terça-feira, 7 de setembro de 2021

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 05/09/2021

ANO B


23º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano B - Verde

“Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”. Mc 7,37

Mc 7,31-37

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Irmãos e irmãs a Palavra viva do Senhor que nos será anunciada nos ajudará a viver a alegria de sermos cristãos ao longo desta semana. Comprometamo-nos com Jesus, o Senhor que cura, e nesta cura utiliza-se de um ritualismo singular: afasta-se com o doente, vai para longe da multidão; toca-lhe os ouvidos com os dedos e a língua com a saliva, ergue os olhos para o céu em atitude de oração suplicante; suspira profundamente em atitude de compaixão e ordena em aramaico ao doente que se ‘abra’, à cura. Todo aquele que deseja viver uma vida de intimidade com Cristo deve abrir-se à escuta da sua Palavra, deve ter primeiramente os ouvidos ungidos para a escuta atenta dos ensinamentos que emanam da Sagrada Escritura, não somente os ouvidos, mas também a boca deve abrir-se para anunciar as maravilhas que o Senhor realiza. Que sejamos capazes de tornar a todos os batizados não evangelizados em nossa comunidade, capazes de agir e de ser novos em Cristo.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A presença de Cristo no meio da comunidade rompe com a surdez daqueles que não ouvem a Palavra e a mudez daqueles que não a anunciam. Iluminados pelo Espírito Santo, nos reunimos em comunidade para ouvir sua Palavra e celebrar sua presença em nosso meio.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Lembramos que o último Domingo do mês de setembro é o “Dia Nacional da Bíblia”. Por isso, queremos despertar desde já a comunidade para o conhecimento e o amor às Sagradas Escrituras, e, por isso, motivamos a todos para a leitura cotidiana, atenta e piedosa da Bíblia.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste primeiro domingo do mês da Bíblia, a Liturgia nos ensina que o nosso Deus é Deus de todos, mas tem atenção especial para com aqueles que mais sofrem. Ele está ao lado dos doentes e marginalizados. Ele é força para os que têm defeitos físicos e por isso mesmo se sentem menos dignos. Parece que nos momentos tristes ele está longe, mas é aí que ele se coloca mais perto. Na primeira leitura, o profeta Isaías consola os corações perturbados, garantindo que Deus virá para fazer justiça, virá para castigar e premiar. Quando o Messias chegar, diz o profeta, os coxos vão andar, os cegos vão ver, os mudos falar e os surdos ouvir. No Evangelho, Jesus prova que o Reino de Deus já chegou. O surdo-mudo é curado, confirmando as palavras de Isaías. As leituras bíblicas de hoje mostram a preferência de Deus pelos pobres, os marginalizados e os enfermos. Na cura do surdo-mudo por Jesus começa a se realizar a esperança messiânica dos pobres tal como o anunciava oito séculos antes de Cristo o profeta Isaías. Rezemos para que tenhamos ouvidos para ouvir a Palavra de Deus e língua para anunciá-la por todos os cantos..

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Reunidos ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, somos convidados a elevar um hino de gratidão ao Pai, que nos concedeu o dom da palavra para proclamar o bem em favor do povo. Por isso, a Eucaristia que estamos iniciando irá colocar diante de nós três desafios: ser profeta da esperança, levar a sociedade a abrir os ouvidos ao Evangelho e repudiar todo tipo de discriminação, especialmente em relação aos pobres. Que o alimento eucarístico nos conceda a força necessária para não ter medo frente a estes desafios.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, hoje, dia do Senhor, Ele nos reúne em torno do altar para nos oferecer o alimento de nossa salvação. Viemos para bendizê-lo por sua fidelidade e amor. Não obstante as forças que rejeitam o Reino que Jesus veio anunciar, cada um de nós e toda a Igreja somos testemunhas dos sinais desse Reino presentes no mundo. Por isso, bendigamos ao Senhor e cantemos as maravilhas do amor de Deus.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste primeiro domingo do mês da Bíblia, a Liturgia nos ensina que o nosso Deus é Deus de todos, mas tem atenção especial para com aqueles que mais sofrem. Ele está ao lado dos doentes e marginalizados. Ele é força para os que têm defeitos físicos e por isso mesmo se sentem menos dignos. Parece que nos momentos tristes ele está longe, mas é aí que ele se coloca mais perto. Na primeira leitura, o profeta Isaías consola os corações perturbados, garantindo que Deus virá para fazer justiça, virá para castigar e premiar. Quando o Messias chegar, diz o profeta, os coxos vão andar, os cegos vão ver, os mudos falar e os surdos ouvir. No Evangelho, Jesus prova que o Reino de Deus já chegou. O surdo-mudo é curado, confirmando as palavras de Isaías. As leituras bíblicas de hoje mostram a preferência de Deus pelos pobres, os marginalizados e os enfermos. Na cura do surdo-mudo por Jesus começa a se realizar a esperança messiânica dos pobres tal como o anunciava oito séculos antes de Cristo o profeta Isaías. Rezemos para que tenhamos ouvidos para ouvir a Palavra de Deus e língua para anunciá-la por todos os cantos.
Fonte: NPD Brasil em 09/09/2018

SURDOS OUVEM E MUDOS FALAM

Na sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus cura um surdo-mudo. Toca os ouvidos e a língua dele, sem medo de se contaminar com a “impureza” de um pagão. Jesus não tem medo de transgredir a lei do puro e do impuro quando ela gera discriminação. O importante, para ele, é a defesa da vida sempre que esta se encontre discriminada, ameaçada ou pouco valorizada. Pelo toque de Jesus, o surdo-mudo começa a ouvir e a falar.
A Palavra de Deus, nas celebrações, é de importância capital. Ela necessita de ouvidos bem abertos para ser acolhida e línguas soltas para ser proclamada. A Bíblia fala com freqüência da necessidade de fortalecer a fé na Palavra de Deus, a qual nos convida a não sermos surdos aos seus apelos e não ficarmos mudos diante de suas propostas, mas buscarmos anunciar as maravilhas de Deus e denunciar as injustiças na sociedade.
O tema da surdez é recorrente nos profetas, para falar do fechamento aos apelos de Deus e ao clamor do povo. As curas de surdez realizadas por Jesus nos desacomodam e são fortes chamados à conversão. Não podemos viver surdos à Palavra de Deus e fechados em nós mesmos.
O relato do Evangelho deste domingo é um convite à abertura e à comunicação com os outros. Vivemos no mundo da comunicação e somos bombardeados pelas redes digitais, infelizmente muitas vezes contaminadas com falsas notícias. Necessitamos de discernimento para acolher o que realmente edifica os valores humanos e a convivência fraterna e rejeitar aquilo que pode destruir as relações entre as pessoas.
Cumpre-nos curar bem nossos ouvidos para acolher a autêntica mensagem de Jesus, sermos transformados por ela e proclamar seu projeto de vida e liberdade para todos. Acontece, porém, que os que se propõem viver e divulgar os valores do Evangelho e sair em defesa dos pobres são, não raro, censurados e até perseguidos. Deus nos deu ouvidos para ouvir o grito dos necessitados e a língua para comunicar os valores do seu Reino.
Pe. Nilo Luza, ssp

ABRIR-SE AOS IRMÃOS

No Evangelho deste domingo Jesus está entre pagãos, onde é bem acolhido. Acreditam nele e lhe apresentam um “surdo que gaguejava”, para ser curado.
Jesus recebe o surdo-gago, o afasta da multidão para lhe prestar os cuidados devidos (Mc 7,33). Quer despertar nele uma nova atitude, para ele responder ao seu chamado, ‘Effatta’ (abre-te). A resposta ocorre, e “os ouvidos do homem se abriram, sua língua se soltou”. Diante desse sinal, aquelas pessoas começaram a anunciar Jesus.
Esta cena do Evangelho é inspiradora para os ouvintes da Palavra na comunidade. Em primeiro lugar, lembra a necessidade de manifestar concretamente o cuidado para com os pequeninos da sociedade. Marcos apresenta Jesus anunciando o Reino e suscitando a fé entre os pagãos através da manifestação do seu amor/cuidado a um surdo-gago, deficiência que não permitia àquela pessoa integrar-se totalmente em sua sociedade.
Esta mensagem é corroborada pela Carta de São Tiago, “Vossa fé em nosso Senhor Jesus Cristo não deve admitir acepção de pessoas” (Tg 2,1). A comunidade ouvinte precisa abrir-se diante do ‘Effetta’ constante de Jesus, e ir ao encontro dos preferidos de Deus (Tg 1,5) que sofrem exclusão.
Em segundo lugar, ‘Effetta’, também permite refletir acerca da comunicação e seus meios. Após Jesus conclamá-lo a abrir-se, “Sua língua soltou-se e passou a falar corretamente” (Mc 7,35). Hoje as técnicas de comunicação se aperfeiçoam cada vez mais, e as pessoas se esforçam para aprender a utilizá-las. No entanto, nem sempre se prestam a comunicar o que é verdadeiro, e capaz de gerar compromisso solidário. Talvez, porque falte o ‘Effetta’ (abrir-se) ao irmão e às suas interpelações.
O convite à abertura presente no Evangelho de hoje, salva de uma vida auto referencial, circunscrita às asfixiantes preocupações pessoais. A atitude de fechamento, estreita o significado da vida e as dimensões do coração, que assim, não ouve o clamor e nem as necessidades dos irmãos e irmãs, e nem a palavra de Jesus que comunica o rosto misericordioso do Pai e seu projeto de vida para todos. Que o ‘Effetta’ de Jesus seja acolhido.
Dom Luiz Carlos Dias
Bispo Auxiliar de São Paulo
Fonte: NPD Brasil em 09/09/2018

Comentário do Evangelho

Os gestos de Jesus

Jesus iniciou seu ministério na Galileia, onde vivia com sua família. A Galileia era um território gentílico, vinculado à Síria, onde foram implantadas colônias judaicas na segunda metade do séc. 1 a.C. pelo hasmoneu Aristóbulo e por seu sucessor, Alexandre Janeu.
Na segunda etapa de seu ministério, Jesus se dirige aos povos gentílicos vizinhos à Galileia, tradicionalmente repudiados pelo judaísmo, começando por Tiro e, agora, na Decápole, em contato com sua população mesclada de gregos e romanos. O evangelho de Marcos destaca esta fase de missão nestes territórios, realçando como Jesus veio para libertar e comunicar vida a todos os povos, abolindo a distinção entre povos impuros, os gentios, e povo puro, os judeus.
O homem surdo que mal pode falar, curado por Jesus na Decápole, é a expressão da submissão e alienação de um poder dominador que inibe a comunicação das pessoas. Marcos narra minuciosamente os gestos de Jesus, realçando assim a presença do Deus encarnado, compassivo e solidário, entre nós. Os ouvidos do homem se abrem e ele começa a falar corretamente. Jesus liberta aquele homem em território pagão. Aqueles que ouvem Jesus começam a "falar corretamente". Isto é, passam a anunciar os seus feitos. Esta narrativa de Marcos visa mexer com os discípulos. Eles, ainda apegados à doutrina nacionalista e segregacionista de "povo eleito", ficam como surdos e sua palavra é frágil. Estão com dificuldade de entender que os gentios são também destinatários do Reino. É o universalismo da salvação, a comunhão com Deus oferecida a todas as criaturas.
A narrativa de Marcos é pródiga em assinalar a presença física de Jesus no meio da multidão, com o toque, o uso dos dedos e da saliva, sobre o homem que trouxeram para que ele impusesse as mãos. A imposição das mãos e a própria saliva eram tidas como uma comunicação de energia e cura.
Aqueles que participaram deste episódio da cura do surdo-tartamudo puseram-se a anunciar os feitos de Jesus em sua região, de maneira semelhante ao possesso geraseno libertado por Jesus (Mc 5,1.20). São registros de Marcos sobre o anúncio missionário em andamento, tendo como agentes os próprios gentios.
As narrativas de cura, envolvendo as multidões de excluídos, carentes e adoentados, são a expressão da atenção especial de Jesus para com estes pobres, escolhidos por Deus, em vista de restaurar-lhes a vida.
A afirmação final, "faz os surdos ouvirem e os mudos falarem", se inspira na profecia atribuída a Isaías (primeira leitura), dirigida aos exilados da Babilônia. Na tradição profética, a menção aos cegos que veem, surdos que ouvem, mudos que falam, aleijados que pulam, "águas vão correr no deserto... e o seco vai se encher de minas d'água", é uma simbologia literária que indica uma nova situação do povo que é erguido de sua exclusão e de seu abatimento e recupera sua dignidade, com novo ânimo de vida. Com este mesmo caráter simbólico teriam sido elaboradas as diversas narrativas de cura encontradas nos evangelhos. Não são transformações milagrosas mas resultam do empenho em promover a vida, restaurando a justiça e a paz no mundo.
José Raimundo Oliva
Oração
Senhor Jesus, impõe sobre mim as tuas mãos e liberta-me do egoísmo que impede a comunicação com o meu próximo.
Fonte: Paulinas em 09/09/2012

Vivendo a Palavra

Jesus se afasta da multidão com o cego e o cura. Ele quer ensinar que o anúncio da chegada do Reino do Céu não é resultado de produção em série ou de uma linha de montagem industrial, mas é artesanato pessoal que requer atenção e cuidado, dedicação individual para cada um dos irmãos que encontrarmos.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/09/2012

VIVENDO A PALAVRA

Jesus se afasta da multidão com o cego para curá-lo. Ele ensina que o anúncio da chegada do Reino de Deus não se faz com ações espetaculares, não é produção em série ou linha de montagem industrial, mas é artesanato pessoal que requer atenção e cuidado, dedicação individual para cada um dos irmãos que encontrarmos.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/09/2018

Reflexão

ABRIR-SE À PALAVRA

Para além da cura física da audição e da fala, o episódio do surdo que falava com dificuldade mostra, simbolicamente, o que significa tornar-se discípulo de Jesus: superar o fechamento em si mesmo e deixar-se tocar pelo Mestre, para abrir-se a Deus e à sua palavra.
Diz o ditado que “pior surdo é aquele que não quer ouvir”. Quando nos fechamos em nosso próprio egoísmo, acabamos tapando os ouvidos diante de Deus. E, se comunicamos algo ao mundo, é apenas algo segundo nosso modo de julgar e agir, por vezes distante do projeto de Deus e contrário a ele. Nesse caso, as palavras de Jesus a seus discípulos servem também para nós: “Vocês têm olhos e não veem, têm ouvidos e não ouvem?” (Mc 8,18).
Jesus retira aquele homem surdo da multidão. Toca-o com saliva, que era considerada contagiosa. Para abrir-nos a Deus, é necessário um espaço e um tempo só nosso, longe da multidão, a fim de estar a sós com Deus e deixar-nos tocar por ele. Isso para que nossos ouvidos se abram, para que nossas atitudes de fechamento se contagiem com o modo de ser e agir de Jesus e assim se transformem em atitudes de diálogo, partilha e comunicação da vida.
A atitude fundamental que Jesus exige do discípulo está na expressão aramaica “efatá!”, que significa “abra-se!” É essencial para os discípulos abrir-se à palavra de Jesus. Só assim eles poderão ser transformados por ela, e só assim poderão transmitir ao mundo a novidade que Jesus vem realizar.
Assim como o Pai havia criado tudo e visto que era bom, Jesus recria a humanidade, fazendo bem todas as coisas que o Pai o encarregou de fazer. Ele continua a nos tocar, com uma voz diferente da voz da multidão, como se continuasse a dizer a cada um de nós: “Abra-se à minha palavra e ao meu modo de ser”. Sua voz liberta e nos torna sujeitos, para que também nós tenhamos voz e sejamos comunicadores da boa-nova que ele vem revelar.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 09/09/2012

Reflexão

Na sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus cura um surdo gago. Tocou os ouvidos e a língua do deficiente, sem medo de se contaminar com a “impureza” de um pagão. Pelo gesto de Jesus, o surdo e gago começa a ouvir e a falar. Jesus não tem medo de transgredir a lei do puro e do impuro quando ela discrimina. O importante para ele é a defesa da vida, principalmente daquela ameaçada ou pouco valo- rizada. O tema da surdez é muito frequente nos profetas, para mostrar o fechamento da pessoa aos apelos de Deus e ao clamor do povo. As curas de surdez, realizadas por Jesus, são fortes apelos de conversão. Não podemos viver surdos diante da palavra de Deus e fechados em nós mesmos. O relato do evangelho deste domingo é um apelo à abertura e à comunicação com os outros. Precisamos abrir bem nossos ouvidos para acolher a mensagem de Jesus, ser transformados por ela e proclamar seu projeto de vida e liberdade para todos. Acontece, muitas vezes, que há instituições ou Estados opressivos que não permitem que o povo abra a boca e grite por direitos e dignidade.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 09/09/2018

Reflexão

O surdo que fala com dificuldade representa os discípulos de Jesus, que continuam aferrados à ideologia nacionalista e exclusivista do judaísmo. Em outras palavras, consideram-se um povo privilegiado diante de Deus e, desse modo, permanecem inteiramente fechados (surdos) em relação aos pagãos. Não aceitam que estes façam parte do Reino de Deus. Jesus quer mudar essa mentalidade, por isso age primeiramente sobre o ouvido. Uma vez em condições de ouvir os ensinamentos do Mestre, seus discípulos serão capazes de passá-los adiante. Efatá (abre-te) é uma ordem de Jesus também para os cristãos de hoje. É necessário que tenhamos os ouvidos bem abertos para captar e assimilar a Palavra de Deus, pô-la em prática e difundi-la por toda parte, usando todos os meios da técnica moderna.
Oração
Ó Jesus, que fazes os surdos ouvirem e os mudos falarem, de coração sincero te pedimos: abre nossos ouvidos e o coração para captarmos integralmente tua mensagem de amor, justiça e paz e fortalece nosso ânimo para que anunciemos, com ousadia, teu Evangelho por toda parte. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)

PONTOS DE REFLEXÃO

I LEITURA- IS 35.4-7a

Estamos no contexto do chamado “pequeno apocalipse” do profeta Isaías. Nele colocam-se em confronto o infeliz destino que irão ter os povos pagãos e a perspectiva de bênção que , ao invés, alegrará e infundirá coragem à cidade de Jerusalém, e nela ao povo da promessa. Cada qual terá de Deus o castigo ou a “recompensa”, segundo os seus méritos ou deméritos.
No horizonte escuro e fechado há muito tempo, devido à pouca sorte que se abateu sobre o povo da Aliança, abre-se finalmente uma réstia de luz. Ouve-se o convite a ganhar energia e nova coragem para olhar em frente e para o Alto, para sair do tempo da humilhação e da derrota. Perspectiva-se uma festa com os traços e as cores da Primavera e com os prodígios duma nova criação. Abrangerá tudo, e naturalmente a terra, que é obra de Deus, inclusive o deserto, lugar onde se encontra o Senhor, mas sobretudo as criaturas vivas. Entre estas são nomeadas “cegos”, os “surdos”, os “coxos”, os “mudos”, aos quais se anuncia que poderão novamente “ver”, “ouvir”, “saltar” e “falar”. Libertar-se-ão assim das pesadas limitações em que se encontram: a impossibilidade de ver o céu; de ouvir os passos da terra; de falar com os irmãos. Todos estes serão curados nas dimensões essenciais de criaturas, vistas na sua relação com Deus, com a Criação, com o próximo. Tudo acontecerá num contexto que tem o sabor e saudade das origens: brotará “água” em abundância, água fresca de nascente. Estes toques poéticos descrevem e antecipam a dádiva da “salvação” esperada e agora prometida por Deus que “vem” salvar-nos.

II LEITURA -TG 2,1-5

O capítulo 2 da Carta de Tiago ao desenvolvimento do tema anunciado em 1,26-27: a fé é ativa quando se traduz no serviço aos pobres. O autor explica esta afirmação com um primeiro exemplo inerente à relação entre ricos e pobres na comunidade cristã. O estilo é típico da retórica grega. Não se pretende apresentar de per si um acontecimento preciso, mas uma exemplificação baseada num possível comportamento da comunidade à qual Tiago se dirige.
Com esta expressão carregada de responsabilidade, mas também de familiaridade “Meus irmãos” , Tiago recorda um dado importante da atuação de Deus: Ele não admite acepção de pessoas. Por isso a fé do crente é chamada a imitar e a espelhar-se no Senhor da glória. Todo o batizado é chamado a não distinguir entre pessoas e a não se deixar inspirar em critérios de conveniência humana.
O exemplo referido pela catequese de Tiago é claro e de compreensão fácil. A narração viva e colorida torna-se acusação explícita relativamente à comunidade cristã, que reserva honras às pessoas importantes, desprezando o pobre, trata-se neste caso do pedinte, ou seja, a pessoa que precisa de tudo. Note-se que o autor nesta passagem não fala de pobreza como condição por eleição divina. Deus privilegia os pobres, ou seja, os que são capazes de “amar a Deus”. Entre estes encontram-se também todos os que são pobres de coisas materiais, mas que podem assim tornar-se “ricos na fé”. Vislumbra-se aqui o eco da primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha.
Em último lugar, é preciso ter presente que o rico não é condenado porque possui riquezas, mas porque estas se tornam motivo de opressão e de injustiça para com os pobres. A acusação atinge o ápice em Tg 2,7, onde a opressão é equiparada à “blasfêmia”.

EVANGELHO Mc 7,31-37

Nas suas andanças fora da Palestina, Jesus encontra um pagão “surdo que mal podia falar”. Mediante uma série de gestos e uma palavra eficaz, cura-o e permite-lhe que comunique. O surdo-mudo torna-se símbolo do pagão que, antes de acreditar, é incapaz de escutar a Deus e de O louvar, mas logo que tocado por Jesus, t´se torna nova criatura. O Texto presente apenas no evangelho de Marcos, teve um lugar privilegiado na liturgia batismal.
Nesta circunstância Jesus toma algumas atitudes referidas nos curandeiros antigos, mesmo pagãos, os quais atribuíam poderes taumatúrgicos à “saliva”. São pormenores que, de resto, também aparecem no episódio paralelo da cura do cego. De igual modo, a utilização de uma palavra estrangeira (neste texto, “effathá”) era habitual nos curandeiros do Seu tempo. Tudo isto não deve, porém, levar-nos a pensar numa espécie de rito mágico.
O milagre da cura não está ligado de per si aos gestos de Jesus, mas sim à Sua oração e à Palavra. De facto, “erguer os olhos ao Céu” e “suspirar” não são simples gestos de compaixão, antes são gestos de súplica e de pedido, sinais da intimidade do Filho com o Pai. Pelo contrário, pode dizer-se que os gestos de Jesus adquirem um valor “sacramental”, enquanto operam aquilo que simbolizam: o abrir-se dos ouvidos do homem e o soltar-se-lhe a prisão da língua.
Padre José Granja,
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga (Portugal)
Fonte: Alexandrina Balasar em 09/09/2012

Meditando o evangelho

A IMPOSIÇÃO DAS MÃOS

A mão é considerada como portadora de força. De certo modo, concentra a força da pessoa e, através dela, é possível transmitir aos outros esta força. Desta forma, torna-se símbolo de poder. Por isso, as pessoas aproximavam-se de Jesus, implorando que lhes impusesse aos mãos. Essa era a maneira de usufruir da força divina que Jesus possuía e obter o benefício da cura.
De sua parte, Jesus nunca se recusava a atender o pedido de quem lhe suplicasse a cura. O efeito da imposição de suas mãos era imediato. Ele agia com a máxima discrição para não suscitar um entusiasmo exagerado e atrair pessoas interessadas apenas em aproveitar-se dele, sem aderir efetivamente ao Reino.
A cura do surdo-mudo, portanto, deu-se longe da multidão e foi seguida da ordem peremptória de não dizer nada a ninguém. Era necessário guardar segredo a respeito do ocorrido. Mas, como era possível manter calado quem fora surdo-mudo e agora tinha recuperado a capacidade de falar corretamente? Como impedi-lo de proclamar, aos quatro ventos, o benefício recebido pela imposição das mãos de Jesus? Eis por que, quanto mais Jesus o proibia de falar, tanto mais ele narrava o ocorrido.
A constatação do povo de que Jesus fazia bem todas as coisas correspondia a reconhecer que, pela imposição de sua mão, o Reino se fazia presente na história humana.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, impõe sobre mim as tuas mãos e liberta-me do egoísmo que impede a comunicação com o meu próximo.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. A cura do surdo-mudo
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

As profecias de Isaías nos dão os sinais indicativos do Messias: os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos vão se abrir, os aleijados vão pular e a língua dos mudos vai cantar, as águas vão correr no deserto, os rios vão correr na terra seca.
Tudo isso se realiza em Jesus. Ele cura um homem que era surdo e gago, sinalizando que ele é o Messias. Este e outros milagres de Jesus mostram quem ele é e qual é a vontade do Pai. O próprio modo de fazer o milagre mostra a bondade e o respeito que Jesus tem para com o ser humano e ensina os discípulos, e a nós, que também somos discípulos, como devemos nos relacionar com os outros. São Tiago, por exemplo, nos ensina a não fazer acepção de pessoas e a respeitar os outros, sobretudo os mais pobres. Jesus curou o surdo-gago que lhe foi apresentado, mas não o curou no meio de todo mundo. Levou-o a um lugar à parte e fez alguns pequenos ritos. Disse a palavra “Éfata”, em aramaico, tocou com os dedos os seus ouvidos e com saliva, a sua língua. O homem, então, começou a ouvir e a falar corretamente.
No batismo de crianças há um rito facultativo no qual o celebrante toca nos ouvidos e na boca do batizando e diz “Éfeta”, para que ele ouça a Palavra e professe a fé para o louvor e a glória de Deus. Jesus abre os ouvidos do surdo para que ele ouça como qualquer pessoa normal. Assim ele entrará em comunicação com os outros, superando as barreiras que o isolam do convívio social. Jesus está sempre restaurando o ser humano, em oposição ao demônio que está sempre diminuindo as pessoas. Guardamos no coração as palavras do Evangelho: “Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”.
Fonte: NPD Brasil em 09/09/2018

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A SURDEZ DO CORAÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Essa surdez e mudez que hoje refletimos neste evangelho, têm um significado bem mais profundo do que a cura física. Não se trata simplesmente do ouvir com os ouvidos e falar com a boca, a surdez e a mudez abordada pelo evangelista Marcos, localiza-se no coração do ser humano.
Há pessoas muito faladeiras, que contam mil e uma vantagens, ou então que perdem um tempo precioso falando mal da vida do próximo, ou conversas fúteis da qual nada se aproveita, assim como o saber ouvir é uma arte. Aqui a questão do ouvir não se trata apenas de escutar vozes das pessoas falando, ou ruídos. A deficiência auditiva desse homem da comunidade Marcos vai, além disso, seu coração está fechado para Deus e as pessoas e por isso tem o coração assim tão vazio de Deus, não tendo, portanto nada a anunciar, sua vida fechada e isolada em si mesmo é uma fonte de amargura e azedume.
No antigo testamento a principal queixa de Deus durante a travessia do povo pelo deserto, é de que: o povo tinha fechado o coração e não mais o ouvia, escutavam, mas não o ouviam. Na comunidade de Marcos e também nas nossas há pessoas assim... Essa surdez e mudez são causadas pela arrogância e prepotência dos que não crêem em Deus e preferem dar ouvidos somente as vozes da razão.
Conviver e relacionar-se com alguém assim, é difícil e complicadíssimo, a comunidade não sabe mais o que fazer e rogam a Jesus para que imponha as mãos sobre aquele homem. A experiência que fazemos de Jesus é algo muito pessoal, por isso ele toma o homem surdo-mudo e o leva á um lugar á parte. O mundo da pós-modernidade está repleto de rituais e de vozes que só alienam e escravizam o homem. No dia do Senhor que é o domingo, a comunidade dos que crêem, se afastam do burburinho do quotidiano, e na comunidade se reúnem a outros que querem e precisam ficar a sós com o Senhor.
As palavras de Jesus e seus gestos no ritual da cura do surdo mudo, lembram o rito batismal quando a graça de Deus abre o nosso coração para que Deus possa entrar e fazer morada. Nas celebrações eucarísticas ou mesmo da Santa Palavra, presidida por um Ministro Leigo ou um Diácono, esse ritual se repete, somos tocados pela Palavra, a força do Espírito Santo a leva para dentro de nós, no mais íntimo do nosso ser, transformando aos poucos a nossa vida, a cura da surdez e mudez não é imediata, mas ocorre em um processo que é dinâmico, vamos ouvindo, nos libertando e anunciando, sempre que experimentamos o Senhor.
Comunidade é, portanto o lugar onde todos se preocupam para que cada um se abra cada vez mais á essa Palavra, as nossas orações e cantos nada mais são do que uma súplica para que o Senhor estenda sobre nós suas mãos, abrindo cada vez mais o nosso coração para a sua graça que nos santifica, nos renova e nos liberta. Agora já dá para sabermos quem é esse surdo-mudo que saiu da celebração anunciando com alegria as maravilhas de Deus!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Tudo ele tem feito bem - Mc 7,31-37
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jesus curou um homem que era surdo e falava com muita dificuldade. O profeta Isaías já tinha dito no passado: “Os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos se abrirão. O coxo saltará como um cervo, e se desatará a língua dos mudos, e brotarão águas no deserto”. Isaías viu nesses acontecimentos o sinal do Messias. Quando os surdos ouvem, os cegos veem, os coxos andam, a terra seca floresce, é sinal de que o Reino de Deus está acontecendo, é sinal de que o Messias Salvador já está no meio de nós. Note-se que a cura do surdo-gago se dá em território pagão e que, portanto, o Messias Salvador está presente no meio de todos os povos. Os pagãos também são chamados a participar da herança de Israel. Os discípulos de João Batista foram perguntar a Jesus se ele era o Messias ou deviam esperar por outro. João estava preso e foi ele que enviou os seus discípulos. “Vão contar a João o que vocês viram e ouviram, disse Jesus a eles. Os cegos estão enxergando, os coxos estão andando, os leprosos foram purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”. Uma Boa Notícia está sendo dada a todos. Os corações partidos se alegram, os desanimados recobram a coragem, os pobres são evangelizados. São Tiago diz que “Deus escolheu os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino”. Por isso, ricos e pobres devem ser tratados com a mesma atenção. A Igreja mostra que é a Igreja de Jesus Cristo nos sinais messiânicos que produz para dentro e para fora. Dentro nos diferenciamos pelos serviços que prestamos, não pelo poder que pretendemos ter. Fora, nos identificamos com todas as pessoas de boa vontade que se esforçam para que o mundo seja melhor para todos. Os cristãos sabem por revelação o que estão fazendo e o que devem fazer. Solidários com aqueles que não sabem, mas fazem, farão com que ninguém desista de um empreendimento nada fácil e por muitos questionado. É um sinal messiânico não fazer distinção entre pessoas. Qualquer grupo humano no qual não há discriminação de pessoas torna-se um sinal messiânico. Um grupo cristão, que recebeu de Deus a revelação dos caminhos da salvação, será um sinal messiânico consciente. Os cristãos sabem o que estão fazendo e o que devem fazer, porque ouviram Deus falando nas Escrituras, na vida dos santos e santas, nos ensinamentos dos Pais e Mães da Igreja em todos os tempos. Seríamos pessoas más se discriminássemos o estrangeiro, o órfão e a viúva. Uma comunidade de Jesus Cristo produz sinais messiânicos. Ela é feita de irmãos e irmãs, sem discriminação de pessoas. Procuram que entre eles não haja necessitados, e todos estão atentos ao “estrangeiro, ao órfão e a viúva”, símbolos do pobre desamparado. Eles se tornam a boca do mudo, o ouvido do surdo, as pernas do coxo. Nossas ações não são meras ações sociais, por importantes que estas possam ser. São antes de tudo sinais do Reino, sinais de Jesus Cristo. Multiplique, pois, ações sociais que mostrem que o Reino está acontecendo entre nós. É isto o que Jesus queria: que o Reino fosse anunciado sem propaganda, mas com sinais claros. Ao curar o cego-gago não fez propaganda de si mesmo nem dos milagres, foi respeitosamente discreto tirando-o do meio da multidão. “Tudo ele tem feito bem”.

REFLEXÕES DE HOJE

09 DE SETEMBRO DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 09/09/2018

HOMILIA DIÁRIA

Abram-se os olhos e ouvidos fechados pela dureza interior

Postado por: homilia
setembro 9th, 2012

“Efatá!” é uma palavra chave na liturgia deste 23º Domingo do Tempo Comum. Palavra que o Senhor pronuncia para todos, a qual tem, para cada um de nós, uma ressonância pessoal. É fundamental que cada um de nós veja e pense no conteúdo dela.
“Efatá!”, palavra dita pelo Senhor quando o mar se abriu para a passagem dos escravos rumo à liberdade. “Efatá!”, disse Deus, e se abriram os céus sobre o batismo de Jesus e sobre a humildade do seu batismo; e abriu-se o paraíso sobre a cruz de Jesus, e o paraíso ficou à mercê dos ladrões; e se abriram os sepulcros, e os vencidos fugiram da morte. Esta palavra é dirigida agora a nós, a fim de que enxerguemos o caminho que nos conduz à salvação eterna.
Por isso, não diga: “Abrir-se-ão os olhos do cego e os ouvidos do surdo”. Mas que “abrir-se-ão os meus olhos e os meus ouvidos que estavam fechados por causa da dureza do meu coração, fruto do meu próprio pecado”.
Saiba que a palavra se cumpre, hoje, a profecia está se realizando neste Evangelho. A promessa se torna realidade, hoje e agora, com Cristo e em Cristo na sua vida. Corra e vá atrás d’Ele. E se não tem como, peça ajuda. Deixe-se ajudar. Não seja “cabeça dura”! Escute e siga as orientações, os conselhos da sua esposa, do seu marido, dos seus pais e filhos. Deixe de viver na noite e no mundo do erro, do pecado, da falsidade e da morte.
“Ah! Padre, eu não sou surdo nem mudo. Isso é uma ofensa!” Eu digo que sim. Somos “surdos”, por exemplo, quando não ouvimos o grito de ajuda que se eleva para nós e preferimos pôr entre nós e o próximo o “duplo vidro” da indiferença. Os pais são “surdos” quando não entendem que certas atitudes estranhas ou desordenadas dos filhos escondem um pedido de atenção e de amor. Um marido é “surdo” quando não sabe ver, no nervosismo de sua mulher, o sinal do cansaço ou a necessidade de um esclarecimento. E o mesmo quanto à esposa.
Estamos “mudos” quando nos fechamos, por orgulho, em um silêncio esquivo e ressentido, enquanto, talvez, uma só palavra de desculpa e de perdão poderia devolver a paz e a serenidade ao nosso lar. Os religiosos e as religiosas têm, no dia, tempos de silêncio e, às vezes, acusam-se na confissão, dizendo: “Quebrei o silêncio”. Penso que, às vezes, deveríamos nos acusar do contrário e dizer: “Não quebrei o silêncio”.
O que, contudo, decide a qualidade de uma comunicação não é, simplesmente, falar ou não falar, mas falar ou não fazê-lo por amor. Santo Agostinho dizia às pessoas em um discurso: “É impossível saber, em toda circunstância, o que é justo de se fazer: falar ou calar, corrigir ou deixar passar algo. Eis, aqui, então, que se dar uma regra que vale para todos os casos: “Ama e faz o que quiseres. Preocupa-te de que, em teu coração, haja amor; depois, se falas, será por amor; se calas, será por amor e tudo estará bem, porque do amor não brota mais que o bem”.
As histórias de cura, envolvendo as multidões de excluídos, carentes e adoentados, são a expressão da atenção especial de Jesus para com os pobres, em vista de lhes restaurar a vida, característica do Reino de Deus. A proclamação final - “faz os surdos ouvirem e os mudos falarem” - indica o cumprimento da profecia atribuída a Isaías aos exilados da Babilônia; porém, agora, não restrita àquele povo que se julgava eleito, mas a todos os povos da terra sem discriminações. Jesus vem salvar as maiorias empobrecidas subjugadas pelas minorias que detêm o poder, resgatando a dignidade e a vida neste mundo.
Por isso, meu irmão e minha irmã, o segredo está em entrar em comunhão com Cristo ressuscitado. Você que estava morto veja, escute e entre com Ele pelas portas abertas de Deus.
Ó Senhor, tenho plena consciência de que Vossa voz ressoou no deserto - “Efatá!” – para que, do Céu, caísse como chuva o pão, e da rocha jorrasse água. “Efatá!”, dissestes e abristes, como que com uma faca, as águas do Jordão, as quais se tornaram porta pela qual entraram vossos filhos à terra das vossas promessas. Dignai-vos olhar para mim, para os meus olhos e ouvidos. Impõe sobre mim as Tuas mãos e liberta-me, cura-me do egoísmo que impede a comunicação com o meu próximo.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 09/09/2012

HOMILIA DIÁRIA

Permitamos que Jesus toque em nossos ouvidos

É preciso deixar que Jesus toque em nossos ouvidos para que eles se abram à graça divina

“Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele.” (Marcos 7,33).

Ao contemplarmos o Evangelho de hoje, vemos que levaram um homem surdo que falava com dificuldade até Jesus. O próprio Jesus pegou aquele homem pela mão, porque queriam apenas que Ele impusesse as mãos sobre ele. Às vezes, não basta o Senhor colocar as mãos sobre nós, é preciso que Ele nos pegue pela mão, porque Ele precisa nos refazer.
Alguns computadores precisam ser reprogramados, mas não somos computadores, somos criaturas divinas que Deus criou à Sua imagem e semelhança; porém, o mundo e as circunstâncias nos desprogramam daquela graça original. É preciso que Deus nos pegue à parte.
Deus pegou Adão à parte, levou-o para um sono profundo e, então, nasceu uma criatura tão divina quanto ele, que foi Eva, sua esposa. Do mesmo modo, Jesus pegou esse homem pela mão e o afastou da multidão. É importante nos afastarmos dos outros para entrarmos na comunhão com Deus, porque, às vezes, estamos no meio de todo mundo, estamos naquela correria, naquela confusão, naquela vida frenética, estamos vivendo como máquinas. Precisamos nos afastar para encontrar o silêncio original, deixar que a mão de Deus nos toque e nos refaça novamente. Por isso, Jesus, com seus dedos, tocou nos ouvidos daquele homem para que eles se abrissem.
Nossos ouvidos estão, muitas vezes, fechados. A Palavra de Deus não entra mais neles, não conseguimos mais ouvir a sintonia com Deus. Por isso precisamos deixar que o Senhor toque nossos ouvidos, para que eles se abram à graça divina.
Não há nada mais íntimo do que a nossa saliva, e foi com a saliva da intimidade de Deus que Ele tocou na língua daquele homem, para que ele voltasse a falar, para que a sua língua se abrisse. Deus precisa tocar a nossa língua, pois não sabemos mais louvá-Lo, adorá-Lo, proclamar o Seu nome nem falar a verdade. Precisamos do toque da graça.
Aquele homem foi tocado e a sua língua se soltou, mas há muita língua solta para falar o que não deve, para falar da vida dos outros, para fazer fofoca e trazer maledicências. Há muitas línguas soltas, que não param de falar coisas negativas, que é muito melhor que elas se prendam.
Precisamos do toque da graça de Deus, porque o que mais existe são línguas travadas para proclamar a glória do Senhor, para fazer e falar do bem aos outros e para falar bem dos outros. Se a nossa língua está travada, é porque nossos ouvidos estão fechados para ouvir o Senhor.
Aquilo que os ouvidos escutam é o que a boca fala. Se ouvirmos Deus, se escutarmos a Sua Palavra, falaremos d’Ele. Que o Senhor nos toque por dentro, por fora e nos restaure.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 09/09/2018

Oração Final
Pai Santo, dá-nos a sabedoria de nos mantermos inteiros na presença do irmão que nos procura. Que não nos dispersemos, preocupados com outras pessoas, objetos ou interesses, mas estejamos atentos ao aqui e agora da nossa vida. Nós te pedimos, Pai amado, por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/09/2012

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos a sabedoria de nos mantermos inteiros na presença do irmão que nos procura. Que não nos dispersemos, preocupados com outras pessoas, outros objetos ou interesses diferentes, mas estejamos atentos ao aqui e agora do nosso irmão. Nós te pedimos, amado Pai, por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/09/2018

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