ANO A
15º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano A - Verde
“A semente que caiu em terra boa é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto.” Mt 13,23
Mt 13,1-23
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O centro da mensagem de Jesus é o anúncio do Reino, este tem seu início no coração daqueles que acolhem a Palavra de Deus e a colocam em prática. Rezemos, suplicando que o Divino Semeador nos conceda um coração sensível aos seus desígnios e aberto à missão.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, Deus seja bendito por este nosso encontro. Nós, os batizados e batizadas, assinalados pelo Espírito Santo, formamos a assembleia santa para elevarmos ao Pai nosso cântico de louvor, para bendizê-lo e adorá-lo, por Cristo e por sua Páscoa, na força e no poder do Santo Espírito. O Cristo Senhor, que nos reuniu em seu amor, irá nos oferecer o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia. Alimentados e agradecidos, sairemos daqui dispostos a colher os dons das sementes do Reino.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O centro da mensagem de Jesus é o anúncio do Reino, este tem seu início no coração daqueles que acolhem a Palavra de Deus e a colocam em prática. Rezemos, suplicando que o Divino Semeador nos conceda um coração sensível aos seus desígnios e aberto à missão.
http://diocesedeapucarana.com.br/portal/userfiles/pulsandinho/12-de-julho-de-2020---15o-TC.pdf (12/07/2020)
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, Deus seja bendito por este nosso encontro. Nós, os batizados e batizadas, assinalados pelo Espírito Santo, formamos a assembleia santa para elevarmos ao Pai nosso cântico de louvor, para bendizê-lo e adorá-lo, por Cristo e por sua Páscoa, na força e no poder do Santo Espírito. O Cristo Senhor, que nos reuniu em seu amor, irá nos oferecer o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia. Alimentados e agradecidos, sairemos daqui dispostos a colher os dons das sementes do Reino.
http://www.arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano_44-a_-_35_-15o_domingo_do_tempo_comum.pdf (12/07/2020)
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A parábola do semeador nos revela os segredos da Palavra de Deus que sendo ensinada a todos em alguns não causam nenhum efeito e naqueles que a ouvem e a colocam em prática traz os frutos para uma vida feliz e experimentando o Reino dos Céus aqui na terra. À atitude de não-escuta ou de rejeição da palavra de Deus no tempo de Jesus, corresponde em nossos dias a atitude de indiferença e incompreensão por parte do homem moderno. As vezes, os pastores, os pregadores e missionários de hoje dão a impressão de estar falando uma língua estrangeira. Os próprios cristãos têm a sensação de que há uma espécie de dissociação entre sua vida de cada dia e a palavra que lhes é anunciada na assembléia eucarística; esta lhes parece demasiado ligada a outros tempos, estática e sem impacto sobre a vida real. Será a palavra de Deus que está sendo questionada? Ou será o mundo e homem moderno que ainda não conseguiram sintonizar esta palavra?
Fonte: NPD Brasil em 12/07/2020
O SEMEADOR SAIU PARA SEMEAR
Jesus, quando falava, causava admiração à maioria das pessoas, pois usava uma linguagem simples e servia-se também de imagens, de exemplos tirados da vida diária. A linguagem simples atingia diretamente o coração dos ouvintes, bem diferente da linguagem usada pelos doutores da lei, de difícil compreensão e carregadas de rigidez.
O Papa Francisco nos adverte que ao falar ao povo, ao fazer uma homilia, corremos o risco de falarmos ao vento. Tendo como referência o jeito pedagógico de Jesus, nos diz que ao pregar devemos conhecer o coração de nossa comunidade e não fazer da homilia um espetáculo de divertimento. Ter o jeito de mãe que fala a seu filho, lembrando o contexto familiar onde reina o espírito de amor marcado por diálogos, nos quais se ensina e aprende, se corrige e valoriza o que é bom. Uma boa homilia deve ser simples, clara, direta e adaptada, contendo uma ideia, um sentimento e uma imagem com uma linguagem positiva. Não tem como apagar a imagem dos padres com “cheiro de ovelhas” e da Igreja com “hospital de campanha” (EG 137-159).
O profeta Isaías se apropria da bela imagem da chuva para ressaltar a força da Palavra de Deus que umedece a terra ressequida transformando o deserto em jardim florido e roças imensas que alimentam o povo. É a força transformadora contida na Palavra que tudo modifica, até aquilo que parecia sem vida, sem esperança. O salmista diz que a transformação é tamanha que “tudo canta de alegria”.
Paulo, escrevendo aos Romanos, reproduz a imagem da mulher em dores de parto. É a criação inteira que, está com dores de parto, anseia pelo nascimento de um mundo novo. Como a mulher, ao minimizar as dores do parto e ver seu filho nascer saudável, a Igreja é chamada a compartilhar as dores e esperanças, não se omitindo, sendo presença onde o povo está sofrendo, para que se realize a esperada nova criação, mesmo sendo fruto da vida doada e até martirizada.
No Evangelho, Jesus se refere à imagem do semeador que semeava sem escolher o terreno, pois todo tipo de terreno é merecedor de receber a boa semente. Era ele o semeador que espalhava sua palavra em qualquer parte onde sentia alguma esperança de que poderia germinar. Semeava gestos de bondade e misericórdia até nos ambientes mais suspeitos e hostis. Como um bom agricultor da Galileia sabia que parte da semeadura se perderia naquelas terras desiguais. O importante era a colheita final, mesmo enfrentando resistências e obstáculos. Coremos o risco de nos ocuparmos da colheita querendo ter êxitos, conquistar a rua, dominar a cidade, ter muitos seguidores nas redes sociais, encher as igrejas. A Igreja precisa de semeadores e não de colhedores.
Que a Palavra como chuva faça germinar no terreno de nossas vidas a boa semente que produz flores e frutos, embeleza o mundo e alimenta as pessoas, mesmo que tudo isso nos faça sentir em dores de parto, como consequência de uma vida comprometida com a luta na espera da nova criação.
Dom José Benedito Cardoso
Bispo Auxiliar de São Paulo
QUEM SEMEIA, ESPERA COLHER
A primeira leitura da missa de hoje (Is 55,10-11) e a parábola do semeador, do Evangelho (Mt 13,1-23), nos falam de uma verdade bonita: somos colaboradores de Deus. Nossa vida cristã envolve a graça de Deus e a nossa correspondência à ação divina. Sem a nossa participação, a graça de Deus fica sem fruto em nós. Isso nos dignifica imensamente, mas também nos dá uma enorme responsabilidade.
Alguém já disse: Deus nos criou sem nós, mas não nos salva sem nós. Ele faz a parte mais importante, oferece os seus grandes dons para nós e também a ajuda necessária para fazermos a nossa parte. Mas não dispensa a nossa participação e boa vontade.
O profeta Isaías usa uma linda imagem poética para dizer isso: “assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam, sem terem irrigado a terra e feito germinar a semente (...) assim acontece com a palavra que sai da minha boca: não voltará a mim vazia”. Deus nos faz conhecer sua vontade, concede-nos sua luz, ensina-nos seus caminhos, faz-nos promessas que contêm uma grande esperança. E espera que correspondamos com seus dons e acolhamos com fé e gratidão sua oferta de vida e salvação. Infelizmente, com as nossas escolhas erradas, podemos frustrar essa providência amorosa de Deus.
Na parábola do Evangelho, fica claro que o divino semeador lança sementes abundantes, na esperança de colher frutos. Ele sabe que a semente cai em vários tipos de terreno e que nem todas vão frutificar da mesma maneira. Sabe também que algumas sementes, infelizmente, vão se perder. Mas ele continua a semear, na esperança de que os terrenos menos propícios possam também mudar-se em terra produtiva e generosa.
O divino semeador dá a todos a mesma chance, mas conta com a livre participação do terreno. Sim, pois somos nós esse terreno, temos a liberdade e podemos mudar nossas disposições, ao longo da vida. Quem é terra árida, chão batido, pedregoso ou espinhento, pode converter-se e mudar suas disposições pessoais, para corresponder melhor com a generosidade do divino semeador. Esta é a nossa parte: corresponder com a graça de Deus para produzir os frutos da fé e da vida cristã.
Resta-nos refletir e verificar que tipo de terreno somos nós. A questão é muito séria e envolve a nossa liberdade pessoal. Deus faz a parte mais importante; mas aquela pequena parte que cabe a nós, ninguém a fará por nós. Nem mesmo Deus, que respeita a nossa liberdade. Mas podemos ter a certeza de que não faltarão estímulos da parte de Deus para que nos tornemos um terreno bom e produzamos os frutos esperados da fé e da vida cristã.
Peçamos todos os dias essa graça para nós e para todas as pessoas. A coisa pior na vida seria frustrar o divino semeador, que deseja apenas o nosso bem e a nossa felicidade.
Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo
Fonte: NPD Brasil em 12/07/2020
Comentário do Evangelho
Por que a Palavra de Deus produz frutos em uns e em outros não?
O capítulo cinquenta e cinco do livro do profeta Isaías é o último capítulo do Dêutero-Isaías (40–55), cujos fatos podem ser situados em meados do século VI a.C. O tema central do texto de hoje é a Palavra de Deus, através da qual Ele revela seu plano de salvação. A Palavra de Deus é comparada à chuva que numa terra árida é uma bênção do céu que fecunda e faz germinar a boa semente. A Palavra de Deus realiza o que diz.
O capítulo treze do evangelho segundo Mateus é um discurso em parábolas. Trata-se de uma sucessão de sete ou oito parábolas, dependendo de como se as considere. Costuma-se caracterizá-las como “parábolas do Reino”. O tema que perpassa todas as parábolas é o mistério da acolhida ou rejeição da palavra de Jesus sobre o Reino de Deus. A parábola não é nem tem a pretensão de ser uma descrição fiel da realidade; o mais importante é a mensagem que ela transmite. A parábola do semeador descreve uma atividade bastante comum em Israel, a saber, a semeadura ou plantio. Essa atividade, dada as condições climáticas, impõe superar muitas dificuldades. Cremos poder imaginar que a parábola visava responder à seguinte questão: por que a Palavra de Deus produz frutos em uns e em outros não? Deus faz distinção de pessoas? Se o semeador semeia é para poder fazer uma boa colheita capaz de sustentar a vida de toda a sua família. A prática do semeador narrada na parábola de lançar a semente sem se importar em que terreno é desconcertante e parece contrariar qualquer prática racional de plantio. No entanto, o mais importante é a intenção: Deus oferece a sua Palavra a todos, indistintamente. A partir daí se pode compreender que, em primeiro lugar, a parábola revela algo de Deus: Deus confia na terra, isto é, na humanidade. Não obstante tantas dificuldades, Deus sabe que a terra produzirá fruto. E se de tudo a terra não produzir fruto, não será pela falta de fé de Deus em nossa humanidade. Essa confiança de Deus em nossa humanidade deve estimular nosso empenho em remover do terreno de nossa vida tudo o que possa impedir a boa semente de produzir o seu fruto. Tenhamos presente, no entanto, que o crescimento da semente necessita de tempo, de cuidados, ele depende de um processo para produzir frutos.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que a tua Palavra, semeada no meu coração, encontre solo propício onde possa produzir frutos de conversão. Não permitas que tua semente venha a se perder!
Fonte: Paulinas em 13/07/2014
Vivendo a Palavra
Pelos tempos afora, a semente continua a ser lançada. A Palavra Criadora, o Verbo do Pai – o Cristo, feito homem em Jesus de Nazaré, semente boa do Reino de Amor, continua a nos ensinar os caminhos do Céu. Cada um de nós é um terreno: nós somos beira de estrada, pedreira, espinheiro – ou somos terra boa, fértil, irrigada pelo Espírito?
Fonte: Arquidiocese BH em 13/07/2014
VIVENDO A PALAVRA
Beira do caminho, terreno pedregoso, espinheiro ou terra boa – qual será tipo do terreno que nós oferecemos para acolher a Palavra do Senhor? Nossa fragmentação interior, a dureza do coração, o cuidado obsessivo com as coisas que passam, ou a nossa disponibilidade para viver em plenitude o Amor do Pai Misericordioso?
Fonte: Arquidiocese BH em 12/07/2020
Reflexão
I. INTRODUÇÃO GERAL
A primeira leitura de hoje nos põe diante dos olhos a imagem da semente, significando a palavra de Deus. Isso serve como pano de fundo para o evangelho, no qual a semente é a palavra de Deus em Jesus Cristo e na pregação cristã. A segunda leitura não contempla a mesma temática, mas nos chama a atenção para a participação do inefável mistério de Deus, que é a nossa vocação.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Is 55,10-11)
A primeira leitura, Is 55,10-11, é uma chave de interpretação para tudo o que Deus faz por sua gente. É a conclusão do “Segundo Isaías” e retoma o início dessa parte do livro (Is 40-55), no qual lemos que “a palavra de nosso Deus permanece sempre” (Is 40,8). A palavra de Deus é sua vontade eterna, seu desígnio, que se torna ativamente presente em nossa história humana (mediante os profetas, os líderes e o empenho do povo todo), realizando o que pretende (sua “missão”), como a chuva que cai do céu e faz frutificar a terra (v. 11). Mas o ouvinte da palavra tem de colaborar. Deus não força ninguém, ele se deixa acolher. Se alguém não o acolhe ou acolhe mal, de modo superficial, nada feito: não cria vínculo com Deus. Aí está o mistério da liberdade da alma humana.
2. Evangelho (Mt 13,1-23)
Como dissemos, o texto da primeira leitura constitui o pano de fundo do evangelho de hoje. O capítulo 13 de Mateus contém sete parábolas do Reino de Deus; hoje ouvimos a parábola inicial, a parábola do semeador (Mt 13,1-23), referindo-se à palavra de Deus. A parábola do semeador aplica-se à pregação de Jesus e à pregação de seus discípulos de todos os tempos. Descreve o que acontece com a semente da Palavra em várias circunstâncias, com diversos tipos de pessoas; e, conforme o caso, o resultado é diferente. Resultado bom mesmo, que corresponda à fecundidade que a palavra de Deus possui em si mesma (cf. 1ª leitura), só se produz quando ela cai em terra boa: naquele que, ao ouvir a palavra, a deixa penetrar, a absorve e integra no próprio pensar e sentir (pois é isso que significa a expressão “entende” em Mt 13,23) e a põe em prática.
A parábola propriamente (os versículos 1-9) pertence ao gênero das parábolas da natureza, mais especificamente da vida agrícola e pastoril, que são frequentes no ensinamento de Jesus e revelam o ambiente em que se deu a sua pregação. Além da parábola do semeador (Mt 13,1-9//Mc 4,1-9//Lc 8,4-8), conhecemos outras parábolas que recorrem à imagem da semente e da colheita (a semente que cresce por si, Mc 4,26-29; o joio e o trigo, Mt 13,24-30; o grão de mostarda, Mt 13,31-32//Mc 4,30-32; a colheita se aproximando, Jo 4,35-36). Jesus deve ter usado muitas vezes tais imagens, em sentidos diversos, variando conforme a circunstância da pregação. São imagens de sentido aberto, de “leitura infinita”.
A explicação da parábola em Mateus (os versículos 18-23) é, em grandes linhas, igual à que se encontra em Marcos (4,13-20) e em Lucas (8,11-15), descrevendo as diversas maneiras de ouvir a Palavra. Contudo, ao explicar o primeiro caso do que acontece à semente, Mateus insiste num ponto específico: “todo aquele que ouve a palavra do Reino (= a pregação de Cristo) e não a compreende” (Mt 13,18). Marcos e Lucas falam apenas do cair fora do campo. Mateus, o “evangelista escriba”, insiste no compreender, que implica o aprender. No domingo anterior, também num texto próprio de Mateus, vimos que Jesus insistiu no seu “jugo”, ou seja, no seu ensinamento, que é melhor que o dos mestres judeus (Mt 11,28-30). Aqui temos novamente essa insistência no compreender, na atitude de discípulo, não apenas de seguidor entusiasmado. A Igreja insiste em que sejamos discípulos-missionários. E no atual contexto de nosso mundo, tão avesso ao aprofundamento, essa insistência no aprender e compreender pode ser muito importante.
Entre a parábola propriamente (v. 1-9) e sua explicação (v. 18-23), Mateus insere uma reflexão (v. 10-17) que revela a preocupação das primeiras gerações cristãs com a incredulidade (cf. também Mc 4,11-12). Os discípulos perguntam por que Jesus fala em parábolas, em vez de dizer as coisas direta e claramente. A resposta é: porque o Reino de Deus não é algo de evidência imediata. Não se mostra ao olhar superficial. Só é compreendido por quem quiser participar; por quem, na fé, se entrega à sua dinâmica. A realidade do Reino, nas parábolas, revela-se a quem crê e esconde-se a quem não crê. Por que alguns entendem, outros não? A uns é dado conhecer os mistérios do Reino, outros não chegam a abrir a casca da parábola (v. 11). É como nos negócios: a quem tem, será dado; a quem não tem, ainda se retira o pouco que têm (v. 12). É como no banco: quem tem bastante depósito, ganha crédito; mas quem não tem, não consegue nada e ainda vê sua conta secar por causa das tarifas… Jesus cita essa “regra bancária” não como um dogma, mas como ilustração, porque seu povo conhecia muito bem essas coisas! Jesus aplica essa imagem à fé. Os judeus farisaicos achavam que possuíam algo: o seu refinado conhecimento das regrinhas da Lei; mas esse “algo” não valia nada em vista da graça de Deus. Já aos que têm a fé, no sentido de abertura de um coração simples e humilde (cf. evangelho de domingo passado), a esses é dado conhecer o mistério do Reino.
Ora, a existência da incredulidade não contraria o plano de Deus: o projeto de Deus dá conta até da incredulidade. O confronto com a incredulidade já fazia parte do programa do profeta Isaías, citado no evangelho de hoje (Mt 13,14-15; os primeiros cristãos citavam com frequência essa passagem de Is 6,9-10; cf. também Jo 12,40; At 28,26-27). O ser humano é livre para ser incrédulo, mas o plano de Deus é tão grande, que consegue até incluir essa incredulidade… Segue, então, mais uma felicitação para os simples e pequenos, que podem enxergar o que muitos profetas quiseram ver e não viram (v. 16-17; cf. evangelho de domingo passado). E os incrédulos, será que não conhecerão a salvação? Paulo, em Rm 9-11, debate-se com esse problema e só sabe responder que ninguém sonda o “abismo” da sabedoria de Deus (cf. Rm 11,33-36). A incredulidade ante a mensagem cristã não tem necessariamente por consequência a rejeição a Deus. Só Deus sabe quem se abre intimamente a ele e quem não. Mas os que, por causa da incredulidade, não conseguem acolher e fazer frutificar a Palavra carecem da felicidade de ser, desde já, povo-testemunha de Deus. Talvez se salvem, mas não podem cantar, já agora, as maravilhas do Senhor e reconhecer seu Reino em Jesus Cristo.
3. II leitura (Rm 8,18-23)
A segunda leitura, falando da “criação que anseia pela manifestação dos filhos de Deus”, dá sequência ao tema da vivificação pelo Espírito e da vida nova em Cristo, abordado na segunda leitura do domingo passado. Existir, para o ser humano, implica sofrer. No seu sofrimento, o ser humano exprime o gemido da inteira criação, ainda não libertada. Talvez seja por isso que tanto se procura reprimir esse gemido pelo mito da transformação tecnológica! Mas não é sufocando o grito da criação que o ser humano se realiza, e sim intermediando, como sacerdote, seu pleno desabrochamento. No ser humano, a criação deve participar da realidade divina, da “liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8,23.21). No contexto imediatamente anterior, Paulo disse que recebemos o Espírito de Cristo, que clama em nós “Abbá, Pai”; o Espírito que nos transforma em filhos adotivos de Deus, coerdeiros com Cristo, chamados para a glória com ele (cf. Rm 8,14-17). Mas essa glória ainda não se revelou em nós, embora já tenhamos recebido o Espírito como primícia, como sinal do benefício pleno. Por isso, nós e toda a criação estamos ansiando por essa plenitude, como uma mulher em dores de parto (cf. Jo 16,21): o filho está aí, mas, até que se manifeste, a mãe tem de passar pelo trabalho de parto. É essa a situação nossa e de nosso mundo, solidário conosco.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO: o porquê das parábolas
Isaías disse que a palavra de Deus é eficaz “como a chuva no chão” (1ª leitura). Mas Jesus acrescenta: depende da acolhida dada pelo chão! A semente da palavra tem tudo para crescer, mas precisa ser acolhida num chão aberto, generoso, preparado… num coração acessível e profundo ao mesmo tempo (evangelho).
Jesus usa imagens, parábolas. Pode acontecer que uma pessoa simples as entenda, enquanto os de “coração empedernido” ouvem e veem exteriormente, mas não percebem interiormente o que a palavra significa – ao contrário da “terra boa”, que representa quem “ouve a palavra e a compreende”.
Jesus falou em parábolas, para que os mais simples pudessem entender e para que, assim, aparecesse o endurecimento daqueles que ouvem sem entender. Naqueles que ouvem e não compreendem, a palavra não cria raízes. Jesus explica as causas disso: o “maligno” (as forças contrárias a Jesus e ao Reino de Deus), a superficialidade, a desistência na hora da dificuldade, as “preocupações do mundo e a ilusão da riqueza”. Mas, graças a Deus, existem também aqueles que ouvem e compreendem e produzem fruto. A diferença está na disposição do ouvinte.
As causas da incompreensão da Palavra são ainda as mesmas hoje: estratégia das forças contrárias ao evangelho, consumismo, idolatria da riqueza. Em compensação, os “mistérios do Reino”, quando apresentados em imagens compreensíveis ao povo, são tão transparentes, que até os mais simples os entendem e se tornam seus melhores propagandistas.
Importa, pois, prepararmos o chão dos corações, para que possam receber a Palavra. Importa combatermos as causas do “endurecimento”: dominação ideológica, alienação, consumismo, culto da riqueza e do prazer etc. Em nosso “combate” não devemos desprezar os meios humanos, principalmente a educação geral sólida e profunda. Em vez do fascínio dos sempre novos – e tão rapidamente envelhecidos – objetos de desejo, devemos fomentar a formação para a autenticidade e a simplicidade, a educação libertadora com vistas ao evangelho. Então, a Palavra, que desce como a chuva do céu, poderá penetrar no chão e fazer a semente frutificar.
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Lovaina. Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo Testamento (tradução), Evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da “Fonte Q”.
Fonte: Vida Pastoral em 13/07/2014
Reflexão
JESUS CRISTO É O SENHOR E A SEMEADURA.
Primeira Leitura: Is 55,10-11;
Salmo 64 (65), 10.11.12-13.14;
Segunda Leitura: Rm 8,12-23;
Evangelho: Mt 13,1-23.
Situando-nos brevemente
Diletos, é na liturgia que a Escritura se sente verdadeiramente em casa, porque na proclamação litúrgica a Escritura se torna plenamente aquilo que é: Palavra de Deus viva, presente em meio a nós. O Concílio Vaticano II nos ensina que a proclamação da Palavra de Deus na liturgia tem um valor sacramental da presença de Cristo, pois “é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura”.
O concílio ensina que “é enorme a importância da Sagrada Escritura na celebração da Liturgia. Porque é nela que se vão buscar as leituras que se explicam na homilia e os salmos para cantar; com o seu espíritos e da sua inspiração nasceram as preces, as orações e os hinos litúrgicos; dela tiram a sua capacidade de significação as ações e os sinais”. Por causa desse imenso valor dado a Sagrada Escrituras, o mesmo Concílio pediu que fossem “mais abundante, variada e bem adaptada a leitura da agrada Escritura nas celebrações” e exortou que se preparasse para os fiéis, com maior abundância, a mesa da Palavra de Deus e se abrissem mais largamente os tesouros da Bíblia.
Neste XV Domingo do Tempo Comum de maneira especial somos convidados a uma atenção maior a esse dado, à riqueza com que a Palavra de Deus acaba de ser semeada nos nossos corações. “A proclamação litúrgica infunde vida nos ossos ressequidos das antigas palavras escritas, as desperta para fazê-las tornarem-se, no mundo, a presença transformadora e fecundante de cristo ressuscitado”. Eis-nos, pois, neste domingo diante de uma realidade ímpar, uma das mais desconcertantes e ao mesmo tempo, reconfortantes realidades: deus fala. O Deus da Bíblia é um Deus que fala. “Um dos traços mais característicos do Deus vivo – escreveu alguém – é que ele fala aos homens. Revela-se não só na linguagem silenciosa da natureza e dos sinais das criaturas; ‘fala’ por suas intervenções históricas de salvação e de misericórdia”. Ele acabou de falar-nos neste evento histórico, que é esta celebração eucarística e na proclamação solene das leituras das Sagradas Escrituras. E o que nos disse?
Recordando a Palavra
O Evangelho que acabamos de ouvir tirado do capítulo 13 de São Mateus; os biblistas o chamam de capítulo as parábolas, que se insere dentro de uma sessão própria do evangelista Mateus, na qual ele reúne os discursos de Jesus feitos de forma “metafórica”. O capítulo reúne sete parábolas, cujo tema central é o reino de deus, não como uma realidade teórica, mas como uma proclamação que só se entende depois que se responde positivamente ou negativamente. Os que se respondem positivamente encontrarão o reino como um tesouro, uma pérola, os que respondem negativamente são “sufocados pelos espinhos”, “comidos pelos pássaros” e morrerão entre os “pedregulhos” da terra, sufocados pelo calor do sol. As parábolas são: a do semeador, com sua explicação, a que acabamos de ouvir; a do joio; a do grão de mostarda; a do fermento, que ouviremos no próximo domingo; a do tesouro; a da pérola; e a da rede, que ouviremos no domingo seguinte.
Algumas parábolas, como a de hoje, tem uma estrutura litúrgica: uma “proclamação” e uma “homilia”, ou exposição do sentido teológico/moral da palavra anunciada. Jesus Cristo é ao mesmo tempo o proclamador e a homileta. A parábola tem como personagem principal um agricultor que tem um objetivo preciso, isto é, “saiu para semear”. Tal agricultor é aparentemente descuidado, ou desprovido do senso da sua profissão. Ele parece “desperdiçar” a semente. Ele a deixa cair à beira do caminho, em terreno pedregoso, em meio aos espinhos, outras, porém caíram “em terra boa”. Reparem que a parábola não fala de “terra pronta, perfeita”, mas terra boa, isto é, terra propensa a acolher a semente. Na “segunda parte da parábola”, Jesus deixa claro quem são os “personagens” da sua parábola: o semeador é Deus, a semente é a Palavra de Deus (cf. Mc 4,14), a beira do caminho, o terreno pedregoso, o terreno espinhoso e a terra são o caminho do coração do homem. Certo que por coração não se entende o “órgão corporal”, mas a vida do homem, o cotidiano, o existencial, mas não só, indica também o lugar onde o homem centraliza a sua existência, onde ele “esconde” a sua fonte vital. Isto quer dizer que da parte de Deus vem o dom, a gratuidade da Palavra que cria todas as coisas, da parte do homem deve vir à responsabilidade de abrir espaço para a Palavra germinar.
A primeira leitura também é uma parábola e, como o Evangelho, ela também tem como tema central o Reino de Deus. Aqui o profeta usa outra imagem para a Palavra: ela é a chuva e neve. Ela vem do céu, ela vem irrigar e fecundar a terra, ela é eficaz, “assim a palavra que sair de minha boca, não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for da minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”. Claro está que tanto lá no Evangelho como aqui na profecia “semente e chuva”, não são coisas, mas uma pessoa, Jesus Cristo. Assim com a chuva e a semente vêem de cima, Jesus vem do alto; e a semente é Sua imagem porque gera a vida, a chuva é Sua imagem porque alimenta a vida, porque permite à semente germinar.
O salmista usando a linguagem de um agricultor resume toda a História da salvação com imagem emocionante: é Deus quem visita a terra com a sua chuva, Jesus Cristo, e a faz transbordar de fartura, confirmou o povo ao ver ressuscitado a viúva de Naim: “um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo” (Lc 7,16), “conforme prometera aos nossos pais” (Lc 1,55) “o Senhor Deus de Israel, visitou e redimiu seu povo fazendo para nós surgir um poderoso Salvador” (Lc 1,68-69), como os “pastos que brotam no deserto” e “colinas que se enfeitam de alegria e os vales que se revestem de trigais”.
Atualizando a Palavra
Amados irmãos, esta Palavra é mais que atual. O sistema no qual vivemos nos obriga a sermos cada vez mais insensíveis à Palavra. Quantas vezes ela soa estranha aos nossos ouvidos. “A Palavra é fogo (outra metáfora), escreve Pronzato. E nós atiramos sobre ela baldes de água de nosso bom-senso, de nossa falsa prudência, de nossa incrível preguiça. Eis o que significa ‘tornar inócua’ a Palavra, atraiçoar a Palavra, ter o coração empedernido. Portanto, a culta não deve ser procurada [somente] e nossa cultura deficiente [pois o semeador é ‘aparentemente’ descuidado e não de fato [...] A causa profunda deve ser procurada, como podemos [deduzir], em uma atitude fundamental que está errada. O coração empedernido, precisamente. O terreno já está ocupado: por nós mesmos, pelos nossos esquemas, pelos nossos preconceitos, pelo nosso bom-senso. A Palavra em nós deve tornar-se vida. Não pode permanecer no estágio da inteligência e nem também naquele do vago sentimentalismo. É preciso que se torne vida,, caso contrário acaba por se desvirtuar, envilecer, tornar-se incompleta”.
Irmãos, intencionalmente, e não por negligência, o divino semeador semeia a Palavra sobre o caminho, entre os espinhos, e em terreno pedregoso. “Deus parece semear seu Reino em pura perda, entre os homens, mas dessas estéreis tão pouco promissoras surge ‘uma ceifa que supera todas as esperanças’”. Ele semeou no coração de Saulo e este se tornou Paulo, no coração de uma prostituta e ela se tornou Maria Egipcíaca, semeou no coração do mundano Francisco, o Francisco “do mundo” e ele se tornou o Francisco “de Assis”, ele semeia ainda hoje no coração de um estuprador e ele se transforma num pregador, semeia no coração de um drogado e ele se torna um voluntário num hospital infantil do câncer, ele semeia no coração de um assassino e ele se transforma em um missionário na África.
Repreende-se justamente um semeador por fazer assim, por não ser atento à técnica da semeadura, por não fazer uma planilha, um cálculo, por não consultar um engenheiro. A técnica e o bom-senso sabem e nos ensinam que “a pedra não poderia tornar-se terra, os espinhos não podem deixar de espinhos, o caminho não pode deixar de ser caminho. Nas ordens das coisas espirituais não é assim: a pedra pode ser transformada em terra fértil, o caminho pode não ser mais pisado pelos transeuntes e tornar-se um campo fecundo; os espinhos podem ser arrancados e permitir ao grão, uma vez desembaraçado, frutificar-se. Se tudo isso não fosse possível, o [divino] semeador não teria espalhado o seu grão”. Lembremos o Salmista: “É assim que preparais ‘a nossa terra’, os seus sulcos com a chuva amoleceis... Transborda a fartura onde passais, brotam pastos no deserto. As colinas se enfeitam de alegria... Nossos vales se revestem de trigais: tudo canta de alegria”.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
Conta-se que um jovem padre assumiu uma paróquia localizada em uma zona rural e na sua primeira semana de pastoral, com seu belo carro, começou a percorrer os sítios. Passou de frente a um belíssimo campo arado, onde o milho e o feijão já estavam bem viçosos, e, para demonstra-se simpático, dirigiu-se ao agricultor que estava sentado sob uma árvore:
- Seu José, que beleza de campo. Veja a obra estupenda que Deus fez.
Ao que o agricultor responde com simplicidade.
- Pois é seu padre, pena que o senhor chegou atrasado. O senhor deveria ter passado aqui para ver quando Ele trabalhava sozinho. Isso aqui era um matagal só.
De fato, a perfeição da obra de Deus não exclui a nossa parte, o nosso esforço em preparar o terreno. O gesto que estamos prestes a realizar, de trazer processionalmente pão e vinho, “fruto do trabalho humano”, é de fundamental importância para que deus opere aquela transformação dos nossos dons no maior de todos os dons, o “Pão da vida eterna e cálice da salvação”. Esse grande mistério acontece pela Palavra, e ao mesmíssimo tempo esse mistério é a Palavra: “Ele é a vossa Palavra viva pela qual tudo criaste”. Não só a Liturgia da Palavra é um semear. Também, e especialmente, na Liturgia Eucarística, pela participação à mesa, a Palavra que foi proclamada no Evangelho, que se tornou carne humana no seio da Virgem Maria, que se transformará em Pão, será “semeada”, “plantada” dentro de nós.
Sim, Jesus cristo é para nós o Semeador, que proclama a Palavra, e a Semeadura, a Palavra proclamada.
Sugestões para a celebração
Limitamo-nos a reproduzir na íntegra o que ensina a Igreja sobre a liturgia da Palavra, “onde Cristo está realmente presente e atuante pelo Espírito Santo”.
Ø Daí decorrer a exigência para os leitores, ainda maior para quem proclama o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu povo.
Ø À preparação espiritual se alia a preparação técnica: postura do corpo, tom de voz, semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da Palavra, as vestes.
Ø A função do Salmista é de suma importância. Sua função ministerial corresponde à função dos leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus posta em nossa boca para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo deve ser proclamado do ambão e, se possível, cantado, (ao menos o refrão).
Ø A Palavra é valorizada também por momentos de silêncio, por exemplo, após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à Palavra. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade.
Ø Já que a mesa da Palavra forma, com a mesa da Eucaristia, um só ato de culto., há de se manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção dada à procissão de entrada e outras procissões, bem como homilias prolongadas, introduções às leituras parecendo comentários ou pequenas homilias prejudicam a Liturgia Eucarística que, em conseqüência, passa a ser feita de forma apressada.
Ø Priorize-se a entrada solene do Evangelho na procissão inicial. Na falta deste, embora não mereçam a mesma solenidade, podem ser trazidos o Lecionário ou a Bíblia. A entrada com a Bíblia se faça só em ocasiões bem especiais.
Fonte: Novo povo construindo o Reino de Deus na justiça! - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I - Junho/Agosto 2014 - Ano A – Edições CNBB.
Fonte: Emanarp em 13/07/2014
Reflexão
A demora na realização das promessas de Deus possibilita aos discípulos e a nós, entrarmos em crise. Percebendo essa situação, Jesus conta para eles e para nós, a parábola das sementes.
A Palavra de Deus é, em si mesma, boa e, se bem apresentada, produzirá muitos frutos; mas isso não depende só da Palavra; depende também das diversas situações em que se encontra o terreno onde ela é depositada, isto é, das diversas respostas.A Palavra é oferecida e exatamente por ser oferecida, conserva em si todo o risco da negligência, do descaso, da não aceitação, da oposição.
De acordo com a parábola, ela poderá ser comida pelos pássaros, poderá cair entre as pedras e não criar raízes e, finalmente, poderá cair entre os espinhos e morrer sufocada.Vamos refletir sobre cada um desses alertas feitos por Jesus. O primeiro se refere à semente que pode ser ciscada pelos pássaros. É o nosso medo do sofrimento, em relação ao caminho da cruz, tantas vezes abordado por Jesus e a busca incessante de realizações, de êxito. É como aquela pessoa que vê na possibilidade de exercer um serviço eclesial, como uma ocasião de prestígio, de ter status.
A semente que caiu entre as pedras e não criou raízes, representa aqueles que só externamente aceitaram a Palavra. Ela não foi aceita com profundidade. Teme-se que a adesão a Cristo seja ocasião de constrangimento, de envergonhar-se.A que caiu entre os espinhos é a semente sufocada, imagem de muitíssimos cristãos. As preocupações da vida presente, a atração exercida pelo ter, pelo poder, pelo possuir, pelo ganhar se impõem, são obstáculos para o acolhimento da Palavra.
A Palavra não é ineficaz, mas falta o acolhimento. A Palavra se adapta às condições do terreno, ou melhor, aceita as respostas que o terreno dá e que com freqüência são negativas. É necessário preparar o terreno, os corações, para que percam o endurecimento causado pelos ídolos das ideologias, do consumismo, do dinheiro, do prazer, das demais riquezas.Se o terreno, se os corações forem trabalhados pela simplicidade, pela autenticidade, pela educação libertadora daqueles ídolos, a Palavra descerá qual chuva fina, penetrando a terra e fazendo a semente frutificar.
Rádio Vaticana
Fonte: Liturgia da Palavra em 13/07/2014
Reflexão
Pistas para a reflexão:
- I leitura: A força que a palavra de Deus tem para libertar e proporcionar vida.
- II leitura: Nós e a criação inteira ansiamos pela libertação de toda escravidão e maldade, para construir o mundo novo.
- Evangelho: A semente da palavra tem tudo para crescer e frutificar, mas precisa encontrar um coração aberto e generoso.
Fonte: Paulus em 13/07/2014
Reflexão
A FORÇA DA PALAVRA
A palavra que Deus pronuncia, ao longo de toda a Bíblia, tem poder em si mesma. Deus fala e acontece. Sua fala e seu agir se confundem, pois ao final são a mesma coisa.
A parábola do semeador mostra o poder da palavra de Deus, simbolizada pela semente que tem em si o poder de se transformar, brotar, crescer e frutificar.
Na história contada por Jesus, a questão está nos terrenos que recebem a semente. O semeador semeia em todo tipo de terreno. Nosso Deus é um Deus que se comunica e se revela, sem excluir ninguém. Sua ação e sua Palavra, de fato, dirigem-se a todos.
Se todos temos a missão de semear a Palavra em todos os campos, a parábola de Jesus nos faz refletir sobre nossas atitudes. Estamos realmente acolhendo de coração a Palavra, atentos à voz de Deus que nos vem da Sagrada Escritura e que nos vem também dos acontecimentos, por meio dos quais o Senhor nos fala?
Terreno bom é aquele que faz a semente frutificar. É a pessoa que ouve a Palavra e a compreende. Compreender a Palavra, no entanto, não significa simplesmente entendê-la intelectualmente ou então decorar alguns versículos bíblicos. Palavra viva e eficaz como a de Deus só se pode assimilar com a vivência. Pois, se a ação e a palavra de Deus são uma só coisa, a Palavra que ouvimos só é compreendida à medida que se torna ação em nossa vida.
Para produzir frutos, portanto, a palavra de Deus precisa encontrar o bom terreno de quem está comprometido com o projeto divino de liberdade e vida; o bom terreno de pessoas animadas pela esperança, que não desistem na primeira dificuldade; o bom terreno daqueles que alimentam em si o ideal de fazer frutificar para o mundo frutos de justiça e paz.
Sobretudo para nós, que ouvimos a Palavra, é sempre tempo de arar o campo, a fim de fazer de nossa vida um terreno especial que dê frutos para o mundo. O bom terreno será sempre o coração de quem aprende com o Mestre e traduz sua Palavra de vida em ações concretas de vida.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 13/07/2014
Reflexão
A SEMENTE DA PALAVRA
Se percorrermos os evangelhos, constataremos que Jesus tinha o costume de usar parábolas na sua pregação. Os ensinamentos contidos nas parábolas podiam ser entendidos por todos, porque eram transmitidos por meio de imagens e elementos presentes na realidade cotidiana do povo. Jesus usa essa forma de narrativa popular para divulgar com facilidade, simplicidade e clareza a sua mensagem, tornando-a alcançável a todos. Em nossa vida cristã, o que ainda nos falta para utilizar a mesma pedagogia de Jesus em nossas palavras e ações?
O tema central da liturgia da Palavra de hoje é o poder e a eficácia da palavra de Deus. São Mateus fala-nos da semente (a palavra de Deus) e do semeador (Deus). O semeador saiu para semear (Mt 13,3). O Senhor não semeia somente nos lugares favoráveis (terra boa) para colher no fim muitos frutos. De fato, ele veio para que todos sem exceção tenham vida, e a tenham em abundância (Jo 10,10).
Portanto, ele não hesita em jogar a semente, seja à beira do caminho, em terreno pedregoso, no meio dos espinhos e em terra boa. O gesto generoso do semeador revela quem é Deus. Ele é aquele que dá vida e oferece a todos a oportunidade de crescer, converter-se e salvar-se.
A semente jogada na terra em lugares diferentes produz frutos segundo a fertilidade de cada lugar. Com a parábola da semente e do semeador, vemos que o fruto da palavra de Deus depende da qualidade da terra ou terreno. O acolhimento do evangelho depende da qualidade da terra, ou seja, da disposição do coração humano.
Desse modo, a palavra de Deus que escutamos todos os dias produzirá frutos à medida que conformarmos o nosso agir e a nossa vida à vontade de Deus; à medida que participarmos da comunidade do reino. Assim nos tornaremos uma boa terra que dá frutos abundantes.
Há diferentes modos de ser terra boa. Terra boa são os pais que se dedicam ao crescimento espiritual, moral, social… da família; que cuidam com amor e carinho dos filhos; que dedicam tempo para educá-los. Terra boa é o cristão que respeita os mandamentos de Deus e se preocupa com os mais necessitados. Terra boa é o cidadão que respeita o bem comum e ama de verdade a sua pátria e sua comunidade, procurando o bem da sua gente. Terra boa é a pessoa idosa que não passa um dia sequer sem dirigir sua oração a Deus por amor à Igreja e por compaixão do mundo… Que tipo de terra somos?
Peçamos a Deus a graça de viver e praticar a sua Palavra, para produzirmos muitos frutos.
Pe. Gilbert, ssp
Fonte: Paulus em 13/07/2014
Reflexão
O capítulo 13 do Evangelho de Mateus apresenta o ensinamento de Jesus sobre a dinâmica do Reino de Deus por meio de parábolas. A primeira parábola é a da semente ou da Palavra, segundo a explicação dada pelo próprio Mestre. A comunidade de Mateus provavelmente se questionava sobre o porquê de o Reino de Deus não se propagar como esperado. Aí a comunidade lembra a parábola de Jesus, na qual os terrenos que acolhem a semente são diferentes: um é duro/pisado, outro é espinhoso, outro é pedregoso e há também o fértil, que produz cem, sessenta e trinta. Portanto, a semente (a Palavra/o Reino) em si tem a força, mas pode não encontrar ambiente propício para frutificar. O semeador não é um incompetente que joga a semente à toa, mas é um “camponês pobre”, que planta no pequeno terreno que lhe resta, depois que se espalhou o latifúndio na Galileia. Assim como a semente, a Palavra de Deus produz resultado se encontra um coração aberto para acolhê-la e um semeador (comunidade) teimoso em lançá-la.
Oração
Ó Jesus, incansável semeador da boa semente, dá-nos a capacidade de entender que nem toda palavra boa cai em coração aberto e receptivo. Tu nos ensinas que o importante é semear a tua Palavra, sem cessar e por toda parte. No tempo e lugar oportunos, os frutos vão aparecer. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 12/07/2020
Reflexão
Para falar sobre o Reino de Deus, Jesus usa comparações a partir da realidade dos ouvintes. Primeiro se dirige às multidões. Caem três porções de semente em terreno fraco e nada produzem. Mas, há esperança: um punhado cai em terreno bom e tem produção abundante. À parte, Jesus esclarece aos discípulos: “A vocês é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus”. Eles passam por um processo de aprendizagem e compreensão sobre o real significado do Reino de Deus. Jesus revela-lhes os mistérios do Pai, não para os guardarem para si mesmos, mas para transmiti-los a outros. As multidões e muitos líderes não veem, não ouvem, não entendem, isto é, não acreditam em Jesus e não o seguem. Os discípulos, no entanto, são felizes porque veem, ouvem e entendem a manifestação do Reino de Deus.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)
Reflexão
«O semeador saiu para semear»
P. Jorge LORING SJ
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