segunda-feira, 5 de novembro de 2018

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 04/11/2018

ANO B


DIA DE TODOS OS SANTOS

Ano B – Branco

“Para humanizar a sociedade, o caminho é a santidade, a prática é a mansidão.”

Mt 5,1-12a

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Hoje, reunimo-nos para celebrar o mistério da santidade divina em nossa vida. É uma celebração que mostra o céu e indica o caminho para que a santidade seja plena em cada um de nós. Um modo para que isso seja realidade está na mansidão evangélica: Bem-aventurança que cultiva a bondade e o respeito para com o outro. Celebremos alegremente esta Solenidade implorando a intercessão de todos os Santos e Santas de Deus.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Hoje a Igreja volta seu olhar e seu coração para o céu e enche-se de alegria ao contemplar a multidão daqueles que já participam da glória e da plenitude do Deus Santo. Nossa atenção se volta para o incontável número daqueles para quem o Senhor Deus manifestou sua misericórdia. Nesta Eucaristia, elevemos o nosso hino de adoração ao Senhor, cuja santidade reluz nos seus santos e santas.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Na vida eterna, contemplaremos com os olhos da inteligência a glória de Deus, de todos os anjos e de todos os santos, assim como a recompensa e a glória de cada um em particular, das maneiras que quisermos. No último dia, no julgamento de Deus, quando pelo poder de Nosso Senhor ressuscitarmos com os nossos corpos gloriosos, esses corpos estarão resplandecentes como a neve, serão mais brilhantes do que o sol, transparentes como cristal. Cristo, nosso Senhor e mestre, cantará com a Sua voz triunfante e doce um cântico eterno, elogio e honra a Seu Pai celeste. Todos nós entoaremos esse cântico, com espírito alegre e voz clara, eternamente, para todo o sempre. A glória da nossa alma e a sua felicidade refletir-se-ão nos nossos sentidos e atravessar-nos-ão os membros; contemplar-nos-emos mutuamente com nossos olhos glorificados; escutaremos, diremos, cantaremos esse elogio de Nosso Senhor com vozes que nunca desfalecerão.

FELIZES, BEM-AVENTURADOS!

Na celebração de Todos os Santos contemplamos a Igreja do céu, a “Jerusalém celeste”, a “cidade de Deus” dos redimidos e salvos, na casa do Pai. De fato, olhamos para o nosso futuro: para lá se encaminha também a nossa vida. Chegar lá, é o grande objetivo final de nossa existência.
São Paulo diz que, neste mundo, somos todos peregrinos e não temos aqui cidade permanente, mas estamos a caminho da que há de vir (cf Hb 13,14). Jesus mesmo também prometeu aos discípulos que iria para junto do Pai para preparar um lugar para eles. E queria que todos estivessem junto dele para sempre (cf Jo 14,2-4). O céu é esse “lugar” e a companhia e plena comunhão com Ele é a felicidade completa.
Os Santos no céu já chegaram lá, no final do caminho, e alcançaram a meta da existência. Estão felizes e adoram e bendizem a Deus. A 1ª. leitura de hoje, do Apocalipse (Ap 7,2-4.9-14), nos apresenta uma visão do céu, onde uma multidão imensa de redimidos proclama em uníssono “o louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder, a força” de Deus. Graças a Deus, é uma multidão tão numerosa, que “ninguém consegue contar”.
O Papa Francisco nos recordou, no início deste ano, que a santidade é a vocação de todos nós (ver Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate). E a principal missão da Igreja é ajudar a humanidade a alcançar esse grande objetivo da existência humana. O Papa destaca que isso não é reservado para alguns poucos, ou para “pessoas muito especiais”. Talvez pensamos logo que é “santo” quem faz milagre ou consegue fazer coisas que ninguém faz. Não é assim. Santos são todos os que estão com Deus. E isso é possível a todos.
Santos e santas são as pessoas que vivem a comunhão com Deus e procuram viver a sua dignidade de filhos e filhas de Deus; são as pessoas que “ouvem a palavra de Deus e a colocam em prática cada dia” (Lc 11,38), como fez Nossa Senhora. A santidade é o chamado que Deus faz para todos: “sede santos porque eu, vosso Deus, sou santo” (Lv 11,45).
E o Papa recomenda que o caminho para viver a santidade e alcançar a felicidade do céu é viver as Bem-aventuranças do Evangelho. Jesus e Maria foram os primeiros que viveram esse caminho e nos deram o exemplo. A santidade não está fora do nosso alcance.
Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

Comentário do Evangelho

Bem-aventuranças

Mateus, no seu evangelho, apresenta, didaticamente, cinco coletâneas de textos extraídos das tradições das primitivas comunidades cristãs, formando cinco discursos de Jesus. O "Sermão da Montanha" é o primeiro destes discursos, em vista do anúncio do Reino dos Céus. Este Sermão inicia-se com as nove bem-aventuranças.
A subida à montanha é uma alusão ao lugar do encontro com Deus e a Moisés que recebeu os mandamentos da Lei na montanha (Sinai). Moisés, agora, cede lugar a Jesus, que apresenta as bem-aventuranças do Reino dos Céus. Os mandamentos da Lei eram expressos em forma categórico-imperativa. Contudo, as bem-aventuranças proclamadas por Jesus são uma oferta amorosa de felicidade a ser encontrada na união de vontade com Deus, através de práticas acessíveis a todos.
As bem-aventuranças não indicam um estado de felicidade de alguém que se aplica em crescer nas virtudes pessoais, mas sim a felicidade da comunhão com os irmãos, particularmente os mais excluídos, em um processo de libertação e integração social, e, nesta comunhão com os irmãos, a felicidade da própria comunhão com Deus.
A primeira bem-aventurança apresenta a pobreza, na forma de desapego concreto dos bens terrenos, como a característica genérica do Reino. As duas bem-aventuranças seguintes apontam para as vítimas da sociedade injusta: os que choram e os submissos ("mansos") aos quais o amor de Deus traz a libertação. Seguem-se quatro bem-aventuranças ativas, em vista da transformação da sociedade: a fome e sede da justiça que é a vontade de Deus, a misericórdia que impulsiona à ação solidária, a pureza do coração que supera a pureza ritual e acolhe a todos, e os promotores da paz em vista da construção de um mundo sem a ambição e a violência daqueles que tiram o alimento dos pobres para transformá-lo em armas de destruição maciça. As duas últimas bem-aventuranças retomam o tema da justiça, advertindo sobre a repressão a que estarão sujeitos os que a buscam e exaltando sua grandeza.
Pela prática das bem-aventuranças, na plenitude do amor, somos, de fato, filhos de Deus (segunda-leitura). Nelas encontramos valores universais, que podem ser entendidos e acolhidos entre todos os povos, chamados a formar "uma multidão imensa, que ninguém podia contar, gente de todas as nações, tribos e línguas" (primeira leitura). As bem-aventuranças são o caminho concreto para a transformação deste mundo em um mundo de fraternidade, justiça e paz.
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, move-me pelo Espírito a trilhar o caminho da santidade, colocando minha vida em tuas mãos e buscando viver as bem-aventuranças proclamadas por teu Filho Jesus.
Fonte: Paulinas em 04/11/2012

Vivendo a Palavra

O Mestre traça o perfil para quem O quiser seguir: será feliz quem é pobre em espírito; quem se aflige com a dor dos irmãos; quem é manso e humilde de coração; tem fome de justiça; é misericordioso, puro de coração e pacificador. E, sobretudo, quem, como Ele, for perseguido por causa da Justiça. Por isto Ele é o Caminho para a Casa do Pai.
Fonte: Arquidiocese BH em 04/11/2012

Reflexão

TODOS OS SANTOS

QUEM QUER SER SANTO?

Você já imaginou sair pelas ruas da cidade, perguntando a cada pessoa: “Você quer ser santo/a?” O que será que responderiam? Imagino que se ouviria cada resposta… Muitos diriam de cara: “Não quero”. Não penso que essas pessoas sejam gente sem bondade no coração. A verdade é que elas não entendem o que é santidade. Talvez pensem que ser “santo” é se comportar como uma estátua de madeira ou de gesso. Talvez pensem que um santo é uma pessoa fria, distante de todo o mundo, sem sentimentos, que não se importa com nada, não sente prazer, não se diverte, não dá gargalhadas nem vai a festa.
Já outras pessoas provavelmente iriam dar risada de deboche e dizer: “Santinho/a, eu?” Estas também não são más; só não sabem o que estão dizendo. Pensam que ser santo é ser pessoa que vive de aparências, que é fingida, que gosta de aparecer como “certinha” na frente dos outros. Acham que ser santo é se considerar melhor do que os demais.
Haveria até quem dissesse querer ser santo/a por pensar que o santo é alguém que leva uma vida muito fácil, muito tranquila, sem dificuldade nenhuma, que não chora nem adoece, que não enfrenta problemas. Mas estes também não sabem o que estão dizendo. Pensam que ser abençoado por Deus é levar vida mansa.
O que, então, uma pessoa precisa para ser santa? Para começar, todo o mundo já tem no coração a semente da santidade. Só precisa deixá-la crescer. Todo o mundo tem no coração o desejo de fazer o bem, de ser feliz, de ajudar, de ser solidário. Em outras palavras, todos têm o desejo de amar e de ser amados, como Jesus ensinou. Assim, quem quer ser santo precisa olhar para Jesus e procurar agir do jeito que ele agia, fazer as coisas como ele fazia. Quem está no caminho da santidade sempre se pergunta: o que Jesus faria se estivesse no meu lugar? Às vezes vai ser fácil, às vezes vai ser difícil. Muitas vezes não vamos conseguir fazer como Jesus. Muitas vezes vamos pensar em desistir. Enquanto não desistirmos de fazer o bem, ainda estaremos no caminho que Jesus nos indicou, e isso é a santidade.
Pe. Claudiano Avelino dos Santos, ssp
Fonte: Paulus em 04/11/2012

Reflexão

A exemplo de Moisés que, na montanha, recebe a lei e a deu ao povo; Jesus, ao ver as multidões de sofredores que vêm a ele, sobe a montanha e nos deixa a nova lei, as bem-aventuranças, início solene do sermão da montanha. As oito bem-aventuranças são dirigidas a toda a multidão e não apenas aos discípulos de Jesus (a nona é mais específica para seus seguidores). Ele propõe anúncios de felicidade. O que é ser feliz? Onde buscamos a felicidade? Para a sociedade moderna, felizes são os ricos, os poderosos, os bem de vida e os que podem consumir à vontade. Jesus, ao contrário, nos diz: felizes os pobres, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os persegui- dos por causa da justiça. Essas são instâncias de felicidade propostas por Jesus para toda a humanidade, não apenas para alguns grupos específicos. À primeira vista, parece que as bem-aventuranças conclamam para a acomodação. Ao contrário, elas convocam para o “não conformismo”, para a busca dos valores do Reino (paz, justiça, misericórdia). E também não é uma proposta para a vida após a morte, mas para o presente.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditando o evangelho

BEM-AVENTURANÇA E SANTIDADE

Ao proclamar as bem-aventuranças, Jesus descreveu a dinâmica da santidade. Bem-aventurado é sinônimo de santo. Portanto, santos são os pobres em espírito, cujo coração está centrado em Deus e que rejeita toda espécie de idolatria. Com certeza, possuirão o Reino dos Céus. Santos são os mansos, que por não responderem a violência com violência, herdarão um bem inalcançável pelos violentos. Santos são os aflitos, que são impotentes diante de situações dramáticas, e não pretendem ter solução para tudo. Sua recompensa será a consolação de Deus. Santos são os famintos e sedentos de justiça, que não pactuam com a maldade, nem se deixam levar pela lógica da dominação.
Deus mesmo haverá de realizar seu ideal e fazê-los contemplar o reino da justiça. Santos são os misericordiosos, cujo destino consistirá em viver a comunhão definitiva com o Deus-misericórdia. Santos são os puros de coração, que não agem com segundas intenções e nem falsidade, mas sim, com transparência. Por isso, serão recompensados com a visão de Deus, em todo seu esplendor. Santos são os promotores da paz, que procuram criar laços de amizade e banir toda espécie de ódio, a fim de que o mundo seja mais fraterno. Eles serão chamados filhas e filhos de Deus. Santos são os perseguidos por causa da justiça, os que lutam para fazer valer o projeto de Deus para a humanidade.
Este é o caminho da santidade que todos somos chamados a percorrer.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, faze-me trilhar os caminhos das bem-aventuranças, que é o caminho da santidade.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. VIVER HOJE O 'AMANHÃ'
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Ser santo não é uma decisão do homem, mas uma resposta ao convite que Deus nos faz em Jesus Cristo: Sede perfeitos como o vosso Pai é perfeito! Perfeição nesse sentido, nunca foi e nem será o forte do homem, feito de barro, vulnerável ao pecado, sujeito a tantas fraquezas, marcado por tantas limitações. Se santidade fosse isso, Deus seria o maior dos injustos, pois é o mesmo que um homem perfeito sair em disparada e pedir para que um deficiente físico o acompanhe nessa corrida. Nunca teríamos a menor chance de ser santos. Há ainda outra corrente que acha que a santidade é apenas para alguns, que têm uma conduta exemplar, são pacientes, tolerantes, dóceis, calmos, prestativos, solidários, educados, nunca perdem a cabeça e o equilíbrio, nunca reclamam de nada e aceitam tudo, sendo bondosos o tempo todo. De pessoas assim, é melhor manter distância e ser cauteloso, porque me dizia um padre muito amigo, o santinho de hoje pode ser o diabinho de amanhã!
Ser calmo ou ter os nervos a flor da pele, ter equilíbrio emocional, demonstrar serenidade, ser amável e dócil, ser prestativo e educado, sem dúvida que são belas virtudes, mas não necessariamente um indicativo de santidade, pois conheço histórias de grandes santos que eram bem temperamentais. Há ainda outro conceito perigoso de santidade, que é ter o poder de realizar coisas prodigiosas, os chamados milagres. Conheço pessoas descrentes de Deus e da igreja, e que, contudo praticam essas virtudes. E já tive conhecimento de curas operadas por pessoas de outras correntes religiosas, até opostas ao cristianismo.
A ideia de que santidade é coisa restrita de alguns homens e mulheres especiais, parece-me um tanto quanto equivocada, pois o visionário do apocalipse afirma categoricamente na primeira leitura, que se trata de uma multidão, de onde se conclui facilmente, que santidade é uma proposta de vida que Deus faz a toda humanidade, onde Jesus Cristo é o modelo e a referência máxima, nele a gente se encontra como Filho de Deus, não mais desfigurado pela corrupção do pecado, mas liberto, vitorioso e perfeito como fomos criados e concebidos pelo Pai. Somente Nele, com ele e por ele seremos santos! Mas encontrei nas leituras dessa "Festa de Todos os Santos", uma definição ainda mais bonita e completa do que é a Santidade - "Viver hoje o amanhã".
É preciso ter os pés no chão, pois uma coisa é enfrentar com coragem os desafios do presente e buscar soluções concretas, o outro é camuflar a situação, fazendo uma belíssima coreografia, sem mudar o cenário! É maquiar para parecer belo! A copa do mundo que vai acontecer no Brasil em 2014, será um desses momentos, de grande ilusão e utopia. Já se está vendendo a imagem de um País que é um paraíso...
As bem-aventuranças proclamadas solenemente por Jesus, no alto de um monte, são profundamente realistas: a Primeira e a Oitava trazem o verbo no presente, "... Porque deles é o Reino dos Céus", ao passo que as demais, usam o verbo no futuro, "porque serão, verão, alcançarão...". Ser pobre em espírito é fazer de Deus a sua única riqueza, é possuir já nesta vida a plenitude da vida futura. É ser discípulo e estar em constante aprendizado a partir do evangelho, vivendo hoje tudo o que cremos e esperamos no amanhã. Esta postura diferente trará incompreensão e perseguição, mas em compensação, a alegria será verdadeira, porque não se fundamenta naquilo que se vê, mas sim no que se espera.
Jesus Cristo trouxe o futuro até nós, sendo precisamente esta crença e esperança que nos faz ter uma identidade própria, fomos marcados para fazer a diferença neste mundo tão descrente, que não consegue vislumbrar a Vida Nova, para a qual fomos destinados por Deus, desde o início da Criação.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Os discípulos aproximaram-se, e ele começou a ensinar...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Celebramos hoje, numa só festa, os méritos de todos os Santos. O Senhor se dirigiu a Moisés e mandou que dissesse a toda a comunidade de Israel: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. Assim lemos no Levítico, e ouvimos novamente Pedro, em sua primeira carta: “Como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos também vós santos em todo o vosso comportamento, porque está escrito: ‘Sede santos, porque eu sou santo’”. Os Santos não são apenas chamados de filhos de Deus. Eles o são de fato. Levaram a sério o que ouviram e praticaram o que lhes foi ensinado. Procuraram o que estava a seu alcance, se não a perfeição do Pai, ao menos a sua misericórdia. Ouviram que deviam ser santos como o Pai é santo e decidiram sê-lo. São estes os santos e as santas que hoje celebramos. Homens e mulheres deste mundo, membros de nossas comunidades, limitados como qualquer ser humano, que não tornaram sua limitação empecilho na busca da santidade de Deus. Ao contrário, mostraram a glória de Deus na sua limitação, porque para Deus nada é impossível.
Estes homens e estas mulheres levaram a sério o seguimento de Jesus Cristo, levaram a sério a sua vida cristã. Na Igreja Católica são considerados heróis e heroínas por terem vivido de forma heroica as virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade, assim como as virtudes cardiais da prudência, da justiça, da fortaleza e da temperança. O exame de suas vidas mostra que são de fato servos de Deus com a fronte marcada com o selo de Deus. Isto seria suficiente para terem sua memória honrada entre nós. No entanto, damos-lhes ainda o título de “santos” pela sua proximidade com Aquele que é o único Santo. Tal proximidade com Deus se vê nas graças extraordinárias que Deus nos concede pela intercessão dos santos e das santas. São os milagres que só Deus pode fazer, e faz se quer e quando quer, ouvindo o pedido que lhe fazem os santos, a exemplo de Maria, que nas bodas de Caná disse a Jesus: “Eles não têm mais vinho”, ou à semelhança de Ester, que pediu ao rei a vida para o seu povo.
Os anjos marcaram com o selo divino a fronte dos que eram servos de Deus, e Jesus beatificou, declarando felizes os que são pobres em espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede da justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos por causa da justiça; e de modo particular os que forem injuriados e perseguidos por causa dele. Gente que vale a pena!

REFLEXÕES DE HOJE


04 DE NOVEMBRO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMILIA DIÁRIA

O Sermão da Montanha, um autêntico programa de vida cristã

Postado por: homilia
novembro 4th, 2012

O chamado “Sermão da Montanha” faz parte do discurso inaugural do ministério público de Jesus que se estende entre os capítulos 5 a 7 do Evangelho de São Mateus. Hoje, vamos observar o primeiro dos cinco discursos que o evangelista distribui estrategicamente no seu livro.
No texto destacamos dois elementos fundamentais: primeiro está o lugar de onde Jesus fala e o conteúdo do discurso. Depois de pregar nas sinagogas da Galileia – acompanhado de uma grande multidão -, Jesus sobe ao monte para rezar, escolhe os doze apóstolos e depois chega a um lugar plano. Ali, Ele se senta. Os Seus discípulos e toda a multidão se aproximam d’Ele. Então, tomando a palavra, Jesus começa a ensinar: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus…”
A intenção evidente do evangelista é apresentar-nos um discurso completo. Há portanto, aqui, uma unidade retórica, sendo este termo entendido não só como uso de figuras de estilo mas, sobretudo, como forma de usar as palavras e construir o discurso visando cumprir um determinado objetivo que, neste caso, é proclamar o Evangelho do Reino de um modo novo.
Não há aqui espaço para uma interpretação detalhada do texto. Utilizaremos como marco hermenêutico a novidade que este sermão nos traz, advertindo desde já que, de maneira nenhuma, trata-se de ruptura com o Antigo Testamento, mas sim do seu pleno cumprimento em Jesus Cristo. De fato, Ele declara: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição”. Levar à perfeição é o mesmo que “dar pleno cumprimento”, realizar plenamente.
À semelhança de Moisés, que sobe ao Monte Sinai para receber as tábuas da Lei que há de comunicar ao povo de Israel (cf. Ex 19,3.20; 24,15), há quem veja na pessoa de Jesus um “novo Moisés” que surge como Mestre, não apenas de Israel, mas de todos os homens chamados à vocação universal de serem discípulos de Cristo pela escuta e vivência da Sua Palavra: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu” (Mt 7,24). Ou ainda: “Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha”. Jesus senta-se na “cátedra” de Moisés (a montanha) como o Moisés maior, que estende a aliança a todos os povos. Assim, podemos ver o Sermão da Montanha como “a nova Torá trazida por Jesus”.
Devemos insistir, porém, que não se trata aqui de abandonar a Torá dada na aliança do Sinai. É sabido que o primeiro Evangelho foi escrito para uma comunidade de cristãos de origem judaica, enraizados e familiarizados com a Lei de Moisés, que continuava a ser valorizada e praticada. A preocupação do evangelista é mostrar que, sem abolir nada do que Moisés tinha deixado, Cristo – com a Sua ação – o supera e leva à perfeição como só Ele pode fazer, absolutamente melhor do que qualquer outro profeta.
O que Mateus nos apresenta, no texto de hoje, não tenho nem sequer uma sombra de dúvida de que seja o anúncio de um novo céu e uma nova terra onde haveremos de morar. É como que a realização de todas as promessas e bênçãos de Deus nos discípulos da Nova Aliança em Cristo, assim como no novo espírito com que se deve cumprir a Lei, concretizado nas práticas da esmola, da oração e do jejum.
A atitude dos filhos do Reino se traduz numa nova relação com as riquezas, com o próprio corpo e as coisas do mundo e com Deus, a quem nos dirigimos como Pai e de cujo Reino se busca a justiça antes de tudo. Como não se pode dizer que se ama a Deus se não se ama os irmãos, não falta aqui a referência a uma nova relação com o próximo. Finalmente, o epílogo do Sermão faz uma recapitulação e um apelo veemente a não apenas escutar a Palavra, mas a pô-la em prática de forma consciente e deliberada.
Procuramos, da forma mais breve possível, ver como em Jesus Cristo se cumpre a promessa de Deus ao povo de Israel em Dt 18,15: “O Senhor, teu Deus, suscitará no meio de vós, dentre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deves escutar” e a Moisés em Dt 18,18: “Suscitar-lhes-ei um profeta como tu, dentre os seus irmãos; porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar”. Como acontece noutras passagens dos Evangelhos, também aqui Jesus Cristo anuncia o Reino dos Céus.
Esta é uma forma semítica de dizer “Reino de Deus”, que está no meio de nós e se realiza plenamente no domínio ou reinado de Deus sobre todas as Suas criaturas e na aceitação ativa, alegre e jubilosa desse reinado pelas mesmas criaturas, a começar pelo homem, criado à Sua imagem e semelhança.
O Sermão da Montanha é então, para nós, um autêntico programa de vida cristã que não deixaremos de meditar e pôr em prática todos os dias, pois ele compreende o “anúncio de um novo céu e uma nova terra onde haveremos de morar.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 04/11/2012

Oração
Deus eterno e onipotente, dignai-Vos ouvir as nossas súplicas e conduzir-nos, pelo vosso Espírito, para a bem-aventurança que nos prometeis. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

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