ANO B
Lc 13,22-30
Comentário do Evangelho
O difícil desapego
Lucas faz uma segunda menção ao caminho de Jesus para Jerusalém, onde se consumará o seu ministério (cf. 9,51). Jesus vai ao encontro das multidões de peregrinos que acorrem à cidade para a celebração da Páscoa judaica.
A salvação é a comunhão de vida com Deus. Ela não resulta de nenhum mérito por observâncias religiosas ou legais, mas é alcançada na comunhão de amor com o próximo, principalmente o mais carente e necessitado.
Com o simbolismo da "porta estreita", Jesus refere-se à dificuldade que encontram para se converter aqueles que estão apegados à observância da Lei, com sua tradição de privilégios raciais e suas riquezas.
"Os últimos serão primeiros." Quem tomará lugar à mesa do Reino são todos aqueles que, em qualquer povo ou nação, se empenham em promover a vida neste mundo, sob o signo da paz.
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.
Fonte: Paulinas em 31/10/2012
Vivendo a Palavra
O seguimento de Jesus começa pela porta estreita e segue por caminho áspero da Justiça. É a história da nossa conversão, processo de toda a vida. O mundo tenta nos seduzir com portas largas e estradas convidativas de conforto, de acomodação, de egoísmo. O Reino de Deus exige nosso esforço para servir aos irmãos. A grande descoberta é que é um esforço prazeroso!
Fonte: Arquidiocese BH em 31/10/2012
VIVENDO A PALAVRA
O seguimento de Jesus começa pela porta estreita do desapego e segue pelo caminho áspero da Justiça. É a história da nossa conversão, processo de toda a vida. O mundo tenta nos seduzir com portas largas e estradas convidativas de conforto, de acomodação e de egoísmo. O Reino de Deus exige nosso esforço para servir aos irmãos. A grande descoberta é que é um esforço prazeroso!
Reflexão
A porta larga que o mundo oferece para as pessoas é a busca da felicidade a partir do acúmulo de bens e de riquezas. A porta estreita é aquela dos que colocam somente em Deus a causa da própria felicidade e procuram encontrar em Deus o sentido para a sua vida. De fato, muitas pessoas falam de Deus e praticam atos religiosos, porém suas vidas são marcadas pelo interesse material, sendo que até mesmo a religião se torna um meio para o maior crescimento material, seja através da busca da projeção da própria pessoa através da instituição religiosa, seja por meio de orações que são muito mais petições relacionadas com o mundo da matéria do que um encontro pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Passar pela porta estreita significa assumir que Deus é o centro da nossa vida.
Fonte: CNBB em 31/10/2012
Reflexão
Séria advertência de Jesus a seus conterrâneos, sobretudo aos dirigentes do povo de Israel. Apoiados nos inúmeros preceitos que eles procuravam cumprir à risca, estavam convencidos de que já possuíam o Reino dos Céus e a felicidade eterna. Esqueciam, porém, o essencial, ou seja, a prática da justiça e o constante exercício da misericórdia. Ao dizerem “comíamos e bebíamos na tua presença”, eles mentem; na verdade criticavam Jesus que fazia refeição com os pecadores (cf. Lc 15,2). Estes, sim, aceitaram Jesus em sua vida: “Há últimos que serão os primeiros”. Não basta saber quem é Jesus ou argumentar de modo brilhante sobre seus ensinamentos. É necessário aceitá-lo como Mestre e seguir com ele “no caminho para Jerusalém”. É para estes que o “dono da casa” abrirá a porta da salvação.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
QUEM SE SALVARÁ?
As exigências do Reino apresentadas por Jesus levou os discípulos a se perguntarem pelo número dos que seriam salvos. Imaginavam serem poucas as pessoas predispostas e fiéis ao projeto apregoado pelo Mestre. A dinâmica do Reino, como Jesus a entendia, rompia com os esquemas mundanos e só podia ser vivida por quem, de fato, se predispunha a enfrentar a cruz, como caminho necessário para a glória.
A questão levantada pelos discípulos pareceu ser irrelevante para Jesus. Era inútil saber se os salvos seriam poucos ou muitos. Importava, sim, empenhar-se continuamente para, com a graça de Deus, entrar no Reino, através da porta estreita. Portanto, era tempo de refletir e tomar uma decisão sábia, para evitar o risco de ser deixado do lado de fora.
A exclusão do Reino poderá ser uma experiência trágica. O choro e ranger de dentes expressam o desespero de quem desperdiçou a chance que lhe fora oferecida. A segurança fundada em elementos inconsistentes frustrar-se-á quando o cristão comparecer diante do Senhor. Ter comido e bebido na presença de Jesus e tê-lo visto ensinar nas praças não será suficiente para garantir a salvação. Jesus só reconhecerá como discípulo e salvará quem, como ele, tiver sido capaz de colocar-se a serviço do próximo, sem medo de perder tudo por causa do Reino.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que eu me esforce sempre para entrar no Reino pela porta estreita do serviço ao próximo e da disposição de perder tudo por causa de ti.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Porta Estreita
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Quando medito este evangelho sempre me lembro do “Miudinho”, apelido de um amigo da minha adolescência, que era bem “robusto” para não dizer que ele era “gordinho”. Por conta da obesidade ganhou fama de ser o molenga da nossa turma onde era sempre o último nas brincadeiras ou aprontações que fazíamos. Certa ocasião ficou entalado em um tubo de concreto que ficava no final da rua, por onde entrávamos sorrateiramente por uma galeria em desuso, tendo acesso a um terreno que pertencia a Dona Assunta, e onde deliciávamos com a doçura das mangas e amoras.
O muro era alto e o portão antigo era inacessível, até o dia em que descobrimos a tubulação e passamos a utilizá-la sendo para nós uma aventura porque engatinhando, varávamos coisa de três ou quatro metros por baixo do muro. Ao ficar entalado na galeria, por causa de ser gordinho, e não saindo para frente e nem para trás, Miudinho armou o maior berreiro chamando a atenção da vizinhança e assim, fomos pegos em flagrante pela proprietária do terreno, enquanto que os moradores, com muito esforço conseguiram desentalar o coitado do Miudinho. Decidimos, a partir daquele dia, deixá-lo fora de nossas aventuras porque ele não conseguia ter agilidade para nos acompanhar. O reino do céu é meio parecido com aquele terreno baldio, palco das nossas aventuras e onde curtíamos a doçura da fruta madurinha á sombra de grandes árvores: o acesso é por uma passagem bem estreita...
A pergunta dos discípulos, feita a Jesus, se é verdade que poucos irão se salvar, deve-se ao fato de que a salvação, para eles, era uma espécie de troféu, com que Deus premiava os que faziam boas obras e observavam com rigor a lei e todos os demais preceitos religiosos. Nós cristãos, que pertencemos à igreja, devemos também pensar nisso e perguntar se iremos nos salvar... Jesus nos alerta que a passagem é bem estreita e requer certo esforço de quem se fez discípulo. Há uma porta larga do ritualismo e do seguimento da lei, há eventos religiosos que reúne milhares de pessoas, há igrejas cristãs de todas as denominações, cujos templos ficam lotados de fiéis nos finais de semana. Será que nesta religião sem compromisso, todos já têm o passaporte carimbado para entrar no reino?
Para passar pela porta estreita é preciso se fazer pequeno e ter no coração e na mente esta consciência de que a salvação é dom de Deus e não fruto das nossas obras ou práticas religiosas, quem pensa diferente disso é semelhante ao meu amigo Miudinho e vai acabar ficando “entalado” no seu egoísmo e orgulho. Mas ser pequeno também significa servir aos irmãos e irmãs, a palavra servir vem de servo, escravo, aquele que se rebaixa, que se curva diante do outro, Jesus fez isso no “Lava-pés”, fazendo uma tarefa que pertencia a um escravo, o que prefigurou o rebaixamento final que iria ocorrer em Jerusalém, para onde Jesus caminha decidido a entregar-se por todos.
Portanto, o amor que se rebaixa traduzindo-se em serviço é que faz de nós verdadeiros cristãos, Filhos do Pai, que nos vocaciona para o amor, irmãos de Jesus, servo maior com quem nos identificamos e por quem somos reconhecidos. Os que pensam que já estão salvos, com um pé na vaga do céu, só porque pertencem a esta ou aquela denominação religiosa, e são observantes zelosos de toda doutrina e preceito, irão certamente ficar bem desapontados porque o Senhor não os reconhecerá como diz o evangelho: “Nós não saíamos de sua casa, comíamos e bebíamos na tua presença...”. “Sumam”! Não sei quem são vocês! Não os conheço!”--- dirá o Senhor”.
Fachada e aparência de nada adiantarão, só serão acolhidos no banquete do reino, e reconhecidos pelo Senhor aqueles que o imitando, doarem-se inteiramente aos irmãos e irmãs, não importando qual igreja ou denominação religiosa. Os que estiverem “inchados” de orgulho e autossuficiência, achando-se os primeiros, porque já estão dentro, irão bater com o “nariz na porta” e verão cheios de espanto e surpresa, os que eram os últimos, adentrarem por primeiro no banquete.
Nunca mais vi meu amigo “Miudinho”, dizem que ele emagreceu eliminando a gordura que tanto o incomodava. Que a religião seja para todos nós um compromisso de vida com Deus e com os irmãos, caso contrário não conseguiremos entrar no reino dos céus, pois como meu amigo Miudinho, acabaremos entalados na soberba e no egoísmo, e não passaremos pela porta estreita! Daí haverá choro e ranger de dentes...
2. Esforçai-vos por entrar pela porta estreita!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. É o início da terceira etapa na redação de São Lucas. Perguntaram a Jesus no caminho quantos são os que se salvam. Ele respondeu de forma indireta. Não basta dizer: “Comemos e bebemos na tua presença. Tu ensinaste nas nossas praças”. Atenção ao que fazemos. A porta é estreita e gente desconhecida entrará por ela e se sentará à mesa do Reino, e não entrarão os que praticam a iniquidade, ou os malfeitores, porque a fé que nos salva se vê no que fazemos. A salvação é gratuita e Deus é misericordioso, e também inteligente. Por isso um mínimo de esforço e coerência se requer daqueles que receberam a revelação da misericórdia de Deus. Há primeiros que serão últimos!
HOMILIA DIÁRIA
Devemos nos empenhar em viver a própria existência cristã
Postado por: homilia
outubro 31st, 2012
No Evangelho de hoje, Jesus anuncia sua mensagem de salvação, ensinando de cidade em cidade, de povoado em povoado. Ao mesmo tempo, se aproxima de Jerusalém, onde alguém lhe pergunta: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” É a pergunta curiosa do devoto fiel, evidentemente, pondo-se no grupo dos salvos. É a tentação de sempre, a tentação dos que se julgam “proprietários da salvação”, especialmente dos fariseus; mas também é a nossa tentação: saber se levamos uma vida correta e se o nosso lugar no paraíso já está assegurado.
É a tentação que temos nós, discípulos, quando perdemos a dimensão da espera; quando acreditamos que os muros da nossa cidade interior são tão seguros a ponto de não precisarem de vigilância. É terrível para nós, discípulos, quando depois de uma bela experiência de Deus, sentimos imediatamente ter entrado num grupo à parte, e começamos a olhar com soberba aos outros, aqueles que “não entendem”, que “não conhecem”, que têm seguido outros caminhos diferentes do de Jesus.
Para mantermos a vida de fé, necessitamos fazer todo o esforço possível – diz o Senhor – para passar pela porta estreita. Com este símbolo, Jesus não tem intenção de dizer que devido ao monte de gente que quer a vida eterna, tenhamos que empurrar uns aos outros pra poder garantir nosso lugar. Não! Mas que devemos nos esforçar. Não basta querermos.
Certamente, é verdade que nós somos salvos e que não podemos nos salvar pelas nossas próprias forças, mas isto não acontece sem a nossa ação, com uma atitude de pura passividade. Deus nos salva, mas nos leva a sério como pessoas livres e responsáveis. Devemos nos esforçar e lutar, aproximando-se decididamente e conscientemente d’Ele, para superar os obstáculos e testemunhá-Lo com a nossa vida.
Com a afirmação sobre a porta que é fechada pelo dono da casa, Jesus quer dizer que devemos nos esforçar a tempo. Devemos levar em conta que o nosso tempo é curto. Não podemos adiar “pra não sei quando” o esforço para viver em comunhão com Deus. Com a nossa morte, a porta será fechada e será decidido o nosso destino. Então, será muito tarde para querer, chamar e bater.
Devemos levar em conta também que o nosso tempo, além de limitado, não temos controle sobre ele. Não podemos viver uma vida segundo o nosso bel-prazer e adiar para a velhice a preocupação pela salvação. Não somos nós a fechar a porta, mas o Senhor. Por isso, devemos estar sempre prontos.
Nas palavras do dono da casa, vemos uma ênfase na justiça, na orientação da vida segundo a vontade do Senhor. Não basta uma comunhão somente externa com Ele, tê-Lo conhecido, ter ouvido os Seus ensinamentos, conhecer o Evangelho e o Cristianismo. Pois, corremos o risco d’Ele nos dizer: “Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!”
Quem não se orienta pela vontade de Deus, quem rejeita conscientemente a comunhão com Deus, já excluiu a si mesmo da salvação. Esta sua decisão é respeitada e confirmada pelo Senhor. E seria triste chorar de desgosto e ranger os dentes de raiva por se dar conta do que foi perdido.
A boa notícia de Jesus não diz coisas que nos agradam e não nos prometem uma vida fácil e sem esforços. Ela contém algumas verdades incômodas. Mas, justo porque não nos esconde nada e exatamente porque manifesta a verdade completa, nos indica a verdadeira via para a felicidade plena. Aquilo que conta, enfim, é o empenho com o qual se vive a própria existência cristã, testemunhando a pertença a Cristo.
Jesus nos interpela. Pois para chegarmos ao Reino, à vida plena, à felicidade eterna – dom de Deus oferecido a todos – é preciso renunciar a uma vida baseada naqueles valores que nos tornam orgulhosos, egoístas, prepotentes, autossuficientes, e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega, de dom da vida.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 31/10/2012
Oração Final
Pai Santo, que jamais nos mova o desejo de nos tornarmos primeiros no mundo, mas de servir a todos e cuidar dos companheiros peregrinos desta terra, especialmente dos mais pobres e discriminados pelos homens. Pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 31/10/2012
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que jamais nos mova o desejo de nos tornarmos primeiros no mundo, mas o de servir a todos e cuidar dos companheiros peregrinos desta terra cheia de encantos, especialmente dos mais pobres e discriminados pelos homens. Pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
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