domingo, 10 de março de 2019

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 10/03/2019

ANO C


1º DOMINGO DA QUARESMA

Ano C - Roxo

“Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.”

Lc 4,1-13

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos neste domingo a vitória de Cristo sobre as tentações do deserto, onde Jesus mostra que o jejum, a oração e a caridade são meios eficazes para vencermos as ciladas do inimigo. Somente com o coração purificado, podemos restabelecer relações fraternas para com Deus e os irmãos. Crendo nas promessas do Senhor, coloquemo-nos diante de sua glória, cantando.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, tendo iniciado nosso caminho quaresmal, recordamos neste domingo a vitória de Cristo sobre as tentações do deserto. Caminhemos neste santo tempo rumo à Páscoa; usemos como instrumentos de combate a oração, a penitência e a esmola do amor fraterno para que, ao final do caminho, sejamos mais conformes à imagem bendita do Cristo Jesus ressuscitado, nosso Senhor e Deus, vencedor do Maligno e da morte.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste primeiro domingo da quaresma é proposta uma reflexão fundamental sobre o destino do homem. É uma meditação religiosa, uma vez que põe em causa o justo relacionamento com Deus, libertando-o de duas concepções errôneas. - O homem é escravo das forças naturais ou históricas; sua presença no mundo é o fruto de um acaso que lhe pregou uma peça breve e cruel, dando-lhe a ilusão de felicidade e abandonando-o ao poder da morte. O homem é arbítrio absoluto de seu destino, senhor do bem e do mal, dominador das forças cósmicas, único protagonista da história. Mas Deus retoma seu plano lenta e constantemente. Todo homem, como toda geração e toda comunidade, é chamado a reviver a mesma opção fundamental de obediência, mostrada por Cristo ao sair vitorioso da provação e das tentações.

TENTADOS À EXEMPLO DO MESTRE

Este tempo quaresmal é uma boa ocasião para recuperar a alegria e a esperança que nos vem do fato de nos sentirmos filhos amados do Pai. Pai que nos espera para livrar-nos das vestes do cansaço, da apatia, da desconfiança e revestir-nos com a dignidade que só um verdadeiro pai e uma verdadeira mãe sabem dar aos seus filhos, as vestes que nascem da ternura e do amor.
O nosso Pai é, na verdade, pai duma grande família, é Pai nosso, é um Deus que Se entende de família, de fraternidade, de pão partido e partilhado - é o Deus do «Pai Nosso», não do «pai meu e padrinho vosso», ... em cada um de nós está inscrito e vive o sonho de sermos filhos de Deus.
Deste modo, a Quaresma é, antes de tudo, tempo de conversão, porque experimentamos na vida de cada dia que tal sonho é continuamente ameaçado pelo diabo, que nos quer separar, gerando uma sociedade dividida e conflituosa, uma sociedade de poucos e para poucos.
Quantas vezes experimentamos na nossa própria carne ou na carne da nossa família, na dos nossos amigos ou vizinhos a amargura que nasce de não sentir reconhecida esta dignidade que todos trazemos dentro. Quantas vezes tivemos de chorar e arrepender-nos, porque nos demos conta de não ter reconhecido tal dignidade nos outros. Quantas vezes – digo-o com tristeza – permanecemos cegos e insensíveis perante a falta de reconhecimento da dignidade própria e alheia.
A Quaresma é também tempo para abrir os olhos para as injustiças que atentam diretamente contra o sonho e o projeto de Deus, tempo de desmascarar aquelas três grandes formas de tentação que procuram arruinar a verdade a que fomos chamados: a riqueza, a vaidade e o orgulho. Três tentações de Cristo, mas também três tentações que o cristão enfrenta diariamente. Três tentações que procuram degradar, destruir e tirar a alegria e o frescor do Evangelho; que nos fecham em um círculo de destruição e pecado.
Temos de escolher Jesus, e não o diabo, e a Igreja oferece-nos o tempo da Quaresma convidando-nos à conversão, na certeza de que em Deus está nossa espera e quer curar o nosso coração de tudo aquilo que o degrada - é o Deus cujo nome é misericórdia, nome no qual repomos toda a confiança!
(Homilia do Papa Francisco, 14 de fevereiro de 2016, Ecatepec - México.)

O CAMINHO PELO DESERTO E A QUARESMA

Na história de Israel, o deserto tem uma grande relevância, porque é a partir dessa experiência que o povo realmente se identifica como Povo de Deus. Depois de sair do Egito e caminhar quarenta anos pelo deserto, enfim Israel chegou à terra prometida. Mas foi durante o caminho que o povo experimentou várias provações como a fome e a sede, a busca pelos ídolos e as serpentes abrasadoras que provocavam a morte. Em todas as provações, Deus revelou seu amor, sua misericórdia e providência, não retribuindo a infidelidade do povo conforme a gravidade do seu pecado.
A experiência do deserto se tornou, então, um acontecimento original e, por isso, muitas vezes os profetas chamaram o povo à conversão lembrando o caminho pelo deserto. Foi no deserto que Elias reconheceu a passagem de Deus na brisa suave, e recobrou as forças para continuar o seu caminho e a sua missão. O sacerdote Esdras e Neemias promoveram a reconstrução do Templo e indicaram ao povo que era preciso retomar o caminho do deserto, e por isso eles recolheram ramos e fizeram tendas para recordar aquela experiência original.
Quando Jesus entrou pelo deserto, Ele confirmou ainda mais a unidade entre a natureza divina e humana. Jesus é o Filho de Deus que veio para resgatar o homem que foi destruído pelo pecado, e é também filho do Povo de Israel, que caminhou pelo deserto para chegar à Terra Prometida. Jesus enfrentou as tentações respondendo com a sabedoria da Palavra a cada uma das provações. Ele não desconfiou do amor de Deus e nem se sentiu abandonado à própria sorte. Assim ele confirmou a suavidade da presença de Deus e a necessidade de recomeçarmos o caminho de conversão.
O tempo da Quaresma é um apelo à conversão, quando somos convidados à prática do jejum, da esmola e da oração, e para começar esse tempo, a liturgia da palavra apresenta sempre no primeiro domingo a experiência do deserto. Assim como o Espírito conduziu o Senhor, também é Ele que nos conduz ao encontro da suave presença do Pai, para recomeçar e caminhar com firmeza na busca da conversão diária.
Também a Campanha da Fraternidade, com o tema “Fraternidade e políticas públicas”, vem nos ajudar e lembrar que não pode haver uma conversão verdadeira sem uma autêntica integração entre fé e vida, pois “as obras corporais e as obras espirituais nunca devem ser separadas”.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

O filho de Deus obediente à vontade do Pai

A cena das tentações está intimamente vinculada à cena do batismo e à genealogia de Jesus: é como Filho de Deus que Jesus é tentado (cf. Lc 4,3.9). Israel, depois de ter sido escolhido pelo Senhor como seu filho (Ex 4,22), foi conduzido pelo deserto, através de uma coluna de fogo (cf. Is 63,11.14), para ser tentado durante quarenta anos. A tipologia subjacente ao relato das tentações de Jesus é a do Êxodo.
As três cenas das tentações descrevem Jesus como Filho de Deus, obediente à vontade do Pai. Por essa razão, ele não cede à sedução de usar seus poderes ou sua autoridade de Filho para uma finalidade distinta da que é a sua missão. A tentação é a de utilizar a sua condição de Filho de Deus em benefício próprio. As três cenas fazem alusão às tentações do povo de Israel ao longo da travessia pelo deserto. O relato não visa nos fazer compreender que as tentações aconteceram num único momento da vida de Jesus; ele só pode ser lido e compreendido no conjunto do evangelho, pois as tentações acompanharam Jesus ao longo de toda a sua vida terrena.
Como Moisés, que antes de escrever as palavras da aliança jejua, assim também Jesus, antes de começar o seu ministério público. Depois de dias de jejum, a fome não aparece como uma tentação surpreendente. Ainda que o pão seja necessário para a vida, a vida do ser humano não se reduz aos seus bens, nem se resolve com um passe de mágica. A segunda tentação é a da ambição da realeza humana, que Jesus rejeita. Depois da multiplicação dos pães, querem fazer Jesus rei: "Jesus, porém, sabendo que viriam buscá-lo para fazê-lo rei, retirou-se, de novo, sozinho, para o monte" (Jo 6,15; Mc 8,31-33; Mt 27,42-43). Na cruz zombavam dele e gritavam: "Rei de Israel que é, desça agora da cruz e creremos nele!" (Mt 27,42). A terceira tentação é a de realizar um sinal espetacular para ser crido e reconhecido. Em Jo 6,30s, temos uma questão do mesmo tipo: "Que sinal realizas para que vejamos e creiamos em ti?" A tentação de se fazer valer aos olhos dos homens e de buscar a sua própria glória é algo presente em toda a vida de Jesus. No entanto, a pedagogia de Jesus é de outra sorte para conduzir as pessoas à fé nele. A fidelidade de Jesus ao Pai, a clareza da vontade de Deus para a sua vida, a convicção de sua missão, a força do Espírito Santo recebida no batismo, permitem a Jesus não sucumbir nem cair no poder da tentação.
Carlos Alberto Contieri,sj
Oração
Espírito de fortaleza, permanece sempre comigo, nas horas da tentação, para que, como Jesus, eu seja firme em superá-las.
Fonte: Paulinas em 17/02/2013

Vivendo a Palavra

O Espírito levou Jesus ao deserto – isto é, a este mesmo mundo em que vivemos – durante quarenta dias. Na linguagem sagrada, quarenta é o tempo necessário para que se faça o que deve ser feito. No caso, o tempo da salvação, isto é, toda a vida de Jesus. Como o Mestre, também nós somos tentados durante todo o nosso tempo. Com Ele, conseguiremos vencer.
Fonte: Arquidiocese BH em 17/02/2013

VIVENDO A PALAVRA

As tentações de Jesus são as nossas tentações de todos os dias: ter mais, poder mais e gozar mais a vida, subtraindo-nos ao sofrimento. O número bíblico ‘40’ simboliza ‘o tempo necessário para fazer aquilo que se deve fazer ou precisa ser feito’ e significa, para cada um de nós, os dias da nossa vida, o exato tempo da nossa existência, que nos é oferecido para seguir o Caminho, a Verdade e a Vida.

Reflexão

A PALAVRA FAZ VENCER AS TENTAÇÕES

Os quarenta dias de Jesus no deserto fazem lembrar os quarenta anos de caminhada do povo hebreu rumo à Terra Prometida. Tempo de provação, de superação das tentações, ainda que as tentações na vida de Jesus não tenham aparecido apenas nesses quarenta dias. O Evangelho de Lucas, de fato, diz que o diabo se afastou de Jesus para retornar no momento oportuno, na hora da decisão de entregar a vida na cruz, em Jerusalém.
Jesus venceu a tentação de ter comida e vida fáceis, recusando-se a transformar pedra em pão. Venceu a tentação de ter poder e prestígio, negando-se a se submeter ao que é satânico, ou seja, contrário ao projeto de Deus. Venceu a tentação de tentar o próprio Deus, recusando ações e atitudes que distorceriam a palavra de vida.
Obedecendo à palavra, Jesus vai vencendo as tentações e continuando a missão que o Pai lhe havia confiado. E a palavra que iluminou a vida de Jesus ilumina também a nossa. É a palavra que nos alimenta e nos torna comprometidos com a missão de Jesus, para trabalharmos pelo pão para todos. É a palavra que nos recorda que somente a Deus devemos adorar, relativizando todas as outras coisas. É a palavra que dá sentido à nossa existência, quando servimos a Deus servindo os menores de nossos irmãos, tal como fez Jesus.
Iniciando a Quaresma, somos como que convidados a ir com Jesus ao deserto, fazer silêncio dentro de nós mesmos, ouvir sua palavra e deixar que aí ela ecoe, para superarmos a tentação de aceitar o que é contrário aos valores que o Mestre nos ensinou. Assim a Quaresma se tornará, de fato, tempo de preparação para a Páscoa, tempo de provação da nossa fé e do nosso compromisso com Jesus. O mesmo Espírito que guiou Jesus continua nos guiando. Obedientes à palavra de Deus, confiamos que o Mestre está conosco, ajudando-nos a superar as tentações do dia a dia.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 17/02/2013

Reflexão

No primeiro domingo da Quaresma – nos três anos do ciclo litúrgico – o Evangelho narra as tentações de Jesus. Sim, Jesus também foi tentado em sua vida, como qualquer ser humano. Porém, repleto do Espírito e fortalecido pela Palavra, soube enfrentá-las e não caiu na armadilha do Diabo – aquele que procura dividir as pessoas e atrapalhar o projeto de Jesus. Os quarenta dias no deserto lembram os quarenta anos do povo hebreu caminhando – igualmente no deserto – em busca da terra prometida. Nessa travessia, o povo de Deus também teve desânimos e tentações de voltar atrás, mas, animado por Moisés e outras lideranças, conseguiu chegar ao objetivo: terra e liberdade. As três tentações que Jesus enfrenta resumem as tentações que ele teve ao longo de toda a vida. Também nós podemos ser tentados a abandonar o projeto de Jesus e assumir a ideologia do “Diabo”. Talvez estas sejam as grandes tentações da atual humanidade: a busca e concentração do poder, quando deveria ser democratizado e se transformar em serviço; a concentração da riqueza, quando deveria ser partilhada em favor da vida de todos. A concentração da riqueza e do poder favorece o acúmulo e o consumismo desenfreados. Uma sociedade que cultiva o consumismo e a satisfação egoísta não gera solidariedade; ao contrário, promove a violência.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditando o evangelho

A NECESSIDADE DE OPERÁRIOS

Confrontando-se com a grandiosidade da missão, Jesus reconhece a necessidade de contar com colaboradores, para poder levá-la adiante, a contento. Depois de ter enviado os doze apóstolos, o Mestre enviou, também, outros setenta e dois discípulos, com a tarefa de preparar as cidades e povoados para a sua passagem, ou seja, predispô-los para acolher a sua mensagem.
Os discípulos são orientados a suplicar ao Pai - Senhor da messe - para enviar muitas outras pessoas, dispostas a assumirem a missão evangelizadora. É ele quem tem a iniciativa da vocação e da missão. Devem evitar qualquer pretensão humana de querer arrogar-se tais dons. Todos dependem de quem os chamou e enviou.
Que tipo de operário requer-se para o serviço do Reino? É preciso que seja uma pessoa cheia de coragem, predisposta a viver na pobreza, capaz de adaptar-se a qualquer tipo de acolhida que lhe for oferecida, disposta a partilhar a vida de quem a acolhe, totalmente disponível para o serviço aos doentes e marginalizados, pronta a viver a experiência do fracasso, com otimismo, sem deixar-se abater.
Quem tem estas disposições internas, deve estar atento. Pode ser que o Senhor queira enviá-lo para trabalhar na sua messe. Por que não dizer um sim corajoso e generoso?
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de coragem e generosidade, predisponha-me para trabalhar na messe do Senhor, concedendo-me os pré-requisitos necessários para um serviço eficaz.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. VENCENDO AS TENTAÇÕES
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Os evangelhos não escamoteiam o fato da tentação na vida de Jesus. Se, por um lado, ao ser tentado, a humanidade do Messias fica patente, uma vez que todo ser humano é passível de tentação, por outro lado, a tentação evidencia a sua santidade.
Ao encarnar-se, Jesus assumiu plenamente a condição humana, sem exigir privilégios por ser Filho de Deus. Sendo assim, esteve sujeito a toda sorte de provações, como: abandonar o itinerário traçado pelo Pai para escolher um projeto de vida baseado no orgulho e na vanglória; usar mal o poder recebido do Pai, e realizar milagres para fazer-se reconhecido pelo povo. Foi tentado a desviar-se da cruz, e escolher o caminho fácil do pacto com as potências mundanas, a fim de realizar sua missão. Foi tentado a buscar fama e admiração, por meio de feitos espetaculares.
A santidade de Jesus revela-se na capacidade de vencer toda sorte de tentação, sem abrir mão do projeto do Pai, embora, devendo sofrer as conseqüências da ousadia de ser fiel.
A cruz será a suprema provação de Jesus. Não lhe faltará o desejo de ser poupado dela. Nem estará imune do pavor gerado por esta cruel circunstância. Todavia, ao superá-la, estará provado, mais do que nunca, ser ele o Filho de Deus, santo e fiel.
Oração
Espírito de fortaleza, permanece sempre comigo, nas horas da tentação, para que, como Jesus, eu seja firme em superá-las.
Fonte: NPDBrasil em 17/02/2013

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. AS TENTAÇÕES DE CRISTO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Em certa ocasião ganhei de um amigo um par de pneus especiais para colocar no meu carro,, que segundo ele, eram ótimos para rodar no meio da lama e em estradas de terra de pista irregular, sendo que meu amigo garantiu-me ainda que não havia obstáculo que os mesmos não ultrapassassem, porque eram feitos com borracha especial e que tinham uma alta resistência. Confesso que nunca soube ao certo se todos esses atributos dos pneus era mesmo verdade, simplesmente porque jamais passei com eles por terrenos ou estradas com essas características. Da mesma forma, a nossa fé só se pode mostrar verdadeira e autêntica em sua fidelidade, se for comprovada diante das tentações.
Poderíamos ainda como exemplo, citar o caso de uma pessoa que está fazendo regime e assegura a todos que já aprendeu a se controlar em relação aos alimentos, porém, não pode passar diante de uma padaria que acabará não resistindo aos doces e guloseimas expostas no balcão e deverá, para o seu bem, manter-se longe das “tentações”. Na vida do cristão isso não pode acontecer. Jesus Cristo não fugiu das tentações, mas as enfrentou com coragem, confirmando assim sua total fidelidade ao Projeto do Pai.
Quando temos medo de freqüentar “certos ambientes” ou estar na companhia de certas pessoas de má fama, estamos manifestando o desejo de correr das tentações porque no fundo, achamos que talvez o mal presente nelas, tenha mais força do que a graça de Deus que trazemos conosco. Se Jesus pensasse dessa forma, com certeza não teria freqüentado a casa dos pecadores e nem andado com mulheres como Maria Madalena, e nem chamado para o seu grupo pessoas como Mateus, cobrador de impostos.
Na primeira tentação, o diabo tenta convencer Jesus a tirar vantagem da sua condição divina “Olha, deixa de ser bobo e use o seu poder divino transformando essas pedras em pães para saciar a sua fome”. Usar o poder que algum cargo nos confere, na vida pública, na vida profissional e até mesmo na comunidade, para beneficiar-se a si próprio, como Jesus, teremos de saber resistir a essa tentação que é muito forte, pois se ele tivesse caído na lábia do tentador, não seria realmente um homem, mas teria apenas a aparência humana e seu sofrimento seria uma grande farsa.
Na segunda tentação está outro grande perigo: ter poder para dominar a tudo e a todos, ser influente e importante e fazer com que as pessoas venham todas “comer na palma da nossa mão”, como costuma se dizer para mostrar a nossa superioridade. Ser o dono da vida das pessoas, mandar e desmandar, o diabo ofereceu todos os reinos do mundo a Jesus, isso significa dizer que toda a humanidade estaria submetida a ele, e nesse caso o seu reino seria imposto e os homens não teriam escolha, seria obrigados a aceitá-lo. Prostrando-se aos pés do diabo, Jesus estaria aceitando fazer o seu “jogo”, usando o seu método diabólico. Contrariando a proposta sedutora do diabo, Jesus irá prostrar-se não a seus pés, mas aos pés dos discípulos, colocando em lugar do Poder o Servir. Precisamos tomar muito cuidado para que na comunidade não sejamos surpreendidos cedendo a esta tentação.
E finalmente a terceira tentação: exigir de Deus uma prova do seu amor para conosco isso é, “poderei me jogar do vigésimo andar de um prédio, que nada irá me acontecer porque Deus não irá permitir”, foi esse verbo que o apóstolo Pedro empregou, quando tentou convencer Jesus a fugir do seu destino – Deus não permita tal coisa, Senhor. Isso é tentar a Deus e colocá-lo á prova! Nos momentos mais difíceis de sua vida Jesus nunca duvidou do amor do Pai, nem mesmo quando estava na cruz do calvário, experimentando o fracasso aos olhos dos seus aos quais tanto amou.
As tentações de Jesus resumem bem, todas as tentações que enfrentamos nessa vida, sendo ocasiões oportunas para provar a nossa fidelidade ao projeto de Deus e a nossa capacidade de usarmos com sabedoria a liberdade que o próprio Deus nos concedeu. É assim que devemos buscá-lo nesta quaresma, através do jejum, da oração e da esmola, que nos ajudará no processo de conversão aproveitando ao máximo todos os momentos que a vida nos oferece, porque como vimos na liturgia da quarta feira de cinzas, este é o tempo favorável em que o Senhor se deixa encontrar. Importante também lembrar que as tentações evoluem, quanto mais resistência e força tivermos, mais forte ela irá voltar, o diabo sempre acha que no segundo embate ele levará vantagem.
O texto afirma que o tentador deixou Jesus para voltar em outro tempo, que viria a ser na cruz do calvário onde se consolidou a vitória da Cruz, sinal da Fidelidade de Jesus ao Pai. Portanto, não descuidemos da retaguarda!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Não porás à prova o Senhor, teu Deus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Todos os anos começamos a Quaresma com Jesus no deserto da tentação ou da provocação, porque a função do diabo verdadeiro é provocar. No Evangelho de Lucas, a provocação acontece em três momentos. No primeiro momento e no terceiro, o diabo começa com uma dúvida, que é ao mesmo tempo uma afirmação. “Mostre que você é o Filho de Deus transformando esta pedra em pão.” Jesus tinha fome depois de não ter comido nada durante quarenta dias. Sendo homem, Jesus tem fome. Sendo Deus, pode fazer o milagre. No terceiro momento, não há milagre. Há só vaidade de quem se joga do alto do Templo e é sustentado por uma Legião de Anjos. A cada provocação, Jesus responde com um pensamento bíblico, o que o demônio também começa a fazer. “Está escrito que os Anjos te carregarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.” Na segunda provocação, o diabo não pergunta se Jesus é o Filho de Deus. Aí o demônio se revela. Ele não está interessado em Deus ou em seu Filho. Uma batalha já foi travada no céu no passado. Ele está interessado no ser humano. Quanto vale o ser humano e onde está seu ponto fraco?
É próprio do ser humano a ambição pelo poder e pela glória. O diabo testa Jesus exatamente nesse ponto. “Eu te darei todo o poder e toda a glória de todos os reinos da terra, em troca da sua pessoa.” Você, ser humano, vale mais do que todo o poder e toda a glória de todos os reinos da terra. O demônio sabe disso. Nós é que parecemos não saber e nos prostramos com facilidade diante do demônio. Jesus reage com as palavras da Escritura: “Adorarás ao Senhor teu Deus e só a ele servirás”. Diz o texto que o diabo levou Jesus para um lugar alto e, num relance, lhe mostrou todos os reinos da terra. Num relance, porque este é o tempo da ilusão da glória e do poder. É quanto dura o relance de um instante. E nesse relance ilusório perdemos a própria vida, entregando ao demônio a nossa liberdade. O que dura para sempre é a adoração do Deus verdadeiro.
Tentações e provocações armadas pelo demônio, com a permissão de Deus, existem para que se manifestem os que, provados, são comprovados. Sem medo de provocações e tentações, sem medo do poder demoníaco que nos quer dominar, temos, como se lê na carta aos Romanos, “a palavra bem perto de nós, em nossa boca e em nosso coração”, porque “é crendo no coração que se alcança a justiça, e é confessando com a boca que se consegue a salvação”. “Essa palavra é a palavra da fé que pregamos.”

3. A PROVAÇÃO DO FILHO DO HOMEM
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).

A cena das tentações, inserida no início da vida pública de Jesus, é um claro indício de que o exercício de seu ministério seria pontilhado de provas e dificuldades. Na aritmética teológica da época, que consistia em atribuir valor simbólico-teológico aos números, o número três designava a constituição do ser humano (espírito - alma - corpo). A tríplice tentação significava que Jesus, enquanto ser humano, seria submetido a contínuas provações, pelas quais teria chance de dar provas de sua absoluta fidelidade a Deus. De fato, até os instantes finais de sua caminhada terrena, Jesus viu-se tentado.
O tentador insistia sempre no mesmo ponto: "Se você, de fato, é Filho de Deus", passando a fazer-lhe propostas extravagantes. Com isto, pretendia levar Jesus a exigir do Pai uma manifestação desnecessária de sua providência, bem como levá-lo a oferecer espetáculos formidáveis com os quais atrairia a atenção sobre si, granjeando a admiração das multidões, mas também o risco de ser vítima do orgulho e da vaidade.
As tentações foram capciosas. Com uma interpretação superficial, podiam parecer inocentes, sem maiores conseqüências. Só uma leitura arguta, como a de Jesus, foi capaz de desmascará-las e revelar as verdadeiras intenções do tentador.
O fato de vencer as tentações já foi um primeiro sinal da fidelidade de Jesus ao Pai. Por ser Filho de Deus, recusava-se a exigir do Pai manifestações insensatas de amor.
Oração
Pai, como Jesus, quero ser fiel a ti, sem jamais exigir manifestações extraordinárias de teu amor por mim. Basta-me estar ciente de ser teu filho.

REFLEXÕES DE HOJE


10 DE MARÇO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMILIA DIÁRIA

Andar em obediência a Deus é andar longe do pecado

Postado por: homilia
fevereiro 17th, 2013

Andar em obediência a Deus é andar em santidade, longe do pecado. E Satanás, nosso inimigo, procura sempre uma forma de nos atrair para cairmos em tentação. Seu desejo de ver o homem na lama do pecado é tão grande que ele tentou até mesmo Jesus no deserto.
No Evangelho deste 1º Domingo da Quaresma (Lc 4,1-13), vemos que Jesus foi levado pelo Espírito Santo ao deserto e lá passou quarenta dias em jejum. Quando Satanás percebeu que o homem Jesus encontrava-se muito debilitado – afinal estava há quarenta dias sem comer -, ele que sabia perfeitamente a Sagrada Escritura, achegou-se a Jesus e o tentou através da fome dizendo-lhe: “Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se mude em pão” (Lc 4,3). Jesus, embora enfraquecido, sabia que Sua força estava no Senhor e respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem’” (Lc 4,4). Jesus poderia transformar pedras no que quisesse, afinal é o Filho do Deus Todo-Poderoso e n’Ele está todo o poder e autoridade, mas, se assim o fizesse, estaria cedendo à tentação de Satanás.
Vendo que a primeira armadilha não tinha dado certo, Satanás levou Jesus ao monte mais alto e de lá lhe mostrou todos os reinos do mundo e a glória deles e disse: “Eu te darei todo este poder e toda a sua glória, porque tudo isto foi entregue a mim e posso dá-lo a quem quiser. Portanto, se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu” (Lc 4,6-7). E Jesus disse-lhe: “A Escritura diz: ‘Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’” (Lc 4,8)
Você pode pensar: “Por que Satanás ofereceu a Jesus o poder e a glória dos reinos do mundo, se todo poder e toda glória pertencem ao Senhor?” Porque Satanás disse a Jesus que “tudo isto foi entregue a mim”. Quando? Quando o homem pecou, quando no Jardim do Éden Adão e Eva desobedeceram a Deus e permitiram que a serpente do pecado os enganasse. Satanás se tornou o “príncipe deste mundo” (Jo 12,31; 16,11). Mas nós não! Embora vivamos neste mundo, não somos do mundo. Veja o que diz Jesus à Seu Pai: “Eles não são do mundo como também eu não sou” (João 17,16).
Apesar de derrotado, o inimigo ainda se mostra insistente. Em sua terceira investida contra Cristo, Satanás levou Jesus ao alto do Templo, em Jerusalém, e tentou-o, desta vez usando a própria Palavra de Deus, dizendo-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo! Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado!’ E mais ainda: ‘Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’” (Lc 4,9-11). Muito astuto não é mesmo? Usar o Pai para tentar o Filho. Mas Jesus foi ainda mais esperto e respondeu: “A Escritura diz: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’” (Lc 4,12).
O evangelista conclui afirmando que “terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus, para retornar no tempo oportuno” (Lc 4,13).
O que podemos aprender com o Evangelho de hoje?
1. Todos nós somos tentados. Diariamente as tentações batem à nossa porta: preguiça, desobediência aos pais e líderes, mentira, palavrões, inveja, orgulho, fofoca, namoro, sexualidade, roubo, drogas etc.
2. Temos a arma para vencer a tentação: a Palavra de Deus. Foi com ela que Jesus venceu a Satanás. Lembre-se: ela “é mais poderosa que qualquer espada de dois gumes” (Hebreus 4,12).
3. Quando vencemos, enchemos o coração do Pai de alegria e envergonhamos ao diabo, pois quando vencemos, em nós é cumprida a Palavra do Senhor de que “em tudo somos mais do que vencedores” (Romanos 8,37).
A privação da posse, do poder e do prazer deste mundo não se compara com “a Glória que havemos de possuir quando tudo se consumar em todos” (cf. Romanos 8,18-25).
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 17/02/2013

Oração Final
Pai Santo, ajuda-nos a fazer deste tempo quaresmal que hoje iniciamos um ensaio para toda a nossa vida. Que através do jejum, da esmola e da oração nós nos preparemos para o seguimento do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 17/02/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nestes exercícios quaresmais e por toda a nossa vida, dá-nos a consciência de que o tempo que nos ofereces é dom precioso. Ensina-nos a viver os nossos dias cumprindo a tua Santa Vontade: lutando contra as sedutoras tentações do mundo e procurando seguir os passos de Jesus, o Cristo, teu Filho que se fez nosso irmão e contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.

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