sábado, 5 de maio de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 06/05/2012

6 de Maio de 2012 


João 15,1-8

Comentário do Evangelho

A comunidade que dá frutos de amor

João, no seu evangelho, apresenta mais uma autoproclamação de Jesus na qual diz ser, ele próprio, a videira verdadeira. No Primeiro Testamento a divindade se revelara a Moisés com o nome: "Eu Sou". As autoproclamações de divindades já eram encontradas nas tradições religiosas da cultura egípcia. No evangelho de João são inúmeras as autoproclamações de Jesus: eu sou... o pão da vida, o pão descido do céu, a luz do mundo, a porta das ovelhas, o bom pastor, a ressurreição, o caminho, a verdade e a vida, e, agora, a videira. Enquanto o deus de Moisés permanecia um deus invisível e nas alturas, agindo a distância, as autoproclamações do evangelho de João revelam Jesus como sendo Deus intimamente presente no mundo, convivendo com as pessoas, relacionando-se de maneira simples e comum com homens, mulheres e crianças. 
Com esta última autoproclamação, Jesus acentua a íntima relação que existe entre seus discípulos e ele. A imagem usada é a da videira, cujo cultivo era comum nas civilizações antigas em vista da produção do vinho. A poda dos ramos nos quais não brotaram frutos, a fim de fortalecerem os ramos carregados, era uma prática comum no seu cultivo. A simbologia da videira é muito usada no Antigo Testamento, representando o povo de Israel. Jesus lhe dá um novo sentido. Todos, sem discriminações de raça, religião ou condição social, em todos os tempos, são seus ramos. É a perspectiva universalista do dom do amor divino e da vida eterna. Aos ramos cabe dar os frutos. Os ramos sem frutos serão separados da videira. Podemos perceber estes ramos sem frutos em Atos dos Apóstolos (primeira leitura), naqueles judeus de língua grega que rejeitavam a pregação de Paulo e procuravam matá-lo. O ramo que dá fruto é limpo para que dê mais frutos ainda. O ramo unido à videira é o discípulo que permanece em Jesus e Jesus, nele. É o ramo que é tornado limpo pela acolhida e prática da palavra de Jesus. 

A íntima inserção dos ramos ao tronco da videira é uma sugestiva imagem da permanência dos discípulos em Jesus. O verbo "permanecer" aparece oito vezes no texto. O permanecer em Jesus significa permanecer em comunhão de amor com o próximo e com Deus, já participando da vida eterna. Na Primeira Carta de João (segunda leitura) é destacado que, quem vive o mandamento de amor, permanece em Deus e Deus permanece nele, o que significa a participação em sua vida divina e eterna. 

A comunidade unida, em comunhão com Jesus e praticando sua palavra, tem como fundamento de sua oração pedir que seja feita a vontade do Pai. E o Pai é glorificado pela comunidade que dá frutos de amor, no empenho em remover a injustiça do mundo e promover a vida para todos. 


José Raimundo Oliva


Vivendo a Palavra

A figura do ramo que precisa estar ligado à videira para manter-se vivo e dar frutos é clara e simples até para uma criança. Mas nós, somos adultos... e temos dificuldade para compreender. O mundo tenta nos seduzir com falsos brilhos e caminhos cheios de prazeres. É por isto que Jesus advertiu que só as crianças são aptas para o Reino do Céu.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

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1. "NOSSA QUERIDA VIDEIRA!"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Há muita gente que, por mera falta de conhecimento, interpreta de maneira equivocada esse evangelho de São João, onde Jesus se apresenta como a Videira. Talvez porque seja mais fácil entender que se trata de algo pessoal: falando da minha espiritualidade, minha intimidade com o Cristo, minha permanências nele, através das minhas orações e da minha sacramentalidade, pois só assim irei produzir os “meus frutos”. Não há dúvidas de que o texto traz um apelo à conversão pessoal, possível a partir da permanência, isso é, em comunhão com Jesus Cristo mediante a graça santificante, mas o evangelho também apresenta indícios de uma relação bem mais ampla e complexa, basta ver a conclusão lógica: Fora da videira, além de não produzir nenhum fruto, também iremos morrer e ser destruídos para sempre, nas chamas do fogo eterno.

Se entendermos a expressão Joanina ao pé da letra, esse fogo se apresenta como um castigo, e nesse caso, permanecer com Cristo seria uma obrigação e não uma opção pessoal por esta vida, totalmente nova que ele nos oferece. A estrutura de um vegetal é algo muito complexo: raiz, tronco, ramos, folhas, flores e frutos. A esse respeito, lembrei-me de uma história muito interessante, que ilustra bem a reflexão.

Ao passar o final de semana na chácara da família, o menino disse ao pai, que queria fazer um discurso de agradecimento a uma árvore, pelo fruto adocicado que acabara de saborear, mas que queria saber, por onde começar “A quem agradeço primeiro, a raiz, ao tronco ou ao galho, onde apanhei o fruto?” O pai sorrindo, explicou que o fruto saboroso foi produzido pela árvore toda em seu conjunto, e não apenas por uma de suas partes. É João também, o autor da célebre afirmação de que, “Quem diz que ama a Deus que não vê, mas não ama o irmão que vê, é mentiroso, pois a verdade não está nele”.

Então o evangelho da Videira fica bem mais claro para todos nós, sem essa comunhão com Cristo e com os irmãos da comunidade, não iremos produzir frutos, ou os frutos não serão de boa qualidade. É na Igreja comunidade, que vivemos e celebramos essa comunhão. Permanecer, não significa um encontro casual ou acidental, nem tão pouco quer dizer fechar-se dentro do seu grupo, da sua equipe, pastoral ou movimento, quando temos essa atitude, de só se sentir bem no “meu grupo”, o horizonte se apequena, porque se trata de uma fuga das relações complexas e assim, eu acabo-me “escondendo” no meu grupo, ali não serei questionado, não precisarei buscar mais nada, pois terei enfim encontrado a sonhada paz, a comunidade perfeita.

Um ramo assim está fadado a secar, irá perder a vitalidade e acabará caindo ou sendo arrancado por algum vento impetuoso que sopra contrário, pois não é função do tronco conduzir a seiva a um ramo em particular, mas a todos os ramos. Fechar-se no grupo significa uma tentativa infrutífera de monopolizar a seiva da graça de Deus, só para nós, com exclusividade. Há igrejas cristãs que pensam assim, há grupos cristãos que também pensam desta forma, alimentando a ilusão de que o cristianismo fechado em um grupo é uma maravilha, uma bênção e uma grande graça. Quanto engano!

O evangelho desse domingo, escrito por São João, desmonta toda essa “fantasia colorida”. A ameaça de ruptura e destruição no fogo, não é para os que não pertencem á Videira, mas sim para os de dentro, que insistem em caminharem sozinhos, sem uma inserção na vida comunitária. São Paulo usa a mesma linguagem da videira, quando vislumbra a Igreja como um Corpo, onde nós somos os membros e Cristo é a Cabeça, o pé não tem nenhuma importância em si mesmo, se não considerarmos sua relação com o corpo, um membro separado do corpo, não serve para nada, não tem função alguma, ele só se torna valioso e importante, quando unido permanentemente com o corpo todo.

Nossa caminhada enquanto igreja, não pode ser alimentada por essas fantasias e mentiras inebriantes, pois elas não resistirão ao Fogo da Verdade Divina.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  cruzsm@uol.com.br

2. A comunidade que dá frutos de amor
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração
Senhor Jesus, que minha união contigo leve-me a produzir, sempre mais, os frutos de amor e de justiça esperados por ti.



3. A VIDEIRA, OS RAMOS E OS FRUTOS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

No Primeiro Testamento, o deus de Moisés se revelara como "Eu Sou". As autoproclamações de divindades já eram encontradas no Egito. No Evangelho de João são inúmeras as autoproclamações de Jesus: Eu sou... o pão da vida, o pão descido do céu, a luz do mundo, a porta das ovelhas, o bom pastor, a ressurreição, o caminho, a verdade e a vida, a videira, entre outras.

Com elas, Jesus revela- se como o Deus intimamente presente no mundo, na vida das pessoas, relacionando-se de maneira simples e comum com homens, mulheres e crianças.

Jesus se autoproclama como a videira verdadeira. A videira, na tradição do Antigo Testamento, representa o povo de Israel. Jesus lhe dá um novo sentido, no qual todos, sem discriminações de raça, religião ou condição social, em todos os tempos, são seus ramos. É a perspectiva universalista do dom do amor divino e da vida eterna.

Aos ramos cabe dar os frutos. Os ramos sem frutos serão separados da videira. O ramo unido à videira é o discípulo que permanece em Jesus, e Jesus nele. Os ramos unidos à videira são a comunidade unida a Jesus, que ora ao Pai e é ouvida.

A Primeira Carta de João (segunda leitura) desenvolve o tema da permanência em Jesus. Quem ama com ações e de verdade permanece em Deus. E é permanecendo em Jesus que os discípulos produzirão os frutos que são do agrado do Pai. E a seiva do amor que une Jesus e os discípulos cria laços entre as pessoas, leva à fraternidade, à solidariedade e comunica a vida. Na primeira leitura, vemos como a conversão de Saulo levou-o, logo de início, a uma pregação corajosa. Em continuidade, sua missão frutificou em inúmeras comunidades de fé.


Pe. Jacir de Freitas Faria, ofm

5º DOMINGO DA PÁSCOA (6 de maio)
A COMUNIDADE E O MUNDO

I. INTRODUÇÃO GERAL

As leituras deste domingo nos apresentam teologicamente o Jesus homem que fez história conosco, veio morar no meio de nós. Por ele, Paulo se converteu e tudo deixou, para anunciar a sua ressurreição. Em Jesus histórico, Deus nos visitou. No simbolismo da videira e seus ramos, unimo-nos todos em Jesus para levar adiante o seu projeto de salvação a toda a humanidade. Na fé em Jesus, professada pela comunidade da primeira epístola de João, somos impelidos a afirmar: “Deus que tudo conhece é maior do que o nosso coração” (1Jo 3,20). Jesus é maior do que o mundo que o acolheu. Sem ele, nada podemos fazer.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (At 9,26-31): A Igreja é missionária como Paulo

Uma das polêmicas do início do cristianismo foi a aceitação de Saulo – primeiro nome desse fariseu convertido ao cristianismo após um contato com o Ressuscitado a caminho de Damasco (At 9,1-2), de onde prometera trazer presos para Jerusalém os seguidores do Caminho (Jesus), o qual passou desde então a se chamar Paulo. A primeira leitura de hoje nos mostra, por meio da habilidade da pena de Lucas, a argumentação necessária para convencer os irmãos de Jerusalém – os quais tinham motivos de sobra para não acreditar naquele que havia perseguido até a morte o irmão Estêvão (At 7,58) – de que Paulo era apóstolo do mestre ressuscitado Jesus de Nazaré. A descrição de Lucas mostra como Barnabé, o irmão de confiança da comunidade, oferece argumentos confiáveis sobre a pessoa de Paulo. Ele havia visto o Senhor ressuscitado, ouvido suas palavras e se convertido (At 9,3-9). Ver para crer era de fundamental importância para os cristãos. Os judeus preferiam o ouvir. Ademais, Paulo havia pregado em Damasco e sido perseguido pelos judeus, que tramaram a sua morte (At 9,23). Paulo teve de fugir escondido. O testemunho de Barnabé convenceu os irmãos de Jerusalém. Paulo foi aceito e confirmado pela comunidade-mãe, onde logo iniciou sua pregação. Não tardou muito e os judeus o perseguiram. Paulo, agora evangelizador reconhecido, teve de fugir novamente. Foi para a sua terra natal, Tarso, para dar continuidade à sua missão.

2.  Evangelho (Jo 15,1-8): Jesus é a videira, crescida no meio de nós para revelar Deus

Estamos no Tempo Pascal. Nada melhor para confirmar a nossa fé em Jesus ressuscitado que as imagens da videira da comunidade joanina. De forma figurativa, como em tantas outras passagens, o Evangelho de João nos oferece a imagem do “eu sou” de Jesus, o qual se revela como: pão da vida (6,35); luz do mundo (8,12); porta das ovelhas (10,7); bom pastor (10,11); ressurreição e a vida (11,25); caminho, verdade e vida (14,6). 

Tomemos para a nossa reflexão o “eu sou a videira”. No Oriente, o vinho era a bebida dos deuses; Baco ou Dionísio, o deus do vinho, era celebrado na Roma antiga com grandes festas, no período da vindima, que se transformaram em festas orgiásticas à base de vinho. Em Israel, a videira era e é planta comum nas casas do povo. Israel se considerava a vinha escolhida por Deus para levar a santificação a todos os povos. Cada israelita é um vinhateiro, um cuidador da aliança (vinha) que Deus, o grande Senhor da vinha, tinha feito com Israel. O livro do Gênesis mostra mitologicamente que o ser humano perdeu o paraíso e passou a viver numa terra infértil (Gn 3,17-18). Após o dilúvio, Noé começou a plantar uma vinha (Gn 9,20). Vieram a uva e o vinho como símbolos eternos de bênção para Israel. Noé chega a beber muito vinho e fica embriagado. Os profetas condenaram os israelitas infiéis que levavam o povo a perder o direito de poder beber vinho, usufruir das benesses da aliança com Deus (Am 5,11-12; Sf 1,13). Mais tarde, no tempo do Segundo Testamento, as lideranças do povo judeu se julgavam senhores da vinha, no comando e na manutenção da fé israelita. Ocorreu, no entanto, que eles perderam o controle e desvirtuaram o povo do caminho. Acabaram, em conchavo com as lideranças romanas, condenando Jesus, o Filho de Deus, a morrer fora da vinha (Jerusalém).

No contexto acima apresentado, podemos entender a mensagem de Jesus: “Eu sou a videira, e vós, os ramos” (Jo 15,5). Antes, Jesus dissera: “Vós estais podados [puros] por causa da palavra que vos ensinei” (15,3). De forma incisiva, Jesus chama seus discípulos a permanecer nele, no anúncio de sua palavra. Permanecer nele é o mesmo que renovar a aliança de outrora, no seu sangue derramado. E Jesus é ainda mais contundente: sem mim nada podeis fazer (15,5), ou melhor, sem Deus nada podemos fazer. Os frutos a serem produzidos pela comunidade são os do reino de Deus. O novo judeu-cristão é aquele que deixa Jesus morar dentro dele. O cristão passa a ser um novo Jesus ressuscitado.

3.  II leitura (1Jo 3,18-24): Como reconhecer que Jesus mora  dentro de nós?

Esse belíssimo texto poético e afetuoso da comunidade joanina parece ser uma continuidade do evangelho de hoje. Os sinais que demonstram que o seguidor de Jesus age conforme os ensinamentos do mestre são: a) amar com ações de verdade, e não com palavras e língua; b) rezar de forma verdadeira; c) consciência tranquila; d) guardar os mandamentos; e) crer no nome do Filho Jesus Cristo; f) amar os outros como ele nos amou. Agindo assim, os cristãos se tornavam morada de Deus, e Deus morava neles. Deus permanece nos discípulos de Jesus pelo Espírito enviado por Deus (v. 24). Assim, cada discípulo demonstra que Deus mora nele e se torna forte. Ninguém poderá vencê-los, como afirmara Paulo em Rm 8,21: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Essa convicção dos cristãos os levou ao martírio como testemunho da ressurreição de Jesus. Desse modo, as raízes do cristianismo ganharam força, e ele ganhou o mundo.
   
III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– Levar a comunidade a se perguntar pelos frutos que ela produz, unida ao projeto de Jesus. 

– É possível viver a fé sem vínculo com uma comunidade? É possível ser cristão sem estar em comunhão com a proposta de Jesus? 

– Paulo, após o encontro com o Ressuscitado, logo iniciou a sua caminhada de evangelizador do reino. Esse episódio mudou a vida de Paulo, e ele mudou a vida de muitas pessoas. Diante disso, perguntemo-nos: as palavras de Jesus, de fato, permanecem, isto é, fizeram morada em nós, transformando-nos por inteiro? 

– Que sentido tem a frase do evangelho de hoje: “Sem mim nada podeis fazer”, nas culturas que pouco conhecem de Jesus e de seus ensinamentos? Qual deveria ser a nossa atitude pastoral, nesse caso?

– Na hora do abraço da paz, explicar que desejar a paz de Cristo é o mesmo que afirmar: que você seja qual outro Jesus ressuscitado que mora dentro de você.


Permanecer em Jesus é essencial para viver e frutificar


Postado por: homilia

maio 6th, 2012


Por oito vezes, Jesus usa o verbo “permanecer” no Evangelho de hoje. Por que tanta insistência nesse assunto? A única explicação é que a permanência em Cristo é o núcleo fundamental da Sua mensagem.
Permanecer em Jesus é acolher Sua Palavra e Seu exemplo, e procurar colocá-los em prática. É permanecendo em Cristo que os discípulos produzirão os frutos que são do agrado do Pai. E a seiva do amor que une Jesus aos discípulos cria laços entre as pessoas, leva-os à fraternidade, à solidariedade e comunica a vida.
Para que nós sejamos “ramos frutíferos”, precisamos ouvir e guardar bem as Palavras da Verdadeira Videira: “Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda” (Jo 15,2). Para que mais uvas cresçam, o Senhor poda os ramos, removendo os rebentos inúteis e tudo o que poderia desviar a força vital da produção.
A poda é dolorosa, mas necessária, porque muitas coisas sugam nossa força e nos impede de nos dedicarmos à produtividade. Precisamos de uma boa capina e poda, então, deixe-se corrigir. Outra coisa exigida para a produção de fruto é permanecer na videira. Sem a ligação vital com ela, o próprio ramo murcha e morre. Isso nos leva à segunda responsabilidade principal dessa passagem.
Permanecer em Jesus é essencial para vivermos e frutificarmos: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,4-5).
Aqueles ramos que permanecem em Cristo produzem muito fruto pois, caso contrário, serão colhidos e lançados ao fogo. É a pura verdade o que Jesus nos diz: “Sem mim nada podeis fazer”. Separados de Jesus, nada podemos fazer para melhorar nossa vida, nossa família, nossa alma e nossa relação com Deus.
Muitos tentam andar a sós, pensando que sua bondade e discernimento produzirão fruto sem se apoiar no Senhor. Se você também está pensando e agindo dessa maneira, está enganado. Somente com a ajuda de Jesus somos capazes de cumprir a justiça e a verdade que o Senhor espera que produzamos.
Para isso, Cristo permanece em nós por meio de Suas Palavras: “Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós”. Alguns buscam “divorciar” Jesus do que Ele diz e procuram uma relação com Ele sem prestar cuidadosa atenção à Sua Palavra. Eles dependem de sentimentos, emoções e experiências. Mas, de fato, o Senhor mora em nós somente até o ponto em que Sua Palavra e Seus ensinamentos permanecem em nós.
Precisamos nos lembrar, constantemente, do que Jesus disse e meditar sobre isso de modo que Ele possa viver poderosamente em nós. O outro modo pelo qual Jesus permanece em nós é quando guardarmos os Seus mandamentos: “Se guardardes os meus mandamentos permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço” (cf. Jo 15,7).
Peçamos ao Pai do céu que nos dê a graça de manter uma ligação ininterrupta, ativa e constante com Jesus, de quem dependemos para produzir os frutos que Ele mesmo espera de nós.
Padre Bantu Mendonça

Leitura Orante 

Iniciemos nossa Leitura Orante do Evangelho de hoje, Quinto Domingo da Páscoa, com todos que celebram a Liturgia, com a mesma certeza: sem Deus nada podemos. Com Ele tudo podemos. 
Rezemos com a família paulina: 

Eu só nada possso. Com Deus posso tudo. 

1. Leitura (Verdade) 

O que diz o texto do dia? 

Leio atentamente, na Bíblia, o Evangelho da videira: 
Jo 15,1-8. 

Jesus disse: - Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o lavrador. Todos os ramos que não dão uvas ele corta, embora eles estejam em mim. Mas os ramos que dão uvas ele poda a fim de que fiquem limpos e dêem mais uvas ainda. Vocês já estão limpos por meio dos ensinamentos que eu lhes tenho dado. Continuem unidos comigo, e eu continuarei unido com vocês. Pois, assim como o ramo só dá uvas quando está unido com a planta, assim também vocês só podem dar fruto se ficarem unidos comigo. - Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada. Quem não ficar unido comigo será jogado fora e secará; será como os ramos secos que são juntados e jogados no fogo, onde são queimados. Se vocês ficarem unidos comigo, e as minhas palavras continuarem em vocês, vocês receberão tudo o que pedirem. E a natureza gloriosa do meu Pai se revela quando vocês produzem muitos frutos e assim mostram que são meus discípulos. 

Tanto esta metáfora da videira e dos ramos, como o conteúdo, reforçam o desejo de Jesus de unidade e comunhão. Só dará muitos frutos quem estiver unido a Jesus. 

Os bispos, na Conferência de Aparecida, disseram: 
"Com a parábola da Videira e dos ramos (cf. Jo 15,1-8), Jesus revela o tipo de vínculo que Ele oferece e que espera dos seus. Não quer um vínculo como "servos" (cf. Jo 8,33-36), porque "o servo não conhece o que faz seu senhor" (Jo 15,15). O servo não tem entrada na casa de seu amo, muito menos em sua vida. Jesus quer que seu discípulo se vincule a Ele como "amigo" e como "irmão". O "amigo" ingressa em sua Vida, fazendo-a própria. O amigo escuta a Jesus, conhece ao Pai e faz fluir sua Vida (Jesus Cristo) na própria existência (cf. Jo 15,14), marcando o relacionamento com todos (cf. Jo 15,12)."
 (DAp 132). 

2. Meditação (Caminho) 

O que o texto diz para mim, hoje? 
Como participamos da vida de Jesus, nós, seus irmãos? 

Os bispos, na Conferência de Aparecida, disseram:
 "O "irmão" de Jesus (cf. Jo 20,17) participa da vida do Ressuscitado, Filho do Pai celestial, porque Jesus e seu discípulo compartilham a mesma vida que procede do Pai: Jesus, por natureza (cf. Jo 5,26; 10,30) e o discípulo, por participação (cf. Jo 10,10). A conseqüência imediata deste tipo de vínculo é a condição de irmãos que os membros de sua comunidade adquirem."
 (DAp 132). 

Como vivo a comunhão com Jesus? 
O meu vínculo com ele é de irmão, amigo ou de servo? 
Uma coisa é certa:
 Sem Jesus, sem Deus, nada podemos. 

3.Oração (Vida) 

O que o texto me leva a dizer a Deus? 

Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo: 

Senhor Jesus, Tu és o Caminho! 
Em meio a sombras e luzes, 
alegrias e esperanças, tristezas e angústias, 
Tu nos levas ao Pai. 
Não nos deixes caminhar sozinhos. 
Fica conosco, Senhor! 
Tu és a Verdade! 
Desperta nossas mentes 
e faze arder nossos corações com a tua Palavra. 
Que ela ilumine e aqueça os corações sedentos de justiça e santidade. 
Ajuda-nos a sentir a beleza de crer em Ti! 
Fica conosco, Senhor! 
Tu és a Vida! 
Abre nossos olhos para te reconhecermos 
no "partir o Pão", sublime Sacramento da Eucaristia! 
Alimenta-nos com o Pão da Unidade. 
Sustenta-nos em nossa fragilidade. 
Consola-nos em nossos sofrimentos, 
Faze-nos solidários com os pobres, os oprimidos e excluídos. 
Fica conosco, Senhor! 
Jesus Cristo: Caminho, Verdade e Vida, 
No vigor do Espírito Santo, 
Faze-nos teus discípulos missionários! 
Com a humilde serva do Senhor, nossa Mãe Aparecida, queremos ser: 
Alegres no Caminho para a Terra Prometida! 
corajosas testemunhas da Verdade libertadora! 
promotores da Vida em plenitude! 
Fica conosco, Senhor! Amém! 

4.Contemplação (Vida e Missão) 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra? 

Meu novo olhar, a partir do Evangelho da videira, será iluminado pela certeza de que não posso viver minha fé se não me sentir irmão de Cristo. Sou um ramo na sua videira e todas as demais pessoas são também ramos. Somos irmãos. 

Bênção
 
- Deus nos abençoe e nos guarde. 
Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. 
Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. 
Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo.
 Amém. 

Irmã Patrícia Silva, fsp 

Oração Final
Pai Santo, dá-nos a simplicidade de coração, o despojamento de qualquer pretensão ao muito saber. Ensina-nos, Pai amado, tão somente as lições de Amor que nos foram testemunhadas por Jesus de Nazaré, o Cristo prometido e esperado, teu Filho que se fez nosso irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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