domingo, 8 de julho de 2018

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 08/07/2018

ANO B


14º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano B - Verde

“O Profeta: aquele que anuncia com temor e coragem.”

Mc 6,1-6


Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Hoje a Liturgia leva-nos a confessar nossa fé em Jesus, aquele que foi renegado por ser pessoa “comum”, vindo de aldeia simples e, por isso, rejeitado. Celebramos a fé naquele que se encarnou no seio de Maria, se fez homem, sofreu, foi morto, sepultado e ressuscitou. Ele, assumiu em tudo nossa condição, menos o pecado, e tão humano, só podia ser divino. Estabelecer comunhão com o Senhor é encarnar-se também e correr todos os riscos: indiferença e rejeição, injúrias, perseguições e angústias.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, aqui nos reunimos para o louvor que os filhos e filhas de Deus elevam ao seu Criador, que por seu Filho Jesus nos salvou da morte e nos deu a Vida. O convite que a Liturgia hoje nos faz é o de acolher o Senhor em nossas vidas, reconhecê-lo como nosso Libertador e aceitar sua palavra e ensinamento como condição para sermos realmente felizes e termos coragem para suportar as forças contrárias ao Reino que Ele, Cristo, veio anunciar.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Hoje nossa Liturgia nos leva a confirmar que seguimos aquele que foi rejeitado por ser trabalhador, filho de Maria, uma pessoa comum de seu tempo, vindo de uma aldeia e, por isso, motivo de desprezo e rejeição. Movidos por esta fé, nos reunimos em assembleia celebrante onde, pela sua palavra, Jesus nos leva a assumir nossa evidente fragilidade sem precisar mascará-la com falsa grandeza e a buscar, em sua graça, a nossa força. Celebramos a fé naquele que se encarnou no seio de Maria, se fez homem, sofreu, foi morto, sepultado e ressuscitou. Estabelecer comunhão com ele é encarnar-se também e correr todos os riscos: indiferença e rejeição, injúrias, perseguições e angústias. Depois de termos celebrado a Festa de São Pedro e São Paulo, celebramos neste domingo o ministério de Cristo entre seus parentes e amigos. Porém, devido à familiaridade da parentela e proximidade dos que se conhecem desde pequenos, muitos tiveram dificuldade de aceitar Jesus como Messias e, por isso, ele não pode realizar em Nazaré as obras de salvação, já que "um profeta não é valorizado em sua casa". Ao contrário deles, façamos nosso ato de fé incondicional, proclamando Jesus como Deus e Salvador, e vivamos essa verdade em nossas atitudes, assumindo também a missão de levar a todos o conhecimento da fé que nos congrega na Eucaristia.

Comentário do Evangelho

A difícil missão do profeta

Esta narrativa de Marcos tem como núcleo a proclamação de Jesus: "Um profeta só não é valorizado na sua própria terra". É a sua rejeição pelos frequentadores da sinagoga e por seus familiares. É uma ruptura com as tradicionais estruturas sociorreligiosas de parentesco do judaísmo, que se afirma como povo eleito a partir dos vínculos carnais de consanguinidade, comprovados por genealogias. Já João Batista em sua pregação advertia: "Produzi fruto de arrependimento e não penseis que basta dizer: 'Temos por pai Abraão'". Com Jesus a família fica caracterizada pela união em torno do cumprimento da vontade do Pai.
No evangelho de Marcos, esta é a terceira e última vez que Jesus vai a uma sinagoga, cada vez tendo ocorrido um conflito com os chefes religiosos. Jesus exerce seu ministério na Galileia e territórios gentílicos vizinhos, tendo a "casa" como centro de irradiação da missão.
Percebe-se, bem, como os evangelhos deixam transparecer a dificuldade que os discípulos, e os demais que conviveram com Jesus, tiveram em compreender sua identidade. Quem é Jesus? Durante cerca de trinta anos Jesus viveu com sua família, na Galileia, sem nada excepcional que chamasse a atenção sobre sua pessoa. É o Filho de Deus presente no mundo, em comunicação com as pessoas, certamente de maneira humilde, digna e com amor. É a condição humana, na simplicidade do dia a dia, que é valorizada pelo Pai, o qual, em tudo que nela há de bom, justo e verdadeiro, a assume no seu amor e na sua vida eterna. Após ser batizado por João, Jesus durante cerca de três anos passa a revelar ao mundo este projeto vivificante do Pai. É o Reino de Deus presente entre nós. Ao fazer, com sabedoria, o seu anúncio profético do Reino, seus conterrâneos se admiravam, mas não o valorizaram, pois sempre o conheceram na sua simplicidade de carpinteiro, filho de Maria. Esta reação do povo indica que Jesus não tinha nenhuma origem davídica, pelo que, se fosse o caso, seria exaltado por todos.
O judaísmo tinha uma expectativa messiânica segundo a qual um dia viria um líder que, com carismas especiais, conduziria a nação judaica e a elevaria a um status de glória, riqueza e poder acima das demais nações. Era um ungido (messias, do hebraico; cristo, do grego) à semelhança de Davi, ungido rei, que, segundo a exaltação da tradição, teria criado um glorioso império, o que foi incorporado na memória do povo. Ao longo do ministério de Jesus, os seus discípulos de origem do judaísmo começaram a ver nele este messias poderoso. Esta falta de compreensão foi frequentemente censurada por Jesus.
O crer em Jesus é ver, na sua humildade e em seus atos de amor, a presença de Deus, cumprindo a vontade do Pai de comunicar a vida aos empobrecidos e marginalizados, os quais são assumidos como filhos, em Jesus. O verdadeiro ato de fé é ver Deus, despido de poder, vivendo entre nós, humildemente, na plenitude do amor.
Paulo testemunha que a missão é feita com humildade e não com atos de poder (segunda leitura). Foi, também, na simples condição da fragilidade humana, como "filho do homem", que Ezequiel foi enviado a profetizar a um povo rebelde (primeira leitura).
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, abre minha mente e meu coração, para que eu possa compreender que tu te serves de meios humanamente modestos para realizar as tuas maravilhas.
Fonte: Paulinas em 08/07/2012

Vivendo a Palavra

Quando Jesus se queixa do pré julgamento dos seus conterrâneos, na verdade Ele está nos lembrando de que também nós podemos rotular as pessoas, só escutando os doutores e os famosos, esquecidos de que o Espírito Santo nos fala através dos simples e humildes. Estejamos atentos à sabedoria que transpira da vida simples dos que nos cercam.
Fonte: Arquidiocese BH em 08/07/2012

VIVENDO A PALAVRA

Quando Jesus se queixa do pré-julgamento dos seus conterrâneos, na verdade Ele está nos lembrando de que também nós podemos rotular as pessoas, só escutando os doutores e os famosos, esquecidos de que o Espírito Santo nos fala através dos simples e humildes. Estejamos atentos à sabedoria que transpira da vida corriqueira dos que nos cercam.

Reflexão

A pregação de Jesus nem sempre foi aceita com entusiasmo. Justamente em Nazaré, sua terra, ele encontrou forte resistência. Segundo o Evangelho de Marcos, Jesus entra pela última vez numa sinagoga. E aí começam a desacreditar suas palavras e a rejeitá-lo, porque ele não tem a formação acadêmica dos doutores da lei. Jesus provoca escândalos por ser uma pessoa simples, muito humana, sem muito estudo junto aos sábios. A humanidade de Deus pode chocar. Muitos gostam de pensar num Deus autoritário, milagreiro, que castiga. Esse Deus, porém, não existe. Jesus nos revela o amor de Deus. O verdadeiro profeta é aquele que descobre a vontade de Deus nas situações da vida, e nem sempre proclama aquilo que gostaríamos de ouvir. A palavra do profeta é boa-nova, palavra que liberta, salva e dá esperança. O verdadeiro profeta tem a coragem e a ousadia das mulheres e dos homens do seu tempo, que não esquecem as pessoas mais vulneráveis: pequenos, pobres, desprezados. Com sua palavra, Jesus restaura a justiça aos injustiçados, devolve a dignidade aos excluídos, proclama a alegria aos tristes e a esperança aos desanimados.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditando o evangelho

O PROFETA DESPREZADO

O ministério de Jesus foi pontilhado de experiências humanamente negativas. Nem por isso ele desanimou e se deixou levar pela tentação de interromper o exercício da missão recebida do Pai. As contrariedades começaram já em Nazaré, onde se criara. Seu ensinamento, feito com autoridade e profundidade, e seus gestos prodigiosos despertaram uma forte suspeita contra ele. Por um lado, seus conterrâneos se davam conta da sabedoria inaudita que ele possuía, como também dos milagres espetaculares que realizava. Por outro, recusavam-se a aceitar que tudo isto fosse feito por alguém saído do meio deles. Deus não podia ter concedido tamanhos poderes a uma pessoa simples do povo. E o desprezaram.
Um antigo provérbio ajudou Jesus a compreender sua experiência de rejeição. Os grandes profetas de Israel foram colocados sob suspeita e, até mesmo, vistos como inimigos do povo. O cumprimento da missão não lhes reservou aplausos e reconhecimento, mas, contrariedades, perseguições e, em alguns casos, até a morte. A perseverança dos profetas, entretanto, não dependia do humor de seus ouvintes. Eram movidos pela consciência da origem divina da missão que tinham recebido e pelo Espírito ardente colocado por Deus em seus corações. Por isso, nada era suficientemente forte para fazê-los desanimar.
Jesus refez o caminho dos antigos profetas. Seguiu adiante apesar de experimentar a rejeição.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, não permitas que as adversidades me impeçam de seguir adiante no cumprimento da missão que me confiaste.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. O MINISTÉRIO DE JESUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O evangelista Marcos narra que Jesus foi para "sua própria terra", isto é, para sua cidade de origem, a cidade de sua família, Nazaré. O fato de os seus discípulos o acompanharem indica que não é apenas uma visita familiar, mas também uma visita já em vista do anúncio de sua Boa-Nova.
Neste Evangelho, esta é a terceira e última vez que Jesus aparece no espaço simbólico da sinagoga, e todas as ocasiões em clima de contestação e conflito com os chefes religiosos e sua doutrina. Jesus, exercendo seu ministério na Galiléia e nos territórios gentílicos vizinhos, abandona a sinagoga e tem a "casa" como centro de irradiação da missão.
Os que ouviam Jesus "maravilhavam-se" com o que dizia, mas o rejeitaram. E Jesus "espantava-se" com a incredulidade deles. "Não é ele o carpinteiro?" diziam, com desprezo. Faltava-lhes a fé.
A sentença "Um profeta só não é valorizado na sua própria terra" é um patrimônio da cultura antiga, sendo citada em documentos do Antigo Egito. Como palavra de Jesus, exprime sua rejeição pelos freqüentadores da sinagoga e por seus familiares. A mensagem central deste episódio é o distanciamento de Jesus em relação às tradicionais estruturas sociorreligiosas de culto e parentesco do judaísmo.
Este se afirmava como povo divinamente eleito a partir dos vínculos carnais de consangüinidade, provados por genealogias, com a ascendência abraâmica, e na obediência à Lei de Moisés.
Afastando-se das sinagogas, Jesus exerce seu ministério percorrendo os povoados da Galiléia e regiões vizinhas, ensinando. Com ele, o espaço do encontro com Deus é a casa, onde se reúne a comunidade; e a família fica caracterizada pela união em torno do cumprimento da vontade do Pai.
Percebe-se bem como os Evangelhos deixam transparecer a dificuldade que aqueles que conviveram com Jesus tiveram em compreender sua identidade. Quem é Jesus?
Durante cerca de trinta anos ele viveu com a família, na Galiléia, sem nada excepcional que chamasse a atenção sobre sua pessoa. É o Filho de Deus presente no mundo, em comunicação com todos, certamente de maneira humilde, digna e com amor.
É a condição humana, na simplicidade do dia-a-dia, que é valorizada pelo Pai e que, em tudo o que nela há de bom, justo e verdadeiro, a assume no seu amor e na sua vida eterna.
Fonte: NPD Brasil em 08/07/2012

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. NAZARÉ DAS NOSSAS ILUSÕES
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

É bonito quando vemos alguém famoso causando admiração, outro dia em uma festa de casamento, que acontecia em um belo salão, adentrou um artista de grande talento, contratado pela noiva, representando o Elvis Presley e era de se espantar em ver como os seus trejeitos, lembravam realmente o rei do rock, todos os convidados se aproximaram para umas fotos, as mulheres queriam acompanhá-lo na dança ousada, e até os homens se admiravam e a sua presença inusitada, surpreendeu a todos.
Quando Jesus chegou a sua “terrinha” de Nazaré, acompanhado dos discípulos, deve ter causado um verdadeiro “rebuliço”, pois a fama de suas pregações e milagres já tinha chegado por ali, e no sábado, como todo piedoso judeu, foi á celebração da palavra da comunidade, onde qualquer pessoa adulta poderia partilhar o ensinamento sobre a Palavra e Jesus, usando desse direito, começou a pregar á sua gente fazendo a homilia.
O povinho da terra nunca tinha ouvido uma pregação feita com tanta sabedoria, que superava o ensinamento dos Mestres da Lei e Fariseus, imaginemos que na comunidade, algum ministro da palavra pregue melhor do que o padre... E com o estudo teológico acessível aos leigos, isso hoje não seria novidade. Aquilo que causa muita admiração, também logo acabará despertando inveja e ciúmes.
Basta que olhemos para os nossos trabalhos pastorais, onde o carisma das pessoas não deveria jamais perturbar o coração de ninguém, ao contrário, deveria motivar um hino de louvor, por Deus ter dado a alguém um carisma tão belo, colocado a serviço da comunidade. Mas logo surgem os questionamentos maldosos: Como é que ele faz isso? Onde aprendeu? Quem o ensinou, de onde é que vem todo esse saber? Será que o padre o autorizou? (esta última coloquei por minha conta) E a admiração, contaminada por sentimentos de inveja, vai logo se transformando em desconfiança aumentando o questionamento: “Quem ele pensa que é para falar assim com a gente? Será que ele não se enxerga? E ainda tem gente que o aplaude...” Os que não gostam muito do padre, logo vão afirmar que o sujeito faz parte da sua “panelinha”, ou então, irão inventar alguma coisa para que o padre “corte a asinha” do tal.
Jesus deve ter sentido uma frustração muito grande, quando percebeu sentimentos tão mesquinhos em meio á comunidade onde cresceu e fez a sua catequese. Duvidavam da sua sabedoria, e talvez para provocá-lo, queriam que ele resolvesse algum problema da comunidade, “Se ele endireitar a comunidade, daí eu acredito”. Às vezes também nos iludimos quando queremos que alguém que fala “certos milagres”, talvez o cooperador, o coordenador do grupo, o catequista, o ministro da palavra, quem sabe o coitado do Diácono ou o Padre, que têm autoridade. Penso que na sinagoga de Nazaré foi mais ou menos assim que os fatos ocorreram, queriam jogar tudo nas costas de alguém, e como Jesus tinha fama de ser o Messias...
As pessoas, quando enxergam algo de extraordinário no carisma de alguém, começam a fazer do sujeito uma referência importante, acham que a sua oração é especial, que um toque de sua mão poderosa pode realizar curas prodigiosas, e em pouco tempo, a propaganda é tanta, que o tal não pode mais sair as ruas que é logo procurado para resolver os mais complicados problemas, inclusive de relacionamento entre as pessoas, apaziguar casais brigados, aconselhar jovens, e assim a sua palavra se torna poderosa e em conseqüência passa a ter poder religioso paralelo, e se na comunidade não houver um espaço para ele atuar, terão de criar um, pois ele precisa ser o centro das atenções.
Jesus não quis formar um grupo só para ele, para bater de frente com os Doutores da lei, escribas e fariseus, e como ele pertencia a uma das famílias do local, a ponto de sua mãe e seus irmãos serem de todos conhecidos, começaram a vê-lo como um vulgar, que nada de extraordinário tinha feito em Nazaré, para que merecesse toda aquela fama.
Na verdade, Jesus não quis assumir o papel de “Salvador da Pátria”, diferente de muitos cristãos, que se julgam o máximo naquilo que fazem, e pensam que sem eles, a comunidade estaria perdida. Essa rejeição á ele, suas obras e ensinamentos, iria se ampliar e lhe traria conseqüências muito trágicas na cruz do calvário, tudo porque suas palavras anunciavam um reino novo, que exigia uma total renovação e mudança de vida.
Quando a pregação que ouvimos, serve para o vizinho, ou para o marido ou a esposa, ou quem sabe para os filhos, ou para o chefe ou o colega de trabalho, prestamos muita atenção e vibramos, só em pensar que aquelas verdades atingem em cheio a pessoa em quem pensamos. Porém, quando a pregação toca o nosso coração e nos motiva a mudar o nosso jeito de pensar ou de agir, temos duas reações, ou reconhecemos a legitimidade da palavra e abrimos o nosso interior, para uma conversão sincera, ou então rejeitamos o pregador e passamos a querer vê-lo pelas costas.
Na sinagoga de Nazaré foi assim, e nas nossas comunidades, não é muito diferente. Quem prega mudanças de mentalidade e conduta, vai sempre arrumar uma bela de uma encrenca. Enfim, o Jesus que há dentro de nós, criado pelas nossas fantasias, ou fruto de nossas ideologias sociais ou políticas, não coincide com esse Jesus, Profeta de Nazaré, Ungido de Deus. E o pior, é que projetamos tudo isso nas pessoas que lideram a comunidade, nos cooperadores, nos coordenadores, nos ministros, nas catequistas, nos padres e diáconos e assim vai. Um dia, basta um desentendimento mais sério e o nosso Jesus idealizado “vai pro espaço” com a pastoral e o movimento.
Quanto mais somos realistas em nossa fé, mais nos adequamos á comunidade aceitando-a como ela é, quanto mais nos iludimos com o Jesus da nossa fantasia, mais difícil será vivermos em comunidade, aceitando as pessoas do jeito que elas são. Daí, como em Nazaré, nenhum milagre acontece, por causa dessa fé infantil e ilusória...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Que sabedoria é esta que lhe foi dada?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jesus veio pregar o Evangelho de Deus e por isso está sempre ensinando. Ele conhece as inclinações naturais do ser humano e não se ilude com sua aparente bondade. A inteligência bem instruída mostra, como um foco de luz, o que a vontade deve ou não praticar. Por isso Jesus ensina, os apóstolos ensinam, a Igreja continua a ensinar a quem quer aprender. Discípulo não é o aluno de um mestre? Somos todos discípulos do único Mestre, Jesus Cristo.
Ele foi a Nazaré, que o evangelista chama de “sua terra”. O Deus conosco é como nós, de um lugar e de um tempo. Assim ele era conhecido: Jesus de Nazaré. Jesus é o Verbo de Deus verdadeiramente encarnado. É um judeu praticante, que vai à sinagoga no dia de sábado. Seus discípulos vão com ele e ele ensina na sinagoga. Devia ensinar bem, porque perguntaram onde tinha conseguido tanta sabedoria. As perguntas se ampliam e aprofundam o mistério da Encarnação. “Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, Joset, Judas e Simão? E suas irmãs não estão aqui conosco?” Diz o evangelista que muitos dos que o ouviam ficaram admirados no início, mas depois se escandalizaram por causa dele. Estavam perdidos, sem saber o que dizer, e foram incapazes de valorizar Jesus por ser um como eles, conhecido e da mesma terra. Atitude compreensível por um lado e incompreensível por outro. Incompreensível porque deviam alegrar-se e orgulhar-se vendo um deles com sabedoria e poder extraordinário, ensinando e fazendo milagres. Compreensível pela dificuldade que todos temos, dificuldade natural, de aceitar o outro, que é sempre um concorrente ameaçador. Quantos e quantos exemplos poderiam ser dados para ilustrar esta afirmação! Os nazarenos não valorizaram Jesus, não mostraram acreditar nele e, em consequência, Jesus não pode fazer ali nenhum milagre. Interessante a observação do evangelista. Jesus não pode ou não conseguiu fazer milagres por causa da falta de fé deles. De fato, Deus não faz milagres para se divertir. Há uma interação entre Deus e a fé de quem pede.
Jesus sai de Nazaré e percorre os povoados da redondeza, ensinando. A incredulidade dos nazarenos não o impede de continuar a sua missão. Ele percorre os povoados vizinhos. E ensina. O profeta Ezequiel passou pela mesma experiência de rejeição, mas recebeu o estímulo de Deus para continuar. Mesmo se não escutarem o que dirá, saberão que houve um profeta entre eles. O obstáculo não impede o profeta de continuar percorrendo os povoados e de ensinar.

Reflexão

ANO B – COR VERDE - ANO 37 – Nº 32 – REMESSA VIII
14º DOMINGO COMUM

O CONCÍLIO E A EDUCAÇÃO

Dando continuidade à proposta de – mensalmente ao longo deste ano, neste espaço de O Domingo – Celebração da Palavra de Deus – recordar o Concílio Vaticano II ao comemorarmos 50 anos de seu início, escolhemos para este mês a declaração Gravissimum Educationis, que versa sobre a educação cristã.
O Concílio Ecumênico Vaticano II não poderia esquecer a educação, pois a Igreja sempre foi considerada a grande mestra da vida. À luz da palavra de Deus ela construiu sua pedagogia, porque evangelização e educação caminham de mãos dadas na formação do ser humano. A declaração Gravissimum Educationis, o legado do concílio para essa necessidade da vida humana, assim se inicia: “O sagrado concílio ecumênico considera atentamente a importância capital da educação para a vida do homem e sua influência sempre maior sobre o progresso social da nossa época”.
Não obstante fraquezas e limitações fazerem parte da natureza humana, Jesus convocou seus seguidores à perfeição, dando-lhes como referência a perfeição do Pai: “Sede perfeitos como o Pai celestial é perfeito”. A caminhada entre as imperfeições humanas e a perfeição divina é uma aprendizagem de toda a vida, efetivada exatamente pela educação auxiliada pela graça de Deus. Daí ser ela considerada um direito humano universal. Está no documento: “Os homens todos de qualquer raça, condição e idade, em virtude da dignidade de sua pessoa, gozam do direito inalienável à educação que corresponda à sua finalidade, à índole, à diferença de sexo, e se acomode à cultura e às tradições nacionais e, ao mesmo tempo, se abra à convivência fraterna com outros povos, favorecendo a união verdadeira e a paz na terra”. Nesse parágrafo está claro que a educação não é um favor prestado, porém um dever da família, da sociedade e da Igreja para uma formação humana completa.
Mais adiante, a Gravissimum Educationis se volta mais para o povo de Deus, sublinhando: “Todos os cristãos que, pela regeneração da água e do Espírito Santo, se tornaram nova criatura e são chamados filhos de Deus têm direito à educação cristã”.
O espaço de O Domingo – Celebração da Palavra de Deus deste mês de julho só permite esta abordagem sumária sobre o referido documento, cuja importância e qualidade o fazem merecedor de uma leitura integral de qualquer um de nós, porque, na verdade, todos somos educadores.
D. Geraldo Majella Agnelo
Cardeal Arcebispo Emérito de Salvador
Fonte: Paulus em 08/07/2012

Comentário

Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj

ENVIADOS POR DEUS E REJEITADOS PELOS SEUS

I. INTRODUÇÃO GERAL

O tema da liturgia de hoje é a rejeição à palavra de Deus. No evangelho, os contemporâneos de Jesus não lhe dão crédito porque não conseguem ver nele nada mais que um carpinteiro. Mas isso não é fato pontual, já havia incredulidade no tempo dos profetas. A primeira leitura menciona a falta de fé dos contemporâneos de Ezequiel, porque têm um coração insensível. O profeta é orientado a insistir na proclamação da palavra de Deus mesmo que seus contemporâneos não queiram ouvi-la. Assim também agiu Paulo, que, em vez de desanimar com as dificuldades, continuou com o anúncio do evangelho e nos ensinou a dizer: “quando sou fraco, então é que sou forte”.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. Evangelho (Mc 6,1-6): O profeta é desprezado na própria terra

Passando novamente por sua própria terra, Jesus encontrou dificuldade para operar milagres por causa da falta de fé. Ele se dirigiu à sinagoga no dia de sábado, como todo judeu adulto, e tomou a palavra para ensinar. Não se tratava de qualquer instrução, pois o lugar e o dia faziam disso um ensino oficial e litúrgico.
O ensino de Jesus causa duas reações contrárias: admiração e recusa. Essa disposição para com Jesus marca todo o Evangelho de Marcos, tendo como principais protagonistas dessa recusa os líderes religiosos de seu próprio povo, Israel.
A admiração diante do ensinamento de Jesus estava relacionada com sua autoridade, que não vinha de sua profissão. Ele não tinha a profissão de Rabino (mestre), mas de artesão da madeira. O fato de ser carpinteiro não era desonra, pois se tratava de profissão bem considerada. Essa afirmação apenas prova que os seus compatriotas o conheciam bem e se admiravam que fosse sábio e fizesse milagres, quando o normal seria apenas trabalhar com a madeira. O objetivo aqui é mostrar que a sabedoria e o poder de Jesus não vêm das pessoas, não se adquirem como uma profissão, mas vêm de Deus.
Em seguida, a admiração inicial transformou-se em hostilidade, sinal da incredulidade ante as obras de Jesus. O episódio retrata que os galileus estavam marcados pelo preconceito: admiravam as obras de Jesus, mas não o acolheram. Essa falta de acolhimento o impossibilitou de fazer milagres em sua própria terra, uma vez que os milagres significavam o avanço do reino de Deus e o retrocesso do antirreino, e isso só era possível onde havia fé em Jesus como Messias/Cristo. O preconceito fechou os corações, e os galileus não perceberam a ação de Deus em Jesus.

2. I leitura (Ez 2,2-5): O profeta anuncia, quer escutem, quer não

O texto diz que o sopro de Deus entrou em Ezequiel: isso significa que agora ele é inspirado e movido pelo dom da profecia e o que vai anunciar é palavra de Deus. O Espírito põe o profeta de pé, em atitude de prontidão, para anunciar ao povo a profecia que vai receber.
Ezequiel é enviado aos filhos de Israel. Algo fora do comum acontece no v. 3: em vez de Israel ser chamado “povo de Deus”, como geralmente acontece na Bíblia, é chamado de “nação rebelde”, literalmente “gentio rebelde”. Na Bíblia, “gentio” está sempre em oposição a Israel, que é sempre referido como “o povo”. Isso significa que, quando Israel rejeita a palavra de Deus, se torna igual aos gentios.
A rebeldia dos contemporâneos de Ezequiel vinha de longa data, as gerações passadas se comportaram da mesma forma. As perspectivas da recepção da profecia por parte dos destinatários não são nada animadoras para Ezequiel, pois eles têm a face endurecida e o coração obstinado. Quer escutem, quer não, saberão que “houve um profeta entre eles”. Essa expressão significa que Deus é misericordioso e os advertiu, e que eles já não têm desculpas para o erro.

3. II leitura (2Cor 12,7-10): Prefiro gloriar-me de minhas fraquezas

Paulo afirma que tem um “espinho na carne”; de maneira geral, essa expressão significa algo que provoca grande angústia. Uma alusão a Ez 28,24, quando se refere aos povos vizinhos (e inimigos) de Israel como espinhos e abrolhos. Com a expressão “espinho na carne”, o apóstolo pode estar se referindo, entre outras coisas, às angústias que tinha suportado com a oposição à sua pessoa, e à sua autoridade, por parte dos coríntios. A rebeldia da comunidade de Corinto contra Paulo foi tão dolorosa que o compeliu a escrever uma “carta entre lágrimas”: “foi levado por grande aflição e angústias de coração que vos escrevi, em meio a muitas lágrimas” (2Cor 2,4).
A expressão “mensageiro de satanás” é equivalente a “espinho na carne” e significa que, mesmo sofrendo rejeição por parte dos coríntios, o apóstolo não desanimou da missão de exortá-los a viver conforme o evangelho. Paulo aceitou as angústias como uma motivação para exercer a humildade e vencer o orgulho. O apóstolo deixou que Deus se utilizasse da fraqueza humana para mostrar a grandeza do agir divino.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– A homilia deve levar a comunidade a refletir sobre as graves consequências da rejeição à palavra de Deus. Ainda hoje Deus nos fala por meio de pessoas humildes e modestas. Às vezes a palavra que nos é anunciada questiona nosso agir, e por isso é muito mais fácil rejeitá-la que sair do nosso estado de comodismo ou de pecado. Não raro nos tornamos um espinho na carne, não raro provocamos grandes angústias a quem somente deseja o bem da comunidade e a vivência mais autêntica da mensagem de Jesus.
Fonte: Paulus em 08/07/2012

REFLEXÕES DE HOJE


08 DE JULHO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMILIA DIÁRIA

Jesus de Nazaré, o Filho de Deus

Postado por: homilia
julho 8th, 2012

O evangelista Marcos narra que Jesus foi para “Sua própria terra”, isto é, para Sua cidade de origem, a cidade de Sua família: Nazaré. Para Marcos, esta é a última vez que Ele àquele lugar. É também a última vez que Ele entra numa sinagoga, lugar onde os judeus se reuniam aos sábados para ouvir a Palavra de Deus e rezar. No início, quem se admira são os ouvintes. Porém, a admiração não os leva à fé em Jesus, mas sim a rejeitá-lo. No final desse Evangelho, é Jesus quem se admira com a falta de fé daquele povo. Essa falta de fé no Homem-Jesus impede a realização de milagres, isto é, o Reino acaba não acontecendo em Nazaré.
Marcos dá a entender que o povo estava cansado com esse costume. De fato, quando o Senhor entra, pela primeira vez, numa sinagoga e começa a ensinar (cf. 1,21-28), o povo gosta desse novo ensinamento dado com autoridade (cf. 1,27).
Em Nazaré, terra de Jesus, as coisas tomaram um rumo diferente. É que Ele não havia frequentado nenhuma escola de ensino das Escrituras, não fez nenhuma especialização. Além disso, Seu ensinamento é acompanhado de uma prática que livra as pessoas de qualquer tipo de opressão. Marcos não consegue mostrá-Lo ensinando sem que antes Ele desse a verdadeira liberdade ao homem. Mais ainda: Seu ensinamento é uma prática de autêntica liberdade.
Em Nazaré, num dia de sábado, Jesus está ensinando na sinagoga. Mais uma vez o evangelista não diz o que Jesus ensina. Nós não precisamos de explicações, pois conhecemos que tipo de ensinamento é o d’Ele.
O povo que está na sinagoga manifesta sua perplexidade e descrédito em relação a Jesus. A primeira e a segunda levantam suspeita e ceticismo: “De onde ele recebeu tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria?” Por trás dessas objeções está o início da rejeição de Jesus como Messias. Naquele tempo, especulavam muito sobre a origem do Messias. E a conclusão a que chegaram era esta: “Nós sabemos de onde vem esse Jesus, mas, quando chegar o Messias, ninguém saberá de onde ele vem” (Jo 7,27). Jesus, portanto, não poderia ser o Messias, pois sua origem era conhecida por todos. Além disso, para os conterrâneos de Cristo é impossível “fazer teologia” sem passar pela escola dos doutores da Lei e fariseus.
A terceira pergunta levanta suspeitas sobre quem age por meio de Jesus: “E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos?” Um pouco antes, alguns doutores da Lei afirmavam que o chefe dos demônios agia em Jesus, levando-O a expulsar demônios. O povo de Nazaré deixa transparecer essa mentalidade.
A última pergunta sintetiza todas as anteriores: “Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” É uma pergunta desmoralizante e debochada. Quando se queria desprezar alguém, bastava substituir o nome do pai pelo da mãe. Por isso, a expressão “filho de Maria” (a não ser que José já tivesse morrido) é altamente depreciativa. E a conclusão é muito simples: “Ficaram escandalizados por causa dele”, isto é, seus conterrâneos O rejeitaram.
Jesus, portanto, foi rejeitado, porque se apresentou como um trabalhador que cresceu em Nazaré ao lado de parentes, amigos e conhecidos. Seus conterrâneos não descobriram n’Ele nada de extraordinário que pudesse indicá-Lo como o Messias de Deus, mas a extraordinariedade de Jesus-Messias está justamente aí, na Encarnação, no fato de não ter nada que possa diferir da condição humana comum. O Filho de Deus se fez como qualquer um de nós, e aqui está o “nó da questão”. Muitos afirmam que “não creem, porque não veem”. Os conterrâneos de Jesus não creem, justamente porque veem Jesus trabalhador, o filho de Maria, um homem do povo, que não frequentou nenhuma escola superior, um homem que vem de Nazaré, lugarejo insignificante.
O “escândalo” da Encarnação continua sendo um espinho atravessado na garganta de muito cristão de boa vontade. Por se encarnar nas realidades humanas, Jesus-Messias foi rejeitado. Isso faz pensar no desafio que é a encarnação do Evangelho na realidade do povo. Ficaremos paralisados como os conterrâneos de Jesus?
Pai, abra minha mente e meu coração para eu compreender que o Senhor se serve de meios humanamente modestos para realizar as suas maravilhas.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 08/07/2012

Oração Final
Pai Santo, mantém-nos abertos ao Novo que acontece à nossa volta, receptivos ao teu Espírito que sopra onde, como e quando quer. Não permitas, Pai amado, que nos fechemos nas coisas já sabidas e vistas, mas, como crianças de teu Reino, estejamos atentos à tua Presença criativa em nós e no meio de nós. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 08/07/2012

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, mantém-nos abertos ao Novo que acontece à nossa volta, receptivos ao teu Espírito que sopra onde, como e quando quer. Não permitas, Pai querido, que nos fechemos nas coisas já vistas e sabidas, mas, como crianças de teu Reino, estejamos atentos à novidade da tua Presença sempre criativa em nós e nos nossos ambientes. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo. Amém.

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