ANO B
FESTA DO BATISMO DO SENHOR
Ano B - Branco
“Tu és meu Filho amado, em Ti ponho meu bem querer” (Mc 1, 11)
Mc 1,7-11
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O Batismo de Jesus marca o início de sua vida pública, de sua missão redentora no mundo. Também o batismo marca a entrada na comunidade cristã e o início de nossa colaboração com Cristo. Celebremos, alegremente, renovando nossa adesão à Jesus, cientes de que somos corresponsáveis pela salvação de toda a humanidade.
Fonte: https://diocesedeapucarana.com.br/portal/userfiles/pulsandinho/10-de-janeiro-de-2021----batismo-do-senhor.pdf (10/01/2021)
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, a festa de hoje encerra o sagrado tempo do Natal: o Pai apresenta o Salvador que Ele nos deu, o Menino que nasceu para nós. Jesus, o Filho Amado do Pai é também o Servo anunciado por Isaías que deverá cumprir sua missão de modo humilde e doloroso. Hoje, às margens do Jordão, Ele foi ungido com o Espírito Santo como o Messias, o Cristo, que Israel esperava. Agora, ele começará publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de Deus e nós, seus discípulos, batizados, caminharemos na estrada de Jesus. Recordando hoje o Batismo do Senhor, demos graças pelo dia do nosso Santo Batismo e reavivemos a nossa consagração a serviço da Igreja e do Evangelho.
Fonte: https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano_45-b_-_10_-_batismo_do_senhor.pdf (10/01/2021)
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: À margem do Rio Jordão, João Batista prega a conversão dos pecados como meio para se receber o reino de Deus que está próximo. Jesus entra na água, como todo o povo, para ser batizado. Para os judeus, o batismo era um rito penitencial; por isso, aproximavam-se dele confessando seus pecados. Entretanto, o que Jesus recebe não é só um batismo de penitência; a manifestação, do Pai e do Espírito Santo dão-lhe um significado preciso. Jesus é proclamado "filho bem-amado" e sobre ele desce o Espírito que o investe da missão de profeta (anúncio da mensagem da salvação), sacerdote (o único sacrifício agradável ao Pai) e rei (messias esperado como salvador).
Fonte: NPD Brasil em 10/01/2021
BATIZADOS PARA A MISSÃO..
O Batismo do Senhor inaugura sua vida pública e sua missão. Os cristãos são batizados no mesmo Espírito, por isso esta celebração remete ao nosso compromisso com o Reino de Deus.
A primeira leitura traz um texto do Segundo Isaías (cap.40-55) intitulado “O Livro da Consolação” que dirige palavras de consolo e esperança ao povo que havia regressado do exílio. É o primeiro dos quatro cânticos do Servo Sofredor. O Servo é portador do Espírito do Senhor, o que indica sua eleição. Sua missão implica promover a justiça e a verdade, e seu julgamento se dá pela via da humildade e da simplicidade. Formado por Deus, é apresentado como aquele que promoverá a Aliança que unirá novamente o povo e, sem perder a perspectiva universalista, o texto o apresenta como a luz das nações e promotor da salvação. Podemos identificar a figura do Servo Sofredor com Jesus, que ungido pelo Espírito inaugura o Reino de justiça e paz e traz a Salvação à humanidade.
No Evangelho, as expectativas do povo acerca do Messias levam João a declarar que o Ungido do Senhor é aquele que trará o Batismo no Espírito Santo e no fogo. De fato, o batismo de João pertence ao Antigo Testamento e serve como gesto penitencial. Ao associar-se ao batismo de João Jesus não se declara pecador, mas revela-se solidário com a humanidade pecadora. Na cena seguinte, enquanto estava em oração, Jesus recebe sobre si o Espírito Santo em forma de pomba que confirma seu messianismo. A voz do Pai revela sua relação filial com Deus. É uma cena trinitária carregada de simbolismos e mostra toda novidade trazida pela pessoa de Jesus.
A segunda leitura é justamente um reflexo desta novidade de Deus. Na casa de Cornélio, centurião romano que vivia em Cesaréia, Pedro reconhece que diante de Deus não há distinção de pessoas, mas Ele aceita a todos que o temem e que procuram praticar a justiça. A Boa-Nova anunciada por Jesus aos israelitas é dirigida também aos pagãos, por isso todo preconceito deve ser superado. O versículo 38 funciona como uma espécie de síntese da atividade de Jesus. Ungido pelo Espírito, passou pelo mundo promovendo o bem e livrando a todos que estavam sob o domínio do mal. O tema do batismo/unção é, portanto, transversal em toda Liturgia da Palavra deste domingo, e deve nos levar a refletir que é o mesmo Espírito Santo que fecunda e santifica a Igreja, e, portanto, ela não pode isentar-se de promover o Reino. Essa foi a missão de Jesus, essa é a missão da Igreja.
Texto: Equipe Diocesana - Diocese de Apucarana - PR
Fonte: https://diocesedeapucarana.com.br/portal/userfiles/pulsandinho/10-de-janeiro-de-2021----batismo-do-senhor.pdf e NPD Brasil em 10/01/2021
NO BATISMO, A ESCOLHA FUNDAMENTAL
Hoje celebramos a festa do Batismo de Jesus, encerrando o ciclo das festas que se referem ao nascimento, à infância e à vida oculta de Jesus. São “mistérios da nossa fé”, mediante os quais Deus aproximou- se de nós e se revelou.
O Batismo de Jesus foi um momento de teofania e revelação e manifestação “perceptível” da Santíssima Trindade: o Filho, que assumiu a nossa humanidade, é batizado no Jordão; Deus Pai confirma com sua voz e palavra que Jesus é o Filho amado de Deus; o Espírito Santo, pairando sobre Jesus em forma de pomba, “unge” Jesus para sua missão messiânica. É a Trindade Santa, que se manifesta à humanidade e está em ação na nossa salvação.
Nesta festa, também recordamos o nosso Batismo, quando recebemos a adoção de filhos e filhas de Deus; fomos unidos a Jesus Cristo e feitos “filhos no Filho” e membros do Corpo de Cristo”, que é a Igreja. E fomos “ungidos” pelo Espírito Santo, recebendo a graça santificadora e a participação na vida divina. Quanta coisa bonita, o Batismo realizou em nós! E hoje, queremos agradecer especialmente a Deus por isso!
Há uma questão que, geralmente, passa desapercebida no Batismo, embora seja fundamental. Nas promessas do Batismo, foi-nos perguntado, de maneira direta e sem rodeios: renunciamos a Satanás? E a todas as suas obras? E às suas seduções? Em seguida, foi-nos perguntado se cremos em Deus, com os vários artigos do Credo cristão. E nossa resposta, claramente, foi sempre “sim!”.
Por que o celebrante começa perguntando, se renunciamos a Satanás, e só em seguida pede se cremos em Deus? A resposta é simples mas comprometedora: porque essa é a questão central do Batismo e da vida cristã: a escolha entre Deus e Satanás e tudo o que afasta de Deus. Entre o que está de acordo com a vontade de Deus e o que se opõe a Deus. Enfim, trata-se da escolha crucial entre a vida e a morte. E essa escolha nos acompanha a vida inteira e qualifica o nosso comportamento: estamos com Deus, ou com Satanás?
Evidentemente, não bastam as palavras, mas é nossa vida e são nossos comportamentos que manifestam, se estamos com Deus, ou não estamos. Por isso, o Batismo nos introduz numa vivência, numa dinâmica nova: a vida “segundo Cristo”, ou “conforme o Evangelho”, vida “na luz de cristo” e não mais “nas trevas do erro”.
Ao celebrarmos hoje a festa do Batismo de Jesus, renovemos as promessas do nosso Batismo, de modo pessoal e consciente. E peçamos a força do Espírito Santo, para perseverarmos firmes nessas escolhas fundamentais em toda a nossa vida. Com a graça de Deus, é possível viver nossos compromissos batismais e alcançar a vida eterna.
Dom Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo
Fonte: https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano_45-b_-_10_-_batismo_do_senhor.pdf e NPD Brasil em 10/01/2021
Comentário do Evangelho
Senhor se deixa encontrar e está próximo
A solenidade do batismo do Senhor é a primeira solenidade do Senhor do tempo comum. O gênero literário do relato é a “visão interpretativa”, em que a voz interpreta a visão, isto é, o céu aberto e a descida do Espírito Santo sobre Jesus. A finalidade do relato é afirmar, desde o início do evangelho, a identidade e a missão de Jesus. Por esse motivo, seria melhor, caso seja indispensável um título para o relato, nomeá-lo como “a investidura messiânica de Jesus”. O trecho do livro do profeta Isaías aponta as disposições necessárias requeridas por Deus para o seu povo: buscar e invocar o Senhor porque ele se deixa encontrar e está próximo; converter-se, pois o Senhor está sempre pronto a perdoar. Nessa linha penitencial é que se insere o batismo de João. Essas disposições acima elencadas são necessárias como preparação para a vinda do Messias, do qual João Batista é o precursor. O batismo de João é um batismo para a conversão. O Batista tinha consciência do caráter provisório e imperfeito do batismo que ele realizava, por isso, afirma que, depois dele, vem um mais forte do que ele e que batizará com o Espírito Santo. Jesus não tinha pecado, mas entra na fila dos pecadores por solidariedade com a nossa humanidade pecadora. O autor da carta aos Hebreus poderá dizer, por isso, que nós temos junto de Deus um sumo sacerdote misericordioso, capaz de compadecer-se de nossas fraquezas (cf. Hb 4,14-15). O céu pode rasgar-se? Trata-se de uma evocação de Is 63,19 ou 64,1. Trata-se, evidentemente, de uma linguagem simbólica na qual é expressa a comunicação entre o céu e a terra. Dito em outros termos, o Espírito Santo do qual Jesus é revestido para realizar a sua missão vem de Deus. A voz que interpreta a visão vem do texto tirado de Is 42,1. É Deus quem apresenta o seu servo. No evangelho de João, Jesus diz que é o Pai quem dá testemunho dele (cf. Jo 8,17-18). Em Is 42,6-7, a missão do servo tem uma dupla vertente: é mediador da Aliança e libertador dos cativos. Na tradição bíblica, essas duas vertentes estão intrinsecamente unidas: Deus que fez aliança com o seu povo é o Deus que o libertou da casa da servidão (cf. Ex 20,1; Dt 5,6). Jesus é mediador de uma nova e definitiva aliança (cf. Hb 7,22-25; 8,6-13; 12,24) que nos liberta de todo mal.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Espírito de purificação, faze-me experimentar o batismo purificador de Jesus, que me liberta do pecado e do egoísmo, predispondo-me para o serviço generoso a meu próximo.
Fonte: Paulinas em 11/01/2015
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
Tu és meu Filho Amado
Jesus foi batizado por João Batista no rio Jordão. Ao sair das águas, como num êxtase, viu o céu se abrir e o Espírito Santo descer sobre ele, e ouviu uma voz que dizia: “Tu és o meu Filho amado. Em ti está meu pleno agrado”. Entrando nas águas, Jesus as santificou e lhes deu o poder de se tornarem sinal de uma vida nova.
Saindo das águas, revela-se a Trindade. Sobre o Filho paira o Espírito e o Pai o chama de Filho bem-amado. Jesus não precisava de um batismo para redimir seus próprios pecados porque não os tinha, mas ele queria em tudo assemelhar-se aos seres humanos para matar o pecado em sua própria carne. Sem o ser, ele se faz pecador com os pecadores.
João batizava com água, lavava o corpo como sinal de conversão, de mudança de vida, de vontade de estar preparado para o Dia do Senhor. Jesus batizará no Espírito Santo. O próprio João faz a distinção entre o seu batismo e o de Jesus. O de João é com água, o de Jesus será no Espírito Santo.
A Carta a Tito ajuda-nos a entender o batismo no Espírito Santo, quando diz que “a bondade e o amor de Deus se manifestaram e ele nos salvou, não por causa das nossas boas obras, mas por sua misericórdia. Ele nos lavou pelo poder regenerador e renovador do Espírito Santo”.
O Espírito nos gerou de novo e nos renovou. Isso aconteceu no nosso batismo. Fomos então justificados, começamos uma nova existência e nos tornamos herdeiros da vida eterna.
Cônego Celso Pedro da Silva,
Fontes: https://catequisar.com.br/liturgia/tu-es-meu-filho-amado-3/ e https://comeceodiafeliz.com.br/evangelho/08-01-2024
Vivendo a Palavra
Jesus, ao procurar João para ser batizado, quis nos ensinar como é importante participar da Comunidade. Ele, o Santo, que não tinha pecados, busca as águas para purificar-se. E a confirmação do Pai Misericordioso «Tu és o meu Filho amado», que veio a Ele, virá para nós: também somos filhos amados!
Fonte: Arquidiocese BH em 11/01/2015
VIVENDO A PALAVRA
Jesus cumpre a Lei Mosaica. Faz-se batizar por João – era o batismo de água, prescrito na Lei e na tradição. Mas o Pai vai além: batiza-O no Espírito. Estava, assim, cumprido o Primeiro Testamento e inaugurado o Segundo – a Nova e Eterna Aliança selada pelo Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo.
Fonte: Arquidiocese BH em 10/01/2021
Reflexão
Batismo do Senhor
Introdução geral
O sentido principal da festa do Batismo do Senhor, neste ano B, é a investidura de Jesus como Messias. O evangelho, próprio do ano B, descreve o batismo de Jesus no Jordão, quando o Espírito desce sobre ele na forma visível de pomba (Mc 1,7-11). Para as outras leituras e o salmo responsorial, o lecionário oferece como primeira opção os mesmos textos que nos anos A e C: a 1ª leitura de Is 42,1-4.6-7 (o profeta e servo impelido pelo Espírito), a 2ª leitura de At 10,34-38 (Pedro, proclamando Jesus como ungido por Deus com o Espírito Santo). É uma temática eminentemente cristológica.
Contudo, o lecionário prevê textos alternativos para as 1ª e 2ª leituras e o salmo responsorial. A 1ª leitura alternativa: o convite pronunciado pela boca do profeta Isaías para “vir às águas” (Is 55,1-11); o salmo responsorial, cujo refrão canta: “Com alegria bebereis do manancial da salvação” (Is 12,2-6); a 2ª leitura, o testemunho de Jesus dado pela água e pelo Espírito (1Jo 5,1-9). Esses textos são menos ilustrativos para o tema cristológico do evangelho, mas, acentuando o simbolismo da água, podem eventualmente servir para uma reflexão em torno do batismo cristão. Nosso comentário, porém, seguirá a linha cristológica dos textos oferecidos como primeira opção.
II Comentário dos textos bíblicos
1. I leitura (Is 42,1-4.6-7)
O primeiro cântico do Servo (Is 42) encaminha nossa mente para a compreensão do evangelho. Apresenta a misteriosa personagem, do tempo do exílio babilônico, à qual foram dedicados os quatro cânticos do Servo (Is 42,1-7; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). O primeiro cântico, lido hoje, apresenta a eleição desse predileto para levar aos povos e aos continentes (“ilhas”) o verdadeiro conhecimento do Deus de misericórdia e fidelidade. Ele é a aliança com o povo, a luz das nações, para restaurar a paz e a felicidade dos oprimidos. Ele é o portador da quase trágica “eleição” do povo de Israel para, no desterro, ser testemunha do Deus verdadeiro no meio das nações.
2. II leitura (At 10,34-38)
A 2ª leitura é o início de outro texto-chave do Novo Testamento: o “querigma” ou anúncio proclamado por Pedro para os companheiros pagãos do centurião Cornélio, em At 10,34-43. Os vv. 37-43 são praticamente o resumo do Evangelho de Marcos (e de Lucas) e servem de modelo para o anúncio cristão. Com claro tom de universalidade, Pedro anuncia a missão de Jesus como Messias e Filho de Deus a partir de seu batismo por João. A liturgia de hoje apresenta a introdução desse texto (vv. 34-38): o início da obra de Jesus, a saber, seu batismo por João. Esse evento é de suma importância, pois significa a investidura de Jesus para sua missão messiânica. Jesus é o Messias, o “ungido” com o Espírito Santo. O termo “messias” significa ungido, mas Jesus nunca foi ungido, materialmente, como rei ou sacerdote. Foi ungido simbolicamente, como profeta. Essa unção com o Espírito do Senhor, derramado sobre o profeta, é mencionada em Is 61,1, texto que Lucas elaborou na cena da “pregação inaugural” de Jesus, Lc 4,16-30.
3. Evangelho (Mc 1,7-11)
O evangelho de hoje mostra o “empoderamento” de Jesus para sua atividade pública, a qual começa com a proclamação da chegada do Reino de Deus (Mc 1,14-15). O Evangelho de Marcos abre solenemente com o anúncio, feito por João Batista, da chegada do enviado escatológico. Em Marcos, diferentemente dos outros evangelhos, faltam as palavras do anúncio do juízo e da pregação penitencial do Batista (Mt 3,7-10; Lc 3,7-14). Marcos concentra totalmente a atenção naquele que há de vir. Cita a frase do Batista: “Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias” – tarefa do escravo ou do discípulo a serviço de seu “rabi”.
Quando Jesus participa com seu povo do despertar messiânico provocado pelo Batista, Deus lhe dá a investidura como Messias. Enquanto João Batista batiza com água, o “mais forte” chega para batizar com Espírito Santo. O batismo de João era um rito de conversão para o povo de Israel. João o administrava lá onde o povo pudesse se reunir, independentemente do Templo de Jerusalém. Escolheu para esse rito as águas do rio Jordão, que, muitos séculos antes, o povo tinha atravessado para entrar na terra prometida. Era como se agora renovassem essa experiência. Jesus, todo entregue ao projeto de Deus, seu Pai, não podia faltar a esse evento, movimento de preparação messiânica e expressão pura e livre da piedade de seu povo, o povo judeu. Mas a atividade de Jesus nos leva a outro nível.
João pertence a um degrau preparatório na história da salvação. Jesus vem depois dele, mas isso não é um “depois” como o do discípulo que segue o mestre. Significa o novo tempo que suplanta o anterior. É o tempo da efusão do Espírito anunciada pelos profetas (cf. Ez 36,26-27: espírito novo nos corações; Jl 3,1-2: efusão escatológica do Espírito). O suposto seguidor do Batista é, na realidade, aquele que batiza com o Espírito Santo. E como ninguém pode dar o que não recebeu, conta-se como Jesus recebeu, por ocasião do batismo, o Espírito de Deus.
É um momento escatológico, quase apocalíptico: Jesus vê o céu “rasgar-se”, como na invocação da vinda salvadora de Deus proclamada por Isaías (Is 63,19). A voz de Deus, representada pela visão da ave mensageira, proclama a investidura de Jesus como rei messiânico, com a fórmula que lembra a investidura dos reis: “Tu és meu filho” (cf. Sl 2,7). A fórmula é completada pelo termo “amado”, que exprime a eleição por Deus, e seguida da declaração: “em ti ponho meu benquerer” (lecionário), “em ti está meu agrado” (Bíblia da CNBB). Sobre Jesus, que recebe o Espírito de Deus, está o agrado ou o benquerer de Deus, isto é, sua vontade salvífica. Deus não está querendo dizer que o seu amado é “agradável”, e sim que ele executará o agrado de Deus, a saber, a obra da salvação. Pode-se parafrasear: “Coloco sobre teus ombros a obra que eu quero realizar”.
É de notar que, no Evangelho de Marcos, só Jesus vê o céu aberto e ouve a voz (os outros evangelistas apresentam a cena de modo mais público). Isso se deve, em parte, ao fato de a investidura ser dirigida ao novo rei individualmente (cf. Sl 2,7). Mas, em Marcos, há algo a mais. O conhecimento e a compreensão da missão messiânica de Jesus se dão progressivamente. A fórmula é retomada bem no meio do Evangelho de Marcos, na transfiguração de Jesus (Mc 9,7), depois da confissão de fé feita por Pedro (Mc 8,29) e da subsequente correção do conceito de Messias no primeiro anúncio da Paixão (Mc 8,31-33). Jesus toma consigo os três discípulos mais representativos, que no alto da montanha recebem uma visão de Jesus glorioso. A esses é revelado o que, na cena do batismo (segundo Marcos), foi proclamado só para Jesus: “Este é o meu Filho amado, escutai-o” (Mc 9,7). E, no fim do evangelho, quando Jesus cumpre a sua missão, dando sua vida, um soldado romano, representante do mundo inteiro ao qual se destina a salvação, exclama: “Este homem era verdadeiramente (o) Filho de Deus” (Mc 15,39). Só nesse momento fica claro de que modo Jesus assume o “agrado”, o plano salvífico de Deus, de acordo com sua exclamação na hora da agonia: “Não o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14,38). Assim, Marcos estende por sobre todo o seu evangelho o que se costuma chamar o “segredo messiânico”, a revelação do Filho de Deus que se completa na cruz. O batismo engaja Jesus nessa missão.
III. Dicas para a reflexão
O Natal se prolonga nas festas da Epifania e do Batismo de Jesus, que têm em comum a ideia da manifestação de Deus ao mundo em Jesus de Nazaré. Deus se manifestou ao próprio Jesus para lhe confiar sua missão.
A 1ª leitura apresenta o “Servo de Deus” de que fala o profeta Isaías. “Servo” (= ministro, encarregado) é um título que pode ser aplicado ao rei, ao profeta ou até ao próprio povo da Aliança. Na sua disposição a executar o projeto de Deus, o “servo” prefigura Jesus. A 2ª leitura conta como, depois de Pentecostes, os apóstolos proclamam Jesus, chamando-o com o nome bíblico de “Ungido de Deus” – em hebraico, Messias: ungido com o Espírito Santo.
É isso que o evangelho descreve. Jesus tinha-se integrado no movimento de João Batista, que fez reviver a voz profética, silenciada durante séculos. Agora, no momento em que Jesus recebe das mãos de João o batismo no rio Jordão, Deus lhe dá “sinal verde” para sua própria missão: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu benquerer”. “Filho de Deus” era um título dado ao rei (Davi). Num sentido infinitamente mais rico, esse título cabe a Jesus. Deus o “empodera” como executor de seu benquerer, realizador de seu reinado. Desce sobre Jesus o Espírito de Deus: sua força, seu dinamismo, seu calor, sua sabedoria… O reinado que ele vai instaurar supera de longe o de Davi. É um projeto divino, para que Deus reine nos corações humanos e em todas as estruturas da comunidade humana e para que seus “aliados” realizem a justiça e o amor.
Jesus assumiu sua “nomeação” e deu a vida para cumpri-la: para desmascarar o cinismo e a hipocrisia dos chefes religiosos e políticos; para ensinar o plano de Deus ao povo entregue às mãos dos poderosos; para formar um grupo de discípulos que entendessem sua proposta – ao menos, depois de sua morte e ressurreição…
Jesus assumiu a realização da vontade do Pai. Anunciou a justiça e a misericórdia de Deus aos que mais as esperavam: os pobres, os excluídos. Pregou a libertação, o fim do mal que domina este mundo. Mas ele não quis ficar sozinho. Formou uma comunidade que continuasse sua missão. Essa comunidade se marca com o mesmo sinal que Jesus quis receber juntamente com seu povo em busca de renovação: o batismo. Os que sucedem Jesus no empenho pelo reinado de Deus trilharão o seu caminho assumindo tudo o que colabora para a justiça concebida por Deus, assim como Jesus assumiu o movimento lançado por João Batista. E, sobretudo, voltarão o ouvido e o coração à voz que vem do Pai, para que se realize o que diz a oração final desta liturgia: “Chamados filhos de Deus, o sejamos de fato”.
Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica bíblica.Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A-B-C.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.br
Reflexão
JESUS É O FILHO DE DEUS
O Evangelho de Marcos inicia-se com João Batista pregando um batismo de conversão e profetizando a chegada de alguém mais forte do que ele, o Messias, salvador e Filho de Deus. João não é nem digno de se abaixar aos pés do anunciado. Ele batiza com água, mas o que virá batizará com o Espírito Santo.
Nisso aparece Jesus para ser batizado: os céus se abrem, ele vê o Espírito Santo se fazer presente em sua vida e ouve a voz do Pai, que o proclama seu Filho amado. João Batista sai de cena e entra Jesus, anunciando seu projeto.
Os céus “estavam fechados”, parecendo estar obstruída a comunicação entre o céu e a terra, entre o divino e o humano. Havia a necessidade de romper essa barreira invisível e estabelecer a comunicação com o transcendente. Havia a sensação de que Deus estava isolado e longe da humanidade.
Com a vinda do Espírito Santo sobre Jesus, os céus “são rasgados” e volta a se estabelecer a comunicação do divino com o humano. Finalmente é possível o encontro e a convivência com Deus. Um homem cheio do Espírito perambula pelas terras da Palestina, anunciando o reino de Deus.
Movido pelo Espírito Santo, Jesus cura, liberta, transforma e renova as pessoas e todas as coisas. À semelhança do caos do início da criação que se transforma em cosmos com o sopro divino, a nova humanidade nasce com a chegada do Filho de Deus, iluminado e guiado pelo Espírito.
Graças ao Espírito Santo que recebemos no batismo, também nos tornamos novas criaturas. Somos integrados a uma comunidade, a Igreja.
Sem esse Espírito de Deus, nossa vida é morna, sem compromisso e sem verve, a alegria esmorece, a esperança morre, os medos tornam-se fantasmas a nos atormentar. Se não nos deixamos animar e recriar por esse Espírito, não temos como contribuir para a nossa comunidade nem apontar novo rumo para a sociedade, tão necessitada de valores que dignifiquem e defendam a vida da humanidade.
Pe. Nilo Luza, SSP
Fonte: https://www.paulus.com.br/portal/o-domingo/11-de-janeiro-batismo-do-senhor/#.VLMTnivF9ms (11/01/2015)
Reflexão
João pregava e batizava. Por sua pregação, as pessoas eram convidadas a se manter fiéis ao projeto de Deus e acolher o Messias. Por seu batismo, deviam mudar de vida: batismo de conversão. “Mais forte” do que João, o Messias haveria de batizar com o Espírito Santo. Portanto, não batismo com água de rio, mas com o “vento” que desce do céu e renova a vida. Eis que Jesus vem de Nazaré da Galileia e se apresenta para receber o batismo de João. Nessa circunstância, Jesus testemunha a presença do Espírito Santo, que desce sobre ele em forma de pomba (cf. Gn 1,2: primeira criação) e a manifestação do Pai, cuja voz ecoa solenemente: “Tu és o meu Filho amado. Em ti eu me agrado”. Este é o Messias servidor que, mediante o serviço, implantará entre nós o Reino de Deus.
Extraído do livro:
Dia a dia com o Evangelho 2015: Texto e comentário – Ano B – São Marcos. Autor: Padre Luiz Miguel Duarte.
Reflexão
João Batista cumpre sua missão encomendada por Deus, isto é, prega a vinda do Messias e batiza com água. E avisa: “Depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu”. Anuncia, pois, a chegada de outro superior a ele em força, pois possuirá a plenitude do Espírito Santo. Será superior a ele também quanto à missão, que consistirá em fundar uma sociedade nova (nova aliança). A Jesus caberá o papel de esposo da nova comunidade. “Tirar as sandálias” significa justamente apropriar-se do direito de esposo. Será com o Espírito Santo e com água que Jesus formará o homem novo, fundamento e construtor da nova sociedade, etapa terrena do Reino de Deus. A expressão “viu os céus se rasgando” indica que, a partir de Jesus, se estabelece total e permanente comunicação entre Deus e o ser humano.
ORAÇÃO
Ó Jesus de Nazaré, quiseste ser batizado por João. Na hora do batismo, o céu se manifestou: o Espírito desceu sobre ti em forma de pomba, e a voz do Pai celeste confirmou que és seu Filho amado. Ajuda-nos a compreender que, pelo batismo, nos tornamos habitação da Santíssima Trindade. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Reflexão
João pregava e batizava. Por sua pregação, as pessoas eram convidadas a se manter fiéis ao projeto de Deus e acolher o Messias. Por seu batismo, deviam mudar de vida: batismo de conversão. “Mais forte” do que João, o Messias haveria de batizar com o Espírito Santo. Portanto, não é o batismo com água de rio, mas com o “vento” que desce do céu e renova a vida. Eis que Jesus vem de Nazaré da Galileia e se apresenta para receber o batismo de João. Nessa circunstância, Jesus testemunha a presença do Espírito Santo, que desce sobre ele em forma de pomba (cf. Gn 1,2: primeira criação), e a manifestação do Pai, cuja voz ecoa solenemente: “Tu és o meu Filho amado. Em ti eu me agrado”. Esse é o Messias servidor que, mediante o serviço, implantará entre nós o Reino de Deus.
(Dia a dia com o Evangelho 2024)
Reflexão
«Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado»
Mons. Salvador CRISTAU i Coll Obispo de Terrassa
(Barcelona, Espanha)
Hoje, solenidade do Batismo do Senhor, termina o ciclo de das festas de Natal. Diz o Evangelho que João tinha se apresentado no deserto e «predicava um batismo de conversão para o perdão dos pecados» (Mc 1,4). As pessoas iam escutá-lo, confessavam seus pecados e se batizavam por ele no rio Jordão. E entre aquelas pessoas se apresentou também Jesus para ser batizado.
Nas festas de Natal vimos como Jesus se manifestava aos pastores e aos magos que, chegando desde Oriente, o adoraram e lhe ofereceram seus dons. De fato, a vida de Jesus ao mundo é para manifestar o amor de Deus que nos salva.
E lá, no Jordão, aconteceu uma nova manifestação da divindade de Jesus: o céu se abriu e ele Espírito Santo, em forma de uma pomba descendia em sua direção e se ouviu a voz do Pai: «Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo.» (Mc 1,11). É o Pai do céu neste caso e o Espírito Santo quem o manifesta. É Deus mesmo que nos revela quem é Jesus, seu Filho amado.
Mas não era uma revelação só para João e os judeus. Era também para nós. O mesmo Jesus, o Filho amado do Pai, manifestado aos judeus no Jordão, se manifesta continuamente a nós a cada dia. Na Igreja, na oração, nos irmãos, no Batismo que recebemos e que nos fez filhos do mesmo Pai.
Preguntamos, pois: —Reconheço sua presença, seu amor em minha vida? —Vivo uma verdadeira relação de amor filial com Deus? Disse o Papa Francisco: «O que Deus quer do homem é uma relação “pai-filho”, acaricie, e diga: ‘Eu estou contigo’».
Também a nós o Pai do céu, no meio de nossas lutas e dificuldades, nos diz: «Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado».
Pensamentos para o Evangelho de hoje
- «O Batismo libertou-nos de todos os males, que são os pecados, mas com a graça de Deus devemos fazer tudo o que é bom» (S. Cesáreo de Arlés)
- «Vocês, pais, trazeis a criança, rapaz ou rapariga para ser batizada. Esta é a cadeia da fé: é vosso dever transmitir a fé a estas crianças. É a mais bela herança que lhes deixarareis. Levai, hoje para casa, este pensamento» (Francisco)
- «Embora próprio de cada um, o pecado original não tem, em qualquer descendente de Adão, carácter de falta pessoal. É a privação da santidade e justiça originais, mas a natureza humana não se encontra totalmente corrompida (...). O Batismo, ao conferir a vida da graça de Cristo, apaga o pecado original e reorienta o homem para Deus, mas as consequências para a natureza, enfraquecida e inclinada para o mal, persistem no homem e convidam-no ao combate espiritual» (Catecismo da Igreja Católica, nº 405)
Reflexão
O Batismo de Jesus Cristo (B): Jesus Inicia a sua vida publica tomando o lugar dos pecadores
REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)
(Città del Vaticano, Vaticano)
Hoje, enquanto toda a Judeia e Jerusalém se aproximavam de João para se batizarem, acontece algo de novo: Jesus Cristo mistura-se entre a multidão cinzenta dos pecadores que esperam na margem do Jordão. Mas, o que fez Jesus? A partir da cruz e da ressureição tornou-se claro para os cristãos o que tinha acontecido.
Jesus tinha carregado com a culpa de toda a humanidade; entrou com ela pelo Jordão. Inicia a sua vida publica tomando o lugar dos pecadores. Inicia-a com a antecipação da cruz. O batismo é a aceitação da morte (“com-padecendo”) pelos pecadores da humanidade e pela voz do céu (“Tu és o meu Filho amado”) é uma referencia antecipada da ressureição. O batismo de Jesus entende-se assim como compendio de toda a história na qual se retoma o passado e se antecipa o futuro.
—Quisera, Senhor, encaminhar-me para o local do teu batismo e assim, graças à tua identificação com os homens, receber a minha identificação contigo para satisfazer o Pai.
Meditação
Jesus é o Salvador prometido, a quem foi dado todo poder do Espírito, da Força e da Vida Divina. Esse seu poder é para sempre: com Ele e sobre Ele está o Espírito de forma permanente, pairando como se fosse uma ave. E mais: Jesus não é apenas um profeta dotado do poder do Espírito; é muito mais, é o Filho amado em quem o Pai encontra todo seu bem-querer. Ele tem todo poder do Pai, é Deus, pode arrancar-nos do pecado e da morte. É e faz nossa salvação.
Oração
DEUS ETERNO E TODO-PODEROSO, que, tendo sido o Cristo batizado no rio Jordão, e descendo sobre ele o Espírito Santo, o declarastes solenemente vosso dileto Filho, concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Reflexão
Rasgaram-se os céus
Nosso Senhor, sendo Deus, não precisava entrar na fila dos pecadores e ser batizado por São João Batista. Com grande humildade, porém, Ele quis que se cumprisse toda a justiça [1]. A Igreja sempre interpretou esse gesto como uma prefiguração do que Cristo fez na Cruz, tomando sobre Si os nossos pecados. Comenta o Papa Bento XVI:
"O que é verdadeiramente novo é que Jesus queira ser batizado, que entre na multidão triste dos pecadores, que aguardam nas margens do rio Jordão. O batismo implicava uma confissão dos pecados. Na sua essência, era uma confissão dos pecados e a tentativa de se despojar de uma vida falhada e de receber uma nova vida. Podia Jesus fazer isso? Como Ele podia confessar pecados?"
(…)
"Porque se na descida a este batismo estão contidos uma confissão dos pecados e um pedido de perdão para um novo começo, então também está contida neste sim a toda a vontade de Deus num mundo marcado pelo pecado uma expressão da solidariedade com os homens, que se tornaram culpados, mas que se dirigem para a justiça. Somente a partir da cruz e da ressurreição é que todo o sentido deste processo se tornou reconhecível. Ao descerem para a água, os batizandos confessam os seus pecados e procuram ser libertos deste peso que representa terem caído na culpa. O que é que Jesus fez então? S. Lucas, que em todo o seu Evangelho dirige um olhar atento à oração de Jesus, que o representa sempre como orante – em conversa com o Pai –, diz-nos que Jesus recebeu o batismo enquanto orava (3, 21). A partir da cruz e da ressurreição tornou-se claro para a cristandade o que estava acontecendo: Jesus tomou sobre os seus ombros o peso da culpa de toda a humanidade; levou-a pelo Jordão abaixo. Ele inaugura-o com a antecipação da cruz. Ele é, por assim dizer, o verdadeiro Jonas, que disse para os marinheiros: 'Pegai em mim e atirai-me ao mar' (Jn 1, 12). Todo o significado do batismo de Jesus, o seu levar 'toda a justiça', só na cruz é que se revela: o batismo é a aceitação da morte pelos pecados da humanidade, e a voz do batismo – 'Este é o meu filho bem-amado' (Mc 3, 17) – é já um chamado de atenção para a ressurreição. Assim se compreende também como na própria linguagem de Jesus a palavra 'batismo' aparece como designação da sua morte (Mc 10, 38; Lc 12, 50)." [2]
De fato, a eficácia do nosso Batismo depende diretamente de Cristo crucificado, de cujo lado aberto brotaram sangue e água [3]. "O sangue e a água que escorreram do lado traspassado de Jesus crucificado são tipos do Batismo e da Eucaristia, sacramentos da vida nova" [4]. Por meio dos Sacramentos, Cristo perpetua na história a eficácia da Redenção.
Mas, era conveniente que Nosso Senhor fosse batizado? Santo Tomás responde:
"Era conveniente que Cristo fosse batizado (...) porque, como diz Ambrósio: 'O Senhor foi batizado não porque quisesse ser purificado, mas querendo purificar as águas, para que limpas pela carne de Cristo, que não conheceu o pecado, tivessem a força do batismo'. E Crisóstomo acrescenta: 'Para deixá-las santificadas para os que haveriam de ser batizados depois." [5]
Ao invés de Ele ser purificado pelas águas, elas foram santificadas por Ele. Assim como, na Eucaristia, ao invés de o alimento se unir ao nosso corpo, somos nós quem nos unimos ao alimento, que é Cristo, no Seu Batismo, não é Ele quem é purificado, mas as águas que O batizam.
E por que Nosso Senhor foi batizado no rio Jordão? O Aquinate, novamente, responde:
"Foi pelo rio Jordão que os filhos de Israel entraram na terra prometida. Ora, o que tem de especial o batismo de Cristo com relação a todos os outros batismos é que introduz no reino de Deus, simbolizado pela terra prometida. Por isso diz o Evangelho de João: 'Ninguém pode entrar no reino de Deus, a não ser que nasça da água e do Espírito Santo'. É nesse sentido também que Elias dividiu as águas do Jordão, antes de ser arrebatado ao céu numa carruagem de fogo, pois o fogo do Espírito Santo abre a entrada do céu aos que atravessam as águas do batismo. Por isso convinha que Cristo fosse batizado no Jordão." [6]
O Evangelho diz, no versículo 10, que Cristo, "logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele". No original grego, o verbo utilizado para designar os céus que se abrem é "σχιζομένους", que quer dizer "rasgar". É a mesma palavra usada para se referir ao véu do Templo que se rompe de alto a baixo [7] e às vestes de Cristo, que os Seus carrascos decidiram não rasgar [8]. Perguntando se os céus deviam "rasgar-se" depois do batismo de Cristo, o Doutor Angélico considera três aspectos:
"Como já foi dito, Cristo quis ser batizado para consagrar com seu batismo aquele com o qual nós seríamos batizados. Por isso, no batismo de Cristo devia manifestar-se tudo o que diz respeito à eficácia de nosso batismo. A esse propósito devemos considerar três aspectos. Primeiro, a força principal da qual o batismo recebe sua eficácia, que é a força celeste. Por isso, uma vez batizado Cristo, o céu se abriu para mostrar que, doravante, uma força celeste santificaria o batismo."
"Segundo, para a eficácia do batismo cooperam a fé da Igreja e a fé daquele que é batizado; por isso, os que são batizados fazem a profissão de fé e o batismo é chamado sacramento da fé. Pela fé contemplamos as realidades celestes, que superam os sentidos e a razão humana. Para expressar isso se abriram os céus depois do batismo de Cristo."
"Terceiro, pelo batismo de Cristo especialmente que se abre para nós a entrada no reino dos céus, que tinha sido fechada pelo pecado ao primeiro homem. Por isso, os céus se abriram depois do batismo de Cristo, para mostrar que o caminho do céu está aberto para os batizados." [9]
Santo Tomás ainda tece algumas considerações sobre a importância da oração, a partir da narrativa de São Lucas: "Cristo, batizado, estava em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele" [10]. Ele diz:
"Mas, depois do batismo, o homem precisa da oração constante para entrar no céu; pois, mesmo que os pecados sejam perdoados pelo batismo, permanece a atração ao pecado que nos ataca interiormente, e o mundo e os demônios que nos atacam exteriormente. Por isso, claramente diz o Evangelho de Lucas que 'depois de ter sido batizado Jesus, e enquanto orava, se abriram os céus', porque a oração é necessária aos fiéis depois do batismo. – Ou ainda, para dar a entender que o fato de se abrir o céu aos crentes pelo batismo que se deve à força da oração de Cristo. Por isso, claramente diz o Evangelho de Mateus: 'Abriram-se-lhe os céus', isto é, e a todos por causa dele, como se um imperador dissesse a alguém que pede uma graça para outrem: 'É a ti que faço este favor e não a ele', ou seja, 'a ele, por tua causa', como afirma Crisóstomo." [11]
Quando fomos batizados, os céus se abriram para nós, mas não podemos descuidar da oração, sem a qual estaremos indefesos contra os três inimigos da alma: a carne, o mundo e o diabo. Por isso, ao recebermos este Sacramento, além de professarmos a fé, somos chamados a renunciar a Satanás, às suas obras e seduções.
A oração é necessária porque a graça atual é necessária. Se estamos em estado de graça habitual, todos os dons e virtudes estão em nosso coração, mas, se não rezamos, eles permanecem inoperantes. Neste Domingo, tomemos a firme resolução, o propósito de ter uma vida séria e comprometida de oração. Porque, sem ela, estamos na rampa do inferno, sem proteção contra os inimigos de nossa alma e de nossa salvação e sem as graças necessárias para amar a Deus.
Referências:
Cf. Mt 3, 15.
Papa Bento XVI. Jesus de Nazaré: primeira parte: do batismo do Jordão à transfiguração. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007. p. 32-34.
Cf. Jo 19, 34.
Catecismo da Igreja Católica, 1225.
Suma Teológica, III, q. 39, a. 1.
Ibidem, III, q. 39, a. 4.
Cf. Mt 27, 51.
Cf. Jo 19, 24.
Suma Teológica, III, q. 39, a. 5.
Lc 3, 21-22.
Suma Teológica, III, q. 39, a. 5.
Fonte: Reflexões Franciscanas em 11/01/2015
Comentário sobre o Evangelho
O batismo de Jesus: os céus se abriram e o Espírito Santo desceu
Hoje, assistimos a uma cena muito solene: Jesus recebe o Baptismo! Com este gesto, Ele institui o Baptismo cristão e destaca a importância deste sacramento da Nova Aliança.
- Para ressuscitar com Cristo temos de viver a sua Paixão. Deus facilita-nos a vida: com o Baptismo participamos na Paixão de Jesus “sem mexermos uma palha”. Que mais queres?
Comentário do Evangelho
A SOLIDARIEDADE DE JESUS
O batismo de Jesus, no Jordão, pode parecer, à primeira vista, inútil. Afinal, eram os pecadores os que procuravam o batismo de João, para redimir-se de seus pecados, na perspectiva da iminente chegada do Messias. Por um lado, Jesus não era pecador. Por outro, ele era o Messias, cuja ação havia de revolucionar a história humana. Como justificar, então, seu batismo?
A vinda do Messias Jesus tinha como finalidade oferecer aos pecadores a salvação. Este seria o público privilegiado de sua ação. Quando, no início de seu ministério, dirigiu-se para o lugar onde João estava batizando, Jesus foi colocar-se exatamente onde se encontravam os que viera para salvar.
Em torno de João, reuniam-se pessoas conscientes de seus pecados e desejosas de se verem livres deles. Jesus foi ao encontro delas, pois haveria de livrá-las, definitivamente, do peso de seus pecados, anunciando-lhes o advento do Reino de Deus.
O Messias, porém, escolheu o caminho da solidariedade com os pecadores e se colocou junto deles como salvador, não como juiz. Ao se fazer um com eles, embora não sendo pecador, possibilitou que a graça tivesse lugar na vida daquela gente. Foi assim que, no batismo, o Filho amado de Deus iniciou sua missão.
Oração
Senhor Jesus, que escolheste o caminho da solidariedade para trazer salvação à humanidade, faze-me também solidário com aqueles aos quais devo anunciar o teu Reino.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que, sendo Cristo batizado no Jordão e pairando sobre ele o Espírito Santo, o declarastes solenemente vosso Filho, concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 11/01/2015
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O UNGIDO DO SENHOR
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Uma das maiores aventuras da minha adolescência foi ir a pé até a Light, com um grupo de amigos, fazer uma pescaria de três dias. Planejamos tudo, a barraca, recipientes com água, as varas de pesca, facões e canivetes, roupas e calçados leves, bonés e óculos escuros para proteger o rosto do sol, e até uma caixinha de primeiros socorros, nossa turma andava encantada com o escotismo e queríamos imitar os escoteiros nessa aventura.
Pensamos em cada detalhe e bem de madrugada, antes de iniciarmos a caminhada, o mais velho da turma, a quem delegamos o papel de “Comandante”, após conferir todo o material, e revistar nossas roupas e calçados, disse solenemente: “Vocês estão prontos, podem partir!!”. Não o escolhemos como nosso chefe por acaso, ele conhecia o percurso ida e volta e estava “calejado” para enfrentar a árdua jornada.
Estar pronto – significa estar preparado para tudo, mas principalmente ter muita coragem para o confronto, não se vai a uma batalha ou a uma aventura arriscada, sem um preparo, sem um treino ou exercício, se não houver da parte do enviado, a determinação, a força ferrenha de vontade, o objetivo poderá não ser alcançado e a desistência dominará aquele que está em missão. No caso do cristão, estar preparado para o confronto é estar ungido e apossar-se da força de Deus, presente na vida daquele que crê.
O Homem, feito a imagem e semelhança de Deus, é chamado a viver a vocação plena do amor, para atingir o auge da sua existência, superando seus limites. Deus o fez para grandes conquistas e o revestiu com a sua força. Jesus Cristo é o primogênito das criaturas, ao encarnar-se em nosso meio, ele aceitou o desafio de ir à frente da humanidade para mostrar o caminho, nesse itinerário cheio de desafios como a trilha de Indiana Jones, que requer do aventureiro muita habilidade, prontidão e persistência.
No evangelho desse Domingo do Batismo do Senhor, Marcos apresenta-nos o Ungido do Pai, aquele que está pronto para o confronto definitivo com as forças do mal. O Antigo Testamento é todo esse longo tempo de preparação, de exercício e treinamento, o homem é estimulado e encorajado por Deus para o combate e a vitória, Deus lhes empresta sua coragem e sua força, presente no seu espírito, que se apodera daqueles que ele chama, profetas e reis, juízes, nenhum deles agiu sozinho mas deixaram-se conduzir pelo Espírito de Deus.
Mas é em Jesus de Nazaré que todas as promessas serão cumpridas, é ele o verdadeiro ungido do Senhor, o Servo escolhido, o predileto e amado, aquele que não sucumbirá diante do mal, mas será persistente e fiel até que todo mal seja aniquilado e o Reino impere por todo sempre. É este homem forte, perfeito e santo, preparado para a missão, sem tremer ou vacilar, é o Jesus que emerge das águas após receber a força do Espírito Santo e ouvir a voz do Pai que o confirma – “Tu és o meu filho amado, em ti ponho o meu bem querer”.
Ele é mais forte do que João e todos os profetas que o anunciaram, ele é mais Poderoso que todos os reis que governaram o Povo de Israel, simplesmente não porque fala em nome de Deus, mas porque é o próprio Deus, que em Jesus vem dar a cada homem o seu espírito de força, coragem, determinação, empenho, ou seja, ele restituiu a cada homem aquilo que Adão havia perdido, resgatando a humanidade do fracasso, direcionando para a vitória, mudando o rumo da trajetória humana, e tudo começa no dia do nosso Batismo...
O Batismo penitencial de João era apenas um sinal exterior, que mostrava a vontade e o desejo que o homem tinha, de mudar de vida, o Batismo de Jesus, é o momento em que Deus se abre para esse homem que demonstra ter consciência do seu erro e fracasso, Deus se inclina para ouvir este homem que agora quer vencer, e ao chamar a Jesus de Filho amado, Deus esta dizendo a todo homem, que ele aprova essa decisão tomada, e que mais do que isso, ele colocará nas entranhas do homem o poder do seu Espírito, a força poderosa que conduzirá o homem á vitória.
Mas o Batismo de Jesus, além de tudo isso, tem um significado ainda mais profundo, ele caminha à frente de todos os batizados, e como aquele companheiro mais velho do meu grupo de adolescentes, Ele afirma com muita propriedade, que agora o homem está realmente preparado para o confronto, pois ao ser ungido, ele também nos ungiu e nos capacitou dando-nos todos os dons necessários para atingirmos nosso objetivo que é alcançar a vida plena, pois, embora por adoção, nós também somos em Cristo, os Filhos e filhas amados, com quem Deus se alegra, e o Batismo é o dia em que Deus, oficialmente reconhece cada homem como seu Filho...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Este é o meu Filho amado; nele está o meu agrado - Mt 3,13-17
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)
Nas águas do rio Jordão, “Deus revela o novo batismo com sinais admiráveis”, ouvimos hoje no Prefácio da solenidade do Batismo do Senhor. Uma voz desce do céu revelando que a Palavra de Deus se encarnou e habita entre os seres humanos. Ela é, em nosso mundo, Jesus Cristo, enviado para evangelizar os pobres e ungido com o óleo da alegria pelo Espírito que apareceu em forma de pomba.
O batismo de João era para a conversão e para o perdão dos pecados. O Batismo de Jesus é manifestação da Trindade e revelação de quem é este que está sendo batizado por João e para que veio até nós. Ele é o Filho de Deus encarnado e veio a este nosso mundo com a missão que lhe foi dada pelo Pai. A partir de então, Jesus é levado pelo Espírito para que chegue a todos a Boa Notícia da parte do Pai.
O batismo, que significa “lavar”, continua sendo feito com água. As águas do Jordão são sempre água; agora, porém, santificadas e consagradas pelo corpo vivo de Jesus. Jesus entra nas águas e as santifica. Podemos, então, falar do nosso batismo em Cristo, em nome da Santíssima Trindade. Somos mergulhados nas águas, mesmo quando a água é jogada apenas em nossa cabeça. Mergulhados nas águas, morremos e ressuscitamos imediatamente. No fundo das águas fica a velha criatura, e das águas sai viva a nova criatura, sem pecado e cheia do Espírito Santo.
Este é o momento da nossa morte. Daqui para frente não morreremos mais. Um dia vamos adormecer no Senhor e, ao despertarmos, veremos a Deus. “Nós mesmos o veremos, nossos olhos o contemplarão, e não os olhos de outros”, como lemos no Livro de Jó. João Batista, que batizava com água, dizia que depois dele viria aquele que iria batizar no Espírito Santo.
No seio da Mãe Igreja, a nova criatura é, pois, gerada pela água e pelo Espírito Santo. Somos agora templo do Espírito Santo, que recebemos de Deus e está em nós, ensina São Paulo aos coríntios. Pedro prega que “Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder” e que “andou por toda a parte fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com ele”. Nós também fomos ungidos por Deus com o Espírito Santo em nosso batismo. Andemos, então, por toda parte fazendo o bem e libertando quem estiver dominado pelo poder demoníaco. A unção é feita em vista da missão.
O Pai revela quem é Jesus, e o Espírito o impulsiona para a missão. Por isso, Jesus pedirá mais tarde que acreditemos nele ao menos pelas obras que ele faz. Pedro disse que Jesus fazia o bem e libertava os dominados pelo demônio. O profeta Isaías, falando do Servo do Senhor, que é o Messias prometido, descreve-o como aquele que promove o julgamento para obter a verdade, sem gritar, sem desanimar, confiante, acreditando no ser humano.
Em nosso batismo, nós nos revestimos de Jesus Cristo. Quem nos vê deve nos ver realizando as mesmas obras que ele realizou e do mesmo jeito. Sem gritar e sem quebrar a cana rachada, centro de aliança do povo e luz para quem vive nas trevas. O batismo de João prepara o povo para o Dia do Senhor que vem, que veio e que virá. O Batismo de Jesus revela quem ele é e dá início à sua missão neste mundo. O nosso batismo nos reveste de Cristo e nos incorpora a ele, fazendo-nos membros da sua Igreja, a qual o torna presente no mundo.
Fonte: NPD Brasil em 10/01/2021
Homilia da Festa do Batismo do Senhor, por Pe. Paulo Ricardo
Fonte: https://soundcloud.com/padrepauloricardo/festa-do-batismo-do-senhor-rasgaram-se-os-ceus (11/01/2015)
HOMILIA
Batismo do Senhor
Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Tu és meu Filho amado!”
Abriram-se os céus
A celebração do Batismo de Jesus está unida à Manifestação do Senhor como o Natal e Epifania, completando-se com a apresentação de Jesus aos discípulos em Caná. Deus se manifestou na pessoa de Seu Filho: “Quem me viu, viu o Pai”, diz Jesus a Filipe.
Esta Manifestação se destina a levar todos à comunhão de amor que o Pai nos dá em seu Filho. Quando os hebreus chegaram à Terra Prometida, a arca da aliança parou no meio do rio e as águas se abriram para o povo passar.
Quando Jesus entrou nas águas do Jordão, os céus de abriram e o Pai mostrou a nova terra prometida: Seu amor pelo Filho. Este amor é garantido pela presença do Espírito que acompanha Jesus e a todos os que O acolherem.
A missão do Filho que continua o amor do Pai é fazer o bem, como diz Pedro na casa de Cornélio: “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com Êle” (At 10,38).
Jesus foi ungido pelo Espírito para fazer o bem. Este é seu poder. Lemos em Isaías que o Servo de Deus, figura profética de Jesus, é amado por Deus para uma missão de promover a justiça: “Eu te formei e constituí com centro da aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão e livrar do cárcere os que vivem nas trevas” (Is 42,6-7).
Em cada batismo realizado na comunidade, não acontece um ato que só interessa individualmente, mas é um momento da comunidade. Entre todos os dons do batismo, é importante a entrada na Igreja, Corpo Místico de Cristo. É nela que se desenvolvem os dons para o serviço de todos.
Interiormente transformados (oração)
Toda nossa vida cristã está em Cristo. Dela participamos. O Batismo é nossa adesão a Cristo e a sua missão. O rito externo da água e das orações explica e realiza essa transformação interior.
Pelo Batismo nos é dada a participação no amor do Pai pelo Filho. Somos filhos amados do Pai, como o Filho bendito Jesus. A voz que veio do alto para Ele, vem para nós também. Somos Filhos amados do Pai e recebemos dele todo amor. Recebemos o mesmo Espírito que conduziu e fortaleceu Jesus.
A transformação interior deve atingir nossas atividades e modo de vida como foi profetizada pelo Servo, apresentado na primeira leitura, e realizada por Jesus. A missão de Jesus nasce de sua união com o Pai.
À medida que nos unimos a Ele participamos da mesma missão e somos objeto do mesmo amor. A festa de hoje é um convite a assumir o Batismo. É o compromisso que assumimos quanto ao modo de viver.
“Cristão, reconhece tua dignidade” diz São Leão Magno, Papa.
Perseverar constantemente
O Espírito Santo conduz Jesus em toda sua missão. Após o envio do Espírito em Pentecostes, é Ele quem dirige a Igreja e está no coração dos fiéis dando os dons, movendo à missão e discernindo sua vocação na Igreja. Convém escutar o Espírito e seguir sua inspiração.
Rezamos na oração: “Concedei aos vossos filhos adotivos, renascido da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor” (oração). Como Jesus, fomos ungidos pelo Espírito para realizar sua missão.
É necessária a colaboração pessoal e o empenho em perseverar na graça do sacramento. A coerência cristã exige fidelidade onde estivermos. Deus não nos persegue. Providente, acompanha-nos como o fez com Jesus.
Leituras: Isaias 42,1-4.6-7; Salmo 28/ Atos 10,34-38; Marcos 1,7-11.
Ficha nº 1404 - Homilia do Batismo do Senhor (11.01.2015)
No ciclo da Manifestação, temos também o Batismo de Jesus. Ele se destina a levar à comunhão de amor que o Pai nos dá em seu Filho. Em Jesus vemos o Pai. Jesus vive o amor do Pai fazendo o bem. O Servo é uma profecia sobre Jesus e seu modo de viver. O batismo é um ato comunitário.
Entramos em um corpo, Igreja e nele se desenvolvem os dons que recebemos. Toda a vida cristã está em Cristo. Dela participamos.
Ele é nossa adesão a Cristo e sua missão. Pelo Batismo nos é dada a participação do amor do Pai pelo Filho. Somos filhos amados do Pai. A transformação interior deve atingir nossas atividades para viver como Jesus.
O Espírito conduz Jesus em sua missão e nos move à missão e discernimento da vocação. Pedimos a perseverança no amor e a fidelidade. Deus nos acompanha como o fez com Jesus.
Bom de ouvido
Naquele momento do Batismo de Jesus, os ouvidos amadurecidos pela fé puderam ouvir o que marca a vida de Jesus: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho todo o meu amor” (Mc 1,11).
Somente do Céu podia vir essa voz. Ali é o momento da unção de Jesus para uma missão. Esta não é tanto dizer coisas, mas ser o carinho de Deus para com todos, pois Jesus andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio porque Deus estava com Êle. O Espírito Santo sempre o guiou.
O batismo de Jesus não é igual ao nosso, pois Ele não precisava do perdão do pecado. Mas mostra como deve ser nossa vida: fazer o bem e viver guiado pelo Espírito Santo.
Ao sermos batizados estamos unidos a Ele, pois somos também chamados de filhos amados de Deus que coloca em nós todo seu amor. Unido ao Natal e Epifania, o Batismo de Jesus é uma manifestação de Deus em Jesus.
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 11/01/2015
HOMILIA
O BATISMO DE JESUS
João Batista não negava que em sua vida havia poder do Alto para operar a obra que já havia sido designada por Deus a ele desde a época dos profetas. Esse poder consistia na pregação do Reino e na remissão dos pecados pelo arrependimento, externado no rito do batismo nas águas.
Hoje nossa cultura religiosa limita o poder do Alto essencialmente a manifestação de milagres de cura e operações sobrenaturais, pelo simples fato de que estes sinais aconteciam no ministério de Jesus. Mas releva-se que o contexto onde estes eventos sobrenaturais aconteciam, eram no fundo para servirem de confronto com a mentalidade religiosa e estas operações sempre serviram para que a consciência dos participantes e espectadores se convertesse de sua acomodação e limitação espiritual.
Reitero que creio em milagres e operações sobrenaturais, no entanto, não firmo minha fé exclusivamente nessas ocorrências. Deus pode não achar bom curar determinadas pessoas, por motivos que competem exclusivamente a Ele decidir não curar ou fizer o milagre que acho necessário que aconteça. Mesmo diante desse contexto, Ele não deixará de ser Deus. Mas se firmar minha fé somente no que vejo de extraordinário, caso um não-milagre aconteça, minha fé corre o sério risco de revelar-se superficial e inoperante para trazer paz a minha vida em momentos de aflição.
O ato de retirar as sandálias era uma função dos escravos da casa de um nobre, para após isso lavar os pés e ungi-los com óleo para que se re-hidratassem da caminhada no clima árido do deserto. Portanto era uma posição de máxima subserviência ao amo. Observe-se que desamarrar era o mais simples ato deste costume comum á época, que implicava em curvar-se para tanto, um sinal que no contexto espiritual significa reverenciar a Deus.
Por saber que o seu poder vem de Deus, João Batista submete-se a autoridade d´Ele pois sabia que ele somente prenunciava O mais poderoso que ele haveria de vir, colocando-se numa posição de máxima subserviência, como os escravos que lavavam e hidratavam os pés do amo e seus convidados.
Mesmo com esse poder, João Batista sabia que por mais que o batismo nas águas significasse que o interior do ser havia se conscientizado do pecado e do amor de Deus em implantar seu Reino entre os arrependidos, esse batismo não era suficiente para fazer o homem a mudar seu instinto natural ao pecado, necessitando da intervenção divina na vida do ser, o que só se realizaria com o batismo com o Espírito Santo que só Jesus pode promover.
Para que essa possibilidade se tornasse realidade, Jesus cumpriu o rito do batismo do arrependimento, mesmo sendo Ele um Rabi, que quer dizer Mestre. Esse batismo do arrependimento de Jesus foi também Seu batismo com e no Espírito Santo, uma vez que o Espírito Santo desceu como uma pomba sobre Ele. E uma voz se fez ouvir: Tu és o meu Filho querido e me dás muita alegria.
Pensemos: se Jesus sendo um dos mestres judaicos, em se “arrependendo” e do ponto-de-vista demonstrado na bíblia de que Cristo padeceu na carne do todo tipo de tentação e inclinação carnal, portanto passível de arrependimento também como homem, abriu a possibilidade para que Deus desse de Seu Espírito para Ele, então essa possibilidade também está aberta a todos que assim o desejem!
Esse objetivo divino -fazer com que Seu Espírito faça habitação em todos os que se arrependem- é cumprido em Cristo em seu batismo no Rio Jordão. E o júbilo do Senhor em ver esse objetivo cumprido em Jesus é traduzido por seu inesperado rompante declarando Sua alegria em ver seu filho amado cumprindo Sua vontade. O Espírito Santo é Deus nos guiando em toda a verdade, fazendo florescer os dons –em especial o do amor- e dando-nos a capacitação para mudarmos nossa mentalidade corrompida, frutificando em obras e vida plena.
Como vives o teu batismo? Quero recordar-te que o nosso batismo é um compromisso de seguimento de Jesus, na transformação deste mundo pelo amor de Deus, incutido em nosso coração por Jesus hoje batizado no Jordão por João Batista.
Padre BANTU SAYLA
Fonte: Liturgia da Palavra em 11/01/2015
REFLEXÕES DE HOJE
Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 11/01/2015
REFLEXÕES DE HOJE
Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 10/01/2021
HOMILIA DIÁRIA
O batismo no Espírito Santo realiza uma obra nova em nós
O Espírito que recebemos em nós, pela graça do batismo, nos unge, nos consagra, nos envia, nos refaz, nos cura, nos liberta e nos restaura!
“E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele.” (Marcos 1, 10)
Nós hoje celebramos a Festa do Batismo de Jesus. O batismo de Jesus tem muito a nos ensinar, nós que somos batizados e, como batizados, somos discípulos seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A primeira coisa é que, São João, aquele que batizava nas águas, veio nos mostrar que o seu batismo não é como o de Jesus; o batismo que Ele nos traz não se compara a nenhuma outra graça! O batismo nos dá o Espírito Santo, que se apodera e toma posse de nós por intermédio dessa graça [do batismo].
Nós não podemos considerar o fato de o Espírito vir sobre nós como uma coisa qualquer, simples ou irrelevante; ao contrário, o Espírito, que desceu sobre Jesus, é o mesmo que desce sobre nós, nos unge, nos consagra e nos torna configurados a Cristo (Sacerdote, Profeta, Rei) e nos faz missionários e discípulos do amor de Deus.
O batismo confere as graças fundamentais para a nossa vivência da fé cristã, e a primeira e a principal delas é nos dar a graça de nos tornarmos templos do Espírito Santo. O mesmo Espírito, que estava e está em Jesus, está em nós! E podemos observar pelo relato dos Evangelhos que esse Espírito que conduzia Jesus, O conduzia a pregar, a ensinar, a curar, a libertar; e O colocava em sintonia com o Pai.
Da mesma forma, o Espírito que recebemos em nós, pela graça do batismo, nos unge, nos consagra, nos envia, nos refaz, nos cura, nos liberta e nos restaura! Enfim, o Espírito Santo de Deus realiza uma obra nova de Deus em nossa vida, pois, com Ele, nos tornamos templos vivos, lugar da morada d’Ele.
Aquilo que Jesus ouviu hoje, nessa passagem bíblica, uma voz vinda do céu, porque o Espírito pairava sobre Ele, é a voz do Pai que também branda em nosso coração, em nosso peito. Quando nos abrimos para a graça do Espírito é a voz do Pai que nos diz : “Este é o meu filho amado!”.
Em nós, em nossa vida, está o “bem-querer” de Deus, nós precisamos viver como batizados e levar nosso batismo a sério. Não podemos viver no mundo como se fôssemos pagãos, como se não conhecêssemos a Deus, como se não tivéssemos recebido a graça, o poder e o penhor do Espírito.
A mesma unção que pairava sobre Jesus, que ela paire sobre nós, que ela nos consagre, que nos revitalize, que nos faça nascer de novo pela água e pelo Espírito! O Espírito de Deus está sobre nós e queremos viver a graça de sermos batizados!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 11/01/2015
HOMILIA DIÁRIA
Façamos o batismo acontecer em nossa vida
“Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo. Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no rio Jordão.” (Marcos 1,8-9)
Temos a graça de celebrarmos o Batismo do Senhor. O Batismo de Jesus é, na verdade, o batismo de cada um de nós. Veio João que denominamos “Batista”, porque ele batizava para que os corações se abrissem, para que os corações pudessem, de fato, se converterem para acolher Jesus.
Uma coisa é muito importante: o batismo é a abertura do coração para que possamos acolher a Jesus como Senhor e Salvador. O grande drama da humanidade são tantas pessoas batizadas, mas que não abriram o coração para acolher Jesus.
Não basta ser batizado, é preciso que o batismo opere a conversão em nós, opere a graça que é derramada sobre nós. A maioria de nós é batizado ainda criança, se pressupõe, se acreditava que uma criança batizada no seio de uma família batizada, que o batismo fosse vivido, celebrado e assumido no seio dessa família. É o que se espera!
Talvez, você se pergunte: “Por que vamos cedo ser batizados?”. É porque, desde pequenos, a graça de Deus quer atuar em nós. Portanto, se tivemos a graça de crescer numa família que cultivou em nós a graça do batismo – que bênção! Mas senão, é preciso fazer o batismo acontecer, é preciso que a unção do batismo esteja agindo em nós.
Pais, mães, homens e mulheres, desde criança o Espírito de Deus está sobre nós. Não fomos batizados somente nas águas, a água foi derramada sobre nós, mas ela nos verteu a graça do Espírito.
O batismo é a abertura do coração para que possamos acolher Jesus como Senhor e Salvador
Não sei porque não cultivamos vida espiritual nas nossas crianças; vejo, às vezes, pais brigando porque querem logo batizar seus filhos, levam para a Igreja, fazem festa bonita, mas no outro dia vejo essas crianças todas, ainda pequeninhas, nem sabem falar muitas vezes, com o celular na mão lá no seu canal do YouTube, aprendem todos os desenhos, mas não cultivam a graça do Espírito.
Não vejo pais cultivando a graça do batismo na vida dessas crianças. Primeiro, porque o mundo virtual é um mundo encantador de magia; e as pessoas, muitos dos pais estão achando que a graça de Deus também é como se fosse uma magia, onde uma vez que levou para a Igreja, a criança foi batizada e agora automaticamente as coisas irão acontecer. Não! Ou cultivamos a graça do batismo em nós, nos nossos filhos ou aquela unção ficará apagada, como está apagada na vida de tantos de nós que não levamos a vida no Espírito porque não cultivamos em nós nem nos nossos filhos a unção do Espírito recebida no batismo.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 10/01/2021
ORAÇÃO FINAL
Pai amado, cantaremos a Ti um canto novo! Hoje, quando pensamos no batismo de Jesus de Nazaré, faze-nos conscientes do nosso próprio Batismo. Que, além da gratidão por sermos acolhidos na Comunidade-Igreja de teu Filho, tenhamos a consciência do compromisso que o Sacramento representa: sermos solidários e fraternos com tuas criaturas que vivem nesta terra: a Natureza e a Humanidade. Pelo mesmo Jesus, o Cristo teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
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