São Martinho de Dume,
ilustre na fé e na ciência
Oriundo da Panônia, atual Hungria, dirigiu-se ainda jovem para
ao Oriente, onde professou vida regular: estudou o grego e outras ciências
eclesiásticas em que muito cedo se distinguiu, até ser classificado, pelo
eminente Doutor Santo Isidoro, como ilustre na fé e na ciência. Também Gregório
de Tours o considerou entre os homens insuperáveis do seu tempo. Regressando do
Oriente, dirigiu-se depois a Roma e França, onde travou conhecimento com as
personagens por então mais insignes em saber e santidade. Sobretudo, quis
visitar o túmulo do seu homônimo e compatriota, S. Martinho de Tours, que desde
então ficará considerando como seu patrono e modelo. Foi também por essa altura
que Martinho se encontrou com o rei dos Suevos, Charrarico, ao qual acompanhou
para o noroeste da Península Ibérica, em 550, onde, com restos do gentilismo e
bastante ignorância religiosa, se espalhara o Arianismo.
Para acorrer a tantos males, não tardou Martinho em planejar e
colocar em andamento seu vigoroso apostolado. Num mosteiro, edificado pelo
mesmo rei, em Dume, ao lado de Braga, assenta o grande apóstolo dos suevos suas
instalações como escola de monaquismo e base de irradiação catequética e
missionária. A igreja do mosteiro é dedicada a S. Martinho de Tours, e foi
sagrada em 558. O seu abade foi elevado ao episcopado pelo Bispo de Braga já em
556, em atenção ao seu exímio saber e extraordinário zelo e santidade. Com a
subida ao trono do rei Teodomiro (em 559), consumava-se o regresso dos Suevos
ao Catolicismo, deixando o Arianismo. Ilustre por tão preclaras prerrogativas,
passa Martinho para a Sé de Braga, em 569, quando o Catolicismo nesta região
gozava já de alto esplendor, o que tornou possível o 1° Concílio de Braga, em
561, no pontificado de João III. Em 572, foi Martinho a alma do 2° Concílio de
Braga. Nesta altura escreveu ele: “Com a ajuda da graça de Deus, nenhuma dúvida há sobre a unidade e
retidão da fé nesta província”.
S. Martinho de Dume não esqueceu da importância e eficácia do
apostolado da pena. Deixou assim várias obras sobre as virtudes monásticas, bem
como matérias teológicas e canônicas, pelas quais foi depois reputado e
celebrado como Doutor. Faleceu a 20 de março de 579 e foi sepultado na catedral
de Dume; mas desde 1606 estão depositadas as suas relíquias na Sé de Braga.
Compusera para si, em latim, o seguinte epitáfio sepulcral, em que mostra a
veneração que dedicava ao santo Bispo de Tours: “Nascido na Panônia,
atravessando vastos mares, impelido por sinais divinos para o seio da Galiza,
sagrado Bispo nesta tua igreja, ó Martinho confessor, nela instituí o culto e a
celebração da Missa. Tendo-te seguido, ó Patrono, eu, o teu servo Martinho,
igual em nome que não em mérito, repouso agora aqui na paz de Cristo”.
São Martinho de Dume, rogai por nós!
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