São Gregório, o iluminador
(257-332)
(257-332)
Gregório nasceu na cidade de Valarxabad, na
Armênia, por volta do ano 257. Seu pai matou o rei da Armênia, seu parente,
numa conspiração com o reino da Pérsia, que assumiu o poder. Os soldados
armênios encontraram o assassino do monarca e o executaram com toda a família,
exceto o filho de um ano de idade, Gregório.
O rei persa assumiu o trono da Armênia, não sem antes matar toda a família
real. Entretanto o príncipe sucessor, Tirídates, e sua irmã, ainda crianças,
conseguiram ser poupados, sendo enviados para Roma, onde receberam uma educação
pagã digna da nobreza da época. O pequeno monarca recebeu, também, esmerada
formação militar, destacando-se pela valentia.
Ao mesmo tempo, Gregório foi enviado para a Cesarea da Capadócia, onde recebeu
educação e formação cristã. Aos vinte e dois anos, casou-se com uma jovem
também cristã e teve dois filhos, Vertanes e Aristakes. Depois de sete anos, o
casal, de comum acordo, interrompeu a vida matrimonial. Ela foi viver retirada
num convento, mas sem vestir o hábito. Ele se ordenou sacerdote e partiu da
Cesarea.
Em 287, por interesse do Império Romano, que desejava tirar a Armênia do poder
dos persas, Tirídates foi enviado, com soldados romanos, para retomar o trono
que era seu por direito. Curiosamente, nesse exército estava também Gregório,
que era seu colaborador e conselheiro particular.
Vitorioso, tornou-se Tirídates III, rei da Armênia. Para agradecer a
reconquista, mandou que Gregório fosse, pessoalmente, oferecer flores e incenso
aos deuses no templo pagão. Como se negou a obedecer à ordem por ser cristão, o
rei mandou torturá-lo. Mas a situação de Gregório ficou muito pior ao ser
denunciado como o filho do assassino do pai do rei. Revoltado, o monarca mandou
intensificar as torturas e depois jogá-lo no fundo da masmorra mais profunda da
Armênia, onde ficou no esquecimento.
Quinze anos mais tarde, Tirídates III contraiu uma doença contagiosa incurável
e sofria muitas dores. Nessa ocasião, a princesa sua irmã teve dois sonhos
reveladores: neles, uma voz dizia-lhe que a única pessoa capaz de curar o rei
era Gregório. Assustada, mesmo acreditando que ele já havia morrido, enviou um
mensageiro à masmorra, que o descobriu ainda vivo.
Gregório foi libertado e curou, milagrosamente, o rei da doença contagiosa, por
meio das orações cristãs. Tocado pela fé, Tirídates III fez-se batizar,
juntamente com toda a sua família, sua Corte e seu povo. Assim, a Armênia, que
fora evangelizada, segundo a tradição, pelos apóstolos Bartolomeu e Tadeu,
tornou-se a primeira nação oficialmente cristã em 301, por obra de Gregório, o
iluminador, como passou a ser chamado.
Ele se tornou o bispo da Capadócia e um dos maiores líderes da Igreja armênia,
cuja sede apostólica, a catedral de Etchmiadzin, construiu em 303. Mandou
chamar seus dois filhos para auxiliá-lo. Depois, já cansado e com a sensação do
dever cumprido, foi sucedido, como chefe supremo dos cristãos, pelo seu filho
Aristakes, que morreu antes do pai. Então, quem assumiu o comando da sede
episcopal foi o outro filho, Vertanes. Dessa maneira, Gregório pôde, enfim,
realizar seu grande sonho, que era o de retirar-se para um lugar solitário e
viver apenas de oração e penitência, até a morte, em 332.
São Gregório, o iluminador, é venerado não somente como o apóstolo e padroeiro
da Armênia, mas também como evangelizador das igrejas síria e greco-ortodoxa.
Na masmorra onde ficou preso e esquecido, foi construído o mosteiro de Khor
Virap, que significa "poço profundo", para preservar o local original
a quarenta metros de profundidade.
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