sexta-feira, 9 de agosto de 2019

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 10/08/2019

ANO C


Jo 12,24-26

Comentário do Evangelho

A paixão e morte de Jesus são para a vida

Jesus está em Jerusalém para a festa da Páscoa. Aproxima-se o tempo da glorificação de Jesus: “Chegou a hora em que este Homem será glorificado” (Jo 12,23). A glorificação de Jesus vai se dar por sua paixão e morte. A imagem do grão de trigo ajuda a compreender o caminho de glorificação de Jesus. Para produzir fruto, o grão de trigo tem que cair na terra; esta queda na terra é a condição da fecundidade da semente. A paixão e morte de Jesus, seu sofrimento e seu sepultamento, não são estéreis, são para a vida. Aqui, em João, o grão é identificado com o próprio Cristo, à diferença das parábolas do Reino dos céus (Mt 13,3ss), em que a semente é identificada com a Palavra de Deus.
Com esta pequena parábola do grão de trigo que cai na terra, Jesus dá sentido à sua paixão e morte: “... produz muito fruto” (v. 20). o fruto de sua glorificação é a vida do mundo: “O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,51).
O que se espera do discípulo é sua identificação com o Mestre: “O discípulo não é mais que o mestre, nem o servo maior que o seu senhor; ao discípulo basta ser como o seu mestre, ao servo como o seu senhor” (Mt 10,24-25). Esta identificação impõe ao discípulo aceitar livremente a vida proposta por Jesus. Nesse sentido, o caminho de glorificação de Jesus é o caminho para o discípulo que deve ser caracterizado como servidor do Reino de Deus (cf. v. 26; Jo 13,12-15).
O discípulo atualiza e prolonga na história a entrega de Cristo. A vida verdadeira está no desapego, inclusive no desprendimento da própria vida. É o apego à vida que gera o medo de perdê-la. A vida brota do grão de trigo que cai na terra. Esta entrega é fruto do amor: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Senhor Jesus, a vida jorrou abundante de tua fidelidade até à morte de cruz. Possa eu beneficiar-me desta plenitude de vida.
Fonte: Paulinas em 10/08/2013

VIVENDO A PALAVRA

As leituras falam de generosidade e desprendimento. Cair na terra e morrer significa nos lançarmos na vida cheios de confiança no Pai Misericordioso, esquecidos de nós mesmos e servindo aos irmãos, especialmente os mais pobres, os doentes e os espoliados pelo mundo dos homens, entregando-nos à inspiração amorosa do Espírito.

Reflexão

Hoje em dia, mais do que nunca, o testemunho dos valores do Evangelho se faz necessário até às últimas conseqüências. A partir daí percebemos uma das maiores responsabilidades do discipulado: a vivência de forma radical dos valores evangélicos e o testemunho da verdade anunciada por Jesus. Todas as pessoas que assumem esta radicalidade do Evangelho mostram ao mundo que existe a verdadeira esperança de superar todos os males que marcam o nosso tempo e construir uma nova realidade, fundamentada nos valores evangélicos, que pode trazer às pessoas humanas a verdadeira felicidade, e que, na sua busca, vale a pena o sacrifício até mesmo da própria vida.
Fonte: CNBB em 10/08/2013

Reflexão

O famoso diácono Lourenço, que é lembrado também no Cânon Romano, morreu em 258, e um século mais tarde, sua memória, a 10 de agosto, é atestada por importante Documento da Igreja (Deposítio mártyrum). Foi aprisionado juntamente com o papa Sixto II. Seus perseguidores esperavam arrancar-lhe os bens da Igreja, dos quais ele era encarregado. Ficaram furiosos quando Lourenço lhes revelou que os bens da Igreja eram os pobres e que ele havia distribuído entre eles a coleta dos cristãos de Roma. Foi torturado em fogo lento. Sua serena coragem contra a tortura motivou muitos pagãos a abraçarem a fé em Jesus Cristo. Foi sepultado no Campo Verano, Via Tiburtina, em Roma. Sua boa fama logo se espalhou por toda parte e seu nome aparece nos mais antigos sacramentários.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditação

Explique a seu modo a realidade do grão de trigo que cai na terra. - O que acontece com a morte do grão de trigo? - É fácil escolher desapegar-se desta vida para ganhar a outra? - O que tem que fazer quem opta por seguir a Jesus? - Quem escolhe o reino do Pai tem que renunciar a muita coisa?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário em 10/08/2013

Meditando o evangelho

DA MORTE BROTA A VIDA

A hora de Jesus foi se aproximando. Ele tinha plena do consciência da sorte que o espera. A morte despontava, como inevitável, no horizonte de sua existência. Jesus sabia muito bem que sua vida seria fecunda se, no momento crucial, ele fosse capaz de passar pela prova suprema da morte. Aí sua fidelidade radical abriria, para a humanidade, o caminho de acesso a Deus.
O modo positivo como Jesus encarou a consumação de sua existência não deixou de perturbá-lo interiormente. Uma tentação possível, neste momento, seria a de pedir ao Pai para privá-lo desta circunstância pavorosa. Jesus, porém, reconheceu que toda a sua vida terrena esteve voltada para esta hora. Não seria correto, agora, preferir um atalho. Seria indigno optar pela fuga. A missão exigia dele seguir adiante.
A tragicidade da hora de Jesus assumiu uma conotação particular por ele estar certo de não ter sido abandonado pelo Pai. Sua morte inseria-se na dinâmica de glorificação do Filho pelo Pai. Não era fácil compreender o modo divino de agir, quando a cruz despontava com toda a sua crueldade. Na perspectiva divina, porém, a morte de cruz representava a subjugação do poder do mal e da injustiça e o triunfo do senhorio do Pai na vida do Filho Jesus. Da cruz, proviria a vida nova e gloriosa, penhor de redenção para a humanidade.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Senhor Jesus, a vida jorrou abundante de sua fidelidade até à morte de cruz. Possa eu beneficiar-me desta plenitude de vida.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1 – A parábola da semente que cai na terra germina - José Salviano

A explicação da parábola da semente que cai na terra germina e dá frutos, somos todos nós que nos entregamos pela causa do Reino de Deus. Na verdade, alguns fazem entrega total de si, como os sacerdotes e as freiras. Mas nós também somos exemplos de auto-entrega pela evangelização. Somos catequistas e renunciamos a uma porção de coisas para poder realizar de forma aceitável o nosso trabalho. Primeiro lutamos 24 horas por dia para renunciar o pecado. O que não quer dizer que o façamos totalmente. Mas pelo menos tentamos. Em seguida renunciamos a uma porção de coisas como o lazer, o convívio total com a família, etc.  O grão que não morre fica só. Aqui o trecho do evangelho se refere àqueles que nem estão aí para o Reino de Deus. Querem mais é cuidar da  sua vida e não têm tempo para Deus. E aí acontece o contrário do que eles almejam. Suas vidas acabam definhando-se pela ausência de Deus. Não é que Deus seja vingativo e nos abandona. Somos nós que  O abandonamos por causa do nosso individualismo e o apego às coisas desta vida. O grão, para multiplicar-se em novos frutos, tem que cair na terra e morrer. Isso é a doação de si mesmo, dizer não aos instintos para poder se aproximar de Deus, se santificando para poder santificar os outros. É a comunicação da palavra, a fraternidade e o serviço à vida. A morte não é o último ato isolado da existência humana, mas é o termo de uma vida devotada ao amor fraterno, por amor a Deus. Apegar-se à vida é querer resolver os problemas da existência com os nossos recursos sem recorrer à força poderosa e infinita de Deus que está sempre à nossa disposição. É quando não conseguimos os nossos intentos, pois tudo é mais difícil quando nos afastamos do Pai. O ideal ou o certo é guardar a vida na vida eterna plantando aqui para colher um dia lá. Para chegar a esse ponto, temos que dar o desprezo a esta ideologia de sucesso e poder, que impõe a submissão pelo temor. Quem não teme a própria morte está livre para colocar-se totalmente a serviço da vida eterna. O seguimento de Jesus se faz com o abandono total de si mesmo, a favor da evangelização.
Sal

2 - “frutos bons” - Helena Serpa

- 2 Coríntios. 9,6-10 – “a nossa recompensa é o Amor de Deus”

O gesto de dar e receber faz parte da nossa vida terrena. Existe, porém, uma diferença entre dar com alegria, ou dar por obrigação. Na maioria das vezes, quando vivemos segundo a mentalidade do mundo, nós gostamos mais de receber, honras, presentes, atenção, benesses, e almejamos receber sempre mais, para nós mesmos (as). Consequentemente, a nossa vida se torna vazia de frutos bons, pois semeamos apenas vento. A mentalidade cristã, evangélica, porém nos ensina que semeamos com largueza quando distribuímos o que possuímos, generosamente, com grandeza de coração, sem pesar, nem constrangimento, e, por isso, somos abençoados (as) recebendo sempre muito mais para toda espécie de boas obras. Quando fazemos essa experiência percebemos que, tudo o que damos ao próximo, “pelo amor de Deus”, retorna para nós, “com o amor de Deus”! O Amor de Deus é, portanto, a nossa recompensa e, quando o recebemos, com ele vêm todas as coisas de que necessitamos para continuar semeando e colhendo bons frutos. Se essa recomendação de São Paulo fosse vivida por todos os homens e mulheres do mundo, não haveria fome nem miséria nem penúria e toda a humanidade seria beneficiada com a fartura de bens. É a lei natural e clara: “Distribuiu generosamente, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre”. Para Deus é justo que todos tenhamos dignidade e sejamos felizes, vivendo com o que Ele preparou para nós, os seus filhos e filhas. Nunca ouvimos falar de que alguém ficou pobre porque deu aos pobres o fruto do seu trabalho, porém, sabemos que muitos ficam na miséria porque gastaram tudo o que tinham consigo mesmo. - Como você tem partilhado a sua vida: tempo, dinheiro, conhecimento, saúde? Com alegria ou constrangimento? - Você já pensou que na medida em que você for generoso, Deus o será para com você também? E que quem semeia pouco colhe também pouco? - Existe alguém perto de você que está passando necessidade, precisando da sua ajuda? O que você poderá fazer por essa pessoa?

Salmo 111 – “Feliz o homem caridoso e prestativo”

O homem caridoso e prestativo é aquele que resolve seus negócios com justiça. Quem age com justiça não teme receber notícias funestas, pois seu coração está seguro em Deus, porque segue a sua lei e reparte com os pobres os seus bens fazendo justiça aos seus irmãos, filhos de Deus.

Evangelho – João 12, 24-26 – “frutos bons”

Toda a Palavra de Deus é transformadora e libertadora e aqui Jesus está nos ensinando o modo seguro para que possamos produzir muitos frutos. O grão que cai na terra só produzirá fruto se morrer, assim somos nós. Produzimos frutos bons quando conscientemente assumimos os desafios da nossa existência como um exercício que dá firmeza às nossas ações. Por isso, precisamos morrer para os apetites da nossa humanidade que rejeita dificuldade, desapego, sofrimento. Precisamos então, morrer, no sentido de não fazer questão, de renunciar, de deixar-se exercitar, de desapegar-se dos bens, dos interesses e das pessoas. Jesus veio nos ensinar que quanto mais a gente se apega à nossa vidinha, ao nosso viver egoísta, mais nós sofremos as consequências. Os frutos que colhemos desde já são alegria, paz e esperança. Todavia, esses frutos são colhidos por nós, mas somos chamados a usá-los para alimentar os outros, não a nós mesmos. Seguir a Jesus significa servir desinteressadamente. Como seguidores de Jesus Cristo, somos convocados a manifestar ao mundo a alegria que vive em nós, vivenciando a paz nos nossos relacionamentos e levando esperança para aqueles (as) que estão acabrunhados. Perdemos tempo quando nos consumimos em coisas que não dão em nada. Perdemos dinheiro quando vivemos em função de nos curtir a nós mesmos (as). Perdemos amigos, família, quando egoisticamente só pensamos nas nossas dificuldades e nos isolamos como vítimas. Todo aquele (a) que se fecha em si mesmo (a) perde o gosto pela vida. A semente que cai na terra tem que primeiro morrer. Se todos nós acolhêssemos esta verdade de coração a nossa vida seria muito mais plena. – Você se liga às dificuldades das outras pessoas? – Você sofre com o que passa o seu irmão, ou está sempre girando em torno dos seus problemas? – Diante de Deus você se considera justa para com os Seus Filhos e seus irmãos?-Você costuma achar que a sua vontade tem de prevalecer ou você deixa também que outros tenham razão?- O que você tem vivido mais na sua vida: a paz ou a discórdia? - Com que interesse você trabalha para Deus?
Helena Serpa

3 - Quem ama a sua vida, perdê-la-á – Claretianos

Primeira leitura: 2 Coríntios 9, 6-10.
Aquele que dá a semente ao semeador e o pão para comer, vos dará rica sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça.

Salmo responsorial: 112,1-9.
 Feliz o homem caridoso e prestativo.

Evangelho: João 12,24-26.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conserva-la-á para a vida eterna.
Jesus manifesta sua frustração por causa da geração incrédula e indiferente do seu tempo. Seus discípulos, nesse contexto, eram fiéis reflexos dessa atitude. O problema é de fé. Sem fé é impossível ser discípulo e missionário. A fé, em primeiro lugar, tem uma alta dose de compaixão, uma compaixão que não é pelo outro, mas uma resposta comprometida frente às suas necessidades.
O homem pede um pouco de compaixão e Jesus responde satisfazendo sua necessidade. Jesus o faz com a força de Deus, nós o fazemos com a força da fé. Contudo, a descrença do mundo permite que o demônio do egoísmo, da injustiça e da violência domine a sociedade. E o demônio desse tipo só podemos expulsar com a força da fé.
Em segundo lugar, a fé requer cuidado para crescer. Uma fé pequena pode mover montanhas, enquanto uma fé maior, certamente poderá mover e ganhar o mundo todo pelo Reino. Peçamos a Deus uma fé forte, capaz de mover as montanhas de nosso coração, de nossas famílias e de nossas comunidades e para curar os males que aparentam não ter remédio.

4 - Eu sou a porta -Alexandre Soledade

Bom dia!
Como compreender a vida simples daquele que vive no campo? Um lugar onde ainda não tem acesso a internet ou TV a cabo e tantas outras modernidades, onde um bico de luz é o único ponto luminoso em meio à escuridão; onde a labuta começa bem antes do sol nascer e o dia acaba por volta das sete da noite e mesmo assim temos a real impressão que foi lá que a felicidade resolveu morar?
Como entender a situação de alguém que conquistou tudo que o fruto trabalho possa comprar; que alcançou o máximo do prestigio em uma profissão ou numa função ou que seus bens garantam uma vida tranqüila até mesmo para duas gerações, mas que na luta para se conquistar tamanho patrimônio precisou lançar mão de sua saúde, de sua família, de sua vida para obtê-lo?
É bem verdade que Jesus nos prometeu e nos promete vida plena e em abundancia, mas aonde tenho procurado?
“(…) Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem. O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. EU VIM PARA QUE AS OVELHAS TENHAM VIDA E PARA QUE A TENHAM EM ABUNDÂNCIA“. (João 10, 9-10)
É preciso deixar claro que o reino que Jesus nos preparou não esta reservado para somente os pobres ou para os ricos e sim para todos os “desprendidos”, pois no sermão do monte os “bem aventurados” são os POBRES e HUMILDES DE CORAÇÃO, sejam eles brancos, negros, amarelos, (…).
Como não se encantar por um Deus que em meio aos privilégios de sua situação celeste prefere ficar com os homens, caminhar com eles, ensiná-los, acompanhá-los, curá-los? O que o criador vê de tão importante nessa criatura ao ponto de morrer por ela?
Um dia escrevi para uma pessoa que gosto muito (Drih) explicando que é bem diferente “GOSTAR” e “SE IMPORTAR”. A grosso modo, gostar de algo ou de alguém é ter um sentimento agradável em relação a ele (a), mas não necessariamente me importo com ele (a). Posso gostar muito da minha empregada doméstica, mas não me importar se o salário que recebe é suficiente para garantir o mês; posso gostar de comprar coisas novas e não me importar quanto meu pai tem que trabalhar para me dar…
Andamos de carro em altas velocidades, pois GOSTAMOS da aventura, mas pouco NOS IMPORTAMOS se por ventura minha destreza me trair; procuramos por facilidades, principalmente em meio a favores de políticos, para que em troca do meu voto me faça um GOSTO, mesmo NÃO ME IMPORTANDO se o futuro eleito é um grande mal caráter. Nossos olhos se abrem ao que nos agrada, mas fingem não perceber o que realmente importa.
Note que SE IMPORTAR é morrer, é se dar, é pensar no outro e NÃO SOMENTE em mim. “(…) Mas, se morrer, dará muito trigo. Quem ama a sua vida não terá a vida verdadeira; mas quem não se apega à sua vida, neste mundo, ganhará para sempre a vida verdadeira”.
Voltando aos primeiros exemplos dados no começo dessa reflexão, trazendo a mente o bucolismo da vida simples e a agitação da modernidade, será que consigo ter o melhor dos dois mundos? E a resposta é sim!
Aonde quer que estejamos, saibamos que a coisa mais importante sempre estará do lado de dentro.
Se a vida por acaso nos possibilitar abundancia em algum sentido, dividamos com as pessoas que nos cercam. Nunca deixe de ajudar, a repartir abraços, oferecer sorrisos, pois a maior virtude de um homem não depende de uma conta financeira ou do carro que dirige.
“(…) E disse então ao povo: Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas” (Lucas 12, 15)
Se de mais! NÃO SEJA MAIS UM! “(…) Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se um grão de trigo não for jogado na terra e não morrer, ele continuará a ser apenas um grão”
Um imenso abraço fraterno
Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 10/08/2013

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. O Serviço que requer o Rebaixamento
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

A palavra Diakonia, do grego, que significa servir, nasceu ainda em forma embrionária na Igreja primitiva, conforme relato de Lucas em Atos 6. Muito pouco se fala no Novo Testamento dos sete primeiros Diáconos da nossa Igreja, a não ser Estevão, o protomártir, e Felipe, que após a expulsão dos cristãos das sinagogas, saiu pregar na Samaria e depois em outras regiões, inclusive sendo ele o grande articulador do Cristianismo no mundo grego, pois neste evangelho de hoje é ele que conduz os gregos até Jesus.
A Diakonia, que começou com o autêntico espírito de serviço, foi passando por transformações no seio da igreja e entre os séculos seguindo e terceiro, o Diácono era papel de destaque enquanto principal colaborador do Bispo, que por aquele tempo era quem presidia a “Fração do Pão”, ou em uma linguagem de hoje, só o Bispo é que celebrava missa. E assim a diakonia, cada vez mais foi tendo destaque no serviço do altar e na administração dos bens terrenos da Igreja e daí a concorrência, a busca de poder, contaminou o Diaconato que ao final do século IV despareceu por completo da nossa Igreja.
Foi o Concílio Vaticano II que restaurou o Diaconato Permanente fazendo com que a Diakonia fosse resgatada, deixando de ser apenas um ministério transitório, para ser um Sinal Sacramental do Serviço. O Diaconato Permanente é um Sinal Sacramental de todas as diakonias presentes em nossas comunidades, não há distinção entre a diakonia leiga e a do Diácono, uma supõe a outra, uma sinaliza e torna a outra autêntica em si mesma.
O evangelho de hoje, portanto, aponta para aquilo que é essencial no Diaconato: o morrer para si mesmo, esvaziar-se de qualquer ambição, glória ou poder, servir com alegria, generosidade e grande disposição. Morrer para si mesmo é não se clericalizar em excesso, não fazer questão de qualquer honraria ou distinção, por causa do ministério, morrer para si mesmo é anunciar a Palavra e esquecer-se de si mesmo. Morrer para si mesmo é não olhar para o Presbítero com um ar inferior, e nem tão pouco olhar para o leigo com um ar superior.
Morrer para si mesmo é manter a serenidade em toda e qualquer situação, é ser paciencioso e compreensivo com quem quer que seja, é não fazer uso da sua autoridade clerical, para dominar, se impor, ou obter qualquer benefício. Morrer para si mesmo é abrir mão de celebrações da Palavra pomposas, onde se exalta o próprio ego, é priorizar as comunidades pobres de bairros distantes, com as quais o Cristo a quem se serve, se identifica mais.
Enfim, o Diaconato é um tesouro inestimável pertencente ao Senhor, que se permite guardá-lo na insignificância dos modestos vasos de barro, que são os nossos Diáconos. E que São Lourenço nos ajude a todos quantos imerecidamente receberam esse Santo Sacramento, a manter incólume tal tesouro, pertencente ao Senhor, e que refulge o seu maior brilho no amor que se traduz em serviço, na Dimensão da Palavra, da Liturgia e da Caridade, colunas mestras que dão sustentabilidade a toda e qualquer Diakonia.

2. Se o grão de trigo não morre, fica só
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

São Lourenço, mártir, era arquidiácono do Papa Sisto II. Sete diáconos administravam os bens da Igreja de Roma. Cuidavam dos necessitados e dos cemitérios, eram arquivistas, conselheiros, pregadores. Naquele tempo, havia perseguições contra os cristãos. O Papa Sisto II tinha sido executado com quatro dos seus diáconos. Alguns dias depois, Lourenço foi preso com a ordem de entregar ao imperador os bens da Igreja. Apresentou então ao juiz inúmeros pobres de Roma dizendo: Estes são o tesouro da Igreja. Foi condenado à morte, queimado sobre uma grelha. O imperador Constantino mandou construir uma basílica em honra de São Lourenço e o Papa Dâmaso colocou na basílica a inscrição: “Só a fé de Lourenço conseguiu vencer os flagelos do algoz, as chamas, os tormentos, as cadeias. Dâmaso suplicante enche de dons estes altares, admirando os méritos do glorioso mártir”. Os seus restos mortais repousam na basílica que lhe foi dedicada, de São Lourenço Fora dos Muros. O sangue dos mártires é semente de cristãos. O grão de trigo caído na terra deve morrer para produzir muito fruto. Caso contrário ficará só. Lourenço foi um servo fiel que agora está com o Senhor na glória. Os diáconos são sucessores daqueles Sete primeiros escolhidos pelos apóstolos para organizarem a vida prática da comunidade iniciante. Em Roma, foram os cardeais da época, braço direito do Papa.

ORAÇÃO FINAl
Pai Santo, nós queremos ser neste mundo sementes do teu Reino de Amor. Dá-nos coragem e força para ficar ao lado dos irmãos, aliviando suas dores e fazendo nascer neles a certeza de que já estamos em teus braços misericordiosos, ao lado do Cristo Jesus, teu Filho que se fez humano como nós e contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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