13 de Outubro de 2013
Ano C

Lc
17,11-19
Comentário do Evangelho
É uma palavra que comunica o Sopro de Deus e faz viver.
O
episódio da purificação do sírio Naamã, um pagão, pelo profeta Eliseu, já foi
evocado por Jesus, no início do terceiro evangelho (4,25-27), para responder às
objeções dos nazarenos do porquê Jesus não havia realizado em sua própria
pátria os atos de poder realizados em Cafarnaum: “Certamente ireis me citar o
provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Tudo o que ouvimos dizer que fizeste
em Cafarnaum, faze-o, também, aqui, em tua pátria” (4,23). Mas a falta de fé
impedia os conterrâneos de Jesus de acolhê-lo como dom de Deus e de ver em sua
pessoa a irrupção da vida de Deus em favor de toda a humanidade. O que eles
pensavam saber de Deus os cegava. Desse modo, Nazaré passará a ser o protótipo
de Israel, que rejeita a salvação no modo como ela é oferecida por Deus ao seu
povo, na plenitude do tempo. Essa rejeição será utilizada, no Novo Testamento,
como um dos argumentos para afirmar a abertura da salvação aos pagãos.
O evangelho deste domingo trata da cura por Jesus
de dez leprosos, entre os quais um samaritano, um estrangeiro (cf. v. 18), o
único que retorna a Jesus para agradecer (cf. v. 16). Nós já conhecemos a
situação dos leprosos e como, mesmo do ponto de vista religioso, eles eram
desprezados e excluídos da graça de Deus. O Levítico descreve a situação com
detalhes: “O leproso portador desta enfermidade trará suas vestes rasgadas e
seus cabelos sem pentear; cobrirá o bigode e clamará: Impuro! Impuro!… morará à
parte: sua habitação será fora do acampamento” (Lv 13,45-46). A lepra era tida
como castigo de Deus e somente Deus podia libertar a pessoa de tal enfermidade
(cf. Nm 12,9-13). Há uma outra purificação de um leproso, em Lucas 5,12-14, com
o mesmo alcance messiânico. “Dez” era o número dos leprosos que gritam
implorando compaixão (cf. vv. 12-13). Não há qualquer gesto, ao contrário da
história de Eliseu; somente a palavra de Jesus foi suficiente para
purificá-los. É uma palavra que é e comunica o Sopro de Deus que faz viver;
palavra eficaz, pois, “enquanto estavam a caminho, foram purificados” (v. 14).
“Dez” é um número que simboliza a totalidade de um povo. Todo um povo é
visitado pela graça de Deus. No entanto, dos dez somente um retorna para
agradecer; os outros nove não souberam reconhecer o tempo da graça e da
salvação. A cura da lepra é um dos sinais dos tempos messiânicos (cf. 7,22-23).
A salvação da qual Jesus é portador e oferta a todos. Mas, se os dez foram
beneficiados pela Palavra do Senhor, por que somente o samaritano reconheceu e
retornou para agradecer? “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde
estão?” (v. 17). Somente o samaritano, considerado herético pelos judeus, é que
retornou cumprindo a missão de Israel (cf. Sl 96[95],1-3). O texto interpela o
leitor do evangelho: quão difícil é reconhecer o Reino de Deus que se aproxima.
O que é necessário fazer ou cultivar para que não percamos a oportunidade de
reconhecer o tempo em que somos visitados?
Não obstante nós mesmos, “Deus permanece fiel,
mesmo quando nós lhe somos infiéis, pois não pode negar-se a si mesmo” (2Tm
2,13).
Vivendo a
Palavra
Aquele
homem foi um dos dez curados da lepra. Eu sou um dos muitos curados por Jesus.
Será que reconheço as curas operadas em mim pelo Senhor? Sou agradecido por
isto? Demonstro gratidão, testemunhando aos irmãos o inefável amor com que somos
agraciados pelo Pai Misericordioso?
Meditação
Que lugar ocupa a gratidão em sua vida?
- Com relação a Deus, você mais pede ou mais agradece? - Reconhece e retribui
os gestos de generosidade que encontra no seu dia a dia? Cite alguns
testemunhos de fé que você dá. - Conhece alguém que é de uma fé inabalável?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
REFLEXÕES DE HOJE

13
DE OUTUBRO - DOMINGO
VEJA MAIS HOMILIAS
DESTE DOMINGO
Liturgia comentada
Era um samaritano... (Lc 17,11-19)
No Evangelho de São Lucas – que
escreveu para um público de cristãos provenientes do paganismo – a figura do
estrangeiro merece o maior destaque. Em contraste com a dureza de coração do
Povo Escolhido, sobram elogios de Jesus para a fé cega do centurião romano (Lc
7,9), a gratidão do leproso samaritano(Lc 17,18), além do ato de fé do outro
oficial romano aos pés da cruz (Lc 23,47) e da confiança inabalável da
siro-fenícia (Mt 15,28). E Jesus, admirado: “Não vi fé igual em Israel.” Isto
é, era de esperar que o Povo da Aliança manifestasse uma fé fosse maior, mais
fácil, mais visível. Quem dera!
Desta vez, temos dez leprosos: nove
judeus e um samaritano. Aos olhos dos judeus, o samaritano era inimigo,
herético, idólatra, bastardo, impuro (cf. Eclo 50,27-28). Eram incomunicáveis
(cf. Jo 4,9). Naturalmente, a desgraça comum – a lepra que os atingira – tinha
colocado os dez no mesmo nível, superadas as divergências religiosas e sociais.
Daí estarem juntos naquelas fronteiras entre Judeia e Samaria.
Assim, todos os dez clamam à passagem
de Jesus, pedindo cura e compaixão. Jesus prontamente os remete aos sacerdotes
do Templo, que tinham o encargo de examinar o ex-leproso e dar-lhe um atestado
de saúde (cf. Lv, cap. 12 e 13). Obedecendo – o que supõe um ato de fé -, eles
se põem a caminho para Jerusalém. Na estrada, os dez se veem curados. Enquanto
os nove judeus seguem adiante, em busca do tão desejado atestado de saúde, o
estrangeiro (o samaritano) volta-se para Jesus, para dar graças pela cura
recebida.
O Evangelho não chega a dizer que os
nove judeus são mal-agradecidos. Mas é claro que, para eles, a declaração de
pureza sanitária vinha em primeiro lugar. Também em nossa vida, nós corremos o
risco de deixar a ação de graças em último plano, enquanto procuramos sempre a
Deus em busca de vantagens pessoais: paz interior, cura física, progresso
material, sucesso no vestibular, melhores salários...
Ora, o Senhor tem coisas melhores para
nos dar, a começar por seu próprio Espírito, que nos convence da filiação
divina e nos leva a chamar a Deus de Pai. Deus tem para nós dons de eternidade,
que não passam com tempo, não acabam roídos pela inflação nem corroídos pelo
tempo.
Que vale mais para nós? A gratidão ou o
atestado de saúde?
Orai sem cessar: “Fora de vós, Senhor,
não há felicidade para mim!” (Sl 16,2)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
13 de outubro – 28º
DOMINGO DO TEMPO COMUM
A GRAÇA DE DEUS E NOSSO AGRADECIMENTO
I. INTRODUÇÃO GERAL
A
liturgia do 28º domingo comum nos apresenta um tema bem caro ao evangelista
Lucas e muito esquecido em nossa sociedade: a gratidão. Em nossos dias de
individualismo e de egocentrismo exacerbado, por causa do mito do bem-estar e
da idolatria do mercado, a gratidão brilha como uma luz nas trevas.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (2Rs 5,14-17)
A 1ª
leitura é a história da gratidão de Naamã, o general sírio que
ficou leproso. Aconselha-se, aos padres ou ministros da Palavra, que
expliquem e contextualizem bem esta leitura, pois o trecho prescrito no
Lecionário ficou muito truncado. O recorte litúrgico exige pelo menos uma
pequena introdução narrativa, para pôr os ouvintes a par do que precedeu à
entrada de Naamã na água do Jordão! É preciso lembrar como esse
estrangeiro concebeu a ideia de consultar um profeta de Israel e,
sobretudo, como ele queria montar um espetáculo, levando ricos
presentes e vestes (2Rs 5,5). O poderoso general sírio queria que o
profeta Eliseu o curasse por sua palavra, mas Eliseu o mandou banhar-se no
Jordão, para que ficasse claro que não era Eliseu quem curava, e sim o Senhor
de Israel e das águas do Jordão. O general, apertado, aprendeu a obedecer.
Então
veio a hora de agradecer. Novamente, Naamã quer mostrar seu prestígio
oferecendo um presente digno de príncipe. Eliseu recusa, pois quem agiu não foi
ele, mas foi Deus! Então vem o comovente fim da história: curado não só de sua
lepra, mas de seu orgulho de militar, Naamã pede para levar consigo,
nos jumentos, umas sacas de terra, para poder adorar, na Síria, o Deus de
Eliseu sobre o chão de Israel! Além disso, pede antecipadamente perdão, porque,
como funcionário real, terá que adorar também, de vez em quando, o deus
sírio Remon; e Eliseu responde: “Pode fazer tranquilamente”…
As
lições dessa história são diversas: a gratuidade do agir de Deus,
pois o que o move não são as manias militarescas ou os presentes, mas
a simples confiança de Naamã; a humildade do profeta, que só
quer que Deus apareça; a comovente gratidão do sírio; a abertura de espírito do
profeta quanto às obrigações religiosas do sírio; o fato de ele ser estrangeiro
e, nesse sentido, o fato de Deus o atender gratuitamente, sem “ter
obrigações” para com ele…
2. Evangelho (Lc 17,11-19)
O
evangelho lembra, sob vários aspectos, a história de Naamã (1ª
leitura). Trata-se de lepra. Dez leprosos são curados não imediatamente
(exatamente como Naamã), mas somente depois de ter mostrado confiança
inicial na Palavra de Jesus, que os mandou mostrar-se aos sacerdotes.
Porém, quando eles obtêm a cura, a história se torna menos emocionante que a
de Naamã: torna-se um caso grave de ingratidão. Só um dos dez volta para
agradecer, e este é, por sinal, um estrangeiro (como Naamã), e, além
disso, samaritano, inimigo dos judeus.
Parece
que a graça de Deus é melhor acolhida pelos estrangeiros. E é verdade, pois os
estrangeiros se sabem agraciados, enquanto as pessoas da casa acham que tudo
quanto recebem é “por direito” e que, portanto, não precisam agradecer!
Esquecem que tudo é graça. Acham que estão quites quando cumprem as
prescrições: mostrar-se aos sacerdotes. Sua atenção é absorvida por seu próprio
sistema. Por isso, diz-se que os piores cristãos são os que moram perto da
Igreja: apropriam-se da religião e esquecem o extraordinário de tudo o que Deus
faz.
3. II leitura (2Tm 2,8-13)
Na 2ª
leitura, o “testamento de Paulo” (cf. domingos anteriores) chega ao ponto mais
significativo: Paulo confia a seu cooperador, Timóteo, o evangelho que ele
mesmo pregou, o anúncio da ressurreição de Cristo, que garante também a nossa
ressurreição – se ficarmos firmes na fé nesta palavra. Quem segue no trilho do
Apóstolo arrisca-se. O amor ao Evangelho e aos “eleitos” exige empenho total.
Isso é possível a partir da certeza de que Cristo foi ressuscitado dos mortos
(2,8). Paulo está algemado, mas a palavra não está algemada (v. 9)!
As
últimas frases da perícope (2Tm 2,11-13) formam um hino. A palavra
que é verdadeira nos ensina: se morrermos com Cristo, viveremos; se formos
firmes, reinaremos com ele; se o renegarmos, ele nos renegará; – e agora vem
uma quebra surpreendente nos paralelismos – se formos infiéis, ele será… fiel!
À nossa infidelidade, Deus responde com sua fidelidade, pois não pode negar seu
próprio ser!
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
Gratidão: os textos
nos convidam a refletir sobre a gratidão. A 1ª leitura nos oferece uma das mais
belas histórias do Antigo Testamento. Naamã, general sírio, foi curado da
lepra pelo profeta israelita Eliseu. Para mostrar a sua gratidão, levou consigo
para a Síria, nos seus jumentos, uns sacos cheios de terra de Israel, para, lá
na Síria, adorar o Deus de Israel no seu próprio chão! Em contraste com este
exemplo de singela gratidão, o evangelho narra a história dos dez leprosos
curados por Jesus, dos quais apenas um voltou para agradecer. E esse era,
por sinal, um estrangeiro (como o general sírio), pior, um samaritano, inimigo
do povo de Jesus…
Gratuidade
do agir de Deus, gratidão por tudo o que Deus faz: tudo é graça. O tema da
gratidão é bem enquadrado pela liturgia toda. A oração do dia reza que a
graça de Deus deve preceder e acompanhar nosso agir; devemos estar atentos ao
bem que Deus nos dá para fazer. O salmo responsorial (Sl 98[97])
e a aclamação ao evangelho estão no mesmo tom. É também o dia indicado
para ler o belo prefácio comum IV: agradecemos a Deus até o dom de o
louvar! Graça, gratuidade, gratidão, agradecimento: é o momento de ensinar ao
povo o parentesco, não apenas etimológico, mas vital, dessas palavras.
As
antigas orações estão cheias de ação de graças. O próprio termo “eucaristia”,
que indica a principal celebração cristã, significa “ação de graças”. Contudo,
quando se faz, depois da comunhão, uma ação de graças partilhada, a maioria das
pessoas dificilmente consegue formular um agradecimento; a oração de pedido é
que lhes vem aos lábios. Numa missa, depois da comunhão, o padre convidou os
fiéis a formular orações de louvor e gratidão, não de pedido, mas a primeira
voz que se fez ouvir rezou: “Eu te agradeço, Senhor Deus, porque te posso
pedir por meu marido e meus filhos…”.
A
gratidão é uma flor rara. Brota, frágil e efêmera, nas épocas de trocar
presentes (Natal, Páscoa…), mas desaparece durante o resto do ano. Quase
ninguém agradece pelos dons que recebe continuamente, dia após dia: a vida, o
ar que respira, os pais, irmãos, vizinhos…
Se
fosse apenas o costume de pedir, não seria grave. Pedir com simplicidade pode
ser outra face da gratidão – como aquele frei que, depois de uma boa sobremesa
na casa de uma benfeitora, assim falou: “Minha senhora, não sei como mostrar
minha gratidão por esse almoço e essa sobremesa tão gostosa… posso pedir mais
um pedaço?”. Ao contrário, porém, a mania de pedir sem
agradecer reflete a mentalidade de nosso ambiente: sempre querer levar
vantagem. Será por causa das dificuldades da vida? Mas os que têm a vida mais folgada
é que mais pedem sem agradecer… Falta motivação para se dirigir em simples
agradecimento àquele que é a fonte de todos os bens. Talvez não seja apenas a
gratidão que desapareceu. Receio que Deus mesmo tenha sumido dos corações.
Não só
as pessoas individuais, também as comunidades eclesiais devem precaver-se desse
perigo. Lutar pelo amor-com-justiça é bom e necessário, mas a luta deve estar
inspirada pela visão alegre e alentadora do bem que Deus dispõe para todos, e
não pela insatisfação e frustração. Um espírito de gratidão pelo que já se
recebeu, em termos de solidariedade e fraternidade, é o melhor remédio para que
a luta não faça azedar as pessoas. Então a desgraça que se vive não abafará a
gratidão; será apenas um desafio a mais para que tudo o que fizermos seja uma
ação de graças a Deus, conforme a palavra de Paulo na 2ª leitura.
Pe. Johan Konings, sj
Nascido
na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor
em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade
Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na
Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a
partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de
Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão; Evangelho segundo
João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
E-mail:
konings@faculdadejesuita.edu.br
13 de outubro – 28°
DOMINGO COMUM
“TUA FÉ TE SALVOU”
A primeira leitura e o evangelho de hoje se assemelham ao relatar a cura
de pessoas doentes. O profeta Eliseu cura o sírio Naamã, usando como terapia o
banho no rio Jordão; e Jesus, a caminho de Jerusalém, cura o grupo dos dez
homens, dos quais apenas um volta para dar glória a Deus.
Quando Cristo realizava os milagres, não tinha como objetivo fazer
alarde de sua condição divina, tampouco ser visto como “todo-poderoso”; na
verdade, sempre se opôs a tais atitudes. Seus milagres devem ser vistos na
perspectiva libertadora do reino de Deus e como sinais messiânicos desse reino.
Pois assim fez ele em várias ocasiões: na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,31-34),
na casa de Pedro (cf. Mt 8,14-15), diante da mulher enferma (cf. Lc 8,43-48).
Os milagres são, na verdade, sinais da presença salvadora do reino do Deus vivo
e atuante na história e parte integrante da boa-nova anunciada por Cristo por
meio de palavras e obras.
Mas de onde eles brotam? São frutos da fé que os destinatários tinham em
Jesus: “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé de salvou”. Ou seja, era a
fé dos favorecidos pelos milagres que suscitava a ação do poder divino presente
em Jesus de Nazaré. A fé era o pressuposto essencial e condição indispensável
para a realização dos milagres. Prova disso é que, onde não encontrava fé, como
ocorreu com seus conterrâneos em Nazaré, Jesus “não pôde” fazer nenhum milagre
(cf. Mt 6,5).
Na atualidade, não raro nos queixamos da falta de milagres em nossa vida
– seja o de ganhar na loteria, seja o de conquistar um bom emprego, a casa nova
ou até mesmo um grande amor. Esquecemo-nos que o maior milagre Jesus já
realizou em nossa vida: acordar todos os dias com a oportunidade de ser
melhores, melhores com nós mesmos e com o próximo.
Ao que parece, o que nos falta é voltar aos pés de Jesus, como fez o
samaritano, e agradecer tão grande dádiva. Confiantes, digamos: “Senhor,
livra-nos da falta de fé”.
Jorge Alves Luiz, ssp
13 de outubro: 28º domingo comum
COMPAIXÃO E GRATIDÃO
Os dez enfermos do evangelho – que atualmente
poderiam ser identificados com os hansenianos – gritam a Jesus que tenha
compaixão, algo que não encontram na sociedade. As doenças de pele que se
reuniam sob o nome “lepra” não tinham cura no tempo de Jesus; hoje, graças a
Deus, a hanseníase tem cura, mas ainda muita gente sofre dessa doença. Os
doentes de pele, além da doença, sofriam a dor da discriminação e da exclusão.
Não podiam conviver socialmente nem ser tocados, pois eram considerados
impuros.
Obedecendo ao mandato de Jesus, enquanto vão
aos sacerdotes, ficam curados. Somente um toma a iniciativa de voltar para
agradecer; era um samaritano, desprezado como estrangeiro. Este nos deixa bela
lição de gratidão. Nesse relato do evangelho encontramos duas nobres atitudes:
a compaixão, por parte de Jesus, e a gratidão, por parte do samaritano.
Aqueles doentes de pele representam as
pessoas que sofrem e são discriminadas e marginalizadas na sociedade. Diante
disso, cabe-nos a pergunta: quem hoje vive o mesmo drama de sua condição? Todos
os que sofrem a exclusão: doentes, dependentes químicos, mendigos de rua das
grandes cidades, certos grupos étnicos e religiosos… Eles, quando encontram
compaixão, que faz cessar a indiferença e resulta em socorro, recuperam a
dignidade e se reintegram ao convívio social. Seu grito, além de denúncia de
sua miséria, é apelo por uma vida mais digna.
O exemplo do samaritano motiva e desperta
nossa atitude de gratidão. Esse gesto enobrece a vida de qualquer cidadão.
Parece que a gratidão hoje saiu de moda ou é algo para os fracos. Certo é que,
na atual sociedade mercantilista, ela está sumindo. Tudo se rege pelo comércio,
pela troca. A gratidão a Deus produz na pessoa agradecida novo olhar, novo
relacionamento com os outros e com a natureza, porque sabe que a sua existência
e a dos outros são dons de Deus. O samaritano que voltou e agradeceu recebe de
Jesus a alegre boa-nova: Tua fé te salvou.
Pe. Nilo Luza, ssp
XXVIII DOMINGO COMUM -
Lc 17,11-19
No tempo de Jesus, a lepra era uma doença que excluía duramente a pessoa enferma do lugar onde vivia e de sua própria família. A pessoa era condenada a viver na periferia das cidades. Um leproso só podia conviver com outros leprosos justamente para evitar o contágio em pessoas “sadias”. Se uma pessoa sadia se aproximasse do lugar onde os leprosos ficavam, estes eram obrigados a gritar para informar que eram contagiosos, impuros, e, além disso, deviam se afastar.
É nesse contexto que Jesus, numa zona de fronteiras entre a Galileia e a Samaria, encontra dez pessoas com lepra na periferia de um povoado; elas aproximam-se dele, mas a uma certa distância, param e gritam: “Jesus, Mestre, tem piedade de nós!”. Estes leprosos pedem ajuda a Jesus. Eles não podem fazer nada por si mesmos, mas podem receber ajuda de alguém que tem poder sobre a sua enfermidade.
Mas o texto parece mostrar que Jesus quer se livrar deles também. Manda eles irem aos sacerdotes, sem ter feito absolutamente nada para curá-los. Segundo as leis do AT, os sacerdotes têm a competência de verificar a cura de um leproso, e, assim, reintegrá-lo na sociedade.
Na I leitura, do II Livro dos Reis, quando o sírio Naamã é curado por Deus, vai apresentar-se imediatamente a Eliseu e agradece ao profeta. Os dez leprosos devem ser, antes de tudo, curados para que possa haver sentido irem se apresentar aos sacerdotes; mas, Jesus, simplesmente os põe a caminhar; e é aí, que vemos a fé e a confiança daqueles leprosos em Jesus, na esperança de que, cumprindo seu mandamento, conseguirão aquilo que desejam.
Um deles, ao perceber que estava curado, toma uma atitude diferente da dos outros nove que correram apressadamente para serem readmitidos na sociedade; este tal retorna a Jesus para agradecê-lo. Aqueles nove olham só para seus próprios interesses, só para o futuro, já não se lembram de quem os livrou daquele destino miserável; e, Jesus, decepciona-se com eles: “onde estão os outros nove?”
Todos gritavam por Jesus quando estavam no momento do sufoco, mas por que só um gritou de agradecimento: glorificando a Deus? Na realidade, é que só para este, a cura foi um verdadeiro encontro com Deus.
E quanto a nós? Quando recebemos uma graça de Deus na nossa vida, o que vale mais para nós? O dom ou aquele que nos concedeu o dom? Quando ganhamos um presente, se a nossa atenção se restringe ao bem material, somos egoístas; se, pelo contrário, se a experiência do presente nos leva a colocar a nossa atenção no amor e na benevolência daquele que nos presenteou, isto torna-se um encontro novo e pessoal com o nosso benfeitor.
Ganhar um presente é muito bom. Mas, dá-nos mais felicidade ainda reconhecer a benevolência e a ajuda daquele que nos presenteou e poder agradecê-lo. Junto com o pedido, a acção de graças deve ser a forma fundamental da nossa oração e da nossa relação com Deus. Quantas vezes durante a nossa vida pedimos, imploramos a Deus por uma série de coisas e quando Ele finalmente nos concede a graça, esquecemo-nos completamente dele. Desta forma, perdemos a chance de reconhecer e experimentar o amor de Deus.
A lepra tinha levado a um primeiro encontro com Jesus, mas um encontro à distância. Movido pela fé em Deus, o samaritano foi curado, sua relação com Deus tornou-se mais íntima, o que lhe rendeu uma fé mais firme.
Assim, podemos dizer que não basta a saúde para ser feliz. Ela é um bem precioso, e deve ser conservada, procurada, com um estilo de vida saudável, com exercícios físicos, reeducação alimentar, é preciso ter paz no coração de quem encontra Deus e descobre o próprio projecto de vida, para ter um bem estar psicofísico profundo. Mas não basta só a saúde, precisamos da felicidade. Jesus nos diz que a saúde não é tudo, mais que a saúde, precisamos nutrir constantemente a esperança e a fé na salvação. E a felicidade consiste no abrir o coração à gratidão de um Deus que nos cura no profundo de toda solidão, de toda a dor.
Que nós também tenhamos a coragem de gritar por socorro ao Senhor para que ele cure a nossa lepra, especialmente, aquela espiritual, a fim de que reconhecendo as maravilhas que ele opera na nossa vida, possamos cada vez mais ter uma fé firme e contagiante.
FONTE: Postado no Google+
Pe. ulrish pais - Sacerdote de Lisboa
O egoísta não reconhece a grandeza do amor
de Deus
Precisamos aprender com este leproso do
Evangelho que não basta pedir, e que um coração egoísta é incapaz de reconhecer
a grandeza do amor de Deus.
“Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a
Deus em alta voz” (Lc
17,15).
Foram dez os leprosos que tentaram se aproximar de Jesus. A
situação da lepra, na época de Jesus, era uma coisa muito dolorosa. Esses dez
leprosos pararam a uma certa distância de Jesus, pois quem era leproso não
podia se aproximar de quem não tinha lepra.
A lepra era uma impureza, não só material, mas também impureza
no sentido religioso da Palavra, e por isso os leprosos mantiveram-se à
distância, pois sabiam que Jesus podia fazer algo por eles. Por este motivo que
de longe gritaram: “Jesus, tenha compaixão de nós!”. E Jesus pede que eles se
apresentem aos sacerdotes. Enquanto eles deram atenção à Palavra de Jesus e
foram adiante, perceberam no meio do caminho que estavam curados. A lepra havia
desaparecido!
Mas, somente um voltou para agradecer. É importante lembrar que
esse “um” era estrangeiro, não era judeu, não fazia parte do povo eleito, não
era parte desse povo consagrado ao Senhor. Esse único estrangeiro, esse
samaritano, voltou glorificando e bendizendo o nome do Senhor.
Jesus, então, diz a ele: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.
Hoje, nós precisamos aprender com este leproso do Evangelho que
não basta pedir. A religião que só pede benefícios, que só busca receber os
benefícios de Deus, mas não é capaz de nos ensinar a ter um coração grato, que
glorifica o Senhor, nos mantêm cativos das nossas lepras e impurezas, porque a
pior delas se chama “egoísmo”. E um coração egoísta é incapaz de reconhecer a
grandeza do amor de Deus.
Essa maldita “lepra” que nos faz egoístas e orgulhosos, nos mantêm
cativos de nós, presos ao nosso pecado; faz de nós pessoas que reclamam por
tudo e quase não agradecem por nada, faz de nós pessoas muito ociosas, com um
desejo, com ímpeto de somente receber graças e não viver em ação de graças.
A graça já acontece, a libertação vem ao nosso caminho, ao nosso
encontro, quando temos um coração agradecido, quando sabemos reconhecer Deus na
nossa vida. Seja mais agradecido! Seja mais homem e mulher do louvor, da ação
de graças! Retire da sua vida o mal da murmuração, da reclamação, de viver
sempre dizendo que as coisas não andam boas e tudo está mal.
O Deus de bondade está conosco. A Ele todo o louvor, toda a
glória, toda a honra, toda ação de graças, pois quando você entrega o seu
coração ao louvor, a bendizer o nome do Senhor, você verá que – a começar pela
sua cabeça – aquilo que tanto o importuna e o deixa “para baixo”, já vai estar
deixando a sua vida.
Que Deus seja glorificado e exaltado na nossa própria vida!
Deus abençoe você!
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO
INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, fazendo uma rede de
comunicação
e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que se neste ambiente
virtual. Rezamos em sintonia com a Santíssima Trindade.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém
Senhor, nós te agradecemos por este dia.
Abrimos, com este acesso à internet,
nossas portas e janelas para que tu possas
Entrar com tua luz.
Queremos que tu Senhor, definas os contornos de
Nossos caminhos,
As cores de nossas palavras e gestos,
A dimensão de nossos projetos,
O calor de nossos relacionamentos e o
Rumo de nossa vida.
Podes entrar, Senhor em nossas famílias.
Precisamos do ar puro de tua verdade.
Precisamos de tua mão libertadora para abrir
Compartimentos fechados.
Precisamos de tua beleza para amenizar
Nossa dureza.
Precisamos de tua paz para nossos conflitos.
Precisamos de teu contato para curar feridas.
Precisamos, sobretudo, Senhor, de tua presença
Para aprendermos a partilhar e abençoar!
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
1- LEITURA
(VERDADE)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto, na Bíblia: Lc 17,11-19
A lepra era uma doença de pele, grave, contagiosa, que impedia a participação e
o relacionamento na vida quotidiana, e também, no culto. No livro Levítico (Lv
13,45-46) esta doença é regulamentada em lei para proteger as demais pessoas do
contato e, não, para ajudar os portadores de lepra. Diz o texto citado: “ Quem
tiver sido declarado doente por afecção cutânea, andará esfarrapado e
despenteado, com a barba coberta e gritará: “Impuro, impuro!” Viverá à parte e
terá sua morada fora do acampamento”. Há o caso de Naamã, curado nas águas do
Jordão e convertido ao deus de Israel (2Rs 5). Os doentes incuráveis se
agrupam. Quando Jesus passa pela Samaria, eles pararam longe para não
contaminarem. Dali gritaram pedindo ajuda. Nas palavras de Jesus a eles, está
implícita a cura. Quando ele diz: “peçam aos sacerdotes que examinem vocês”. Ao
obedecer, os leprosos demonstram fé. E no caminho, se vêem curados, sem
necessidade dos vários ritos. Então um dos dez volta para agradecer. Os outros
preocupam-se com o aspecto jurídico de reconhecimento oficial da cura. O que
volta, dá glórias a Deus. A gratidão expressa no retorno daquele samaritano
(pagão) curado que se ajoelha diante de Jesus e agradece põe em relevo a ingratidão dos outros nove que
rapidamente se esqueceram da mediação do Mestre.
2- MEDITAÇÃO
(CAMINHO)
O
que o texto diz para mim, hoje?
A gratidão a Jesus pela salvação é elemento essencial da vida cristã. No texto
lido, só um homem curado foi agradecido.
Pergunto-me e me examino:
sou uma pessoa
reconhecida, agradecida pela graça e misericórdia de Deus para comigo?
De
quantas “lepras” já fui curado/a por Jesus? Quantas agradeci?
Os bispos na Conferência de Aparecida lembraram: “A vida nova de Jesus Cristo
atinge o ser humano por inteiro e desenvolve em plenitude a existência humana
“em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural”. Para isso, faz falta
entrar em um processo de mudança que transfigure os vários aspectos da própria
vida. Só assim será possível perceber que Jesus Cristo é nosso salvador em
todos os sentidos da palavra. Só assim manifestaremos que a vida em Cristo
cura, fortalece e humaniza. Porque “Ele é o Vivente, que caminha a nosso lado,
manifestando-nos o sentido dos acontecimentos, da dor e da morte, da alegria e
da festa”. (DAp 356).
3- ORAÇÃO (VIDA)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
O bem-aventurado Alberione dizia: "Tudo nos vem de Deus. Tudo nos leva ao
Magnificat!"
Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração do bem-aventurado
Alberione, cuja festa celebramos no dia 26 de novembro.
“Jesus, Mestre:
que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração.
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações.
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém”.
4-
CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Sinto-me
discípulo/a de Jesus.
Meu olhar deste dia será se agradecimento pelos infinitos dons de Deus na minha
vida.
BÊNÇÃO
-
Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, faze-nos reconhecer
a tua presença amorosa no cotidiano da vida. Que a rotina da existência não nos
torne acomodados – sempre esperando mais, sempre pedindo milagres, esquecidos
de que extraordinário é o teu Amor. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão,
na unidade do Espírito Santo.

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