domingo, 12 de julho de 2020

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 12/07/2020

ANO A



15º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano A - Verde

“A semente que caiu em terra boa é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto.” Mt 13,23

Mt 13,1-23

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O centro da mensagem de Jesus é o anúncio do Reino, este tem seu início no coração daqueles que acolhem a Palavra de Deus e a colocam em prática. Rezemos, suplicando que o Divino Semeador nos conceda um coração sensível aos seus desígnios e aberto à missão.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, Deus seja bendito por este nosso encontro. Nós, os batizados e batizadas, assinalados pelo Espírito Santo, formamos a assembleia santa para elevarmos ao Pai nosso cântico de louvor, para bendizê-lo e adorá-lo, por Cristo e por sua Páscoa, na força e no poder do Santo Espírito. O Cristo Senhor, que nos reuniu em seu amor, irá nos oferecer o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia. Alimentados e agradecidos, sairemos daqui dispostos a colher os dons das sementes do Reino.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A parábola do semeador nos revela os segredos da Palavra de Deus que sendo ensinada a todos em alguns não causam nenhum efeito e naqueles que a ouvem e a colocam em prática traz os frutos para uma vida feliz e experimentando o Reino dos Céus aqui na terra. À atitude de não-escuta ou de rejeição da palavra de Deus no tempo de Jesus, corresponde em nossos dias a atitude de indiferença e incompreensão por parte do homem moderno. As vezes, os pastores, os pregadores e missionários de hoje dão a impressão de estar falando uma língua estrangeira. Os próprios cristãos têm a sensação de que há uma espécie de dissociação entre sua vida de cada dia e a palavra que lhes é anunciada na assembléia eucarística; esta lhes parece demasiado ligada a outros tempos, estática e sem impacto sobre a vida real. Será a palavra de Deus que está sendo questionada? Ou será o mundo e homem moderno que ainda não conseguiram sintonizar esta palavra?

QUEM SEMEIA, ESPERA COLHER

A primeira leitura da missa de hoje (Is 55,10-11) e a parábola do semeador, do Evangelho (Mt 13,1-23), nos falam de uma verdade bonita: somos colaboradores de Deus. Nossa vida cristã envolve a graça de Deus e a nossa correspondência à ação divina. Sem a nossa participação, a graça de Deus fica sem fruto em nós. Isso nos dignifica imensamente, mas também nos dá uma enorme responsabilidade.
Alguém já disse: Deus nos criou sem nós, mas não nos salva sem nós. Ele faz a parte mais importante, oferece os seus grandes dons para nós e também a ajuda necessária para fazermos a nossa parte. Mas não dispensa a nossa participação e boa vontade.
O profeta Isaías usa uma linda imagem poética para dizer isso: “assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam, sem terem irrigado a terra e feito germinar a semente (...) assim acontece com a palavra que sai da minha boca: não voltará a mim vazia”. Deus nos faz conhecer sua vontade, concede-nos sua luz, ensina-nos seus caminhos, faz-nos promessas que contêm uma grande esperança. E espera que correspondamos com seus dons e acolhamos com fé e gratidão sua oferta de vida e salvação. Infelizmente, com as nossas escolhas erradas, podemos frustrar essa providência amorosa de Deus.
Na parábola do Evangelho, fica claro que o divino semeador lança sementes abundantes, na esperança de colher frutos. Ele sabe que a semente cai em vários tipos de terreno e que nem todas vão frutificar da mesma maneira. Sabe também que algumas sementes, infelizmente, vão se perder. Mas ele continua a semear, na esperança de que os terrenos menos propícios possam também mudar-se em terra produtiva e generosa.
O divino semeador dá a todos a mesma chance, mas conta com a livre participação do terreno. Sim, pois somos nós esse terreno, temos a liberdade e podemos mudar nossas disposições, ao longo da vida. Quem é terra árida, chão batido, pedregoso ou espinhento, pode converter-se e mudar suas disposições pessoais, para corresponder melhor com a generosidade do divino semeador. Esta é a nossa parte: corresponder com a graça de Deus para produzir os frutos da fé e da vida cristã.
Resta-nos refletir e verificar que tipo de terreno somos nós. A questão é muito séria e envolve a nossa liberdade pessoal. Deus faz a parte mais importante; mas aquela pequena parte que cabe a nós, ninguém a fará por nós. Nem mesmo Deus, que respeita a nossa liberdade. Mas podemos ter a certeza de que não faltarão estímulos da parte de Deus para que nos tornemos um terreno bom e produzamos os frutos esperados da fé e da vida cristã.
Peçamos todos os dias essa graça para nós e para todas as pessoas. A coisa pior na vida seria frustrar o divino semeador, que deseja apenas o nosso bem e a nossa felicidade.
Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

Comentário do Evangelho

Por que a Palavra de Deus produz frutos em uns e em outros não?

O capítulo cinquenta e cinco do livro do profeta Isaías é o último capítulo do Dêutero-Isaías (40–55), cujos fatos podem ser situados em meados do século VI a.C. O tema central do texto de hoje é a Palavra de Deus, através da qual Ele revela seu plano de salvação. A Palavra de Deus é comparada à chuva que numa terra árida é uma bênção do céu que fecunda e faz germinar a boa semente. A Palavra de Deus realiza o que diz. O capítulo treze do evangelho segundo Mateus é um discurso em parábolas. Trata-se de uma sucessão de sete ou oito parábolas, dependendo de como se as considere. Costuma-se caracterizá-las como “parábolas do Reino”. O tema que perpassa todas as parábolas é o mistério da acolhida ou rejeição da palavra de Jesus sobre o Reino de Deus. A parábola não é nem tem a pretensão de ser uma descrição fiel da realidade; o mais importante é a mensagem que ela transmite. A parábola do semeador descreve uma atividade bastante comum em Israel, a saber, a semeadura ou plantio. Essa atividade, dada as condições climáticas, impõe superar muitas dificuldades. Cremos poder imaginar que a parábola visava responder à seguinte questão: por que a Palavra de Deus produz frutos em uns e em outros não? Deus faz distinção de pessoas? Se o semeador semeia é para poder fazer uma boa colheita capaz de sustentar a vida de toda a sua família. A prática do semeador narrada na parábola de lançar a semente sem se importar em que terreno é desconcertante e parece contrariar qualquer prática racional de plantio. No entanto, o mais importante é a intenção: Deus oferece a sua Palavra a todos, indistintamente. A partir daí se pode compreender que, em primeiro lugar, a parábola revela algo de Deus: Deus confia na terra, isto é, na humanidade. Não obstante tantas dificuldades, Deus sabe que a terra produzirá fruto. E se de tudo a terra não produzir fruto, não será pela falta de fé de Deus em nossa humanidade. Essa confiança de Deus em nossa humanidade deve estimular nosso empenho em remover do terreno de nossa vida tudo o que possa impedir a boa semente de produzir o seu fruto. Tenhamos presente, no entanto, que o crescimento da semente necessita de tempo, de cuidados, ele depende de um processo para produzir frutos.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que a tua Palavra, semeada no meu coração, encontre solo propício onde possa produzir frutos de conversão. Não permitas que tua semente venha a se perder!
Fonte: Paulinas em 13/07/2014

Vivendo a Palavra

Pelos tempos afora, a semente continua a ser lançada. A Palavra Criadora, o Verbo do Pai – o Cristo, feito homem em Jesus de Nazaré, semente boa do Reino de Amor, continua a nos ensinar os caminhos do Céu. Cada um de nós é um terreno: nós somos beira de estrada, pedreira, espinheiro – ou somos terra boa, fértil, irrigada pelo Espírito?
Fonte: Arquidiocese BH em 13/07/2014

VIVENDO A PALAVRA

Beira do caminho, terreno pedregoso, espinheiro ou terra boa – qual será tipo do terreno que nós oferecemos para acolher a Palavra do Senhor? Nossa fragmentação interior, a dureza do coração, o cuidado obsessivo com as coisas que passam, ou a nossa disponibilidade para viver em plenitude o Amor do Pai Misericordioso?

Reflexão

I. INTRODUÇÃO GERAL

A primeira leitura de hoje nos põe diante dos olhos a imagem da semente, significando a palavra de Deus. Isso serve como pano de fundo para o evangelho, no qual a semente é a palavra de Deus em Jesus Cristo e na pregação cristã. A segunda leitura não contempla a mesma temática, mas nos chama a atenção para a participação do inefável mistério de Deus, que é a nossa vocação.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Is 55,10-11)

A primeira leitura, Is 55,10-11, é uma chave de interpretação para tudo o que Deus faz por sua gente. É a conclusão do “Segundo Isaías” e retoma o início dessa parte do livro (Is 40-55), no qual lemos que “a palavra de nosso Deus permanece sempre” (Is 40,8). A palavra de Deus é sua vontade eterna, seu desígnio, que se torna ativamente presente em nossa história humana (mediante os profetas, os líderes e o empenho do povo todo), realizando o que pretende (sua “missão”), como a chuva que cai do céu e faz frutificar a terra (v. 11). Mas o ouvinte da palavra tem de colaborar. Deus não força ninguém, ele se deixa acolher. Se alguém não o acolhe ou acolhe mal, de modo superficial, nada feito: não cria vínculo com Deus. Aí está o mistério da liberdade da alma humana.

2. Evangelho (Mt 13,1-23)

Como dissemos, o texto da primeira leitura constitui o pano de fundo do evangelho de hoje. O capítulo 13 de Mateus contém sete parábolas do Reino de Deus; hoje ouvimos a parábola inicial, a parábola do semeador (Mt 13,1-23), referindo-se à palavra de Deus. A parábola do semeador aplica-se à pregação de Jesus e à pregação de seus discípulos de todos os tempos. Descreve o que acontece com a semente da Palavra em várias circunstâncias, com diversos tipos de pessoas; e, conforme o caso, o resultado é diferente. Resultado bom mesmo, que corresponda à fecundidade que a palavra de Deus possui em si mesma (cf. 1ª leitura), só se produz quando ela cai em terra boa: naquele que, ao ouvir a palavra, a deixa penetrar, a absorve e integra no próprio pensar e sentir (pois é isso que significa a expressão “entende” em Mt 13,23) e a põe em prática.
A parábola propriamente (os versículos 1-9) pertence ao gênero das parábolas da natureza, mais especificamente da vida agrícola e pastoril, que são frequentes no ensinamento de Jesus e revelam o ambiente em que se deu a sua pregação. Além da parábola do semeador (Mt 13,1-9//Mc 4,1-9//Lc 8,4-8), conhecemos outras parábolas que recorrem à imagem da semente e da colheita (a semente que cresce por si, Mc 4,26-29; o joio e o trigo, Mt 13,24-30; o grão de mostarda, Mt 13,31-32//Mc 4,30-32; a colheita se aproximando, Jo 4,35-36). Jesus deve ter usado muitas vezes tais imagens, em sentidos diversos, variando conforme a circunstância da pregação. São imagens de sentido aberto, de “leitura infinita”.
A explicação da parábola em Mateus (os versículos 18-23) é, em grandes linhas, igual à que se encontra em Marcos (4,13-20) e em Lucas (8,11-15), descrevendo as diversas maneiras de ouvir a Palavra. Contudo, ao explicar o primeiro caso do que acontece à semente, Mateus insiste num ponto específico: “todo aquele que ouve a palavra do Reino (= a pregação de Cristo) e não a compreende” (Mt 13,18). Marcos e Lucas falam apenas do cair fora do campo. Mateus, o “evangelista escriba”, insiste no compreender, que implica o aprender. No domingo anterior, também num texto próprio de Mateus, vimos que Jesus insistiu no seu “jugo”, ou seja, no seu ensinamento, que é melhor que o dos mestres judeus (Mt 11,28-30). Aqui temos novamente essa insistência no compreender, na atitude de discípulo, não apenas de seguidor entusiasmado. A Igreja insiste em que sejamos discípulos-missionários. E no atual contexto de nosso mundo, tão avesso ao aprofundamento, essa insistência no aprender e compreender pode ser muito importante.
Entre a parábola propriamente (v. 1-9) e sua explicação (v. 18-23), Mateus insere uma reflexão (v. 10-17) que revela a preocupação das primeiras gerações cristãs com a incredulidade (cf. também Mc 4,11-12). Os discípulos perguntam por que Jesus fala em parábolas, em vez de dizer as coisas direta e claramente. A resposta é: porque o Reino de Deus não é algo de evidência imediata. Não se mostra ao olhar superficial. Só é compreendido por quem quiser participar; por quem, na fé, se entrega à sua dinâmica. A realidade do Reino, nas parábolas, revela-se a quem crê e esconde-se a quem não crê. Por que alguns entendem, outros não? A uns é dado conhecer os mistérios do Reino, outros não chegam a abrir a casca da parábola (v. 11). É como nos negócios: a quem tem, será dado; a quem não tem, ainda se retira o pouco que têm (v. 12). É como no banco: quem tem bastante depósito, ganha crédito; mas quem não tem, não consegue nada e ainda vê sua conta secar por causa das tarifas… Jesus cita essa “regra bancária” não como um dogma, mas como ilustração, porque seu povo conhecia muito bem essas coisas! Jesus aplica essa imagem à fé. Os judeus farisaicos achavam que possuíam algo: o seu refinado conhecimento das regrinhas da Lei; mas esse “algo” não valia nada em vista da graça de Deus. Já aos que têm a fé, no sentido de abertura de um coração simples e humilde (cf. evangelho de domingo passado), a esses é dado conhecer o mistério do Reino.
Ora, a existência da incredulidade não contraria o plano de Deus: o projeto de Deus dá conta até da incredulidade. O confronto com a incredulidade já fazia parte do programa do profeta Isaías, citado no evangelho de hoje (Mt 13,14-15; os primeiros cristãos citavam com frequência essa passagem de Is 6,9-10; cf. também Jo 12,40; At 28,26-27). O ser humano é livre para ser incrédulo, mas o plano de Deus é tão grande, que consegue até incluir essa incredulidade… Segue, então, mais uma felicitação para os simples e pequenos, que podem enxergar o que muitos profetas quiseram ver e não viram (v. 16-17; cf. evangelho de domingo passado). E os incrédulos, será que não conhecerão a salvação? Paulo, em Rm 9-11, debate-se com esse problema e só sabe responder que ninguém sonda o “abismo” da sabedoria de Deus (cf. Rm 11,33-36). A incredulidade ante a mensagem cristã não tem necessariamente por consequência a rejeição a Deus. Só Deus sabe quem se abre intimamente a ele e quem não. Mas os que, por causa da incredulidade, não conseguem acolher e fazer frutificar a Palavra carecem da felicidade de ser, desde já, povo-testemunha de Deus. Talvez se salvem, mas não podem cantar, já agora, as maravilhas do Senhor e reconhecer seu Reino em Jesus Cristo.

3. II leitura (Rm 8,18-23)

A segunda leitura, falando da “criação que anseia pela manifestação dos filhos de Deus”, dá sequência ao tema da vivificação pelo Espírito e da vida nova em Cristo, abordado na segunda leitura do domingo passado. Existir, para o ser humano, implica sofrer. No seu sofrimento, o ser humano exprime o gemido da inteira criação, ainda não libertada. Talvez seja por isso que tanto se procura reprimir esse gemido pelo mito da transformação tecnológica! Mas não é sufocando o grito da criação que o ser humano se realiza, e sim intermediando, como sacerdote, seu pleno desabrochamento. No ser humano, a criação deve participar da realidade divina, da “liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8,23.21). No contexto imediatamente anterior, Paulo disse que recebemos o Espírito de Cristo, que clama em nós “Abbá, Pai”; o Espírito que nos transforma em filhos adotivos de Deus, coerdeiros com Cristo, chamados para a glória com ele (cf. Rm 8,14-17). Mas essa glória ainda não se revelou em nós, embora já tenhamos recebido o Espírito como primícia, como sinal do benefício pleno. Por isso, nós e toda a criação estamos ansiando por essa plenitude, como uma mulher em dores de parto (cf. Jo 16,21): o filho está aí, mas, até que se manifeste, a mãe tem de passar pelo trabalho de parto. É essa a situação nossa e de nosso mundo, solidário conosco.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO: o porquê das parábolas

Isaías disse que a palavra de Deus é eficaz “como a chuva no chão” (1ª leitura). Mas Jesus acrescenta: depende da acolhida dada pelo chão! A semente da palavra tem tudo para crescer, mas precisa ser acolhida num chão aberto, generoso, preparado… num coração acessível e profundo ao mesmo tempo (evangelho).
Jesus usa imagens, parábolas. Pode acontecer que uma pessoa simples as entenda, enquanto os de “coração empedernido” ouvem e veem exteriormente, mas não percebem interiormente o que a palavra significa – ao contrário da “terra boa”, que representa quem “ouve a palavra e a compreende”.
Jesus falou em parábolas, para que os mais simples pudessem entender e para que, assim, aparecesse o endurecimento daqueles que ouvem sem entender. Naqueles que ouvem e não compreendem, a palavra não cria raízes. Jesus explica as causas disso: o “maligno” (as forças contrárias a Jesus e ao Reino de Deus), a superficialidade, a desistência na hora da dificuldade, as “preocupações do mundo e a ilusão da riqueza”. Mas, graças a Deus, existem também aqueles que ouvem e compreendem e produzem fruto. A diferença está na disposição do ouvinte.
As causas da incompreensão da Palavra são ainda as mesmas hoje: estratégia das forças contrárias ao evangelho, consumismo, idolatria da riqueza. Em compensação, os “mistérios do Reino”, quando apresentados em imagens compreensíveis ao povo, são tão transparentes, que até os mais simples os entendem e se tornam seus melhores propagandistas.
Importa, pois, prepararmos o chão dos corações, para que possam receber a Palavra. Importa combatermos as causas do “endurecimento”: dominação ideológica, alienação, consumismo, culto da riqueza e do prazer etc. Em nosso “combate” não devemos desprezar os meios humanos, principalmente a educação geral sólida e profunda. Em vez do fascínio dos sempre novos – e tão rapidamente envelhecidos – objetos de desejo, devemos fomentar a formação para a autenticidade e a simplicidade, a educação libertadora com vistas ao evangelho. Então, a Palavra, que desce como a chuva do céu, poderá penetrar no chão e fazer a semente frutificar.

Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Lovaina. Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo Testamento (tradução), Evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da “Fonte Q”.
Fonte: Vida Pastoral em 13/07/2014

Reflexão

A FORÇA DA PALAVRA

A palavra que Deus pronuncia, ao longo de toda a Bíblia, tem poder em si mesma. Deus fala e acontece. Sua fala e seu agir se confundem, pois ao final são a mesma coisa.
A parábola do semeador mostra o poder da palavra de Deus, simbolizada pela semente que tem em si o poder de se transformar, brotar, crescer e frutificar.
Na história contada por Jesus, a questão está nos terrenos que recebem a semente. O semeador semeia em todo tipo de terreno. Nosso Deus é um Deus que se comunica e se revela, sem excluir ninguém. Sua ação e sua Palavra, de fato, dirigem-se a todos.
Se todos temos a missão de semear a Palavra em todos os campos, a parábola de Jesus nos faz refletir sobre nossas atitudes. Estamos realmente acolhendo de coração a Palavra, atentos à voz de Deus que nos vem da Sagrada Escritura e que nos vem também dos acontecimentos, por meio dos quais o Senhor nos fala?
Terreno bom é aquele que faz a semente frutificar. É a pessoa que ouve a Palavra e a compreende. Compreender a Palavra, no entanto, não significa simplesmente entendê-la intelectualmente ou então decorar alguns versículos bíblicos. Palavra viva e eficaz como a de Deus só se pode assimilar com a vivência. Pois, se a ação e a palavra de Deus são uma só coisa, a Palavra que ouvimos só é compreendida à medida que se torna ação em nossa vida.
Para produzir frutos, portanto, a palavra de Deus precisa encontrar o bom terreno de quem está comprometido com o projeto divino de liberdade e vida; o bom terreno de pessoas animadas pela esperança, que não desistem na primeira dificuldade; o bom terreno daqueles que alimentam em si o ideal de fazer frutificar para o mundo frutos de justiça e paz.
Sobretudo para nós, que ouvimos a Palavra, é sempre tempo de arar o campo, a fim de fazer de nossa vida um terreno especial que dê frutos para o mundo. O bom terreno será sempre o coração de quem aprende com o Mestre e traduz sua Palavra de vida em ações concretas de vida.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 13/07/2014

Reflexão

A SEMENTE DA PALAVRA

Se percorrermos os evangelhos, constataremos que Jesus tinha o costume de usar parábolas na sua pregação. Os ensinamentos contidos nas parábolas podiam ser entendidos por todos, porque eram transmitidos por meio de imagens e elementos presentes na realidade cotidiana do povo. Jesus usa essa forma de narrativa popular para divulgar com facilidade, simplicidade e clareza a sua mensagem, tornando-a alcançável a todos. Em nossa vida cristã, o que ainda nos falta para utilizar a mesma pedagogia de Jesus em nossas palavras e ações?
O tema central da liturgia da Palavra de hoje é o poder e a eficácia da palavra de Deus. São Mateus fala-nos da semente (a palavra de Deus) e do semeador (Deus). O semeador saiu para semear (Mt 13,3). O Senhor não semeia somente nos lugares favoráveis (terra boa) para colher no fim muitos frutos. De fato, ele veio para que todos sem exceção tenham vida, e a tenham em abundância (Jo 10,10).
Portanto, ele não hesita em jogar a semente, seja à beira do caminho, em terreno pedregoso, no meio dos espinhos e em terra boa. O gesto generoso do semeador revela quem é Deus. Ele é aquele que dá vida e oferece a todos a oportunidade de crescer, converter-se e salvar-se.
A semente jogada na terra em lugares diferentes produz frutos segundo a fertilidade de cada lugar. Com a parábola da semente e do semeador, vemos que o fruto da palavra de Deus depende da qualidade da terra ou terreno. O acolhimento do evangelho depende da qualidade da terra, ou seja, da disposição do coração humano.
Desse modo, a palavra de Deus que escutamos todos os dias produzirá frutos à medida que conformarmos o nosso agir e a nossa vida à vontade de Deus; à medida que participarmos da comunidade do reino. Assim nos tornaremos uma boa terra que dá frutos abundantes.
Há diferentes modos de ser terra boa. Terra boa são os pais que se dedicam ao crescimento espiritual, moral, social… da família; que cuidam com amor e carinho dos filhos; que dedicam tempo para educá-los. Terra boa é o cristão que respeita os mandamentos de Deus e se preocupa com os mais necessitados. Terra boa é o cidadão que respeita o bem comum e ama de verdade a sua pátria e sua comunidade, procurando o bem da sua gente. Terra boa é a pessoa idosa que não passa um dia sequer sem dirigir sua oração a Deus por amor à Igreja e por compaixão do mundo… Que tipo de terra somos?
Peçamos a Deus a graça de viver e praticar a sua Palavra, para produzirmos muitos frutos.
Pe. Gilbert, ssp
Fonte: Paulus em 13/07/2014

Reflexão

Pistas para a reflexão:

- I leitura: A força que a palavra de Deus tem para libertar e proporcionar vida.
- II leitura: Nós e a criação inteira ansiamos pela libertação de toda escravidão e maldade, para construir o mundo novo.
- Evangelho: A semente da palavra tem tudo para crescer e frutificar, mas precisa encontrar um coração aberto e generoso.
Fonte: Paulus em 13/07/2014

Reflexão

JESUS CRISTO É O SENHOR E A SEMEADURA.

Primeira Leitura: Is 55,10-11;
Salmo 64 (65), 10.11.12-13.14;
Evangelho: Mt 13,1-23.

Situando-nos brevemente

Diletos, é na liturgia que a Escritura se sente verdadeiramente em casa, porque na proclamação litúrgica a Escritura se torna plenamente aquilo que é: Palavra de Deus viva, presente em meio a nós. O Concílio Vaticano II nos ensina que a proclamação da Palavra de Deus na liturgia tem um valor sacramental da presença de Cristo, pois “é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura”.
O concílio ensina que “é enorme a importância da Sagrada Escritura na celebração da Liturgia. Porque é nela que se vão buscar as leituras que se explicam na homilia e os salmos para cantar; com o seu espíritos e da sua inspiração nasceram as preces, as orações e os hinos litúrgicos; dela tiram a sua capacidade de significação as ações e os sinais”. Por causa desse imenso valor dado a Sagrada Escrituras, o mesmo Concílio pediu que fossem “mais abundante, variada e bem adaptada a leitura da agrada Escritura nas celebrações” e exortou que se preparasse para os fiéis, com maior abundância, a mesa da Palavra de Deus e se abrissem mais largamente os tesouros da Bíblia.
Neste XV Domingo do Tempo Comum de maneira especial somos convidados a uma atenção maior a esse dado, à riqueza com que a Palavra de Deus acaba de ser semeada nos nossos corações. “A proclamação litúrgica infunde vida nos ossos ressequidos das antigas palavras escritas, as desperta para fazê-las tornarem-se, no mundo, a presença transformadora e fecundante de cristo ressuscitado”. Eis-nos, pois, neste domingo diante de uma realidade ímpar, uma das mais desconcertantes e ao mesmo tempo, reconfortantes realidades: deus fala. O Deus da Bíblia é um Deus que fala. “Um dos traços mais característicos do Deus vivo – escreveu alguém – é que ele fala aos homens. Revela-se não só na linguagem silenciosa da natureza e dos sinais das criaturas; ‘fala’ por suas intervenções históricas de salvação e de misericórdia”. Ele acabou de falar-nos neste evento histórico, que é esta celebração eucarística e na proclamação solene das leituras das Sagradas Escrituras. E o que nos disse?

Recordando a Palavra

O Evangelho que acabamos de ouvir tirado do capítulo 13 de São Mateus; os biblistas o chamam de capítulo as parábolas, que se insere dentro de uma sessão própria do evangelista Mateus, na qual ele reúne os discursos de Jesus feitos de forma “metafórica”. O capítulo reúne sete parábolas, cujo tema central é o reino de deus, não como uma realidade teórica, mas como uma proclamação que só se entende depois que se responde positivamente ou negativamente. Os que se respondem positivamente encontrarão o reino como um tesouro, uma pérola, os que respondem negativamente são “sufocados pelos espinhos”, “comidos pelos pássaros” e morrerão entre os “pedregulhos” da terra, sufocados pelo calor do sol. As parábolas são: a do semeador, com sua explicação, a que acabamos de ouvir; a do joio; a do grão de mostarda; a do fermento, que ouviremos no próximo domingo; a do tesouro; a da pérola; e a da rede, que ouviremos no domingo seguinte.
Algumas parábolas, como a de hoje, tem uma estrutura litúrgica: uma “proclamação” e uma “homilia”, ou exposição do sentido teológico/moral da palavra anunciada. Jesus Cristo é ao mesmo tempo o proclamador e a homileta. A parábola tem como personagem principal um agricultor que tem um objetivo preciso, isto é, “saiu para semear”. Tal agricultor é aparentemente descuidado, ou desprovido do senso da sua profissão. Ele parece “desperdiçar” a semente. Ele a deixa cair à beira do caminho, em terreno pedregoso, em meio aos espinhos, outras, porém caíram “em terra boa”. Reparem que a parábola não fala de “terra pronta, perfeita”, mas terra boa, isto é, terra propensa a acolher a semente. Na “segunda parte da parábola”, Jesus deixa claro quem são os “personagens” da sua parábola: o semeador é Deus, a semente é a Palavra de Deus (cf. Mc 4,14), a beira do caminho, o terreno pedregoso, o terreno espinhoso e a terra são o caminho do coração do homem. Certo que por coração não se entende o “órgão corporal”, mas a vida do homem, o cotidiano, o existencial, mas não só, indica também o lugar onde o homem centraliza a sua existência, onde ele “esconde” a sua fonte vital. Isto quer dizer que da parte de Deus vem o dom, a gratuidade da Palavra que cria todas as coisas, da parte do homem deve vir à responsabilidade de abrir espaço para a Palavra germinar.
A primeira leitura também é uma parábola e, como o Evangelho, ela também tem como tema central o Reino de Deus. Aqui o profeta usa outra imagem para a Palavra: ela é a chuva e neve. Ela vem do céu, ela vem irrigar e fecundar a terra, ela é eficaz, “assim a palavra que sair de minha boca, não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for da minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”. Claro está que tanto lá no Evangelho como aqui na profecia “semente e chuva”, não são coisas, mas uma pessoa, Jesus Cristo. Assim com a chuva e a semente vêem de cima, Jesus vem do alto; e a semente é Sua imagem porque gera a vida, a chuva é Sua imagem porque alimenta a vida, porque permite à semente germinar.
O salmista usando a linguagem de um agricultor resume toda a História da salvação com imagem emocionante: é Deus quem visita a terra com a sua chuva, Jesus Cristo, e a faz transbordar de fartura, confirmou o povo ao ver ressuscitado a viúva de Naim: “um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo” (Lc 7,16), “conforme prometera aos nossos pais” (Lc 1,55) “o Senhor Deus de Israel, visitou e redimiu seu povo fazendo para nós surgir um poderoso Salvador” (Lc 1,68-69), como os “pastos que brotam no deserto” e “colinas que se enfeitam de alegria e os vales que se revestem de trigais”.

Atualizando a Palavra

Amados irmãos, esta Palavra é mais que atual. O sistema no qual vivemos nos obriga a sermos cada vez mais insensíveis à Palavra. Quantas vezes ela soa estranha aos nossos ouvidos. “A Palavra é fogo (outra metáfora), escreve Pronzato. E nós atiramos sobre ela baldes de água de nosso bom-senso, de nossa falsa prudência, de nossa incrível preguiça. Eis o que significa ‘tornar inócua’ a Palavra, atraiçoar a Palavra, ter o coração empedernido. Portanto, a culta não deve ser procurada [somente] e nossa cultura deficiente [pois o semeador é ‘aparentemente’ descuidado e não de fato [...] A causa profunda deve ser procurada, como podemos [deduzir], em uma atitude fundamental que está errada. O coração empedernido, precisamente. O terreno já está ocupado: por nós mesmos, pelos nossos esquemas, pelos nossos preconceitos, pelo nosso bom-senso. A Palavra em nós deve tornar-se vida. Não pode permanecer no estágio da inteligência e nem também naquele do vago sentimentalismo. É preciso que se torne vida,, caso contrário acaba por se desvirtuar, envilecer, tornar-se incompleta”.
Irmãos, intencionalmente, e não por negligência, o divino semeador semeia a Palavra sobre o caminho, entre os espinhos, e em terreno pedregoso. “Deus parece semear seu Reino em pura perda, entre os homens, mas dessas estéreis tão pouco promissoras surge ‘uma ceifa que supera todas as esperanças’”. Ele semeou no coração de Saulo e este se tornou Paulo, no coração de uma prostituta e ela se tornou Maria Egipcíaca, semeou no coração do mundano Francisco, o Francisco “do mundo” e ele se tornou o Francisco “de Assis”, ele semeia ainda hoje no coração de um estuprador e ele se transforma num pregador, semeia no coração de um drogado e ele se torna um voluntário num hospital infantil do câncer, ele semeia no coração de um assassino e ele se transforma em um missionário na África.
Repreende-se justamente um semeador por fazer assim, por não ser atento à técnica da semeadura, por não fazer uma planilha, um cálculo, por não consultar um engenheiro. A técnica e o bom-senso sabem e nos ensinam que “a pedra não poderia tornar-se terra, os espinhos não podem deixar de espinhos, o caminho não pode deixar de ser caminho. Nas ordens das coisas espirituais não é assim: a pedra pode ser transformada em terra fértil, o caminho pode não ser mais pisado pelos transeuntes e tornar-se um campo fecundo; os espinhos podem ser arrancados e permitir ao grão, uma vez desembaraçado, frutificar-se. Se tudo isso não fosse possível, o [divino] semeador não teria espalhado o seu grão”. Lembremos o Salmista: “É assim que preparais ‘a nossa terra’, os seus sulcos com a chuva amoleceis... Transborda a fartura onde passais, brotam pastos no deserto. As colinas se enfeitam de alegria... Nossos vales se revestem de trigais: tudo canta de alegria”.

Ligando a Palavra com a ação eucarística

Conta-se que um jovem padre assumiu uma paróquia localizada em uma zona rural e na sua primeira semana de pastoral, com seu belo carro, começou a percorrer os sítios. Passou de frente a um belíssimo campo arado, onde o milho e o feijão já estavam bem viçosos, e, para demonstra-se simpático, dirigiu-se ao agricultor que estava sentado sob uma árvore:
- Seu José, que beleza de campo. Veja a obra estupenda que Deus fez.
Ao que o agricultor responde com simplicidade.
- Pois é seu padre, pena que o senhor chegou atrasado. O senhor deveria ter passado aqui para ver quando Ele trabalhava sozinho. Isso aqui era um matagal só.
De fato, a perfeição da obra de Deus não exclui a nossa parte, o nosso esforço em preparar o terreno. O gesto que estamos prestes a realizar, de trazer processionalmente pão e vinho, “fruto do trabalho humano”, é de fundamental importância para que deus opere aquela transformação dos nossos dons no maior de todos os dons, o “Pão da vida eterna e cálice da salvação”. Esse grande mistério acontece pela Palavra, e ao mesmíssimo tempo esse mistério é a Palavra: “Ele é a vossa Palavra viva pela qual tudo criaste”. Não só a Liturgia da Palavra é um semear. Também, e especialmente, na Liturgia Eucarística, pela participação à mesa, a Palavra que foi proclamada no Evangelho, que se tornou carne humana no seio da Virgem Maria, que se transformará em Pão, será “semeada”, “plantada” dentro de nós.
Sim, Jesus cristo é para nós o Semeador, que proclama a Palavra, e a Semeadura, a Palavra proclamada.

Sugestões para a celebração

Limitamo-nos a reproduzir na íntegra o que ensina a Igreja sobre a liturgia da Palavra, “onde Cristo está realmente presente e atuante pelo Espírito Santo”.
Ø Daí decorrer a exigência para os leitores, ainda maior para quem proclama o Evangelho, de ter uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu povo.
Ø À preparação espiritual se alia a preparação técnica: postura do corpo, tom de voz, semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da Palavra, as vestes.
Ø A função do Salmista é de suma importância. Sua função ministerial corresponde à função dos leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus posta em nossa boca para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo deve ser proclamado do ambão e, se possível, cantado, (ao menos o refrão).
Ø A Palavra é valorizada também por momentos de silêncio, por exemplo, após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à Palavra. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade.
Ø Já que a mesa da Palavra forma, com a mesa da Eucaristia, um só ato de culto., há de se manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção dada à procissão de entrada e outras procissões, bem como homilias prolongadas, introduções às leituras parecendo comentários ou pequenas homilias prejudicam a Liturgia Eucarística que, em conseqüência, passa a ser feita de forma apressada.
Ø Priorize-se a entrada solene do Evangelho na procissão inicial. Na falta deste, embora não mereçam a mesma solenidade, podem ser trazidos o Lecionário ou a Bíblia. A entrada com a Bíblia se faça só em ocasiões bem especiais.

Fonte:Novo povo construindo o Reino de Deus na justiça! - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I - Junho/Agosto 2014 - Ano A – Edições CNBB.
Fonte: Emanarp em 13/07/2014

Reflexão

A demora na realização das promessas de Deus possibilita aos discípulos e a nós, entrarmos em crise. Percebendo essa situação, Jesus conta para eles e para nós, a parábola das sementes.
A Palavra de Deus é, em si mesma, boa e, se bem apresentada, produzirá muitos frutos; mas isso não depende só da Palavra; depende também das diversas situações em que se encontra o terreno onde ela é depositada, isto é, das diversas respostas.A Palavra é oferecida e exatamente por ser oferecida, conserva em si todo o risco da negligência, do descaso, da não aceitação, da oposição.
De acordo com a parábola, ela poderá ser comida pelos pássaros, poderá cair entre as pedras e não criar raízes e, finalmente, poderá cair entre os espinhos e morrer sufocada.Vamos refletir sobre cada um desses alertas feitos por Jesus. O primeiro se refere à semente que pode ser ciscada pelos pássaros. É o nosso medo do sofrimento, em relação ao caminho da cruz, tantas vezes abordado por Jesus e a busca incessante de realizações, de êxito. É como aquela pessoa que vê na possibilidade de exercer um serviço eclesial, como uma ocasião de prestígio, de ter status.
A semente que caiu entre as pedras e não criou raízes, representa aqueles que só externamente aceitaram a Palavra. Ela não foi aceita com profundidade. Teme-se que a adesão a Cristo seja ocasião de constrangimento, de envergonhar-se.A que caiu entre os espinhos é a semente sufocada, imagem de muitíssimos cristãos. As preocupações da vida presente, a atração exercida pelo ter, pelo poder, pelo possuir, pelo ganhar se impõem, são obstáculos para o acolhimento da Palavra.
A Palavra não é ineficaz, mas falta o acolhimento. A Palavra se adapta às condições do terreno, ou melhor, aceita as respostas que o terreno dá e que com freqüência são negativas. É necessário preparar o terreno, os corações, para que percam o endurecimento causado pelos ídolos das ideologias, do consumismo, do dinheiro, do prazer, das demais riquezas.Se o terreno, se os corações forem trabalhados pela simplicidade, pela autenticidade, pela educação libertadora daqueles ídolos, a Palavra descerá qual chuva fina, penetrando a terra e fazendo a semente frutificar.
Rádio Vaticana
Fonte: Liturgia da Palavra em 13/07/2014

Reflexão

O capítulo 13 do Evangelho de Mateus apresenta o ensinamento de Jesus sobre a dinâmica do Reino de Deus por meio de parábolas. A primeira parábola é a da semente ou da Palavra, segundo a explicação dada pelo próprio Mestre. A comunidade de Mateus provavelmente se questionava sobre o porquê de o Reino de Deus não se propagar como esperado. Aí a comunidade lembra a parábola de Jesus, na qual os terrenos que acolhem a semente são diferentes: um é duro/pisado, outro é espinhoso, outro é pedregoso e há também o fértil, que produz cem, sessenta e trinta. Portanto, a semente (a Palavra/o Reino) em si tem a força, mas pode não encontrar ambiente propício para frutificar. O semeador não é um incompetente que joga a semente à toa, mas é um “camponês pobre”, que planta no pequeno terreno que lhe resta, depois que se espalhou o latifúndio na Galileia. Assim como a semente, a Palavra de Deus produz resultado se encontra um coração aberto para acolhê-la e um semeador (comunidade) teimoso em lançá-la.
Oração
Ó Jesus, incansável semeador da boa semente, dá-nos a capacidade de entender que nem toda palavra boa cai em coração aberto e receptivo. Tu nos ensinas que o importante é semear a tua Palavra, sem cessar e por toda parte. No tempo e lugar oportunos, os frutos vão aparecer. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Recadinho

Meu coração é sempre bom terreno para acolher a semente do bem? - A semente da Fé foi colocada em meu coração no Batismo. Tem crescido sempre? - Procuro ouvir a Palavra de Deus para fazer crescer minha Fé? - A semente da Graça de Deus cai sempre em meu coração? - Crio condições para que a Graça de Deus possa frutificar?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 13/07/2014

Comentário do Evangelho

A EFICÁCIA DA PALAVRA

A parábola evangélica ilustra a benevolência do Pai, no seu desejo de salvar a todos, sem distinção. Ninguém está, de antemão, excluído da salvação. Tudo dependerá da disposição e do empenho com que se acolhe a comunicação do Pai.
A semente caída à beira do caminho ilustra a atitude de quem se relaciona com o Pai, de maneira superficial e leviana. A que caiu em terreno pedregoso é símbolo de um coração impermeável aos apelos divinos. A que caiu entre os espinhos aponta para os corações preocupados com múltiplas tarefas, a ponto de faltar-lhes tempo para um diálogo amoroso com o Pai. Enfim, a semente lançada em terra fértil simboliza quem se abre para acolher a Palavra de Deus e se deixa transformar por ela.
A eficácia da Palavra de Deus no coração humano revela-se no modo de viver de quem a acolhe. Somente o testemunho de uma vida pautada no amor e na justiça é um indicativo seguro de que a Palavra está produzindo frutos. O percentual - cem, sessenta ou trinta - dependerá do maior ou menor enraizamento da Palavra na vida do discípulo do Reino. Isto irá ser diferente, de pessoa para pessoa. O importante é que a semente não se perca e produza os frutos esperados. O espaço para a generosidade fica sempre aberto. A eficácia da Palavra não tem limites.
Oração
Espírito que faz a Palavra frutificar, transforma meu coração em terra fecunda, onde se produzam frutos de amor e de justiça.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 13/07/2014

Meditando o evangelho

QUEM TEM OUVIDOS PARA OUVIR, OUÇA!

A afirmação de Jesus pode soar estranha, se tomada no seu sentido superficial, pois todo ser humano tem ouvidos e, excetuando os surdos, todos estavam em condições de ouvi-lo. Mas o sentido das palavras do Mestre era bem outro. Para entendê-lo é preciso recorrer à antropologia bíblica, para a qual o "ouvido" tem um simbolismo importante. São muitas as imagens da Bíblia referentes a este sentido do corpo humano.
O ouvido tem a ver com a vida e o modo de proceder do ser humano. Quando alguém "abre os ouvidos", demonstra o desejo de comunicar-se e de entrar em comunhão com o seu semelhante. "Fechar os ouvidos" denota ruptura e recusa do outro. "Clamar aos ouvidos de alguém" é sinônimo de inculcar-lhe uma idéia. "Inclinar o ouvido" significa dar atenção ao outro. Estar "ao ouvido de alguém" é estar em sua presença. "Falar no ouvido" é conversar em segredo.
Interpelando os discípulos para abrir os ouvidos e ouvi-lo, Jesus os exortava a darem atenção às suas palavras para tirar delas lições de vida. As palavras do Mestre poderiam ser entendidas de duas maneiras: como um apelo a se esforçarem para ser o bom terreno onde a semente pudesse dar frutos abundantes; e como um alerta para que contassem com diferentes tipos de pessoas, no exercício da missão, sem se deixarem abater por isso. Ambos os casos teriam incidência direta sobre a vida deles.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, dá-me ouvidos dóceis que me coloquem em comunhão com Jesus, de modo que eu possa deixar-me instruir e me transformar por ele.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A Horta do Sêo Justino
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Quando morávamos á rua Antonio Fernandes, na minha adolescência (já faz tempo), meu pai mantinha no fundo do nosso quintal uma modesta horta que se resumia a três canteiros, porém muito bem cuidados, e em certas tardes de intenso calor, lembro-me dele, armado com um velho pano de enxugar pratos, espantado borboletas amarelas e pardais que insistiam em assentar sobre o canteiro. Eu me divertia em ver a seriedade com que fazia essa tarefa e um dia, percebendo que era alvo da minha atenção, fez um comentário que está bem ligado ao evangelho desse domingo “A terra é boa, está bem regada e adubada, e a semente das verduras é de ótima qualidade, mas se a gente abandonar o canteiro e não dar atenção, os passarinhos comem tudo e as borboletas amarelas irão praguejar as folhas”.
E assim, o “Teólogo” Sêo Justino, me ensinava desta forma bem simples, que tudo o que é bom, além de cultivado, deve ser mantido e conservado, porque há fatores externos que destroem o que foi semeado. No tempo de Jesus, a técnica de plantio de sementes sofria muita perda, pois o semeador saia pelo campo, jogando as mesmas em todos os tipos de terreno, claro que hoje, com toda a tecnologia disponível na agricultura, o aproveitamento das sementes é cem por cento, e elas só são atiradas em locais preparados para o plantio, não havendo mais esse perigo de cair em terra improdutiva.
Porém, o jeito tecnicamente errado de fazer a semeadura, por aqueles tempos, mostra de maneira bem clara a bondade de Deus, que quer salvar a toda humanidade e por isso, o seu Filho Jesus, lança as sementes do reino em todos os tipos de terrenos, existentes no coração humano, a semente é eficaz, e o semeador sabe muito bem o que está fazendo, pois se a terra árida, pedregosa ou espinhenta, aonde foi lançada a semente, passar por uma transformação, haverá grande chance da semente frutificar.
Jesus não fica escolhendo as pessoas para anunciar sua palavra e plantar o reino em seu coração, todo homem tem acesso, e não passará por esta vida sem conhecer a palavra que é a todos revelada, pois Deus busca, procura e alcança a cada homem neste mundo. Uma outra comparação muito boa para compreender esta parábola, é lembrarmos daquela brasinha de final de churrasco, que sobrou na churrasqueira e tendo passado a noite inteira, no dia seguinte, ao remexer as cinzas lá está ela, basta um sopro e se transformará em chama nova que incendeia e aquece em redor, a semente está sempre plantada dentro de nós a espera de quem a ajude a germinar.
Na verdade, o evangelho nos obriga primeiramente a olhar para dentro de nós, onde iremos nos surpreender ao constatar que em nosso coração, a semente da palavra de Deus sempre é jogada abundantemente em todas as celebrações, e que apesar de sua eficácia e potencial para frutificar, muitas vezes não germina, pois há muita terra seca, batida e pedregulhos, que não a deixa brotar, há muito espinho que sufoca o anúncio dentro de nós, além dos pássaros, que são aqueles ideais contrários ao reino de Deus, e que de maneira furtiva, entram em nosso coração e roubam a semente do bem.
Mas se por um lado recebemos a semente continuamente, somos também enviados como missionários para semear a Boa Nova no coração das pessoas, e aí precisamos nos perguntar com muita honestidade, será que fazemos como Jesus, o Filho de Deus, espalhando a semente em todos os corações, sem se importar com o tipo de terreno que tem ali, ou só queremos semear em terra fértil? O verdadeiro missionário está sempre arriscando, pois o que importa é espalhar as sementes para que todo homem tenha a chance de conhecer a Jesus Salvador.
Só iremos dar conta dessa missão se primeiramente soubermos cultivar em nós a boa semente da Palavra, estando atento a cada instante, revolvendo a terra com o arado da oração, adubando-a com o verdadeiro maná que é a Santa Eucaristia, para assim manter o nosso canteiro, vivendo na unidade e a comunhão com todos, espantando, como fazia meu pai com aquele pano de prato, qualquer mal que possa impedir a semente de brotar em nosso coração, estando assim bem vigilante para fazer o bem, em todas as oportunidades que Deus nos conceder nessa vida.
E por último, vamos também refletir e entender, que em todas as nações, povos, culturas e religiões, Jesus, o Verbo Divino encarnado em nossa história, semeou a palavra e o seu Reino, e assim, iremos reconhecer na diversidade de culturas, nações e religiões, a presença fortalecedora e restauradora do Bem supremo, que brota do coração de Deus, e em Jesus atinge o coração de todo homem, transformando o que é seco em fertilidade, o pedregulho em fertilizante de primeira qualidade, e os malfadados espinhos, em belas flores que exalam para todos o perfume do amor de Deus, derramado em nós por Jesus Cristo...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Jesus sentou-se à beira-mar e uma grande multidão ajuntou-se em seu redor - Mt 13,1-9
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

O grande campo no qual a Palavra de Deus é semeada somos nós, nossa família, nossa cidade, a sociedade que organizamos, o mundo em geral. Deus fala a este mundo constantemente e de diversas maneiras. Uns escutam e outros não. A uns é dado escutar e outros não querem ouvir. Quem recebe a graça de ouvir e praticar a Palavra de Deus não se sinta privilegiado, e sim responsável pelos outros. Faça-se presente na beira do caminho, na terra pedregosa, no meio dos espinhos, para que ninguém se perca.
Você ouve a Palavra e não a compreende. O Maligno vem e a tira do seu coração. Ou você recebe a Palavra com alegria, mas sua firmeza não é permanente e você desiste diante da primeira dificuldade. Ou você vive sufocado pelas preocupações deste mundo e pela ilusão da riqueza. A Palavra sufoca-se em você e não produz fruto. Mas você também pode ouvir a Palavra, compreendê-la e pô-la em prática, produzindo frutos. Semear a semente em terra boa, cuidar de seu desenvolvimento e colher os frutos com cuidado, tudo isso supõe esforço, suor, sofrimento. O suor custa mais do que as lágrimas. Lamentar-se é mais fácil do que enfrentar uma situação e assumir as consequências da atitude tomada.
Não pensemos, porém, que a Palavra de Deus se perde. Ela produzirá frutos no devido tempo, porque a Palavra que sai da boca de Deus não volta a ele vazia. A Palavra paira em cima do mundo e de cada pessoa, até ser ouvida e praticada. Se o coração de muitos se tornou insensível, há sempre alguém que vê e alguém que ouve. Vença as etapas e supere as dificuldades do terreno! Avance, semeie e não volte até encontrar terra boa que produza frutos bons!

Homilia, por Pe. Paulo Ricardo


Quatro terrenos e duas cidades

O Evangelho deste Domingo é a famosa parábola do semeador. Em seu caminho, ele encontra quatro tipos de terreno. O primeiro, à beira do caminho, significa “todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende”: “vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração”. Trata-se de pessoas que sequer chegaram a entrar na Igreja; que se detêm diante das ruínas da Civilização cristã, sem saber qual edifício existia antes delas.
Essas pessoas precisam ser conquistadas para Nosso Senhor. Por isso, em outra passagem, Ele diz que tornará os que O seguem “pescadores de homens” [1]. O trabalho de evangelização é como uma pescaria. Para que o peixe fisgue o anzol, é necessária uma isca atraente. Do mesmo modo, para que se traga as pessoas para a Igreja, é preciso que elas se sintam atraídas pela boa nova de Cristo. Não se trata de desfigurar o Evangelho, tornando-o menos exigente e adequando-o aos gostos do mundo moderno, mas de apresentar a Palavra de uma forma que o homem compreenda que “não só de pão vive o ser humano, mas de tudo o que procede da boca do Senhor” [2]; que Nosso Senhor é a única resposta à fome que todo ser humano carrega dentro de si.
O segundo tipo de terreno é “aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas (...) quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, ele desiste logo”. São as pessoas que não compreenderam a analogia do grão de trigo, que só dá frutos se cai na terra e morre [3]; que não entenderam que é impossível seguir Cristo sem abraçar a Cruz e o sofrimento. E isto, não porque gostemos de sofrer, mas porque somos convidados por Deus ao amor e, nesta vida, não é possível amá-Lo sem a experiência da dor e da morte.
Infelizmente, uma ideologia frequente entre pessoas de Igreja tem pregado que a Cruz é algo “medieval” ou “romanista”. Mas o Evangelho não é medieval, tampouco as palavras de Cristo: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me” [4] são romanas. Trata-se, ao contrário, de pagar o preço por ser discípulo de Cristo. Evidentemente, essa não é a primeira coisa a ser apresentada a quem ainda não conhece a Palavra, mas, mesmo no início do seguimento de Jesus, é preciso que a pessoa se disponha a uma renúncia. São Pedro e Santo André, por exemplo, ao serem chamados, conta o Evangelho, “deixaram as redes e o seguiram” [5].
O terceiro terreno do qual fala Nosso Senhor é o dos espinhos: trata-se daquele “que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele não dá fruto”. Embora tenham entrado na Igreja, essas pessoas entregam-se ao amor próprio desordenado, vivendo segundo a lei: “foge da dor, busca o prazer”. Imersas em suas preocupações, elas tentam, a todo o custo, fazer que a sua casa, construída na areia, não caia; que aquilo que é do mundo não passe. Cultivam a ilusão de que o acúmulo de riquezas pode dar-lhes a felicidade. Colocam o coração nos bens deste mundo, ao invés de elevarem o seu coração a Deus, como exorta a Liturgia: “Sursum corda! – Corações ao alto!”
Tragicamente, são muitas as pessoas dentro da Igreja que vivem assim. Enquanto o primeiro terreno de que fala Jesus nunca fez parte da Igreja e o segundo, embora tenha entrado nela, não lhe pertence mais, do terceiro apenas se diz que “não dá fruto”. Trata-se de pessoas sentadas nos bancos de nossas igrejas, mas contaminadas por uma mentalidade mundana, aquela que Santo Agostinho ponta como fundando a cidade dos homens: “Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial” [6].
O quarto terreno, bom e fecundo, é o único sobre o qual se edifica a cidade de Deus. Refere-se a “aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta”. Para que o terreno de nosso coração seja assim, é preciso que procuremos compreender a Palavra de Deus – ao contrário do primeiro terreno –, que estejamos prontos para amar, abraçando de alguma forma a Cruz e o sofrimento – ao contrário do segundo – e, por fim, que renunciemos ao pensamento mundano, que pede que fujamos da dor e busquemos o prazer – ao invés do terceiro terreno. Sigamos esse itinerário e caminhemos juntos para a cidade celeste.

Referências:
Mt 4, 19.
Dt 8, 3.
Jo 12, 24.
Lc 9, 23.
Mt 4, 20.
De Civitate Dei, 2, XIV, XXVIII.
Fonte: Reflexões Franciscanas em 13/07/2014

HOMILIA

A PARÁBOLA DO SEMEADOR

Estamos diante de um capítulo marcado pelas parábolas do mestre que representa a forma eficaz da pedagogia de Jesus.
Com esta parábola aprendemos que o serviço do missionário é semelhante ao do semeador que lança a semente ou seja a palavra de Deus. Neste episódio Deus quer que a Sua palavra seja anunciada e exposta e que as pessoas estejam reunidas para ouvi-la. Pois ela descreve o que acontece no dia a dia das pessoas.
Por outro, assim como o semeador deve lançar a boa semente, assim o pregador. Ele precisa semear a pura Palavra de Deus e não as tradições da Igreja ou as doutrinas humanas. O pregador precisa ser diligente. Não pode poupar esforços. Precisa lançar mão de todos os meios possíveis para fazer o seu trabalho prosperar. Deve pregar a palavra oportuno quer não. Ele não pode deixar-se deter por dificuldades e desencorajamentos.
Ele pode espalhar a semente que lhe foi confiada, mas não pode ordenar que ela cresça. Ele pode oferecer a palavra da verdade a um povo, mas não pode fazer as pessoas receberem a palavra e produzir fruto espiritual. Porque Produzir vida é uma prerrogativa soberana de Deus.
O ensinamento do texto é uma advertência de que podemos refletir sobre um sermão com o coração endurecido, em que o sofrimento de JESUS pode ser exposto diante de você e você ouvir com total indiferença, como não se ouvisse nada!
Tão rápido as palavras chegam aos seus ouvidos e na mesma velocidade o diabo arranca de você e você volta para casa como se não tivesse ido a lugar algum.
O texto nos deixa duas verdades claras:

Primeira: Podemos ouvir a palavra de Deus com prazer, enquanto que a impressão produzida em nós é apenas temporária e de pouca duração.
Nosso coração, como o “solo rochoso” da parábola, pode produzir um mundo de sentimentos e boas resoluções. Porém, durante todo o tempo, pode não haver raízes profundas em nossa alma, de maneira que o primeiro vento frio de oposição ou tentação, pode fazer secar a nossa aparente religião.
E infelizmente há muitos ouvintes nessa classe! A mera apreciação a palavra de Deus não é sinal da presença da graça divina. Muitas pessoas são batizadas como os judeus nos dias de Ezequiel: “Você não passa de um divertimento para eles, como um cantor que canta belas canções de amor, ou como um músico que toca bem o seu instrumento. Ouvem o que você fala, mas não põem uma palavra em prática”. (Ez. 33.32).

Segunda verdade do texto: Podemos ouvir a palavra de Deus aprovando cada palavra, e, no entanto, não tirar dela qualquer benefício real.
Nosso coração tal como o solo recoberto de espinhos, pode se deixar afogar pelos cuidados e prazeres mundanos. Podemos realmente apreciar o evangelho e desejar obedece-lo, mas no entanto, insensivelmente, não dar qualquer oportunidade ao evangelho de produzir seu fruto sobre nós.
E infelizmente também existem muitos ouvintes dessa natureza! Eles conhecem bem a verdade. Esperam que um dia serão cristãos decididos. Porém, jamais chegam ao ponto de desistir de tudo por amor a Cristo. - Eles nunca tomam a decisão de “buscar em primeiro lugar o reino de Deus”, e por isso mesmo, acabam morrendo em seus pecados.
Esses são dois pontos que deveríamos pesar cuidadosamente. Nunca deveríamos esquecer que há várias maneiras de se ouvir a Palavra de Deus sem proveito.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 13/07/2014

REFLEXÕES DE HOJE

12 DE JULHO-DOMINGO

Que as ilusões materiais não sufoquem a força da Palavra em nosso coração!

O excesso de preocupações, como a ilusão com os bens materiais e com as riquezas deste mundo, sufocam a força da Palavra de Deus em nosso coração.

“Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração” (Mateus 13, 19).

É preciso cultivar a semente, cuidar para que ela cresça, para que ela não seja sufocada, esmagada e desprezada, porque se ela [semente] é bem cuidada, se ela é bem acolhida, ela vai crescer e se tornar uma árvore esplendorosa e vai produzir muitos frutos.
A primeira coisa para que isso aconteça: atenção ao escutar a Palavra de Deus, não deixe que as distrações da mente e as distrações do lugar onde você está tomem a atenção que a Palavra de Deus quer ter no seu coração – lugar único, nós não podemos colocar a Palavra de Deus junto com nenhuma outra coisa. Ou nós damos a primazia à Palavra de Deus ao escutá-la ou ela não vai produzir frutos em nós.
Do outro lado é preciso criar raízes, é preciso ouvir essa Palavra e deixar que ela entre na profundidade do nosso ser, porque só a Palavra enraizada em nós fecunda, cresce e produz frutos. Muitas vezes passamos anos ouvindo a Palavra de Deus, escutando a Palavra do Senhor e não permitimos que ela crie raízes em nosso coração.
A outra coisa necessária para isso é não sermos vencidos pelas preocupações do mundo e pelas ilusões da riqueza, porque tanto o excesso de preocupações como a ilusão com os bens materiais, com as riquezas deste mundo, sufocam a força da Palavra de Deus em nosso coração.
Por essa razão você precisa realmente dar o primeiro lugar à Palavra de Deus ao buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus; o restante virá em consequência disso. Não sufoque, não coloque de escanteio e não despreze a Palavra de Deus, porque, ao ser bem acolhida e ao entrar na essência e com profundidade em nosso coração, ela produzirá muitos frutos.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 13/07/2014

Oração Final
Pai Santo, dá-nos a consciência de que é preciso preparar o terreno do nosso coração para acolher tua Mensagem e transformá-la em vida. Queremos ser terra boa, adubada com cuidado para fazer florescer as sementes do Reino lançadas pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/07/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai que muito amamos, dá-nos um coração sensível, para que: enxergando, nós possamos ver; ouvindo, nós possamos compreender; e vivendo, nós possamos testemunhar aos irmãos as maravilhas de teu Reino de Amor – anunciadas por Jesus Cristo, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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