José de Anchieta chegou ao Brasil em 1554. Havia
apenas alguns aglomerados de aborígines. Chegou aos 24 de janeiro, vigília da
festa da Conversão de São Paulo. Educado em Portugal, José provinha daquelas
nações que, naquela época, tanto contribuíram para descoberta do mundo, Espanha
e Portugal. Veio com o único objetivo de conduzir os homens a Cristo,
transmitindo-lhes a vida de filhos de Deus, destinados à vida eterna. Veio sem
exigir nada para si; pelo contrário, disposto a dar sua vida por eles.
Jovem e cheio de vida, alegre por
natureza, de coração aberto e amado por todos, José de Anchieta soube cativar a
simpatia de seus colegas que gostavam de ouvi-lo recitar. Por causa do seu
timbre de voz, chamavam-no "canarinho", lembrando o canto dos
pássaros de sua ilha natal, Tenerife, nas Canárias. Esse jovem cheio de fé e
atento às inspirações e moções de Deus buscava o silêncio, a solidão para orar.
Um dia em uma de suas caminhadas, resolveu entrar na Catedral de Coimbra e,
diante do altar da Virgem, sentido uma grande paz, resolveu dedicar sua vida ao
serviço de Deus e dos homens; fez voto de castidade, consagrando-se a Maria.
Tinha nesta época 17 anos de idade. A partir daí intensificou sua vida de
oração, demonstrando grande maturidade.
Profundamente impressionado com as
cartas de São Francisco Xavier, que contavam as carências de tantos povos e países
do Oriente, e desejando seguir tão eloqüente exemplo, decidiu entrar na
Companhia de Jesus. E deste modo, pouco tempo depois, veio ao Brasil.
Uma vez missionário, José de Anchieta
viveu o espírito do apóstolo dos gentios. Salvar as almas para a glória de
Deus, este era objetivo de sua vida. Isto explica sua prodigiosa atividade, ao
buscar novas formas de atuação apostólica, que o levavam a fazer-se tudo para
todos. Não recusou nenhum esforço para compreender os seus "Brasis" e
compartilhar-lhes a vida, tornando-se exímio catequista que - seguindo o
exemplo de Cristo Senhor, Deus feito homem para revelar o Pai -, vivendo entre
os homens, falava-lhes de maneira simples adaptando-se aos seus costumes.
Promoveu e desenvolveu as aldeias, cujo coração era simples a Casa de Deus,
onde o sacrifício Eucarístico era celebrado regularmente e onde o Senhor
sacramentado permanecia presente.
Padre Anchieta multiplicou-se através
de tantas atividades, até mesmo do estudo da fauna e da flora, da medicina, da
música e da literatura, mas tudo isso orientava para o bem verdadeiro do homem
destinado a ser e viver como filho de Deus. O seu segredo era sua fé: era homem
de Deus. Por certo não lhe faltaram dores e penas, decepções e insucessos;
também teve sua parte no pão de cada dia de todo apóstolo de Cristo, de todo
sacerdote do Senhor, mas jamais faltou a calma, serena e viril certeza
alicerçada no Senhor Jesus Cristo, com quem se entregava continuamente para
deixar-se plasmar pelo Espírito.
Escreveu na areia da praia com amor o
seu poema - que aprendeu de cor: A virgem Maria, mãe de Deus.
A união profunda e ardente com Deus, o
apego a Cristo presente na eucaristia, o terno amor a Nossa Senhora, foram as
fontes da riqueza da vida e da atividade do Bem-aventurado José de Anchieta.
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