Lucas 24,35-48
Comentário do Evangelho
Um mundo de amor e paz é possível
A narrativa dos discípulos de Emaús é exclusiva de Lucas (cf. 11 abr.). A estrutura da narrativa assemelha-se à estrutura celebrativa da Eucaristia: a escuta da palavra e a partilha do pão, na qual se reconhece a presença de Jesus.
Os dois discípulos retornam a Jerusalém para contar o que havia acontecido no caminho, e comunicam aos apóstolos reunidos o reconhecimento de Jesus na partilha do pão. Quando estão falando, o próprio Jesus aparece no meio deles. O encontro com Jesus é o encontro com a paz. É a paz em plenitude, a paz da participação da vida eterna do Pai, que Jesus traz a todos.
Mesmo depois da crucifixão de Jesus, os discípulos continuavam com dúvidas sobre o sentido de sua vida. Agora se evidencia que Jesus não foi destruído pela morte e sua missão de anunciar a conversão para participar da vida eterna deve ser continuada pelos discípulos em todas as nações. Jesus tem a vida eterna. Ele continua vivo. Não se trata de um espírito, como era admitido aos mortos em várias culturas e religiões, mas continua vivo em sua corporalidade. É o próprio Jesus de Nazaré, com o qual os discípulos conviveram por alguns anos.
Este texto de Lucas tem um sentido catequético para as comunidades de cristãos de origem judaica, as quais devem reler as escrituras sob a ótica da ressurreição, para perceberem a plenitude da vida de Jesus, e o distinguirem do tradicional messias glorioso esperado por Israel. O equivoco desta tradicional expectativa messiânica fica em evidência na fala de Pedro aos "homens de Israel", diante do Templo de Jerusalém, declarando que eles mataram Jesus, o qual, contudo, foi ressuscitado por Deus.
As comunidades de discípulos devem viver na paz, conscientes da presença de Jesus. A paz é aspiração de todos os povos e religiões. Quem faz a guerra contra a paz são os poderosos na conquista de mais riqueza e poder. A paz pode ser encontrada em Jesus, que tem a vida eterna e a comunica a todos.
O anúncio da conversão para o perdão dos pecados tem sua origem na pregação de João Batista. Jesus a assume e a aponta como o caminho para a vida eterna. Trata-se da conversão à prática da justiça, na plenitude do amor, pela qual o pecado é removido do mundo. Na observância da palavra de Jesus, o amor de Deus é plenamente realizado. Os discípulos de Jesus, em todos os tempos e povos, são convocados a testemunhar que um mundo novo onde reinem a paz e o amor, revestido de eternidade, é possível.
José Raimundo Oliva
Vivendo a Palavra
Por
quarenta dias, o Cristo Ressuscitado, ainda presente entre os apóstolos, mostra
como nós podemos continuar a reconhecê-lo caminhando junto a nós: nas mãos e
pés chagados dos irmãos sofredores, nos pobres que passam fome, naqueles que
vivem nas prisões, nos hospitais e nas nossas ruas.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "VÓS SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS!"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Certa vez um amigo solicitou minha ajuda para atuar como testemunha a seu favor em um processo trabalhista, antes tive de passar pelo advogado, que sendo um ótimo profissional quis saber em detalhes tudo o que eu iria dizer diante do juiz, caso fosse necessário. Um bom testemunho é feito com firmeza, convicção e clareza de ideia, pois naquele momento a palavra é dele, e o advogado, promotor, juiz, júri, e as partes envolvidas, apenas o ouvem, uma palavra errada ou mal colocada, poderá por a perder todo o processo.
O papel de uma testemunha é convencer quem não presenciou o fato, de que o ocorrido é verdadeiro e não há nenhuma outra interpretação, por isso, se Jesus fosse como um advogado altamente profissional e rigoroso, nem os discípulos e muito menos nós, seríamos constituídos suas testemunhas.
No evangelho desse terceiro domingo de páscoa, para início de conversa o confundiram com um fantasma, e olhe que já era praticamente a terceira aparição do Senhor, à comunidade. Os dois que iam para Emaús o confundiram com um forasteiro, na comunidade, as duas primeiras reuniões foram com as portas fechadas, por medo dos judeus, e ele já tinha aparecido uma vez, no evangelho de hoje, mesmo ouvindo o depoimento dos discípulos de Emaús, e vendo Jesus aparecer diante deles, ficaram assustados e cheios de medo. Jesus falou com eles, mostrou as mãos e os pés, deixou-se tocar, ainda assim não acreditaram, a ponto do próprio Senhor lhes censurar porque estavam preocupados e tinham dúvidas no coração.
Em uma audiência diante de um tribunal, essas testemunhas seriam no mínimo desastrosas, dá até para imaginar o diálogo “Vocês viram Jesus ou não?”. “Não sabemos Meritíssimo, se realmente era ele, parecia um fantasma, a gente o viu e o tocou, ele até comeu um peixe assado, pode ser que seja ele mesmo”. Que “belo testemunho”, não afirma e nem confirma...
No final do evangelho, Lucas afirma que Jesus abriu a inteligência dos discípulos, para entenderem as escrituras. O pensamento humano tem uma tampa, um limite aonde chega a lógica humana depois de investigar e estudar muito alguma questão; dali para frente, há um mistério que só pode ser compreendido por aquele que crê, ou seja, ler as escrituras apenas com a nossa inteligência, fechada no horizonte humano, não vamos entender coisa alguma. Mas se as lermos na perspectiva de Jesus de Nazaré, sua vida, sua história, sua morte e ressurreição, iremos compreender o sentido da vida, porque nele encontramos o nosso verdadeiro DNA, a nossa origem e o nosso fim, em Cristo mergulhamos ao encontro daquele que é a Vida em toda sua plenitude, pois nele fomos recriados, mudou-se a referência.
Herdamos sim, o pecado original de Adão e Eva, mas agora já sabemos a verdade, não há possibilidade de a serpente nos enganar, pois conhecemos aquele que é mais Poderoso e Sábio do que a serpente, nós conhecemos aquele que esmagou o mal com a sua morte e ressurreição, não há duas alternativas, só uma e apenas uma, para quem desejar a Salvação: Jesus Cristo, o Filho de Deus!
Adão e Eva não sabiam o que iria lhes acontecer, não tinham ainda uma referência. Nós temos: Jesus é alguém da Trindade que se fez homem, que se faz ouvir, que se deixa tocar, que senta conosco em uma mesa e faz uma refeição, coloca todas as cartas na mesa, abre o jogo, nada esconde como o tentador e enganador. Joga às claras, ele é a luz do mundo, o único caminho e a única verdade, Ele só não pode decidir por nós, por isso o seu reino e o seu projeto de vida nos são apresentados como uma proposta, cabendo a nós usarmos o livre arbítrio para aceitá-lo ou recusá-lo.
É esse Jesus Cristo Alfa e Ômega, princípio e fim, Senhor absoluto da História e Salvador do Homem, que nos congrega como Igreja, que nos lava de nossas culpas e nos redime dos nossos pecados, que faz de nossas comunidades um pedacinho do céu prometido, mais ainda, conhecendo nossas fraquezas e limites, sabendo que temos muitas dúvidas no coração, nos alimenta com a eucaristia, fala em sua santa palavra, abrindo a nossa inteligência com o seu espírito que vem do alto.
Embora não sejamos confiáveis para serem suas testemunhas, ele mesmo nos qualifica: nossas palavras nunca caem no vazio, pois é ele próprio que fala, e nós, tocados pela graça da eucaristia, conseguimos superar os limites na nossa relação com o próximo, e se quisermos, o nosso amor será sem limites como o de Jesus, basta aceitar e querer. Isso se chama santidade de vida, que permite o entrelaçamento em nós, do humano e divino, aquele que é santo, aceita participar da nossa vida, mesmo com os seus limites e fragilidades.
Uma vez encarnado em Maria de Nazaré, Jesus se encarna de novo em cada homem, e em cada mulher, que esteja disposto a acolhê-lo, para fazê-lo nascer nos corações de outros homens e mulheres, que ainda não o conhecem, é aí que acontece o testemunho, onde o amor é imprescindível!
“Nisso reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. Qualquer outro testemunho ou revelação, que não trouxer a exigência do amor a Deus e ao próximo, é falso e não será digno sequer de atenção.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
2. Um mundo de amor e paz é possível
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
VIDE ACIMA
Oração
Senhor Jesus, que tua paz aconteça na minha vida e na vida das comunidades cristãs, para sermos, assim, testemunhas da tua Ressurreição.
3. REALIDADE DA RESSURREIÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Após o encontro do túmulo vazio pelas mulheres, Lucas narra as aparições do ressuscitado aos discípulos de Emaús, e, agora, aos onze apóstolos e companheiros. Este texto, exclusivo de Lucas, tem um sentido catequético. As comunidades de cristãos de origem judaica devem reler as escrituras sob a ótica da ressurreição, para perceberem a plenitude da vida de Jesus e o distinguirem do tradicional messias glorioso esperado por Israel. O núcleo da narrativa é a comunicação da paz, a afirmação da realidade corpórea do ressuscitado e o testemunho missionário. As comunidades de discípulos devem viver na paz, conscientes da presença de Jesus. A paz é aspiração de todos os povos e religiões. Quem faz a guerra contra a paz são os poderosos, para conquistar mais riqueza e poder. A paz só pode ser encontrada em Jesus, que tem a vida eterna e a comunica a todos. A vida eterna, ultrapassada a condição temporal, como ressuscitados, envolve a totalidade da pessoa, corpo e alma, e não como um espírito desencarnado. O ressuscitado não é um espírito. Apresentando-se em "carne e osso", identifica-se com o próprio Jesus de Nazaré. É o Jesus que partilhou o pão com o povo, que trouxe paz a todos e que continua presente na comunidade. Agora, os discípulos devem testemunhar a todas as nações a conversão à justiça para a remoção dos pecados (primeira leitura). A conversão à prática da justiça leva à construção de um mundo de paz, liberto do pecado, assumido por Deus. A conversão à justiça é a prática do mandamento do amor (segunda leitura). E pelo amor se entra em comunhão com Deus em sua vida eterna.
Reflexão
Pe. José Luiz Gonzaga do Prado
3º DOMINGO DA PÁSCOA (22 de abril)
O VENCIDO É VENCEDOR
I. INTRODUÇÃO GERAL
O vencido é vencedor! Na mentalidade de hoje, dificilmente se crê na
vitória dos vencidos. Mas é núcleo da fé cristã. Crer em Jesus significa crer
na vitória do vencido, na glória do humilhado, no poder do derrotado. Para uns
é tolice, para outros é um absurdo, mas é a sabedoria de Deus, é a força de
Deus.
O maior fracasso se transformou no maior sucesso. Antes das palavras, os
fatos: os apóstolos que, paralisados de medo, abandonaram o Mestre agora estão
cheios de vigor. Diante dos fatos não há argumentos, Pedro, antes paralisado de
medo diante de uma empregada do chefe, agora se levanta e dá testemunho do Ressuscitado
diante da multidão.
A consequência é a necessidade de mudança de cabeça, de mentalidade; é
preciso começar a crer que a vida nasce da morte, que o fracassado é esperança
de vitória. Isso vai mexer com toda a vida das pessoas e do mundo. A missão agora
é anunciar este novo modo de pensar, esta metanoia.
Isso não é uma fantasia; o Ressuscitado não é um fantasma, é o mesmo
crucificado. O Cristo, o Messias, a esperança da humanidade é Jesus, é o pobre
galileu crucificado. Essa é a única realidade capaz de reverter os caminhos que
estão levando a humanidade à morte. O caminho da vida está aberto porque o
derrotado saiu vitorioso, o massacrado está vivo e atuante.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (At 3,13-15.17-19)
O livro dos Atos dos Apóstolos coloca nos lábios de Pedro o resumo da
primeira pregação do cristianismo. Jesus, massacrado pelos do-nos da situação,
foi aprovado por Deus na ressurreição. Ele é o Messias, a salvação da
humanidade.
O mesmo Pedro que, diante de uma jovem empregada do sumo sacerdote,
tinha negado ser discípulo, agora, cercado pela multidão curiosa que se ajuntou
em torno do paralítico curado, acusa essa multidão de ter entregado e renegado
Jesus diante de Pilatos, que estava inclinado a libertá-lo.
Ele justifica, contudo, a atitude do povo e das autoridades, que
ignoravam quem era Jesus. Agora, porém, está claro. O fato da cura do
paralítico, se não também do próprio Pedro, antes paralisado de medo e agora
encarando a multidão, testemunha que Javé, o Deus dos antepassados, aprovou e
confirmou Jesus como Messias, ressuscitando-o dos mortos.
A conclusão é a necessidade de mudança de mentalidade, de cabeça, a
metanoia – metá, como em “metamorfose”, e noia, como em “paranoia”. A mudança
de mentalidade é que vai fazer que Deus os livre dos pecados. Apagar os pecados
é uma obra de Deus, mas exige que, primeiro, se mude a cabeça.
2. II leitura (1Jo 2,1-5a)
Em algumas comunidades da rede do Quarto Evangelho dizia-se que quem crê
em Jesus não peca, pois, segundo o evangelho, ele é o Cordeiro que tira o
pecado do mundo e o único pecado é não crer nele (Jo 16,9). Quem crê, portanto,
está totalmente isento de pecado. Isso era a consequência prática de dar pouca
importância à humanidade de Jesus, à sua morte física, à sua “carne”.
Depois de dizer que, se afirmamos não ter nenhum pecado, estamos
enganando a nós mesmos e tachando a Deus de mentiroso, o autor passa a dizer
que, se pecamos e reconhecemos nosso pecado, temos um advogado nosso junto do
Pai, Jesus, o único justo.
Ele invoca a bondade, a misericórdia, a compaixão, o perdão de Deus
pelos nossos pecados. Sua morte verdadeira, seu sangue foram o sacrifício pelos
nossos pecados. A palavra ilasmos no Segundo Testamento só ocorre duas vezes e
ambas nesta carta de João. No Primeiro Testamento (LXX), a palavra tem
geralmente o sentido de sacrifício pelo pecado. O nosso Advogado (aqui Jesus,
não o Espírito Santo, cuja possessão possivelmente justificasse a ideia de
ausência de pecado) se sacrifica verdadeiramente para conquistar para nós a
condescendência do Pai.
O único justo sacrifica verdadeiramente a sua vida pelos nossos pecados,
não só pelos nossos, mas pelos de todo o mundo. É na verdadeira morte (sangue)
de cruz que ele se torna o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Outra consequência do destaque exagerado dado à divindade de Cristo é
não considerar o exemplo do seu comportamento (v. 6) e nem mesmo seus
mandamentos. “Quem diz que o conhece, mas não observa os seus mandamentos, é um
mentiroso.” Conhecê-lo não é ter noção teórica, nem mesmo momentos sentimentais
de intimidade com ele. É ter afinidade, consonância, agir como ele agiu.
3. Evangelho (Lc 24,35-48)
Temos, neste domingo, a narrativa inicial da última aparição de Jesus
ressuscitado no Evangelho segundo Lucas.
O relato vem confirmar que o ressuscitado é o mesmo crucificado, não é
um espírito, um fantasma, uma alma do outro mundo. Talvez fosse mais
interessante traduzir: “Eu sou o mesmo”, em vez de: “Sou eu mesmo”. Os detalhes
todos convergem para isso.
O episódio começa com o relato feito pelos discípulos de Emaús: o
acontecimento do caminho foi Jesus aproximar-se, ver a decepção dos discípulos
diante da cruz, julgar, trazer a luz da Escritura para iluminar os
acontecimentos. O reconhecimento, porém, deu-se ao “partir do pão”, no gesto
que, com a palavra, significou o agir, que foi assumir novamente aquela morte,
causa da decepção.
Quando os discípulos estão reunidos, ao entardecer do domingo, Jesus se
põe no meio deles com uma saudação litúrgica: “A paz esteja convosco!” A
impressão de estarem vendo o que se costuma chamar de “alma do outro mundo”,
fantasma, assombração, deixa-os assombrados, apavorados.
Os sinais da morte de cruz nas mãos e nos pés confirmam que o
ressuscitado é o mesmo crucificado, ele continua o mesmo. A alegria se mistura
ao medo que os discípulos ainda têm. Não é fácil, mesmo, crer que a vida nasça
da morte, que a vitória possa vir da derrota. A alegria, porém, já está
presente, na perspectiva de ser mesmo verdade, de ser o ressuscitado o mesmo
que foi crucificado.
O peixe, alimento comum da Palestina, muito cedo se tornou símbolo de
Jesus e da eucaristia. Não é totalmente fora de propósito interpretá-lo assim
no evangelho escrito por volta do ano 85. Jesus come com os discípulos o
alimento deles, o alimento que é ele (ICTHYS: Iesous Christos Theou Yios
Soter).
Mais uma vez está tudo esclarecido. Agora vem a Escritura com a palavra
de Jesus confirmar que este era mesmo o projeto de Deus (Is 53,10): o Messias
passar por todo o sofrimento e, só então, ressuscitar dos mortos ao terceiro
dia, o dia da aliança de Deus com o povo (Ex 19,16).
Consequência é a missão dos discípulos. O mesmo Deus que suscitou os
profetas e o próprio Jesus, agora, depois de sua morte de cruz, o suscita de
novo, para que em seu nome seja anunciada indispensável mudança de mentalidade
para livrar a humanidade da escravidão do pecado.
III. DICAS PARA REFLEXÃO
– Segundo a primeira pregação do cristianismo, Jesus, massacrado pelos
donos da situação, foi aprovado por Deus na ressurreição. Ele é o Messias, a
salvação da humanidade. A salvação passa pela cruz. O Crucificado é
“ressuscitado”, Deus lhe dá novamente a missão.
– Crer em Jesus não é crer somente na sua divindade, é crer também na
sua humanidade; é crer que o Filho de Deus, o Messias enviado pelo Pai, é
Jesus, é o crucificado, é o derrotado, o humilhado, mas vitorioso, por fim. O
Cristo é Jesus, o Filho de Deus é Jesus, o Advogado nosso é Jesus.
– A fé no Crucificado “re-suscitado” exige mudança de mentalidade para a
libertação dos pecados. O reino do pecado é o da vitória do mais competente, do
mais forte, do mais poderoso, do mais brilhante. O sucesso do fracassado, a
vida que vem da cruz exigem que se mude esse modo de pensar, senão o pecado
continua prevalecendo.
– O Cristo, o Messias, a esperança da humanidade, é Jesus, é o pobre
galileu crucificado. Essa é a única realidade capaz de reverter os caminhos que
estão levando a humanidade à morte. O caminho da vida está aberto porque o
derrotado saiu vitorioso, o massacrado está vivo e atuante.
– Buscar somente a satisfação imediata, o prazer ou o bem-estar do
momento – o que hoje é comum até mesmo em movimentos religiosos –, não leva a
nada, não traz salvação, nada muda, apenas reforça o egoísmo avassalador. Sem
humildade, sem uma disciplina, sem a pessoa se pôr limites, sem entender o que
a cruz significa, nada se constrói e tudo se destrói.
– Celebramos a entrega que Jesus faz de si à pior das mortes, entrega
que trouxe a plenitude da vida. Quando Jesus viu que os inimigos queriam
dar-lhe a morte de cruz, apesar do pavor que isso lhe causava, não recuou,
entregou-se. Como pão partido e vinho repartido, ele se faz alimento da
verdadeira fraternidade universal.
HOMILIA DIÁRIA
Tomemos posse da verdadeira paz de Jesus
Postado por: homilia
abril 22nd, 2012
Depois de Jesus ter aparecido a Maria Madalena, de ter dado ordens para que os Seus discípulos partissem para a Galileia e, de encontrar com dois deles na estrada de Emaús, finalmente o Senhor apareceu ao grupo reunido para lhes decepar as dúvidas e lhes fortalecer a fé.
A comunidade vacila. As perseguições estão no horizonte. O primeiro entusiasmo diminuiu, os membros estão cansados da caminhada e perdendo de vista a mensagem vitoriosa da Páscoa. Parece mais forte a morte do que a vida, a opressão do que a libertação, o pecado do que a graça. Então, Jesus aparece e lhes diz: “A paz esteja convosco!”.
O Senhor prova a eles a Sua autêntica Ressurreição e lhes confirma na paz. Ele é a paz em plenitude. E para que Suas Palavras não fiquem somente “no ar”, Ele lhes mostra as mãos, o peito e os pés rasgados.
“Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. Estas palavras indicam que Jesus se apresentou como um homem normal, com as mesmas características que tinha na vida mortal que os discípulos tão bem conheciam. Daí, podemos traduzir livremente por “Sou o mesmo que vocês conhecem, não é outra pessoa que estão vendo”. Assim, Ele os anima a apalpar Seu corpo e a ver Suas mãos e Seus pés que estavam com os sinais das chagas.
Se essas palavras têm algum sentido histórico, é o de manifestar que Jesus está vivo, que a morte não O venceu, que a vida do além pode ter momentos em que se parece com a vida anterior, como se esta seguisse e aquela fosse uma continuação. Sobre o modo de pensar de alguns teólogos, os quais dizem que a ressurreição é uma forma de vida só espiritual, vemos como Jesus se manifesta em corpo vivo e que não existe sentido em afirmar que só o espírito vive e o corpo se destrói e não alcança a nova vida.
Como diz o Catecismo, é impossível interpretar a ressurreição de Cristo fora da ordem física e não reconhecê-la como um fato histórico, pois o corpo ressuscitado de Jesus é o mesmo que foi martirizado e crucificado, trazendo as marcas da Sua Paixão. Não constitui uma volta à vida terrestre como foi o caso de Lázaro, visto que Seu corpo possui propriedades novas que o situam além do tempo e do espaço.
Jesus passa de um estado de morte para uma outra realidade. Ele participa da vida divina no estado de Sua glória, de modo que Paulo pode chamar a Cristo de o “Homem Celeste”. É por isso que Ele tem o poder de transmitir para nós a verdadeira paz. Assim como ontem, Jesus, hoje, continua dizendo: “A paz esteja convosco!”
O convite a tocar – não só a ver – indica que o corpo presente diante dos discípulos tinha aspectos físicos ou que podiam se conformar às leis físicas, à vontade do Ressuscitado. As feridas, muito mais do que o rosto, eram as marcas que determinavam, em definitivo, a realidade da pessoa na frente deles. Se falta alguma prova para se certificar de que aquilo era real, Jesus, então, come uma porção de peixe diante daqueles homens.
Parece que o Evangelista queria refutar toda dúvida possível. Mesmo assim, existem muitos como Tomé, aqui evocado não como apóstolo, mas como incrédulo. Por isso, podemos afirmar que existem muitos “Tomés” que não acreditam, porque não têm visto.
Diante do escândalo da cruz, que na época era muito maior do que nos dias de hoje, era necessário que Ele, além da Sua presença, provasse ser tudo conforme as Escrituras. Os caminhos de Deus consistem, como afirmava Paulo, em mostrar que “a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1Cor 1,25).
Que nossa maior esperança seja ouvir a Palavra e acolher a presença do Mestre novamente entre os discípulos; não mais com um corpo humano, mas com um corpo glorioso.
Somos chamados, na liturgia, a mergulharmos numa experiência íntima com o Ressuscitado que nos diz: “A paz esteja convosco!”
Leitura Orante
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando,
com toda a Igreja e os que transitam pela
rede da internet:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.
1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto do Evangelho do Dia:
Lc 24,35-48.
Jesus ressuscitado aparece agora aos discípulos, confirmando sua Ressurreição. O Mestre se apresenta não como um fantasma, mas com gestos familiares: come peixe assado, apresenta-se com seu corpo visível, deixa-se tocar. Depois desta convivência familiar, fala-lhes das Sagradas Escrituras e abre-lhes a mente para entender. E os envolve, convidando-os a serem "testemunhas dessas coisas".
2. Meditação(Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Será que sou capaz de ver em quem toma refeição comigo, o Ressuscitado?
Tenho familiaridade com as Sagradas Escrituras, deixando-me abrir a mente para a Verdade?
Como pessoa batizada, cristã, assumo meu compromisso de testemunhar a ressurreição de Jesus?
Os bispos falaram em Aparecida:
"Esta V Conferência, recordando o mandato de ir e fazer discípulos (cf. Mt 28,20), deseja despertar a Igreja na América Latina e no Caribe para um grande impulso missionário. Não podemos deixar de aproveitar esta hora de graça. Necessitamos de um novo Pentecostes! Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de "sentido", de verdade e de amor, de alegria e de esperança! Não podemos ficar tranqüilos em espera passiva em nossos templos, mas é imperativo ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não tem a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca na Igreja, e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção de seu Reino em nosso Continente! Somos testemunhas e missionários: nas grandes cidades e nos campos, nas montanhas e florestas de nossa América, em todos os ambientes da convivência social, nos mais diversos "lugares" da vida pública das nações, nas situações extremas da existência, assumindo ad gentes nossa solicitude pela missão universal da Igreja." (DAp 548)
3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Rezo com Maria, a Mãe de Jesus, as alegrias da Ressurreição, pedindo-lhe a graça de ser testemunha.
- Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia!
- Porque quem merecestes trazer em vosso puríssimo seio, aleluia!
- Ressuscitou como disse, aleluia!
- Rogai a Deus por nós, aleluia!
- Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia!
- Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia!
Ave, Maria...
- Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos
Ó Deus, que alegrastes o mundo com a ressurreição de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso, concedei-nos, vo-lo suplicamos, que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.
4. Contemplação(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Na convivência no meu quotidiano, nas coisas mais comuns, quero testemunhar que Jesus está vivo no meio de nós, como rezo nas celebrações:
"Ele está no meio de nós".
Irmã Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, abre o coração de tua Igreja para o
Amor. E faze-nos aprender, Pai amado, que o nosso amor deve ser como o teu
Amor: alegre e espontâneo, indiscriminado e universal, generoso e gratuito,
livre e libertador. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito
Santo.
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