segunda-feira, 3 de agosto de 2020

LEITURA ORANTE DO DIA - 02/08/2020



LEITURA ORANTE

Mt 14,13-21 - O milagre da partilha



Iniciamos  a Leitura Orante, com todos os que se
encontram neste ambiente virtual.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.Amém.
Senhor, nós te agradecemos por este dia.
Abrimos nossas portas e janelas para que tu possas
Entrar com tua luz.
Queremos que tu Senhor, definas os contornos de
Nossos caminhos,
As cores de nossas palavras e gestos,
A dimensão de nossos projetos,
O calor de nossos relacionamentos e o
Rumo de nossa vida.
Podes entrar, Senhor em nossas famílias.
Precisamos do ar puro de tua verdade.

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Lemos, atentamente, o texto: Mt 14,13-21- Jesus ensina a partilhar
Ao ser informado da morte de João, Jesus partiu dali e foi, de barco, para um lugar deserto, a sós. Quando as multidões o souberam, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: "Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!" Jesus porém lhes disse: "Eles não precisam ir embora. Vós mesmos dai-lhes de comer!" Os discípulos responderam: "Só temos aqui cinco pães e dois peixes". Ele disse: "Trazei-os aqui". E mandou que as multidões se sentassem na relva. Então, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios. Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
Refletindo
Sabendo da morte de João Batista, Jesus se retira. Afasta-se daquele lugar, mas não do povo. Ele ama o povo e está atento às suas necessidades. Por isso, diz o Evangelho, "as multidões souberam onde ele estava, vieram dos seus povoados e o seguiram por terra". Era "de tardinha", hora do jantar. Os discípulos sugerem a Jesus que mande o povo embora para comprar algo para comer. Era mais fácil, segundo os discípulos. E Jesus encontra uma saída diferente: "Deem vocês comida para eles". Neste texto aparecem dois tipos de sociedade: uma que tem como norma o comércio, a economia, o consumo (comprar e vender) e outra em que a prática é a da sociedade de irmãos (dar e partilhar). Na sociedade do comércio, os pobres não têm vez. Na segunda, ninguém é maior e melhor que o outro. Tudo é repartido. Na primeira sociedade a preocupação é multiplicar, aumentar lucros. Na segunda, a preocupação é dividir e que nada falte a ninguém. Jesus abençoou os pães, partiu-os e os deu aos discípulos para que distribuíssem às multidões. Todos comeram, ficaram satisfeitos e ainda encheram 12 cestos dos pedaços que sobraram. Um grande milagre! O banquete da vida!

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para nossa, hoje?
Preocupamo-nos em acumular, multiplicar?
Ou somos daquela sociedade de Jesus em que o que se tem é colocado em comum?
Será difícil?
Pode ser. Nesta sociedade em que vemos a cada instante pessoas querendo ter mais, aparecer mais, ser o melhor e maior, em que se ignora as necessidades dos demais, torna-se mesmo difícil, mas não, impossível. Deus dá em abundância a todos. Depende do nosso coração estar aberto ou não para o irmão. Se há abertura, há também a bênção de Deus e abundância para todos.
Meditando
Os bispos em Aparecida afirmam: "A Igreja é comunhão no amor. Esta é sua essência através da qual é chamada a ser reconhecida como seguidora de Cristo e servidora da humanidade. O novo mandamento é o que une os discípulos entre si, reconhecendo-se como irmãos e irmãs, obedientes ao mesmo Mestre, membros unidos à mesma Cabeça e, por isso, chamados a cuidarem uns dos outros (1 Cor 13; Cl 3,12-14)" (DAp 161).

3. Oração (Vida)
O que o texto nos leva a dizer a Deus?
Rezamos, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluímos  com a canção Tem gosto de Deus:

Tem gosto de Deus
Padre Zezinho

Tem gosto de Deus
O pão que a gente parte e reparte.
Tem gosto de céu
O pão que se ganhou com suor.
Tem gosto de paz
O pão que o povo não desperdiçou.

Tiveste pena do povo mandaste dar de comer
Alguém falou que era pouco tu nem
Quiseste saber. mandaste o povo sentar,
Mandaste alguém começar, alguém te
Obedeceu foi milagre, foi milagre, o milagre
Aconteceu!...

Tem gosto de amor
O pão que a gente come lá em casa.
Tem gosto de fé
O pão que a gente come no altar.
Tem gosto de luz
O pão e o vinho que me dão jesus!

Tem gosto de dor
O pão que vale mais que o salário.
Tem gosto de mel
O pão que o meu trabalho ganhou.
Tem gosto de fel
O grão de trigo que o país perdeu!

Rezo também a Oração de Jesus
Pai nosso que estais nos céus,
Santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso Reino.
Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido
E não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos do mal. Amém.

4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual nosso novo olhar a partir da Palavra?
Vamos cultivar nosso olhar de fé e renovar nossa consciência de Igreja, de família que vive o mandamento do amor.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Ir Patrícia Silva, fsp
https://leituraorantedapalavra.blogspot.com/

Leitura Orante
18º DOMINGO TEMPO COMUM, 02 de Agosto de 2020



SOMOS AS MÃOS DE DEUS

“Os discípulos distribuíram os pães às multidões” (Mt 14,19)

Texto Bíblico: Mateus 14,13-21

1 – O que diz o texto?

Poderíamos dizer que o relato do Evangelho deste domingo é uma parábola em ação.
A cena acontece em um “lugar despovoado”, afastado da vida cotidiana organizada segundo o pensamento da sinagoga e a lógica dominadora do império. Sair do centro, ou ser deslocado do centro, pode ser uma vantagem à hora de perceber o que Deus realiza em nossas situações concretas.
Quando Jesus e seus discípulos vão pelo mar, a multidão sai caminhando ansiosamente por terra e os alcança. Jesus é ponto de confluência de todas aquelas fomes, dispersões e diferenças. É o povo pobre das pequenas aldeias que está sofrendo grandes injustiças e muita pobreza.
De alguma maneira, este “fora” evoca a saída do povo judeu do Egito ao deserto, onde se encontrou com Deus numa experiência que o fará passar de multidão dispersa de escravos a um povo unido e livre.
O povo tomou distância com relação ao seu mundo rotineiro e agora se encontra com Jesus, que encarna a novidade de Deus ao alcance da mão. Também pode ser o “fora” de todos os excluídos da história que se encontra com Jesus, tornando realidade o sonho do Reino: o mundo da igualdade e da comunhão.
Jesus nos diz o relato, primeiro sente compaixão das multidões, e depois convida a partilhar.
Em contraste com atitude compassiva do Mestre, os discípulos, percebendo a hora avançada, pedem que as multidões sejam despedidas para que comprem pão e se alimentem. Esta é a lógica desumanizadora: devolver as pessoas às suas próprias possibilidades limitadas, à escassez e à privação que a sociedade as relegou. Os discípulos são sensíveis à fome do povo empobrecido, mas o deixam à mercê de seus próprios recursos. Não conhecem outra solução.

2 – O que o texto diz para mim?

Jesus abre outra lógica: a da partilha, frente à lógica do mercado, da apropriação e da acumulação.
Os produtos da terra estão situados na lógica do amor, que é a única força transformadora da história. Esta é a utopia do Reino: um povo reunido harmoniosamente pela mesma busca faminto e pela mesma saciedade, onde os alimentos da terra, produzidos com esforço, são compartilhados com todos, sem que ninguém negocie ou acumule.
Tudo aparece reconciliado: o cosmos, com a natureza verde e em paz; os produtos do trabalho humano, da generosidade do mar e da terra; e as pessoas, em uma relação entre elas mesmas e com Deus sem exclusões, competições nem privilégios. Isto é possível porque todos se deixaram afetar pelo dom do mesmo Reino que cresce já no coração de todos.
Só será efetiva a nova comunidade quando pães e peixes entrarem na lógica do Reino. Sem oferecer o próprio pão, os próprios recursos, a própria pessoa, não há possibilidade de construção do Reino de Deus.
Jesus não pediu a Deus que solucionasse o problema da fome, e sim, mobilizou os seus discípulos para que encontrassem uma saída diante daquela penúria. E a saída está na capacidade de partilha de todos.
Também aqui é preciso “ouvidos” e “olhos” bem abertos para encontrar a chave de compreensão da cena. Há um risco de permanecer na superfície do relato, assombrando com o prodígio da “multiplicação dos pães”. Na realidade, não foram os pães que “se multiplicaram”, mas a generosidade da partilha do alimento.
O certo é que, tudo o que as pessoas tinham, foi colocado à disposição de todos. Esta atitude desencadeia o prodígio: a generosidade se contagia e realiza o “milagre”. Quando se deixa de monopolizar os bens, eles chegam a todos. Quando os bens imprescindíveis para a vida são monopolizados, provoca-se a miséria, a fome, e a morte. Na intenção do evangelista, Jesus demonstra deste modo, que o problema não é a carência de recursos, mas a falta de solidariedade.

3 – O que a Palavra me leva a experimentar?

Realmente foi um verdadeiro “milagre” que um grupo tão numeroso de pessoas compartilhasse tudo o que tinham até conseguir que ninguém ficasse com fome. Porque o texto não fala de “multiplicar” o alimento, mas de “dividi-lo”: quando ele é partilhado, costuma sobrar.
Que acontece com os pães e os peixes nas mãos de Jesus? Não os “multiplica”. Primeiro, bendiz a Deus e lhe dá graças: aqueles alimentos vêm das mãos de Deus: são para todos.
A dinâmica normal da vida me diz que o “pão”, indispensável para a vida, deve ser adquirido com dinheiro, porque alguém o monopoliza e não o deixa chegar ao seu destino, a não ser cumprindo algumas condições que, aquele que monopolizou, impõe: o “preço”.
O que Jesus faz é livrar o pão desse monopólio injusto. O olhar voltado para o céu e a benção é o reconhecimento de que Deus é o único dono do pão e que a Ele é preciso agradecer este dom. Liberado do monopólio, o pão, imprescindível para a vida, chega a todos sem ter que pagar um preço por ele.
Em seguida, Jesus, com suas mãos solidárias, vai partindo os dons e entregando-os aos discípulos. Estes, por sua vez, prolongam as mãos de Jesus, e vão distribuindo os pães e peixes à multidão; estes alimentos vão passando de mãos e mãos, de uns aos outros. Assim, todos puderam saciar sua fome.
A multidão dispersa, transformada pelo encontro com Jesus, já é capaz de sentar-se em grupos ordenados sobre a relva, iguais, sem divisão em hierarquias, que costuma criar fissuras na comunhão. Jesus pede que todos se assentarem sobre a relva para celebrar uma grande refeição. Rapidamente, tudo muda. Aqueles que estavam a ponto de se separar para saciar sua fome em sua própria aldeia se assentam juntos em torno a Jesus, para partilhar o pouco que tem.
Os que tinham algo para comer também foram repartindo com os outros. Na realidade, o verdadeiro milagre foi o da partilha, onde as pessoas famintas não se lançam vorazmente sobre os pães numa luta para conseguir os alimentos escassos. Compartilhar gratuitamente com os outros, com desconhecidos, e não acumular o que sobra, isso sim é milagre.

4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?

Senhor, em cada migalha de pão, em cada pedaço de peixe, há uma história de amores e trabalhos que vão passando de mão em mão, sem cobiça devoradora. Os bens deste mundo, carregando dentro uma vocação fraterna e universal, são dons para todos.
Nesta refeição de todo o povo sobre o campo verde não se discrimina ninguém, não se pergunta a ninguém pelo seu passado, sua profissão ou sua situação moral. Todos são acolhidos como expressão das entranhas compassivas de Deus, que chama todos a compartilhar na Sua Grande Mesa festiva. Todos se sentem pessoas dignas e amadas. É a grande refeição da inclusão de todos.
Algo inaudito está começando nesse povo com a chegada de Jesus. No Reino de Deus só há uma Mesa, à qual todos são convidados, sem discriminação sem exclusão de nenhum tipo.
É assim que Jesus quer ver a nova comunidade humana.
Tenho nas mãos e no coração a opção de viver “em chave desumanizadora” (“despede as multidões!”) ou “em chave de benção” (“os discípulos distribuíram os pães às multidões”), descobrindo na vida, para além de sua fragilidade, a presença que fazia Jesus estremecer-se de compaixão quando sentia a dura situação dos prediletos do Pai.
Assim quis Deus que minhas mãos fossem a presença e o sinal de Suas mãos criadoras, que acolhem e cuidam da mãe Terra e da vida das pessoas. Sou as mãos de Deus, não só para alimentar, mas para acariciar e curar, para cuidar do planeta terra, minha casa, para “multiplicar vida”...

5 – O que a Palavra me leva a viver?

Quais são as duras situações das pessoas do mundo atual que fazem emergir novamente o apelo de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer”.
Deus torna visíveis suas mãos através de minhas mãos abertas e que compartilham. Onde eu percebo que pode ser a mão bendita de Deus que atua em favor da vida?
Quando ouço em minha eucaristia o grito de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer”?
Eu, depois de anos seguindo a Jesus, o quê sou capaz de partilhar?

Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Mateus 14,13-21
Pe. Adroaldo Palaoro, sj

Sugestão:
Música: Terra, pão e lar – fx 04
Autor: Padre João Carlos
Intérprete: Padre João Carlos
CD: Grãos de areia
Gravadora: Paulinas Comep
Duração: 03:15

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