sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 09/02/2019

ANO C


Mc 6,30-34

Comentário do Evangelho

A compaixão não se confunde com dó

O texto é a continuidade de 6,7-13, e a preparação do episódio da "multiplicação dos pães" (6,34-44). O texto tem uma clara perspectiva eclesial. Os discípulos reúnem-se com Jesus para prestar contas da missão: ". contaram tudo o que tinham feito e ensinado" (v. 30). É o Senhor quem dá descanso aos que ele envia: "Vinde, a sós, a um lugar deserto, e descansai um pouco!" (v. 31). O projeto foi frustrado, pois uma grande multidão os seguiu. Essa multidão que vai atrás de Jesus causa nele "compaixão", um sentimento divino que atinge o mais profundo da pessoa, as entranhas. A compaixão não se confunde com dó. Atingindo o mais profundo do ser humano, ela leva alguém a agir em favor do(s) outro(s). A razão da compaixão: "... porque eram como ovelhas que não têm pastor" (v. 34). É possível ouvir, aqui, ecos do Antigo Testamento: ". que a comunidade do Senhor não seja como um rebanho sem pastor" (Nm 27,17; ver também 1Rs 22,17; Zc 10,12). Jesus é apresentado como Pastor que cuida com compaixão do povo de Deus. Ensinando, não deixa que as ovelhas se percam.
Carlos Alberto Contieri,sj
Oração
Pai, dá-me as disposições necessárias para eu realizar bem a missão recebida de Jesus, tendo-o sempre como modelo.
Fonte: Paulinas em 09/02/2013

VIVENDO A PALAVRA

Jesus se compadece também daqueles que o seguem. Ele está atento às exigências humanas de seus discípulos: após cumprir a missão que lhes fora proposta, eles devem ter momentos de repouso. Assim também devemos ser nós, sua Igreja: sempre cuidadosos com os companheiros de caminhada, atentos às suas carências e generosos na partilha dos bens que nos são oferecidos pelo Pai Misericordioso.

Reflexão

Devemos colocar a nossa felicidade onde se encontram os verdadeiros valores. As pessoas que vivem segundo os valores desse mundo colocam a sua felicidade nas coisas do mundo. São pessoas materialistas e hedonistas, marcadas pelo desejo do acúmulo de bens materiais e de poder e também na busca desenfreada de todos os prazeres proporcionados por este mundo, como é o caso do sexo e dos vícios em geral. São pessoas insatisfeitas porque na verdade foram criadas à imagem e semelhança de Deus e só podem ser satisfeitas plenamente em Deus, uma vez que são abertas ao infinito. Somente quem coloca a sua felicidade nos valores eternos encontra em Deus a sua plena satisfação.
Fonte: CNBB em 09/02/2013

Reflexão

Os apóstolos voltam da missão, provavelmente entusiasmados com o resultado, e se reúnem ao redor de Jesus, ansiosos por partilhar com ele “tudo o que tinham feito e ensinado”. A repercussão desse movimento missionário é imediata: o povo vinha de toda parte para ver Jesus e os apóstolos, de modo que eles “não tinham tempo nem para comer”. Jesus convida os missionários a um descanso salutar. Uma pausa entre as atividades é ocasião favorável para recuperação das forças, avaliação do trabalho, correção dos defeitos e elaboração de novos projetos. Aos líderes religiosos recomenda-se não se deixarem absorver totalmente pelos fiéis e reservarem tempo para o cultivo pessoal, incluindo-se exercício espiritual e cursos de reciclagem. Tudo com equilíbrio, pois o povo continua como ovelhas sem pastor.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditando o evangelho

A SÓS, COM JESUS

No processo de formação dos discípulos, Jesus evitava que caíssem num ativismo incontrolado. Eram tantas as pessoas que os rodeavam, fazendo solicitações de todo tipo, a ponto de não terem nem tempo para comer. Essa situação, com o passar do tempo, poderia se mostrar prejudicial. O excesso de atividades levaria os discípulos a se desviarem do verdadeiro sentido de sua missão.
Por isso, Jesus os convida para estarem à sós, com ele, de forma a criar um espaço de convivência e de troca de experiências, útil para quem se via tão atarefado. Os apóstolos tinham para partilhar sua experiência concreta de missão. Eles tinham experimentado a força de sua palavra, pela qual os demônios eram expulsos. Viram como os doentes recobravam a saúde quando eram ungidos. Presenciavam a transformação operada na vida de quem se predispunha a converter-se ao Reino e fazer penitência por seus pecados. Eram testemunhas da alegria que se apoderava de quem se descobria amado por Deus e objeto de sua misericórdia.
O desejo de Jesus de estar sozinho com os discípulos não se concretizou. A multidão chegou antes deles, no lugar afastado para onde se dirigiam. Embora irrealizado, o desejo de Jesus não pode ser descartado sem mais. O ativismo é um perigo que deve ser evitado.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba encontrar momentos para estar a sós contigo, revendo a minha vida de discípulo e me predispondo para continuar melhor a missão.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A SÓS COM O SENHOR...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Sempre ouço uma crítica contundente em nossa Igreja, de que, “no dia em que Jesus voltar, não vai nos encontrar unidos, mas reunidos”. Há de fato um excesso de reuniões, as vezes sem pauta e nem assunto determinado, e o que é pior, sem horário para terminar, onde patina-se em assuntos pessoais e troca-se muitas “farpas”. Seria necessário refletirmos sobre a qualidade de nossas reuniões, avaliando-se os resultados. Lembro-me da primeira vez em que fui convocado para uma reunião na igreja, isso já faz tempo. Senti-me muito importante, hoje confesso que o entusiasmo já não é tanto justamente porque ás vezes o clima de uma reunião torna-se tenso.
Pelo jeito os discípulos também gostavam de uma reunião, haviam sido enviados em missão, e no evangelho de hoje voltam para Jesus, querendo fazer uma reunião de avaliação, mas ao que parece, o Mestre não era muito chegado em reunião, porque assim que eles começaram a expor o relatório de tudo o que tinham feito, Jesus os convidou a irem para um lugar á parte: “Vamos descansar um pouco em um lugar á parte!”
Prestemos atenção nesse verbo, “descansar”, que tem muitos significados: descontrair, fazer algo diferente, jogar um pouco de conversa fora, dar boas risadas de coisas engraçadas que aconteceram na missão, rir dos próprios erros e enganos “Imagine Senhor, que eu por engano bati na porta de um ateu, e quando comecei a falar em teu nome, pensei que o home ia ter um “saracotico”!, Fico imaginando o grupo todo caindo na risada com aquele Missionário distraído, e Jesus exclamando bem humorado “Mas você é uma anta mesmo !”, e tome mais risada e até o sisudo Pedro, quase se engasga de tanto rir, e me dirão os extremamente conservadores, que isso não está no evangelho. E nem precisaria...O riso e o bom humor faz parte do ser humano e Jesus era Homem cem por cento, como bem definiu o Concílio de Calcedônia em 451. O leitor tire suas conclusões...
Modéstia á parte, nossas reuniões de diáconos da diocese de Sorocaba, são um pouco assim, as vezes o Dirigente tem que dar um “breque” para acalmar os faladores e piadistas, e não pensem que os mais idosos não gostam, até eles fazem rodinhas para contar suas anedotas ou coisas engraçadas do seu ministério. Faz muito bem a alma, ao coração e à nossa “psique”, esses momentos de pura alegria por estarmos juntos, pois não se conhece arma mais poderosa do que o isolamento, para destruir por completo uma vocação, agente de pastoral que se isola dos demais, catequistas, ministros, padres e diáconos. Começou a ficar sozinho, está dando “sopa” para a derrota e o fracasso na sua vocação, daí vêm certas tristezas, angústias e desvios de conduta, por falta de apoio.
Na correria dos trabalhos pastorais e ministérios, é preciso parar de vez em quando, e aqui há outro sentido belíssimo nessa reflexão, pois, descansar com o Senhor, significa abastecer-se, na intimidade da oração, no mistério da Eucaristia, onde Deus é um frágil pedacinho de pão, na palma da minha mão, ou ainda como Maria, irmã de Marta, sentar-se confortavelmente aos pés do Senhor, para ouvir a sua palavra. De que me adianta não ter tempo para mais nada, nem para mim mesmo, nem para os amigos, nem para a família, nem para comer, por conta de uma agenda lotadíssima de compromissos, se vou aos poucos me distanciando daquilo que é essencial?
O ativismo exacerbado das atividades pastorais e ministeriais começa a nos fazer sentir que somos Donos do reino e da igreja colocando-nos no centro das atenções, quando na verdade apenas trabalhamos para o Mestre Jesus. É ele quem nos envia, quem nos confia a missão, é, portanto, ele, que no “intervalo” do jogo, como fazem os técnicos de futebol, irá nos dar as instruções, fazer as correções necessárias, mostrando-nos a melhor estratégia para sermos bem-sucedidos na missão.
Não tenho nenhuma dúvida, de que sem essa intimidade dos bastidores, com Nosso Senhor, retirados em um lugar á parte, sem essa descontração com o grupo todo, que solidifica a amizade e o carinho entre os membros, qualificando as relações pessoais, corre-se o risco de estressar-se diante do volume de trabalho a ser feito na comunidade e na evangelização.
Fora da Igreja, a multidão que temos que servir é muito grande, as pessoas buscam desesperadamente algo que o cristianismo tem de sobra, que é a esperança, presente na palavra da qual somos portadores, mas é perigoso esse “corre-corre” nos tornar insensíveis a dor, ao sofrimento e as necessidades das pessoas, tornando-nos profissionais da palavra, realizando trabalhos belíssimos e ações arrojadas, mas não movidos por essa COMPAIXÃO, que Jesus tem pelas pessoas que o procuram, mas apenas levados por nossos interesses mesquinhos, pela nossa vaidade, prepotência e arrogância, manifestando de vez em quando o nosso mau humor e azedume naquilo que fazemos.
E Agentes de Pastoral ou ministros da igreja, com essa característica, longe de atrair as pessoas, como o Mestre fazia, as vezes é melhor manter a devida distância, porque nunca se sabe em que hora que o “Rei ou a Rainha da Cocada”, vai dar o seu terrível “coice”, que magoa, machuca e gera tantas divisões e intrigas na comunidade, perdendo de vista a compaixão, vivida por Jesus. Compaixão que o levou a interromper o descanso, para atender os que o procuravam.

2. Os discípulos foram de barco, para um lugar deserto, a sós
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Os apóstolos retornam da missão e Jesus os leva a um lugar deserto para descansarem. Queria estar sozinho com eles, mas, quando desembarcaram, havia tanta gente esperando por eles que Jesus ficou admirado. Não só admirado. Ficou penalizado. “Encheu-se de compaixão, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas”, lemos no texto de São Marcos. Jesus percebeu que o povo estava abandonado e então começou a ensinar-lhe muitas coisas. Um povo abandonado precisa de orientação. Um povo abandonado não sabe o que fazer e corre atrás de quem o possa ajudar. Muitas vezes corre atrás de ilusões. Outras vezes não percebe que está sendo enganado e explorado por quem lhe promete soluções mágicas para seus problemas. O povo corre atrás de Jesus como quem corre atrás de uma última esperança. Jesus ensina, porque um povo educado e instruído é capaz de encontrar soluções para seus problemas. Um povo bem-formado é capaz de preencher o vazio da ausência de um bom pastor. Um povo sem rumo tem que correr atrás de soluções miraculosas para os problemas da vida. Por isso, Jesus ensina.

HOMILIA DIÁRIA

Demonstro compaixão por meio das minhas palavras e atitudes?

Postado por: homilia
fevereiro 9th, 2013

Pegando a frase do Evangelho: “a multidão estava como que ovelhas sem pastor”, Jesus atrai para Si o título de pastor. Este atributo a Jesus, recebe a sua justificação na observação do evangelista ao interpretar os sentimentos do coração do Senhor vendo as multidões que O seguiam. Jesus se compadeceu delas.
Mestre desde o início da Sua missão, Cristo convida os discípulos – e a todos nós! – a manifestar aos homens o amor de Deus por eles. Em poucas linhas, podemos ter o quadro da vida de Jesus com os apóstolos e a multidão: a intimidade do Senhor com o grupo dos doze apóstolos em ordem à formação dos mesmos, a atividade intensa da vida pública de Jesus e dos apóstolos, o entusiasmo do povo pelo Senhor, a Sua disponibilidade apesar da fadiga, por fim, os sentimentos profundos de Jesus perante esse povo errante e faminto. É assim que Deus olha para mim e para você, bem como para toda a sua família e os homens no mundo inteiro. Ele deseja e quer que todos O procuremos.
Embora com o desejo e a vontade de atender a todos, Jesus com os apóstolos ressalta a sua necessidade de descanso depois as tarefas apostólicas. Para dizer que também o missionário precisa de repouso. Um tempo de retiro, de recuperação das energias, de intimidade com Deus. Foi por isso que, quando voltam empolgados com os resultados da missão, a primeira reação do Mestre é convidá-los para uma retirada, para que possam refazer as forças.
Jesus tem critérios que não correspondem ao grande critério da nossa sociedade: o da eficácia! Para Ele, os apóstolos não eram “máquinas”, mas, em primeiro lugar, pessoas humanas, que necessitavam ser tratadas como tais. O trabalho – mesmo o missionário – não é absoluto. Jesus reconhece a necessidade de um equilíbrio entre todos os aspectos da vivência humana.
Aqui, há uma lição para muitos cristãos engajados hoje: embora devamos nos dedicar ao máximo no apostolado, não devemos descuidar das nossas vidas particulares, da nossa saúde, do cultivo de valores espirituais e do relacionamento afetivo com os outros. Caso contrário, estaremos esgotados em pouco tempo, meras “máquinas” ou “funcionários do sagrado”, que não mostram ao mundo o rosto compassivo do Pai, e que por dentro são ocos.
O texto ressalta a compaixão de Jesus para com o povo com uma característica específica: era um povo muito sofrido, rejeitado e desprezado pelos chefes político-religiosos de então, que nem tinha tempo para comer. E quando Cristo se retirava, o povo ia atrás d’Ele. O que atraía tanta gente? Com certeza, não foi, em primeiro lugar, a doutrina nem os milagres, mas o fato de irradiar compaixão, de demonstrar duma maneira concreta o amor compassivo de Deus.
Jesus não teve “pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos. Teve “compaixão”, ou seja, literalmente Ele “sofria junto” e tinha uma empatia com os sofredores, a qual se transformava numa solidariedade afetiva e efetiva. Este traço da personalidade de Jesus desafia as Igrejas e os seus ministros para que não sejam “burocratas do sagrado”, mas irradiadores da compaixão do Pai.
Infelizmente, muitas vezes, as nossas igrejas mais parecem repartições públicas do que lugares do encontro com a comunidade que acredita no amor misericordioso de Deus e na compaixão de Jesus! A frieza humana frequentemente marca as nossas atitudes, pregações e cuidado pastoral. Num mundo que exclui, que marginaliza e que só valoriza “quem consome e produz”, o texto de hoje nos desafia para que nos assemelhemos, cada vez mais, a Jesus, irradiando compaixão diante das multidões que hoje, como nunca, estão como ovelhas sem pastor.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 09/02/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, faze-nos bons pastores para o teu rebanho: antes de nos ocuparmos com segurança e conforto pessoais, cuidemos dos companheiros que Tu colocaste perto de nós na estrada da vida, fazendo com que eles sintam o teu Amor misericordioso e acendendo neles a esperança do teu abraço Paternal. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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