeitada pela
vitalidade da fantasia medieval. Excluindo-se o fato de ter existido,
realmente, um mártir de nome Cristóvão, nada se sabe ao certo a respeito do
mesmo: O Martirológio Romano diz que ele sofreu o martírio na Lícia, sob o
Imperador Décio, morto por flechas e decapitado, após sair ileso das chamas.
Os
muitos pontos interessantes que surgem em conexão com S. Cristóvão são
amplamente discutidos pelo Dr. R. Hindringer, no Lexikon fur Theologie und
Kirche, vol. II, cols. 934-936, e por H.F. Rosenfeld,
der ht. Christophorus (1937). Houve indubitavelmente um S. Cristóvão,
cujo culto estava bastante difundido no Oriente e no Ocidente. Uma igreja na
Bitínia lhe foi dedicada em 452. A lenda primitiva nos conta a respeito da
procura de um mestre por parte de S. Cristóvão ou sobre o seu trabalho de
transportar os viajantes através dos rios, porém, sua estatura gigante e seu
aspecto assustador são amplamente descritos, bem como o seu bastão que cresceu
e floresceu, quando atirado ao chão. O incidente com Aquilina e sua companheira
é, também, colocado em evidência, e temos a mesma série absurda de tentativas
infrutíferas para levar o mártir à morte. Os textos latinos e grego da lenda
primitiva, em diversas revisões, foram publicados em Acta Sanotorun, julho,
vol. VI; em Analecta Bollandiana, vol. I, p. 131-148, e X, p. 393-405; e em
Acta S. Marinae et S. Christophori de H. Usener. Existe também um texto sírio
entre os manuscritos do Museu Britânico (Adic. 12, 174). Para S. Cristóvão na
arte, vejam-se Kunstle, Ikonographie, vol. II, p. 154-160, e Drake, Saints and
their Emblens; e do ponto de vista do folclore, Bachtold-Staubli,
Handworterbuch dês deutschen Aberglaubens, vol. II, p. 65-75; porém a maioria
dos folcloristas, por exemplo, H. Gunther, se preocupa em descobrir supostas
origens pagãs para as práticas de devoção a ele, na Idade Média.
São Tiago Maior e São Cristóvão | |
Nascimento | No Século I |
Local nascimento | Galiléia |
Ordem | Apóstolo de Jesus |
Local vida | Síria (São Cristóvão) |
Espiritualidade | São Tiago era irmão de carne de São João o Evangelista e filho de Zebedeu. Certo dia Jesus passava próximo ao lago de Genezaré quando viu a Pedro e a André que pescavam e os chamou para convertê-los em pescadores de homens. Também chamou a outros jovens, entre os quais, Tiago e João. Ambos, abandonaram de imediato o trabalho, deixaram seus pais e O seguiram. Tiago presenciou, com João e Pedro, a cura milagrosa da sogra de Pedro, Príncipe dos Apóstolos e a ressurreição da filha de Jairo. Nesse mesmo ano, Jesus fundou o "colégio apostólico". O Messias lhes deu o nome de o "Filhos do trono". De temperamento impetuoso, os apóstolos Pedro, Tiago e João foram eleitos por Cristo para que O acompanhassem nos momentos mais difíceis de Sua vida. Foram os únicos testemunhas da Transfiguração no Monte Tabor, e os que O acompanharam durante sua agonia e suor de sangue no Getsemâni. O apóstolo Tiago morreu por Cristo pela perseguição que o rei Herodes Agripa I desencadeou em Jerusalém contra os cristãos para agradar aos judeus. Foi sepultado em Jerusalém, mas, segundo outra tradição, seu corpo foi trasladado para Compostela, que significa "Campo de Estrelas"., que se transformou em um dos maiores centros de peregrinação da Europa. As relíquias do apóstolo acham-se no santuário. O Papa Leão XIII, em 1884, qualificou-as como autênticas. Leia uma biografia completa de Santiago o Maior em Enciclopédia Católica SÃO CRISTÓVÃO Nascimento Séc.III Devoção A caridade, serviço ao próximo Padroeiro Dos viajantes e motoristas. Diz-se que nasceu no século III, era filho primogênito do rei de Canaã, e recebeu o nome de Ofero Relicto despertando admiração pelas suas virtudes, principalmente a delicadeza com que tratava as pessoas. Era belíssimo e sua ambição maior era a se servir um rei que fosse muito poderoso. Passou a prestar serviços ao imperador, como guerreiro famoso e temido e passou a obedecer a Satã, cujo poder fazia o imperador se amedrontar. Relicto percebeu que acima do poder de satanás, estava a cruz, ante a qual fogem todos os demônios e Relicto de tornou cristão. Começou a viajar em busca da história do Crucificado e em uma de suas viagens encontrou um eremita que lhe contou a história. Converteu-se, batizou-se e decidiu devotar a vida ao transporte dos viajantes que necessitassem atravessar um rio caudaloso. Certo dia, um menino pediu que o levasse até a outra margem. Colocou a criança nos ombros, entrou na água e começou a sentir que o peso aumentava a cada passo. Ao chegar à margem oposta, curvado pela carga, quase morrendo afogado por seu enorme peso, ouviu do menino: "Não te surpreendas com o que aconteceu, pois comigo carregaste todos os pecados do mundo." Só então reconheceu o pequeno viajante: era o próprio Jesus, que o mandou cravar na terra o cajado no qual se apoiava. No dia seguinte, o cajado tinha se transformado numa palmeira. O milagre fez com que muitos se convertessem e levo Relicto Ofero a mudar seu nome para Chistophoros (Cristóvão) que em grego significa "aquele que carrega Cristo". Retirado do calendário litúrgico católico em 1969 por ter-se dúvidas de sua verdadeira existência, são Cristóvão continua a ser venerado em todo o mundo como protetor dos viajantes e motoristas. |
Local morte | Espanha, enquanto pregava. |
Morte | No Séc. I |
Fonte informação | Santo Nosso de cada dia, rogai por nós |
Oração | Bendito seja São Tiago apóstolo, que pelo conhecimento de Cristo, que é a "Luz dos Povos", tornou-se grande apóstolo da Verdade, e que por Ele viveu e morreu. Dai-nos, ó Deus, por sua intercessão, a graça que vos pedimos. São Tiago, rogai por nos. Amém. Ó São Cristóvão, que atravessastes a correnteza furiosa de um rio, com toda a firmeza e segurança, porque carregáveis nos ombros o Menino Jesus, fazei que Deus se sinta sempre bem em meu coração, porque então eu terei sempre segurança na direção do meu carro e enfrentarei corajosamente todas as correntezas ou adversidades que eu tiver de enfrentar, venham elas dos homens ou dos espíritos do mal. Amém. |
Devoção | A Evangelização |
Padroeiro | Da Guatemala e Nicarágua (São Tiago) |
Outros Santos do dia | Cristóvão, Cucufate, Paulo, Florêncio, Félix, Teodomiro, Valentina (vg); Tea (márt.); Magnerico, Turpião, Orso, Nesão (bispos). Beato Ceferino Jimnez Malla (padroeiro dos Ciganos). FONTE: ASJ |
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