domingo, 1 de março de 2020

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 01/03/2020

ANO A



1º DOMINGO DA QUARESMA

Ano A - Roxo

“Adorarás ao Senhor teu Deus e somente
a ele prestarás culto” Mt 4,10

Mt 4,1-11

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Iniciamos, estimados irmãos e irmãs, nossa caminhada quaresmal. Se a quaresma caracteriza-se como sendo um tempo de conversão, deve haver de que se converter: o pecado. Contudo, para muitos, hoje, não existe pecado; sobretudo para os que se iludem com seu aparente sucesso e não sentem na pele quanto seu pecado faz sofrer os outros. A história humana se move entre o projeto de Deus e o poder do mal. O mal tenta seduzir o homem para que o adore no lugar de Deus. Partindo desta perspectiva, a liturgia deste primeiro domingo da quaresma, nos mostrará, como Satanás disfarça sua tentação por trás de bens aparentes: conhecimento que nos faz capaz de brincar de deus, satisfação material, poder, sucesso... desde que adoremos o diabo no lugar de Deus.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, bem vindos! Estamos num tempo de graça! Preparando-nos para a Páscoa, recordaremos nosso caminho de fé batismal. Conduzidos pelo Espírito, vamos com Jesus ao deserto. Com Jesus, aprenderemos a resistir às tentações do Maligno que quer nos desviar de nossa consagração batismal e arrancar de nós o entusiasmo pelo Reino de Deus. Diante das tentações, renovemos nossa fidelidade ao Deus vivo e verdadeiro, sustentados por sua Palavra.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste primeiro domingo é proposta uma reflexão fundamental sobre o destino do homem. É uma meditação religiosa, uma vez que põe em causa o justo relacionamento com Deus, libertando-o de suas concepções errôneas. - O homem é escravo de forças naturais ou históricas; sua presença no mundo é o fruto de um acaso que lhe pregou uma peça breve e cruel, dando-lhe ilusão de felicidade e abandonando-o ao poder da morte. - O home é árbitro absoluto de seu destino, senhor do bem e do mal, dominador das forças cósmicas, único protagonista da história.
Fonte: NPD Brasil em 05/03/2017

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos neste domingo a vitória de Cristo sobre as tentações do deserto, onde Jesus mostra que o jejum, a oração e a caridade são meios eficazes para vencermos as ciladas do inimigo. Somente com o coração purificado, podemos restabelecer relações fraternas para com Deus e os irmãos. Crendo nas promessas do Senhor, coloquemo- nos diante de sua glória.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, bem vindos! Estamos num tempo de graça! Preparando-nos para a Páscoa, recordamos nosso caminho de fé batismal. Conduzidos pelo Espírito, vamos com Jesus ao deserto. Com Jesus, aprendemos a resistir às tentações do Maligno que deseja nos desviar de nossa consagração batismal e arrancar de nós o entusiasmo pelo Reino de Deus. Diante das tentações, renovemos nossa fidelidade ao Deus vivo e verdadeiro, sustentados por sua Palavra.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste primeiro domingo é proposta uma reflexão fundamental sobre o destino do homem. É uma meditação religiosa, uma vez que põe em causa o justo relacionamento com Deus, libertando-o de suas concepções errôneas. - O homem é escravo de forças naturais ou históricas; sua presença no mundo é o fruto de um acaso que lhe pregou uma peça breve e cruel, dando-lhe ilusão de felicidade e abandonando-o ao poder da morte. - O home é árbitro absoluto de seu destino, senhor do bem e do mal, dominador das forças cósmicas, único protagonista da história.

AS TENTAÇÕES DE ONTEM E DE HOJE

Comemoramos na Quaresma os quarenta dias em que Jesus passou no deserto, como preparação para os anos de pregação que culminam na Cruz e na glória da Páscoa. Quarenta dias de oração e de penitência que, ao findarem, desembocam na cena que a liturgia de hoje oferece à nossa consideração no Evangelho da Missa. São Mateus nos conta que Jesus, depois de receber o batismo de João, foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio. Com isso, Jesus quer nos ensinar a vencer as tentações que sofreremos ao longo da nossa vida. Deus permite que soframos tentações porque nos ensinam a crescer diante dos obstáculos e a progredir na prática do bem. Já o ensina São Tiago: “Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam” (Tg 1,12)
Interessante saber que os aviões sempre decolam e aterrissam no sentido contrário ao do vento: se não encontrassem resistência do ar ou recebessem uma forte ventania na cauda (que aparentemente parece ser a favor), a vida dos passageiros estaria em sério perigo. Assim também acontece na vida cristã: para crescer é preciso enfrentar a resistência das tentações. Deus permite que sejamos tentados para provar a nossa virtude e o nosso amor: a tentação vencida nos dá o mérito de ter correspondido à ajuda de Deus. É uma demonstração do bom uso da liberdade: mereceremos um prêmio, porque podendo escolher o mal, fazemos o bem.
É verdade que toda tentação é enganosa, por ser incitada pelo demônio, pai da mentira, ou pelo orgulho de nos considerarmos melhor do que somos, pela mentira sobre nós mesmos. A tentação promete o que não pode dar. No entanto, há algumas tentações perigosas, porque são sutis, e facilmente podem nos iludir. A primeira é a tentação do adiamento. Trata-se de uma forma de se enganar, ao postergar ao máximo possível a realização de deveres difíceis, como, por exemplo, fazer uma Confissão bem feita, ter uma conversa esclarecedora com aquele amigo envolvido com bebida, com negócios escusos, ou relacionamentos ilegítimos. A pessoa pensa: “eu tenho que resolver isso, mas acho que ainda não é o momento...” Há pessoas fracas que têm este modo de atuação constante: “deixa para mais adiante...” E os problemas não se resolvem.
A segunda tentação perigosa é a mediocridade. Lembro-me daquele conselho da avó ao neto, piloto comercial: “Meu neto, eu fico apavorada quando você está pilotando esses aviões: me prometa uma coisa: voe bem devagar e baixinho.” Não precisamos ser entendidos em aviação para saber que o rapaz correria o risco de provocar um acidente: ao contrário, para sua segurança, o avião deve voar alto e com boa velocidade. O mesmo acontece com quem não corresponde ao amor de Deus, porque foge do sacrifício, porque se contenta em fazer o mínimo necessário, preocupando-se apenas em não cair em grandes pecados, mas não se afasta dos pecados veniais; assim como quem acha que não precisa fazer penitência, ou quem se contenta em cuidar da sua vida cristã e não se esforça em aproximar seus parentes e amigos da fé.
Desistir é a terceira tentação perigosa: quem acha que nunca vai conseguir vencer seus erros, pecados e defeitos e deixa de lutar. Cai e permanece caído, abandona o esforço de se corrigir. O Papa Francisco falou disso no encontro com os voluntários da JMJ do Panamá: “Não se assustem à vista das suas fraquezas; não se assustem sequer à vista de seus pecados: levantem e continuem em frente, sempre em frente! Não fiquem caídos por terra, não se fechem, continuem em frente com o que têm de mais importante, continuem em frente; Deus sabe como perdoar tudo!
Jesus nos recomenda uma atitude clara: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”. Vigiar significa cortar imediatamente o assalto da tentação, fugindo dela. Orar significa confiar no poder de Deus em nos sustentar no momento da provação: “Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além do que podem as vossas forças, antes fará que tireis ainda vantagem da própria tentação, para a poderdes suportar” (I Cor10,3).
D. Carlos Lema Garcia
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

Jesus não permite que a voz do mal ressoe nele.

Os domingos do tempo da Quaresma são como que etapas que nos preparam para a celebração do mistério pascal de Jesus Cristo. O tempo da Quaresma deve ser marcado por uma dupla característica: deve ser a ocasião para recordarmos o nosso Batismo e a vocação a que somos chamados pela graça desse mesmo Batismo, e tempo para a penitência, isto é, o desejo e o consequente esforço de verdadeira e profunda conversão para que possamos tirar do mistério pascal de Jesus Cristo toda a sua riqueza.
O autor do segundo relato da criação do livro do Gênesis tem a preocupação de responder à seguinte pergunta: se tudo o que Deus criou é bom, por que existe o mal? Por que, muitas vezes, o mal domina sobre o ser humano? Em primeiro lugar, o autor afirma a bondade de Deus. Deus chama o ser humano à existência; Ele pôs o seu próprio “sopro” no ser humano (2,7b). O homem, tirado do pó, é obra do coração de Deus, do seu amor. No jardim que Deus plantou havia tudo o que o ser humano precisava para realizar-se como plenamente humano. No entanto, enigmaticamente, aparece a serpente, símbolo do mal do homem; ela aparece como uma força de sedução que distorce o mandamento de Deus e leva o ser humano a negar a sua própria condição de criatura e, portanto, a negar sua referência a Deus. É o mal que, segundo o nosso autor, coloca no coração do ser humano a suspeita com relação a Deus. O mal desumaniza na medida em que leva a negar-se a qualidade de criatura e sua referência ao Criador. O ser humano é colocado diante da alternativa pela qual deve decidir: confiar em Deus ou se deixar levar pela sedução do mal. Infelizmente, o primeiro homem se deixou envolver pela sedução do mal.
O relato das tentações de Jesus segundo Mateus é um sumário das tentações que acompanharam Jesus ao longo de toda a sua vida. Ao contrário do primeiro ser humano, Jesus não permite que a voz do mal ressoe nele. Pela apropriação da Palavra de Deus, por sua comunhão com o Pai, ele vence o mal; ele vence o mal pela confiança inabalável em Deus. As tentações de Jesus dizem respeito à sua filiação divina e à sua missão. É na sua condição de Filho de Deus e em relação ao seu messianismo que Jesus é tentado. Jesus não se prosterna diante do mal, pois sua vida está profundamente enraizada em Deus; somente a Deus ele adora. Foi por nós que Jesus venceu as tentações.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, como Jesus, quero ser fiel a ti, sem jamais exigir manifestações extraordinárias de teu amor por mim. Basta-me estar ciente de ser teu filho.
Fonte: Paulinas em 09/03/2014

Vivendo a Palavra

‘Quarenta’ mais do que um número, é termo bíblico que significa ‘o tempo necessário para que aconteça o que deve acontecer’. Neste texto das tentações de Jesus, significa toda sua vida. E Ele as venceu sempre, vivendo as Verdades que o Evangelista coloca em seus lábios. Também nós seremos tentados até a última hora. Estejamos protegidos pela Palavra do Senhor!
Fonte: Arquidiocese BH em 05/03/2017

VIVENDO A PALAVRA

‘Quarenta’ mais do que um número, é termo bíblico que significa ‘o tempo necessário para que aconteça o que deve acontecer’. Neste texto das tentações de Jesus, significa toda sua vida. Jesus foi tentado até o seu fim. E Ele venceu sempre, vivendo as Verdades que o Evangelista coloca em seus lábios. Também nós seremos tentados até a última hora. Estejamos protegidos pela Palavra do Senhor!

Reflexão

Depois de passar quarenta dias de jejum no deserto (os números são simbólicos), Jesus teve fome. Diante da necessidade e da fraqueza, o Diabo/tentador aproveitou para pô-lo à prova. Esses quarenta dias relembram os quarenta anos de Israel no deserto, em busca da terra. Enquanto Israel sucumbiu às tentações, Jesus as enfrenta e as supera, iluminado e fortalecido pela Palavra de Deus. O evangelista apresenta três tentações, que são como que a síntese dos desafios que a pessoa (também Jesus) tem de enfrentar ao longo da vida. Fazendo um paralelo com a primeira leitura: Adão, vivendo num jardim de delícias, sucumbiu e disse “não” a Deus; Jesus, num deserto de desafios (sem água e comida), resistiu e disse “sim” a Deus. A recusa a Deus (o pecado) acontece num ambiente de delícias e prazeres; a aceitação de Deus (a salvação) se concretiza na renúncia e nos desafios. Diante das provações, Jesus não aceita manipular a Deus nem busca privilégios.
Oração
Ó Jesus Caminho, Verdade e Vida, pela tua vitória diante das propostas tentadoras do adversário do Reino, confirmaste tua total obediência a Deus e a seu plano de amor. Ensina-nos a superar as tentações do dia a dia com o estímulo do teu exemplo e a força da tua Palavra. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Recadinho

Você se prepara bem para as missões que tem a desempenhar? - Quem é Jesus para você? - A tentação de uma vida cômoda e fácil perturba sua caminhada? - Você procura se alimentar sempre da palavra de Deus? - Sua vida é um serviço constante ao próximo? Dê algum exemplo.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 – Santuário Nacional em 09/03/2014

Meditando o evangelho

A PROVAÇÃO DO FILHO DO HOMEM

A cena das tentações, inserida no início da vida pública de Jesus, é um claro indício de que o exercício de seu ministério seria pontilhado de provas e dificuldades. Na aritmética teológica da época, que consistia em atribuir valor simbólico-teológico aos números, o número três designava a constituição do ser humano (espírito - alma - corpo). A tríplice tentação significava que Jesus, enquanto ser humano, seria submetido a contínuas provações, pelas quais teria chance de dar provas de sua absoluta fidelidade a Deus. De fato, até os instantes finais de sua caminhada terrena, Jesus viu-se tentado.
O tentador insistia sempre no mesmo ponto: "Se você, de fato, é Filho de Deus", passando a fazer-lhe propostas extravagantes. Com isto, pretendia levar Jesus a exigir do Pai uma manifestação desnecessária de sua providência, bem como levá-lo a oferecer espetáculos formidáveis com os quais atrairia a atenção sobre si, granjeando a admiração das multidões, mas também o risco de ser vítima do orgulho e da vaidade.
As tentações foram capciosas. Com uma interpretação superficial, podiam parecer inocentes, sem maiores conseqüências. Só uma leitura arguta, como a de Jesus, foi capaz de desmascará-las e revelar as verdadeiras intenções do tentador.
O fato de vencer as tentações já foi um primeiro sinal da fidelidade de Jesus ao Pai. Por ser Filho de Deus, recusava-se a exigir do Pai manifestações insensatas de amor.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, como Jesus, quero ser fiel a ti, sem jamais exigir manifestações extraordinárias de teu amor por mim. Basta-me estar ciente de ser teu filho.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Jesus foi conduzido ao deserto
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jesus chamou os apóstolos para serem pescadores de gente, por isso a preocupação da Igreja é sempre, em primeiro lugar, com o ser humano e, juntamente com o ser humano, com o ambiente em que ele vive. É preciso cuidar da nossa casa comum e de tudo o que ela contém, porque nela é que vivemos e nos desenvolvemos.
No mundo inteiro e em nosso país não seria diferente: há espaços geográficos caracterizados de acordo com o tipo de vegetação, do solo, da altitude, das plantas, dos animais. Em tais espaços pode haver presença humana. Daí a preocupação com o ser humano e com o ambiente em que ele vive. A Quaresma é um tempo de conversão pessoal e também um tempo de conversão social. A Campanha da Fraternidade nos desperta para a conversão social. Fraternidade, solidariedade e harmonia andam juntas na construção de um ambiente saudável no qual a vida humana pode ser verdadeiramente humana, segundo o plano criador de Deus.
Nesta Quaresma estaremos com Jesus no Deserto da Tentação, no Monte da Transfiguração, no Poço de Jacó, na rua, no Túmulo de Lázaro. Em cada lugar e situação Jesus nos revela quem ele é, qual é a vontade do Pai e o que espera de nós. Em todos os momentos ele nos leva ao diálogo para a construção da fraternidade solidária. O mal se apresenta sempre como algo saboroso e bonito, útil para o conhecimento. Não é fácil resistir-lhe. No entanto, é um antiprojeto. Vai no sentido contrário do projeto de Deus. O diabo coloca seu antiprojeto diante de Jesus no deserto com a provocação da comida, da afirmação pessoal, do poderio universal. Jesus dialoga com o provocador e o enfrenta com ideias claras da Sagrada Escritura. A Quaresma começa com um grande diálogo, exatamente com o demônio, e continua o diálogo na permanente tarefa da construção da fraternidade.
Fonte: NPD Brasil em 05/03/2017

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. NO ACONCHEGO DO DESERTO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Neste primeiro domingo da quaresma, Deus nos chama ao deserto com Jesus, para uma conversa de pé de ouvido, a liturgia se reveste de roxo, que é a cor da paixão, não é tristeza, luto e desconsolo, como muitos pensam, é como se Deus, o amado de nossa vida, quisesse que ao longo de quarenta dias, prestássemos mais atenção nele, no seu jeito diferente de nos amar, roxo seria isso: um olhar para dentro, enquanto se olha para o céu, podendo evocar o poeta “De tudo ao meu amor serei atento...”, quaresma é tempo de deixar-se remodelar, permitindo que Deus refaça a nossa vida.
Quando presido o Sacramento do matrimonio percebo que os casais têm dificuldade de se olhar nos olhos, na hora do consentimento, e não é só com quem está casando que isso acontece, um amigo confidenciou-me que sentiu um certo “desconforto” ao olhar nos olhos da esposa, na renovação do matrimonio, em uma missa de encontro de casais. Olhar nos olhos nos causa medo, porque é enigmático e misterioso, não se tem medo de olhar o corpo, que se torna fácilmente objeto de desejo, em uma sociedade tão erotizada, mas quando se olha nos olhos, estamos diante da alma do outro, há comunhão de corpo mas não há comunhão de alma. A relação entre namorados, noivos, e até entre marido e mulher, fica na maioria das vezes banalizada, alguns conseguem emigrar do erótico para o Eros, e há outros, que na graça de Deus, confiada pelo Sacramento do matrimonio, conseguem chegar no Ágape, que é o amor em toda sua plenitude, o Eros é o meio, e não o fim, é um caminho que tem de ser percorrido do começo ao fim da vida conjugal e que só será obstruído pela morte.
Nossa relação com Deus ás vezes também é assim, um tanto quanto banal, pois temos medo de contemplar o seu mistério. Na capela do Santíssimo, lugar sagrado em nossas comunidades, onde Aquele que é o Amor Absoluto se esconde em um pedaço de pão, sentimo-nos embaraçados e procuramos sempre dizer algo, fazer um pedido, recitar uma fórmula de louvor e adoração, daí somos capazes de ficar horas ali falando , porque este “Falar” nos dá a ilusão de que penetramos no mistério de Deus e podemos dominá-lo. Invertemos o jogo e queremos seduzir a Deus, diferente do profeta, relutamos em ser por ele seduzidos e dominados.
Deserto é lugar teológico do “namoro”, onde movidos pelo mesmo Espírito que conduziu Jesus, vamos ter nosso encontro pessoal com Deus, o esposo apaixonado que quer olhar nos nossos olhos, sussurrar em nossos ouvidos e nos envolver com a sua ternura, para sentirmos de novo o encanto do primeiro amor, como na visão do profeta Oséias “Eis que eu mesmo a seduzirei e a conduzi-la-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração”. Deserto é lugar de fazer a experiência da esposa jovem, que manifesta a sua alegria ao colocar toda sua confiança no amado, e descobrir, como no Cântico dos cânticos, que somente Deus é a sua Segurança – “Quem é esta que sobe do deserto apoiada em seu Amado?”
É o Povo da antiga aliança, é o povo da nova aliança, é a Santa Igreja, somos eu e você, a razão do amor divino, que nos trouxe, com a encarnação de Jesus, a possibilidade real de experimentarmos em nossa vida a salvação. Deserto é, portanto lugar do encontro onde o amor se revela, é a mesma experiência do povo do Êxodo, que se repete em Jesus Cristo, porém, ao contrário do povo da antiga aliança, não mais se deixará enganar pela tentação, propostas sedutoras dos amantes, para fazê-lo perder o paraíso de delícias, onde o homem convivia com os animais selvagens, servido pelos anjos de Deus, evocando a proteção Divina do Eterno Amado sob o objeto do seu amor.
Revistamo-nos do roxo da paixão e não da tristeza, quaresma é dar um tempo para aquelas coisas que em nossa vida são secundárias, para nos ocuparmos com um Deus apaixonado, que suspira quando vamos ao seu encontro enquanto Igreja, na dimensão celebrativa. Quaresma é quarenta dias de amor, como um casal que retoma a lua de mel, após longa caminhada na vida conjugal, foi no deserto que Deus celebrou a aliança com seu povo, estabelecendo com ele uma relação única, “Eu serei o seu Deus e vós sereis o meu povo”, evocando o cerne da união conjugal – e os dois serão uma só carne.
É esse amor que salvará o mundo, verdade ignorada pelos que prenderam João Batista tentando sufocar um Amor que não se deixa aprisionar, e em Jesus irrompe ainda mais forte, no meio da humanidade, para levar o homem de volta ao paraíso! Nada irá deter a força desse amor, nem a miséria dos homens ou os pecados da igreja, o AMOR triunfará definitivamente! Pois o tempo se completou, o Reino está próximo. Converter e crer no evangelho, é uma forma contínua de corresponder a esse amor misterioso de Deus que em Jesus busca a todos os homens, sem distinção ou acepção de qualquer pessoa. Converter-se é dar um solene “basta” aos falsos amores de “amantes” mentirosos, que nos enganam, oferecendo-nos um falso paraíso, arrastando-nos à tristeza da morte do pecado, deixando-nos longe...bem longe Daquele que é o nosso único e verdadeiro Amor...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites - Mt 4,1-11
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Entramos na primeira semana da Quaresma pelo deserto da tentação, rezando como Jesus nos ensinou: “Não nos deixeis cair em tentação”. Pegue o terço e repita, conta por conta: “Não nos deixeis cair em tentação” e olhe para o deserto. Lá está Jesus há quarenta dias, com fome, porque, no deserto, não tinha o que comer. Aproxima-se então o tentador, o demônio, com a função que lhe é própria: testar a nossa fidelidade a Deus. Com astúcia, testou a obediência dos primeiros pais no paraíso, e Adão e Eva caíram na tentação. O demônio pediu licença a Deus para testar Jó, que era “íntegro e reto, que temia a Deus e se afastava do mal”. E aqui está de novo o demônio, agora provocando Jesus. Quem é esse Jesus, para que veio, o que faz no deserto? O demônio está preocupado e intrigado. Será ele o Filho de Deus? Se for, que transforme as pedras em pão. Se for mesmo, jogue-se do alto do Templo para baixo, que os anjos virão carregá-lo.
O homem, porém, não vive somente de pão e não se põe Deus à prova. Jesus repele o tentador com a força da Palavra de Deus, mas o demônio não se dá por vencido. Continua tentando e testando. Já não pergunta se Jesus é o Filho de Deus, nem cita passagens bíblicas. O demônio vai direto ao que interessa ao ser humano: o poder e a glória. Jesus terá todos os reinos do mundo e sua riqueza, se adorar o demônio. A religião de substituição tentou substituir o verdadeiro Deus ora pelo Estado, ora pela raça, e sempre pela ambição do poder e da glória. Até mesmo a piedade cristã pode encobrir esta ambição. Jesus não caiu na tentação do demônio e, diz a Carta aos Hebreus, que: “tendo ele mesmo sofrido pela tentação, é capaz de socorrer os que são tentados”. Digamos então como ele ensinou: “Não nos deixeis cair em tentação”.

REFLEXÕES DE HOJE

01 DE MARÇO-DOMINGO


HOMILIA DIÁRIA

Precisamos nos abastecer da Palavra de Deus

A Palavra abre nossos olhos, abre nosso coração e ilumina nossa mente para nos dar direção

“Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto’” (Mateus 4,9).

Neste primeiro domingo da Quaresma, estamos refletindo as tentações de Jesus. O Evangelho de Mateus descreve, pelo menos, três grandes tentações que Jesus passou quando foi conduzido pelo Espírito ao deserto.
Depois de quarenta dias de jejum Ele teve fome, e o demônio aproveitou-se dessa ocasião para colocar sobre Ele aquela tentação do comer, dos sentidos. Quem está fortalecido no Espírito como Jesus estava, é mais forte que a tentação, por isso Ele responde ao demônio: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que vem do coração, da boca de Deus”.
O elemento fundamental para vencermos as tentações da vida é nos abastecermos da Palavra de Deus, preenchermo-nos, esvaziarmo-nos do excesso de alimento, de comida, bebida, da práticas cotidianas que temos para nos enchermos da Palavra.
Precisamos ir ao deserto da vida, recolhermo-nos no silêncio, para que o Palavra se torne alimento para a nossa vida. Porque, primeiro, a Palavra abre os nossos olhos, e assim abre o nosso coração e ilumina a nossa mente para nos dar direção, forças, para nos fortalecer no nosso combate espiritual.
Se o demônio não consegue nos vencer por essa tentação, ele nos leva por outros caminhos, por outras vias. O demônio levou a Jesus a tentar a Deus, e, tanta gente colocando o Senhor a prova! “Deus vai me conceder isso e aquilo, e se Ele não concede, então eu O coloco à prova, porque Ele não me deu isso. A tentação no mundo presente é a tentação da idolatria; o demônio prometeu dar tudo aquilo a Jesus se Ele simplesmente se prostrasse diante d’Ele. A tentação da idolatria vem da tentação da cobiça, do desejo de ter, de possuir. No mundo em que vivemos, as pessoas se compram e se vendem por qualquer coisa, e então passamos a idolatrar a quem tem dinheiro, posse.
Passamos até mesmo em nos vender quando alguém nos dá condições melhores de vida, nos promete isso, aquilo… é a tentação do dinheiro, do poder, do prazer. A tentação de nos colocarmos aos pés de pessoas humanas, ídolos da música, da política; tudo é um erro, engano, é ilusão!
“Vai-te embora, satanás”. Satanás quer, justamente, satanizar a nossa vida, colocando dentro de nós verdadeiros ídolos, fazendo de nós ídolos para os outros, para que desviemos o nosso coração do único Deus.
Fazemos do dinheiro, do sexo, do prazer, da comida, da bebida e de pessoas nossos ídolos, colocando outros dentro de nós, para ocupar o lugar de Deus. “Vai-te embora, satanás” com todos os seus ídolos, porque iremos nos prostrar somente na presença de Deus e só a Ele serviremos e adoraremos.
Quando Deus é único na nossa vida, os ídolos, os demônios vão embora de nós. Para vencer a tentação, é preciso fazer com que Deus se torne único na nossa vida, e só a Ele servimos de todo o nosso coração.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Caão Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova


Fonte: Canção Nova em 05/03/2017

Oração Final
Pai Santo, faze de todo o tempo da nossa existência uma quaresma, isto é, um tempo de preparação para acolhermos em nós o teu Reino de Amor e partilhá-lo com os companheiros do caminho. O Reino do Céu nos foi trazido pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Aquidiocese BH em 05/03/2017

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, faze de todo o tempo da nossa existência uma quaresma, isto é, um tempo de preparação para acolhermos em nós o teu Reino de Amor e partilhá-lo com os companheiros do caminho. O Reino do Céu nos foi trazido pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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